Nemoianu descreve a Igreja pré-conciliar como possuidora de uma "atmosfera austera", marcada por "estabilidade litúrgica, certezas epistemológicas e racionais". Este caráter distinto, segundo ele, era o seu "charme atraente". Contudo, os "relaxamentos promovidos pelo Concílio" tornaram o Catolicismo "menos atraente para os de fora", pois o fizeram "mais semelhante a outros ramos do cristianismo". A consequência lógica, que bloqueou sua conversão, foi a percepção de um indiferentismo religioso: "pareceu-me que a diferença entre ser católico e ser ortodoxo — ou mesmo protestante — diminuiu significativamente. Então, por que se preocupar?". O próprio autor do artigo, Lazu, concorda com essa avaliação, conectando o testemunho do professor ao "caos das 'reformas' pós-conciliares" e à "generalização do indiferentismo religioso", um efeito catastrófico que, segundo ele, adiou ou bloqueou a conversão de almas que buscavam a Verdade.
O testemunho do Professor Nemoianu, embora pessoal e circunstancial, serve como um poderoso estudo de caso que ilustra, no mundo real, as consequências inevitáveis das transformações litúrgicas e doutrinárias operadas na era pós-conciliar. A sua confissão não é um mero relato de uma preferência estética, mas um diagnóstico preciso dos efeitos de uma revolução que minou os próprios fundamentos que tornavam a Igreja Católica única e atraente para uma alma em busca da verdade integral. Os pontos que ele levanta — a perda da estabilidade litúrgica, o eclipse das certezas doutrinárias e a ascensão do indiferentismo religioso — correspondem diretamente às teses centrais apresentadas em um estudo aprofundado da nova missa, como o livro Obra de Mãos Humanas.
Quando o Professor Nemoianu lamenta a perda da "estabilidade litúrgica", ele toca no coração da ruptura. A Igreja pré-conciliar, de fato, possuía um rito que, em sua essência, era percebido como um monumento de constância e tradição. Um detalhado estudo teológico sobre o novo rito demonstra que a Missa de Paulo VI não foi uma mera reforma ou uma evolução orgânica, mas uma "ruptura com a tradição" (OBRA DE MÃOS HUMANAS, p. 471). Praticamente tudo no novo rito é, de fato, novo: desde o calendário radicalmente alterado e a completa abolição do ciclo tradicional de leituras — uma herança de mais de 1100 anos — até a invenção de novas Orações Eucarísticas e a reconfiguração de cada gesto e oração do Ordinário (OBRA DE MÃOS HUMANAS, p. 472).
A "atmosfera austera" que Nemoianu recorda era o resultado de um rito teocêntrico, focado na glória de Deus e no sacrifício propiciatório. Em contraste, a nova liturgia foi construída sobre a "teologia da assembleia", onde o foco se desloca para a comunidade, sua autoexpressão e sua "participação ativa", resultando em uma atmosfera de informalidade e, muitas vezes, de banalidade (OBRA DE MÃOS HUMANAS, p. 478). O que o professor percebeu como uma perda de atratividade foi, na verdade, a perda da sacralidade, deliberadamente removida para dar lugar a um rito centrado no homem.
A menção do professor às "certezas epistemológicas e racionais" da Igreja pré-conciliar é igualmente crucial. A clareza doutrinária era um pilar da fé católica. O novo rito, no entanto, foi construído sobre a ambiguidade. Como argumenta a Obra de Mãos Humanas, a Missa de Paulo VI foi o veículo para destruir a doutrina católica na mente dos fiéis, substituindo-a por um conjunto de proposições nebulosas, ecumênicas e modernistas (OBRA DE MÃOS HUMANAS, p. 27).
Isso foi alcançado através de um processo sistemático de eliminação e ofuscamento. Conceitos como a natureza propiciatória do sacrifício, o sacerdócio ministerial como distinto do sacerdócio comum dos fiéis, o inferno, o juízo particular, a ira de Deus contra o pecado e a necessidade de penitência foram ou removidos ou diluídos a ponto de se tornarem irreconhecíveis (OBRA DE MÃOS HUMANAS, pp. 283-292). A própria definição de Missa foi alterada de "sacrifício" para "assembleia", um conceito que, como notou o liturgista Klaus Gamber, "quase qualquer crente protestante, de qualquer denominação, seria capaz de assentir" (OBRA DE MÃOS HUMANAS, p. 147). O professor Nemoianu, com sua aguçada percepção intelectual, notou exatamente isso: o Catolicismo tornou-se "mais semelhante a outros ramos do cristianismo". Essa semelhança não foi acidental; foi o resultado de um projeto deliberado.
A conclusão do Professor Nemoianu é a consequência inevitável e lógica das premissas anteriores. Se as diferenças litúrgicas e doutrinárias são minimizadas ou eliminadas em nome de uma "abertura" ecumênica, a pergunta "Então, por que se preocupar?" torna-se perfeitamente racional. O indiferentismo religioso, condenado veementemente por papas como Pio IX e Pio XI, tornou-se, na prática, a norma da era pós-conciliar. A nova liturgia é o principal instrumento dessa mudança. Ao remover sistematicamente os elementos que eram ofensivos aos protestantes — como o Ofertório, o termo "transubstanciação", a menção aos méritos dos santos, as orações pela conversão dos não-católicos, etc. — os reformadores criaram um rito que não mais professa a unicidade da Igreja Católica como o único meio de salvação (OBRA DE MÃOS HUMANAS, p. 480-481).
A tragédia do testemunho de Nemoianu é que o próprio Concílio, que se propunha a abrir as janelas da Igreja para o mundo, acabou por criar uma barreira que impediu uma alma de alto calibre intelectual de entrar. A "tolerância codificada" que ele menciona foi, na realidade, a abdicação da Igreja de sua missão de ensinar a verdade de forma clara e inequívoca. O que foi apresentado como uma mão estendida foi, para ele e para muitos outros, um sinal de que a verdade já não importava de forma absoluta.
A confissão de Virgil Nemoianu, portanto, transcende a anedota pessoal. Ela é um epitáfio para a era da clareza católica e um testemunho pungente da catástrofe doutrinal e litúrgica que se seguiu ao Concílio Vaticano II, cujos efeitos devastadores continuam a impedir que as almas encontrem o porto seguro da verdadeira Fé.
Referências
CEKADA, Anthony. Obra de Mãos Humanas: Uma crítica teológica à Missa de Paulo VI. West Chester: Philothea Press, 2010.