Marcionismo: Doutrina do século II que rejeitava o Deus do Antigo Testamento, considerando-o diferente do Deus do Novo Testamento.
Maniqueísmo: Religião fundada por Mani no século III, baseada no dualismo entre bem e mal como princípios cósmicos em constante conflito.
Paulicianismo: Movimento cristão surgido na Armênia no século VII, que rejeitava a hierarquia eclesiástica e alguns sacramentos.
Albigensianismo/Catarismo: Movimento religioso medieval do sul da França, que pregava um dualismo radical e rejeitava muitas práticas católicas.
Assim como Hilaire Belloc, Voegelin considerava o Puritanismo como uma versão mais recente da mesma mentalidade básica. Além disso, ele argumentava que as ideologias modernas como o comunismo, o Nacional-Socialismo, o progressismo e o cientificismo são essencialmente versões secularizadas do Gnosticismo.
Assim como Hilaire Belloc, Voegelin considerava o Puritanismo como uma versão mais recente da mesma mentalidade básica. Além disso, ele argumentava que as ideologias modernas como o comunismo, o Nacional-Socialismo, o progressismo e o cientificismo são essencialmente versões secularizadas do Gnosticismo.
Puritanismo: Movimento protestante do século XVI que buscava "purificar" a Igreja da Inglaterra de elementos católicos.
Comunismo: Ideologia política e econômica que defende a propriedade coletiva dos meios de produção.
Nacional-Socialismo: Ideologia fascista associada ao regime nazista na Alemanha.
Progressismo: Filosofia política que defende mudanças sociais e reformas para melhorar a sociedade.
Cientificismo: Crença excessiva no poder e na aplicabilidade do método científico para resolver todos os problemas.
Enfim, o Gnosticismo seria como uma espécie de padrão recorrente no pensamento ocidental, que se manifesta de formas diferentes ao longo do tempo, mas mantém certas características fundamentais.
Enfim, o Gnosticismo seria como uma espécie de padrão recorrente no pensamento ocidental, que se manifesta de formas diferentes ao longo do tempo, mas mantém certas características fundamentais.
"A especulação gnóstica venceu a incerteza da fé recuando da transcendência e dotando o homem e seu raio de ação intramundano com o significado da realização escatológica. Na medida em que essa imanentização avançou sobre o terreno da experiência, a atividade civilizadora transformou-se num trabalho místico de auto-salvação. A força espiritual da alma, que no Cristianismo se devotava à santificação da vida, podia agora ser desviada rumo à criação do paraíso terrestre, tarefa esta mais atraente, mais tangível e, acima de tudo, muito mais fácil". (Eric Voegelin. A Nova Ciência da Política, 1952)
Em sua análise, Voegelin argumenta que o gnosticismo, com sua rejeição da transcendência e sua tentativa de "imanentizar o eschaton" (ou seja, trazer o fim dos tempos para dentro da realidade histórica e material), moldou profundamente o pensamento moderno.
Voegelin sugere que a especulação gnóstica, ao afastar-se da transcendência, permite ao homem dar sentido escatológico às suas próprias ações no mundo. O que era uma busca pela salvação espiritual no Cristianismo – ligada à transcendência divina e à vida após a morte – foi transformada, no gnosticismo, em um projeto de auto-salvação imanente. O homem, ao invés de buscar a santidade e a elevação espiritual, passa a focar na construção de um "paraíso terrestre", isto é, um ideal de perfeição a ser alcançado dentro da história e da sociedade.
Essa mudança, para Voegelin, tem implicações profundas. A energia espiritual que antes era dedicada à vida interior e à relação com o divino é desviada para a criação de uma utopia terrestre, um processo que ele vê como essencialmente gnóstico. Essa utopia, por ser mais tangível e aparentemente mais fácil de ser realizada do que a santificação da vida, atrai muitos. Contudo, Voegelin sugere que essa "imanentização" leva a desastres, pois tenta forçar a realização de algo que pertence ao domínio do transcendente dentro da esfera mundana e política, frequentemente à custa da liberdade e da dignidade humana.
Para Voegelin, movimentos políticos e ideológicos modernos, como o marxismo, o positivismo e até certas formas de cientificismo, podem ser vistos como expressões dessa tendência gnóstica de buscar a salvação dentro da história, em vez de além dela. Ao fazer isso, esses sistemas de pensamento ignoram a complexidade da condição humana e as limitações inerentes ao mundo material, resultando em visões distorcidas e potencialmente destrutivas de sociedade e progresso.