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01 SET - S. EGÍDIO, Abade


🛖Santo Egídio, nascido em Atenas no século VII, buscou uma vida de solidão e oração, tornando-se eremita no sul da França. Sua fama de santidade cresceu a partir de um notável milagre, no qual ele protegeu uma corça que era caçada pelo rei visigodo Vamba; o rei, ao tentar atingir o animal, acabou por ferir o santo com uma flecha. Arrependido, o monarca ofereceu-lhe terras e riquezas, mas Egídio pediu apenas que fosse construído um mosteiro naquele local. Tornou-se o abade da comunidade que ali floresceu sob a Regra de São Bento, vivendo como um exemplo perfeito do Evangelho de hoje: um homem que deixou tudo por amor a Cristo e, em troca, recebeu a vida eterna e a glória de guiar inúmeras almas a Deus.

📖 Introito (Sl 36, 30-31 | ib., 1)
Os justi meditábitur sapiéntiam, et lingua ejus loquétur judícium... A boca do Justo fala a sabedoria e a sua língua profere a equidade. A lei de seu Deus está em seu coração. SL. Não tenhas ciúmes dos maus, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. ℣.Glória ao Pai

📜 Epístola (Eclo 45,1-6)
Ele [Moisés] foi amado de Deus e dos homens; sua memória é abençoada. O Senhor o igualou aos Santos na glória, engrandeceu-o para temor dos seus inimigos e por suas palavras fez cessar as pragas. Glorificou-o diante dos reis; deu-lhe seus preceitos diante de seu povo e mostrou-lhe sua glória. Por sua fidelidade e mansidão o santificou e o escolheu dentre todos os homens. Deus lhe fez ouvir a sua voz, e fê-lo entrar na nuvem. E deu-lhe, face a face, os seus preceitos e a lei da vida e da doutrina.

✨ Evangelho (Mt 19, 27-29)
Naquele tempo, disse Pedro a Jesus: Eis que abandonamos tudo e Vos seguimos: que recompensa haverá então para nós? Respondeu-lhe Jesus: Em verdade vos digo, que no dia da regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, assentar-vos-eis em doze tronos, e julgareis as doze tribos de Israel. E todo aquele que deixar a casa, ou os irmãos, ou as irmãs, ou o pai, ou a mãe, ou a mulher, ou os filhos, ou as terras, por causa de meu Nome, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna.

🤔 Reflexões

👑A promessa do cêntuplo não se refere a um retorno material, mas à aquisição de bens espirituais muito mais valiosos; em vez de um campo, recebe-se a fecundidade da caridade que une os corações dos santos (Santo Agostinho, Sermão 100 sobre o Novo Testamento). Deixar tudo não é grande mérito em si, pois até os filósofos o fizeram; a excelência reside em deixar tudo para seguir a Cristo (São Jerônimo, Comentário sobre Mateus). Os tronos de julgamento são prometidos àqueles que, pela humildade, abandonaram tudo, pois só quem se julgou severamente a si mesmo neste mundo está apto a julgar os outros com retidão e misericórdia no próximo (São Gregório Magno, Moralia in Job, Livro 25). Aqueles que renunciam às posses terrenas tornam-se co-herdeiros de Cristo, que, sendo rico, fez-se pobre por nós, para que nos tornássemos ricos na glória de Seu reino (São Leão Magno, Sermão 95).

🔎O Evangelho de São Marcos complementa a promessa do cêntuplo com um detalhe crucial: "com perseguições" (Mc 10,30), esclarecendo que a recompensa nesta vida não está isenta de provações. São Lucas, por sua vez, especifica que a recompensa é recebida "neste tempo" e, "no século vindouro, a vida eterna" (Lc 18,30), enfatizando a dupla dimensão do prêmio. Lucas também enquadra o abandono como sendo "por causa do reino de Deus", enquanto Mateus especifica "por causa de meu Nome", oferecendo perspectivas complementares sobre a mesma motivação cristocêntrica.

⚓O apóstolo São Paulo articula essa teologia da renúncia de forma pessoal e contundente, afirmando considerar tudo "como perda, pela sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus", chegando a ver os bens terrenos como "esterco, para ganhar a Cristo" (Fl 3,8). Ele também ecoa a promessa de uma recompensa futura ao comparar a vida cristã a uma corrida por uma "coroa incorruptível" (1Cor 9,25) e ao contrastar a "leve e momentânea tribulação" presente com o "eterno peso de glória" que ela produz para nós (2Cor 4,17).

🏛️Os documentos da Igreja formalizam essa doutrina evangélica nos conselhos evangélicos. A Regra de São Bento, fundamental para abades como Santo Egídio, estrutura a vida comunitária em torno da renúncia à propriedade privada (voto de pobreza) e à vontade própria (voto de obediência) como o caminho prático para seguir a Cristo. O Catecismo Romano explica que os votos de pobreza, castidade e obediência são o meio mais seguro e direto de alcançar a perfeição cristã, pois atacam as três principais concupiscências. A vida consagrada, portanto, é apresentada como um testemunho escatológico que antecipa a posse dos bens eternos prometidos no Evangelho, tornando-se um sinal visível do Reino de Deus na terra.