28 AGO - S. AGOSTINHO, Bispo, Confessor e Doutor


❤️‍🔥Santo Agostinho de Hipona, um dos mais influentes Doutores da Igreja, teve uma jornada de conversão notável, passando de uma vida de prazeres e adesão à heresia maniqueísta para uma profunda fé católica, impulsionado pelas orações de sua mãe, Santa Mônica, e pela pregação de Santo Ambrósio. Como Bispo de Hipona, combateu vigorosamente as heresias do seu tempo, como o pelagianismo e o donatismo, e deixou um legado teológico monumental, incluindo obras como 'Confissões' e 'A Cidade de Deus', que moldaram o pensamento cristão ocidental ao explorar a relação entre a graça divina, a vontade humana e a natureza da Igreja.

📜 Introito (Eclo 15, 5 | Sl 91, 2)
In medio Ecclesiae aperuit os ejus... No meio da Igreja, o Senhor o fez falar; encheu-o do Espírito de sabedoria e inteligência, e revestiu-o com uma túnica de glória. Sl. É bom louvar ao Senhor e cantar salmos a vosso Nome, ó Altíssimo. ℣. Glória ao Pai.

✉️ Epístola (II Tim 4, 1-8)
Caríssimo: Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos por sua vinda e por seu Reino: prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão os ouvidos da verdade para os abrirem às fábulas. Tu, porém, vigia, trabalha em todas as coisas, faze obra de um Evangelista, desempenha o teu ministério. Sê sóbrio. Quanto a mim, já estou para ser crucificado, e o tempo de minha morte se avizinha. Combati o bom combate; terminei a minha carreira: guardei a fé. Resta-me esperar a coroa da justiça que me está reservada, que o Senhor, justo Juiz, me dará nesse dia. E não só a mim, como também àqueles que desejam a sua vinda.

📖 Evangelho (Mt 5, 13-19)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Vós sois o sal da terra. Se o sal perder a sua força, como há de receber nova força? Para nada mais presta senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Uma cidade situada sobre um monte, não pode ser escondida. E ninguém acende uma luz para pô-la debaixo do alqueire, mas sim no candieiro, para alumiar a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está no céu. Não julgueis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, e sim cumprir. Porque, em verdade vos digo: enquanto não passar o céu e a terra, nem uma letra, nem um pontinho desaparecerá da lei, até que tudo seja realizado. Aquele, pois, que transgredir um destes mandamentos por pequeno que seja e ensinar assim aos homens, será chamado mínimo no Reino dos céus; mas o que os guardar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos céus.

🤔 Reflexões

🖋️As leituras do dia espelham perfeitamente a vocação de Santo Agostinho como bispo e doutor. O Senhor o fez "sal da terra" para preservar a Igreja da corrupção das heresias e "luz do mundo" para iluminar as mentes com a sabedoria divina. "Vós sois o sal da terra; mas o que o Senhor acrescenta, ‘se o sal perder a sua força’, mostra que eles devem temer, sob as aparências da sabedoria divina, a perda de sentido" (Santo Agostinho, Sobre o Sermão da Montanha). Ele viveu a exortação de São Paulo a Timóteo, pregando a palavra incansavelmente, "quer agrade, quer desagrade", combatendo o bom combate contra os erros de seu tempo e guardando a fé. "Não estais sendo enviados para apenas duas cidades, ou dez, ou vinte, nem para uma única nação, como os profetas de outrora; mas para a terra e o mar, para o mundo inteiro, um mundo em má condição" (São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de Mateus). A vida de um bispo como Agostinho exige uma coerência radical: "Aquele que, por seu ofício, deve falar as coisas mais elevadas, é igualmente compelido, por seu ofício, a exibir as coisas mais elevadas em sua vida" (São Gregório Magno, Regra Pastoral).

↔️O Evangelho de São Mateus apresenta as metáforas do sal e da luz no contexto do Sermão da Montanha, ligando-as às boas obras que glorificam a Deus. São Marcos complementa a imagem do sal com uma dimensão comunitária, exortando: "Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros" (Mc 9, 50), focando na virtude interna que gera harmonia. São Lucas situa a parábola do sal sem sabor imediatamente após o discurso sobre o custo do discipulado e a renúncia total (Lc 14, 34-35), enfatizando que um discípulo que perde seu fervor se torna inútil para o Reino. Lucas também apresenta a imagem da luz no candeeiro (Lc 8, 16), mas a conecta diretamente ao ato de ouvir a palavra de Deus e colocá-la em prática, para que a verdade não fique oculta.

✍️São Paulo aprofunda os temas do Evangelho em suas epístolas. Ele aplica a metáfora do sal diretamente à comunicação, instruindo que "a vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para que saibais como responder a cada um" ( Cl 4 , 6), unindo sabedoria e caridade no apostolado. O conceito de ser "luz" é detalhado em exortações práticas, como "andai como filhos da luz" (Ef 5, 8), cujo fruto se manifesta em "bondade, justiça e verdade". Ele também ecoa a imagem da cidade sobre o monte ao pedir aos filipenses que brilhem "como luzeiros no mundo, no meio de uma geração corrompida" (Fp 2, 15). Sobre a lei, Paulo esclarece em Romanos que a fé não a anula, mas a estabelece (Rm 3, 31), explicando que a justificação em Cristo é o verdadeiro cumprimento que o legalismo por si só não poderia alcançar.

🏛️Os documentos do Magistério ecoam a perenidade da Lei e a importância das boas obras. O Concílio de Trento, em seu Decreto sobre a Justificação, afirma que os mandamentos de Deus não são impossíveis para o justificado e que as boas obras, realizadas com o auxílio da graça divina, são verdadeiramente meritórias e contribuem para o aumento da glória, em consonância com o "para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai". A encíclica Providentissimus Deus do Papa Leão XIII reforça a santidade e a inerrância de toda a Escritura, alinhando-se à declaração de Cristo de que "nem uma letra, nem um pontinho desaparecerá da lei". Da mesma forma, a condenação ao modernismo na encíclica Pascendi Dominici Gregis do Papa Pio X defende a imutabilidade da doutrina, um reflexo do papel da Igreja como "sal" que deve preservar o depósito da fé contra a corrupção do erro e do tempo.