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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Posições heréticas e blasfemas de Lutero

Uma das posições heréticas de Lutero incluía sua rejeição fundamental da autoridade papal, declarando que o Papa era o próprio Anticristo e que a Igreja de Roma havia se transformado na "Grande Prostituta da Babilônia" mencionada no Apocalipse. Esta declaração foi vista como uma blasfêmia particularmente grave, pois atacava diretamente a sucessão apostólica e a autoridade divina reivindicada pelo papado. Em seus escritos posteriores, Lutero usou linguagem cada vez mais violenta contra o papado, chegando a chamar o Papa de "filho do diabo" e a Igreja Católica de "sinagoga de Satanás". Ele também ridicularizou várias práticas devocionais católicas, como a veneração dos santos e das relíquias, chamando-as de "superstições papistas".

Lutero causou grande escândalo ao negar a doutrina da transubstanciação, afirmando que o pão e o vinho permaneciam inalterados durante a Eucaristia, embora Cristo estivesse presente. Mais chocante ainda para os católicos foi sua caracterização da missa católica como uma "abominação" e uma forma de "idolatria", sugerindo que o sacrifício eucarístico era uma invenção humana que negava a suficiência do sacrifício único de Cristo na cruz.

Sua rejeição de cinco dos sete sacramentos foi vista como uma afronta gravíssima à tradição da Igreja. Lutero manteve apenas o Batismo e a Eucaristia, negando o status sacramental da Confirmação, Confissão, Matrimônio, Ordem e Unção dos Enfermos, o que foi interpretado como um ataque direto aos meios de graça estabelecidos por Cristo.

Particularmente escandalosa foi sua rejeição do celibato clerical, não apenas em teoria, mas também na prática, ao se casar com a ex-freira Catarina von Bora. Este ato foi visto como um sacrilégio duplo, pois ambos haviam feito votos perpétuos de castidade. Além disso, Lutero defendeu que o celibato clerical era contrário à natureza humana e à vontade de Deus.

A negação do purgatório e a consequente rejeição das orações pelos mortos foram consideradas especialmente perturbadoras, pois minavam práticas devocionais profundamente enraizadas na piedade católica medieval. Lutero chegou a chamar o purgatório de "fantasma do diabo" e negou a eficácia das indulgências e das missas oferecidas pelos mortos.

Lutero também provocou grande indignação ao queimar publicamente a bula papal Exsurge Domine, que ameaçava excomungá-lo. Este ato de desafio aberto à autoridade papal foi visto como uma blasfêmia sem precedentes e uma rejeição total da ordem eclesiástica estabelecida.

Sua tradução da Bíblia para o alemão foi considerada herética por incluir interpretações que se desviavam da Vulgata latina oficial e por colocar as Escrituras diretamente nas mãos dos leigos, que poderiam interpretá-las sem a orientação da Igreja. Além disso, ele questionou a canonicidade de vários livros do Antigo Testamento (os deuterocanônicos) e expressou dúvidas sobre alguns livros do Novo Testamento, como a Epístola de Tiago, que ele chamou de "epístola de palha".

Sua doutrina da justificação pela fé sozinha (sola fide) foi vista como uma heresia perigosa que minimizava a importância das boas obras e da cooperação humana com a graça divina. Ele chegou ao ponto de afirmar que mesmo os pecados mais graves não poderiam condenar uma pessoa que tivesse fé suficiente em Cristo, uma posição que os católicos consideravam moralmente perigosa e teologicamente absurda.

A visão de Lutero sobre a natureza humana era considerada extremamente pessimista e herética. Ele afirmava que o ser humano estava tão profundamente corrompido que mesmo após a conversão continuaria sendo essencialmente pecador. Para escândalo dos católicos, ele chegou a proclamar a famosa frase "peca fortemente, mas crê mais fortemente ainda", sugerindo que a conduta moral era secundária à fé.

Sua doutrina da predestinação foi vista como particularmente perturbadora, pois sugeria que Deus arbitrariamente destinava algumas pessoas à salvação e outras à condenação eterna, independentemente de suas ações. Esta visão parecia fazer de Deus o autor do mal e negava completamente o livre-arbítrio humano.

Lutero desenvolveu uma interpretação radical da liberdade cristã que, aos olhos católicos, beirava o antinomismo. Ele sugeria que o cristão estava livre não apenas da lei ceremonial judaica, mas de toda lei moral, uma vez que a salvação era garantida pela fé. Esta posição foi vista como uma porta aberta para a libertinagem moral.

O princípio do "livre exame" das Escrituras proposto por Lutero foi visto como profundamente contraditório, pois enquanto pregava a liberdade de interpretação, ele mesmo não tolerava interpretações diferentes das suas. Mais grave ainda era sua rejeição total da Tradição e do Magistério da Igreja como fontes de revelação, deixando a interpretação bíblica à mercê do julgamento individual.

Sua posição sobre os santos e a Virgem Maria foi considerada especialmente blasfema. Ele negava não apenas a intercessão dos santos, mas também o papel especial de Maria como Mediadora de todas as graças. Para Lutero, qualquer devoção aos santos ou a Maria desviava a atenção de Cristo e constituía uma forma de idolatria.

Em sua teologia, Lutero desenvolveu uma visão extremamente individualista da fé cristã que eliminava praticamente todos os aspectos comunitários e sacramentais da religião. A Igreja Católica via isso como uma destruição completa da própria natureza do cristianismo como uma religião encarnada e sacramental.

Outro exemplo de seu comportamento nada cristão é o uso de termos ofensivos e vulgares em seus textos:

Contra o Papa e o Clero Católico:
Em Sobre o Papado em Roma, Fundado pelo Diabo (1545), Lutero chamava o papa de "anticristo" e "instrumento do diabo", usando palavras como “mentiroso” e “malfeitor”. Ele acusava o papado de enganar o povo e comparava os papas a criminosos e falsários. Para ele, o papado era uma “prostituta de Satanás”, uma expressão que escandalizava tanto seguidores quanto o clero católico.

Contra os Camponeses Rebeldes:
Durante a Guerra dos Camponeses (1524-1525), Lutero publicou um panfleto intitulado Contra as Hordas Assassinas e Ladrões dos Camponeses. Ele se referiu aos camponeses como “bandidos” e disse que deveriam ser mortos "como cães". Lutero não tolerava a rebelião e incentivou as autoridades a reprimirem os rebeldes sem misericórdia, uma postura que chocou até alguns de seus seguidores.

Contra os Judeus:
Em seu polêmico texto Sobre os Judeus e Suas Mentiras (1543), Lutero usou palavras violentas e difamatórias, chamando os judeus de “vermes venenosos” e “bandidos mentirosos”. Ele recomendou que sinagogas fossem queimadas e pregou medidas severas contra a população judaica. Este é um dos textos mais controversos de Lutero, e muitos historiadores o relacionam a atitudes antissemitas posteriores.

Contra seus Oponentes Teológicos:
Lutero frequentemente insultava teólogos católicos e outros reformadores com quem discordava, chamando-os de “idiotas” e “porcos”. Em seus debates com Erasmo de Roterdã, por exemplo, ele ridicularizou o famoso humanista e o chamou de “insensato” e “papagaio ignorante”.