Aprofundando tal princípio em seu discurso no Angelus, Leão XIV destacou que "o Novo Testamento não esconde os erros, os conflitos e os pecados" dos Apóstolos, cuja grandeza teria sido "moldada pelo perdão". A consequência lógica, portanto, é que a unidade da Igreja não reside na confissão de uma verdade imutável, mas na capacidade de "perdoar infinitamente até mesmo a traição pública do Evangelho", contanto que tal tolerância sirva a "fins 'pastorais' corretos". A notícia conclui que esta teologia é "tóxica", pois transforma os santos em meros "símbolos úteis da deriva teológica" e os bispos em "celebridades da desobediência".
O diagnóstico apresentado é preciso, mas os sintomas descritos não constituem uma patologia isolada. Pelo contrário, são a manifestação terminal de uma enfermidade teológica cujos princípios foram metodicamente semeados nas últimas décadas, encontrando sua mais eficaz expressão na reforma litúrgica. A homilia de Leão XIV não é uma aberração, mas a aplicação coerente da nova teologia da assembleia que fundamenta a Missa de Paulo VI.
Um exame minucioso dos novos ritos, como o realizado em Obra de Mãos Humanas, demonstra que a linguagem de "harmonia na diversidade" e a celebração da contradição são os pilares do ecumenismo modernista. A verdadeira comunhão católica é a união de mentes e vontades na mesma e imutável Fé (a lex credendi), expressa por uma lei de oração universal (a lex orandi). O novo sistema, contudo, inverte esta máxima. A fim de criar uma "unidade" com aqueles que negam dogmas católicos, foi necessário criar um rito que também os negasse, ou que, no mínimo, os tornasse ambíguos.
Assim, as orações que pediam a conversão de hereges, cismáticos e pagãos, ou que mencionavam a Fé Católica como única e verdadeira, foram sistematicamente expurgadas do novo Missal. As orações solenes da Sexta-Feira Santa, por exemplo, foram reescritas para eliminar a "incredulidade" dos judeus e o "mal da heresia", substituindo a súplica pela sua conversão por uma vaga petição para que "cresçam em fidelidade à sua aliança" (CEKADA, 2010, p. 302). A noção de que "ideias opostas" contribuem para a missão é o princípio que guiou a remoção de tais orações, consideradas "não mais em harmonia com as novas posições da Igreja" (CEKADA, 2010, p. 282).
Da mesma forma, a redução dos Apóstolos a figuras cujos "erros, conflitos e pecados" devem ser o foco de nossa veneração é um exemplo clássico de psicologia modernista aplicada à hagiografia. Remove-se o sobrenatural para exaltar o puramente humano. A grandeza dos Apóstolos não reside em sua fragilidade humana — que compartilham com todos —, mas em sua confissão divinamente inspirada da Verdade e em seu martírio, o testemunho supremo e inequívoco dessa mesma Verdade. A nova teologia, no entanto, evita celebrar o santo como um herói da fé, especialmente se essa fé se manifestou no combate a erros, e prefere apresentá-lo como um companheiro de jornada em sua própria "deriva teológica". Isso reflete precisamente a supressão sistemática dos méritos dos santos nas novas orações, um conceito considerado ofensivo à sensibilidade protestante e contrário à "nova visão dos valores humanos" (CEKADA, 2010, p. 303-304).
Finalmente, a justificação de que a traição pública do Evangelho pode ser perdoada em nome de "fins 'pastorais' corretos" é o argumento central que anima toda a reforma. A "liturgia pastoral", teorizada por liturgistas como Josef Jungmann, não significa, como na concepção tradicional, guiar as almas à verdade objetiva, mas adaptar a liturgia e a doutrina às "necessidades percebidas do homem contemporâneo" (CEKADA, 2010, p. 50-51). Sob este pretexto, qualquer verdade pode ser sacrificada, e qualquer erro, tolerado. A "situação pastoral" torna-se a norma suprema que suplanta a própria Revelação Divina.
Portanto, a teologia de Leão XIV é, de fato, tóxica. Ela é o resultado inevitável de um rito que, em sua própria estrutura, substituiu o Sacrifício pelo banquete, a adoração pela socialização e a clareza dogmática pela ambiguidade deliberada. A "falsa concórdia" é a paz que se oferece à custa da verdade. É a comunhão da contradição, um princípio fundamental para a destruição da doutrina católica que a Missa de Paulo VI, por seu próprio desígnio, efetivamente realiza.
Referências
CEKADA, Anthony. Obra de Mãos Humanas: Uma crítica teológica à Missa de Paulo VI. West Chester, OH: Philothea Press, 2010.