Artigo: Francisco quer desmantelar a hierarquía eclesiástica e introduzir uma estrutura democrática na igreja, do Cardeal Joseph Zen


Expressa-se profunda inquietação diante do rumo que o Sínodo da Sinodalidade, em curso, parece tomar. A sinodalidade, entendida corretamente, implica "caminhar juntos" na fé, mas tal caminho requer a guia segura da hierarquia eclesiástica, instituída por Cristo para preservar a integridade da doutrina e a santidade da Igreja. Observa-se, com preocupação, que o atual processo sinodal arrisca desviar-se desse princípio fundamental, ao sugerir estruturas que se assemelham a uma democracia secular, incompatível com a natureza divina da Igreja.

Causa alarme a inclusão de não bispos com direito a voto nas deliberações sinodais. Um sínodo de bispos, por sua essência, é um exercício da colegialidade episcopal sob a autoridade do Sucessor de Pedro. Permitir que vozes alheias à sucessão apostólica tenham peso decisório compromete a própria identidade do sínodo, introduzindo um precedente que pode enfraquecer a estrutura hierárquica da Igreja. Tal inovação suscita dúvidas sobre a fidelidade à tradição apostólica, que sempre confiou aos bispos a responsabilidade de ensinar, santificar e governar.

Preocupa, ainda, a aparente falta de ênfase na preservação da fé ortodoxa. A Igreja, como depositária da Revelação, não pode ceder a pressões que buscam adaptar a doutrina moral às sensibilidades contemporâneas, especialmente em questões como as relações homossexuais. Qualquer tentativa de revisar ou suavizar os ensinamentos imutáveis da Igreja, sob o pretexto de uma sinodalidade mal-entendida, representa um grave risco à sua missão de proclamar a verdade de Cristo. A sinodalidade autêntica não dilui a fé, mas a fortalece, unindo os fiéis em torno da Verdade eterna.

Diante dessas inquietações, insiste-se na necessidade de vigilância e oração. Que o Espírito Santo ilumine os participantes do sínodo, para que suas deliberações sejam conduzidas com fidelidade à tradição e à missão da Igreja. Pede-se que os fiéis, em todo o mundo, unam-se em súplica, implorando que o sínodo conclua sem rupturas com a herança apostólica e que a Igreja permaneça firme como coluna e sustentáculo da verdade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, seja a guia nesse caminho de discernimento.

Fonte: Gaudium Press Español