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11 AGO - S. TIBÚRCIO E S. SUSANA, Mártires


🕊️ São Tibúrcio, um subdiácono romano, e Santa Susana, uma virgem, são celebrados juntos como mártires que testemunharam a fé com a própria vida durante as perseguições do Império Romano. Embora suas histórias sejam distintas, a Igreja os une na memória litúrgica por seu exemplo supremo de coragem e fidelidade a Cristo. Eles encarnam a exortação do Evangelho de não temer os que matam o corpo, mas de confessar a Cristo diante dos homens, garantindo, assim, serem reconhecidos pelo Filho do Homem diante dos anjos de Deus, como verdadeiros justos cuja salvação vem do Senhor.

📜 Introito – Salmo 36(37), 39-1
Salus autem justórum a Dómino... A salvação dos justos vem do Senhor, e Ele é seu protetor no tempo da tribulação. Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.

💌 Epístola (Hb 11, 33-39)
Irmãos: Os santos, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram as promessas, fecharam a boca dos leões, extinguiram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, recuperaram forças da fraqueza, tornaram-se fortes na guerra, puseram em fuga os exércitos dos estrangeiros. Mulheres receberam de volta, pela ressurreição, seus mortos; outros, porém, foram torturados, não aceitando a libertação, para encontrarem uma ressurreição melhor. Outros ainda sofreram zombarias e açoites, além de cadeias e prisões; foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos com peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos, maltratados — dos quais o mundo não era digno — errando pelos desertos, montes, cavernas e fendas da terra. E todos estes, tendo sido aprovados pelo testemunho da fé, foram encontrados em Cristo Jesus, nosso Senhor.

✝️ Evangelho (Lc 12, 1–8)
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Pois nada há encoberto que não venha a ser revelado, e nada oculto que não venha a ser conhecido. Porque o que dissestes nas trevas, será dito à luz; e o que falastes ao ouvido nos quartos, será proclamado sobre os telhados. Digo-vos, meus amigos: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Mostrar-vos-ei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno. Sim, eu vos digo: a esse temei. Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois: valeis mais do que muitos passarinhos. Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos Anjos de Deus.

🤔 Reflexões

💡 A hipocrisia dos fariseus é um veneno que corrompe a alma, pois busca a glória que vem dos homens e não a que vem de Deus; o verdadeiro discípulo deve, ao contrário, agir na luz da verdade, sabendo que tudo será revelado (São João Crisóstomo, Homilias sobre Mateus). O temor que o Senhor nos ensina a ter não é o da morte física, que é temporária e incapaz de atingir a alma, mas o temor de Deus, que tem o poder sobre o destino eterno. Os mártires compreenderam isso perfeitamente, pois temeram não a espada do perseguidor, mas o juízo de Deus que se segue à negação da fé (Santo Agostinho, Sermão 285 sobre os Mártires). A fé, como descrita na Epístola, é a força que permite aos justos não apenas suportar os sofrimentos, mas vê-los como um caminho para uma ressurreição melhor, trocando a vida passageira pela vida eterna e o reconhecimento terreno pelo reconhecimento celestial (São Gregório Magno, Moralia in Job).

📖 O Evangelho de São Mateus apresenta um discurso paralelo (Mt 10, 26-33), mas o enquadra explicitamente no contexto do envio dos apóstolos em missão, precedendo-o com a advertência de que "o discípulo não está acima do mestre". Mateus também especifica que o temor deve ser daquele que pode "fazer perecer no inferno a alma e o corpo", detalhando a natureza da perdição eterna. Enquanto Lucas menciona "cinco passarinhos por dois asses", Mateus fala de "dois passarinhos por um asse", uma pequena variação que, no entanto, sublinha a mesma providência divina sobre as menores criaturas. São Marcos ecoa apenas a parte sobre o que está oculto ser revelado (Mc 4, 22), mas num contexto de parábolas sobre o Reino.

🖋️ São Paulo aprofunda a exortação de Cristo sobre a confissão da fé em sua Epístola aos Romanos, onde afirma que "se com a tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (Rm 10, 9), ligando o ato externo da confissão à fé interna do coração como condição para a salvação. Em relação ao temor e ao sofrimento, ele complementa a perspectiva do Evangelho ao escrever a Timóteo que "Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza" (2Tm 1, 7). Além disso, ele oferece a razão teológica para a coragem dos mártires descritos na Epístola aos Hebreus, ao afirmar que "os sofrimentos do tempo presente não são nada em comparação com a glória que há de ser revelada em nós" (Rm 8, 18).

🏛️ O Catecismo Romano, promulgado após o Concílio de Trento, reforça a doutrina subjacente aos textos litúrgicos ao explicar o artigo "Creio na Comunhão dos Santos". Ele ensina que os méritos e sofrimentos dos mártires, como os mencionados na Epístola, beneficiam toda a Igreja, criando um tesouro espiritual compartilhado. Ao tratar do sacramento da Confirmação, o Catecismo sublinha que ele confere uma graça especial para "confessar o nome de Cristo com firmeza e coragem", ecoando diretamente a ordem do Evangelho de confessar a Cristo diante dos homens sem temor. A necessidade de coerência entre fé e vida, contra a hipocrisia farisaica, é um princípio fundamental da moral católica tradicional, exigindo a "prática da justiça" (Hb 11) como testemunho da fé professada.