Do ponto de vista acadêmico, muitos consideram o livro limitado pelo fato de ser bastante tendencioso em sua abordagem histórica, apresentando uma interpretação seletiva dos eventos, especialmente em relação à Igreja Católica. Além disso, alguns críticos apontam que o valor acadêmico do livro é mais restrito a áreas de estudo onde o enfoque apologético é relevante, uma vez que a obra não pretende ser objetiva nem historicamente neutra. O Grande Conflito tem valor acadêmico principalmente como objeto de estudo das ideias adventistas, das interpretações escatológicas e do desenvolvimento de movimentos religiosos do século XIX. Contudo, por seu forte tom apologético, é abordado mais como uma fonte sobre a visão adventista do que como uma obra histórica ou teológica neutra.
Eis alguns dos principais pontos:
1. Interpretação da Igreja Católica como agente do mal
2. Visão do papado e da Idade Média
3. Reforma Protestante
4. Escatologia e a interpretação dos “últimos dias”
5. Doutrina da salvação
6. Interpretação profética
Eis alguns dos principais pontos:
1. Interpretação da Igreja Católica como agente do mal
No livro, a Igreja Católica é identificada como uma das principais forças de perseguição e corrupção espiritual, com figuras como o Papa sendo associadas à "Besta" do Apocalipse e ao "Anticristo". A Igreja Católica considera essa interpretação incorreta e injusta, uma vez que entende seu papel ao longo da história como essencial para a preservação da fé cristã e o desenvolvimento da civilização ocidental.
2. Visão do papado e da Idade Média
O Grande Conflito descreve a Idade Média como um período dominado pela "apostasia" da Igreja Católica e pela supressão da liberdade religiosa. A Igreja Católica considera essa visão tendenciosa e incompleta, uma vez que enfatiza os abusos, mas desconsidera as contribuições religiosas, culturais e sociais da Igreja, além do surgimento de figuras de santidade e de movimentos reformadores internos.
3. Reforma Protestante
Ellen White enxerga a Reforma Protestante como um movimento essencialmente positivo e restaurador, inspirado por Deus para resgatar a verdadeira fé bíblica. A Igreja Católica reconhece a importância da Reforma para a história da religião, mas argumenta que houve um desvio doutrinário significativo em relação à tradição apostólica e à unidade da Igreja, o que eles consideram um erro teológico central.
4. Escatologia e a interpretação dos “últimos dias”
A interpretação adventista do Apocalipse, especialmente em relação ao sábado e aos "últimos dias", diverge da visão católica. O livro apresenta uma visão escatológica onde a guarda do sábado é vista como sinal de lealdade a Deus, e a Igreja Católica é retratada como promovendo o "falso" dia de guarda (o domingo). A Igreja Católica vê o domingo como o dia da ressurreição de Cristo e nega a noção de que a mudança do sábado para o domingo seja uma marca da "apostasia".
5. Doutrina da salvação
Ellen White enfatiza uma visão da salvação que inclui a importância de guardar os mandamentos, especialmente o sábado. A Igreja Católica, por sua vez, ensina que a salvação é pela graça, através da fé e das obras, mas não exige a guarda do sábado, pois considera o domingo o dia de adoração cristã.
6. Interpretação profética
A Igreja Católica discorda das interpretações proféticas do livro, como a aplicação das profecias de Daniel e Apocalipse à Igreja Católica e a ideia de que o papado é o “Anticristo”. A interpretação adventista dessas profecias foi fortemente influenciada pelo historicismo, que vê figuras e eventos da Bíblia como diretamente relacionados aos eventos históricos, o que diverge da abordagem católica, que permite uma leitura mais simbólica ou espiritual de certas passagens.
O adventismo surgiu no século XIX nos Estados Unidos, em meio a um contexto de fervor religioso e estudos proféticos. Ele é um desdobramento do movimento milerita, fundado pelo pregador batista William Miller, que, como os protestantes em geral, enfatizava o estudo das Escrituras.
22 de outubro de 1844 é um dia central para a história e a teologia do movimento adventista. Esse dia marcou o que ficou conhecido como o “Grande Desapontamento” (ou “Grande Decepção”), quando milhares de seguidores do pregador William Miller esperavam o retorno de Jesus Cristo. Miller, um pregador batista, havia calculado que Cristo voltaria à Terra nessa data com base em sua interpretação da profecia de Daniel 8:14.
Quando o evento não ocorreu como esperado, muitos dos seguidores de Miller abandonaram o movimento, mas outros reconsideraram a interpretação. Eles chegaram à conclusão de que, em vez de voltar à Terra, Jesus teria iniciado uma nova fase de seu ministério celestial, o “juízo investigativo”, segundo a interpretação adventista. Este entendimento deu origem à Igreja Adventista do Sétimo Dia, oficialmente organizada alguns anos depois, em 1863.
Essas datas – 1844 para o “Grande Desapontamento” e 1863 para a fundação oficial – são fundamentais para a identidade e teologia adventista.
Quando o evento não ocorreu como esperado, muitos dos seguidores de Miller abandonaram o movimento, mas outros reconsideraram a interpretação. Eles chegaram à conclusão de que, em vez de voltar à Terra, Jesus teria iniciado uma nova fase de seu ministério celestial, o “juízo investigativo”, segundo a interpretação adventista. Este entendimento deu origem à Igreja Adventista do Sétimo Dia, oficialmente organizada alguns anos depois, em 1863.
Essas datas – 1844 para o “Grande Desapontamento” e 1863 para a fundação oficial – são fundamentais para a identidade e teologia adventista.