Padre Joaquín Sáenz y Arriaga: Um Soldado de Cristo Contra o Modernismo


No turbilhão de confusão que se seguiu ao Concílio Vaticano II, poucos homens tiveram a clareza de visão e a coragem de coração para erguer a bandeira da verdade católica contra a maré do modernismo. Entre esses raros soldados de Cristo, destaca-se o Padre Joaquín Sáenz y Arriaga, um teólogo mexicano cuja vida e escritos permanecem como um farol para os fiéis que buscam navegar a crise atual da Igreja. Como um cristero de alma, Sáenz y Arriaga não apenas identificou os erros do Vaticano II, mas ousou tirar a conclusão lógica e teologicamente necessária: a sé de Pedro, desde a morte de Pio XII, está vacante. Este artigo examina sua vida, seus escritos e seu legado, com o objetivo de honrar um verdadeiro defensor da fé e exortar os católicos a estudar sua obra.

Nascido em 12 de outubro de 1899, em Morelia, México, Joaquín Sáenz y Arriaga foi moldado pelo fervor católico de sua terra natal. Sua juventude foi marcada pelo espírito dos mártires cristeros, como o Beato Miguel Pro, que enfrentaram o governo maçônico de Plutarco Elías Calles com o grito de “¡Viva Cristo Rey!”. Ingressando na Companhia de Jesus em 1916, Sáenz y Arriaga recebeu uma formação intelectual rigorosa, obtendo doutorados em Filosofia, Teologia e Direito Canônico. Ordenado sacerdote em 1930, ele se destacou como pregador, escritor e conselheiro espiritual, especialmente entre jovens universitários. Contudo, sua saída dos jesuítas em 1952, após conflitos com superiores influenciados por tendências progressistas, sinalizou sua disposição de sacrificar tudo pela verdade.

Os escritos de Sáenz y Arriaga são o coração de seu legado. Em 1962, sob o pseudônimo Maurice Pinay, ele colaborou na redação de Complô Contra a Igreja, um livro distribuído aos padres conciliares em Roma, alertando sobre a infiltração de forças anticristãs na Igreja. Com o avanço das reformas do Vaticano II, Sáenz y Arriaga intensificou sua resistência. Em La Nueva Iglesia Montiniana (1971), ele expôs como as mudanças litúrgicas e doutrinárias sob Paulo VI traíam a fé católica, criando uma “nova Igreja” incompatível com a tradição. Em Sede Vacante: Paulo VI no es Papa legítimo (1973), ele articulou a posição sedevacantista com precisão teológica, argumentando que os papas pós-Vaticano II, ao promoverem ensinamentos heréticos, perderam a autoridade papal. Sua obra ¿Por qué me excomulgaron? (1972) é uma defesa apaixonada de sua posição, mostrando que a excomunhão que sofreu não foi por desobediência, mas por fidelidade a Cristo.

A chamada “excomunhão” de Sáenz y Arriaga, decretada em 1972 pela Conferência Episcopal Mexicana, é um testemunho de sua integridade. Como disse seu discípulo, o Padre Moisés Carmona: “Eles te excomulgaram por tua fidelidade a Cristo, Suas ensinanças e Sua Igreja. Bendita excomunhão!”. Longe de silenciá-lo, o decreto o fortaleceu. Junto com Carmona e o Padre Adolfo Zamora, Sáenz fundou a Unión Católica Trento, uma organização dedicada a preservar a missa tridentina e a doutrina tradicional. Sua influência cruzou fronteiras, inspirando a fundação do Movimento Católico Romano Ortodoxo nos Estados Unidos, liderado pelo Padre Francis E. Fenton. Até sua morte, em 28 de abril de 1976, vítima de câncer de próstata, Sáenz y Arriaga permaneceu firme. Em seu testamento, ele escreveu: “Minha vida e tudo o que é mais precioso para mim, eu sacrifiquei por Cristo, pela Igreja e pelo Papado [...]. Que o último grito de minha alma seja o de nossos mártires mexicanos: ¡Viva Cristo Rey, Viva la Virgen de Guadalupe!”.

O que os católicos de hoje podem aprender com Sáenz y Arriaga? Primeiro, que a crise na Igreja exige clareza doutrinária, não compromisso com o erro. Suas obras demonstram que o modernismo do Vaticano II não é uma mera “reforma mal interpretada”, mas uma ruptura com a fé católica. Segundo, sua coragem nos ensina que a verdade deve ser defendida, mesmo ao custo da perseguição. Por fim, seu sedevacantismo, longe de ser uma excentricidade, é uma conclusão lógica para quem reconhece que um herege público não pode ser papa. Os fiéis fariam bem em ler La Nueva Iglesia Montiniana e Sede Vacante, disponíveis em espanhol e parcialmente em inglês, para compreender a gravidade da crise atual.

Em um tempo em que a Igreja parece eclipsada, o Padre Joaquín Sáenz y Arriaga brilha como um exemplo de fidelidade. Que seu grito final — “¡Viva Cristo Rey!” — ecoe em nossos corações, impulsionando-nos a resistir o erro e a preservar a fé imutável. Que ele interceda por nós, para que, como ele, possamos ser soldados de Cristo em meio à batalha.

Referências

PINAY, Maurice. Complô contra a Igreja. Tradução de Cornélio Pires. São Paulo: Edições Paulinas, 1962.
SÁENZ Y ARRIAGA, Joaquín. La Nueva Iglesia Montiniana. México: [s.n.], 1971.
SÁENZ Y ARRIAGA, Joaquín. Sede Vacante: Paulo VI no es Papa legítimo. México: [s.n.], 1973.
SÁENZ Y ARRIAGA, Joaquín. ¿Por qué me excomulgaron?. México: [s.n.], 1972.