A questão da visibilidade da Igreja é um tema complexo que envolve a interpretação de doutrinas e a compreensão do papel da Igreja na vida dos fiéis. A raiz dos erros está ligada à maneira como diferentes grupos interpretaram a natureza da Igreja ao longo da história, especialmente em relação à sua visibilidade e à constituição de seus membros.
1. Interpretação Donatista e Seus Efeitos
Os donatistas, no século IV, viam a Igreja como uma assembleia puramente dos justos. Essa visão implicava que apenas aqueles que eram moralmente impecáveis poderiam ser considerados parte verdadeira da Igreja. Essa ideia gerou uma exclusão de muitos que não se encaixavam nesse padrão, levando a uma concepção errônea sobre quem poderia ou não fazer parte do corpo eclesial.
2. Wycliffe e Hus: A Congregação dos Predestinados
Com o advento das ideias de John Wycliffe e Jan Hus, essa noção evoluiu para a ideia de que a verdadeira Igreja era composta por uma congregação de predestinados. Essa perspectiva enfatizava uma realidade invisível, onde a verdadeira essência da Igreja estava na justiça divina e na predestinação, em vez de nas práticas visíveis e nos sacramentos oferecidos pela Igreja institucional.
3. Rejeição dos Elementos Visíveis
Os seguidores dessas doutrinas começaram a desenvolver uma ideia distorcida sobre a fé justificante e sobre como se relacionar com Cristo. Embora alguns não tenham rejeitado completamente os elementos visíveis da Igreja — como hierarquia e sacramentos — muitos deles acabaram por desmerecê-los ou tratá-los com desprezo. Isso resultou em uma separação entre o que consideravam ser essencial (a fé interior) e o que viam como secundário (as práticas externas).
4. O Dilema Católico-Protestante
Os católicos argumentavam que antes de Lutero não havia outra forma de Igreja além da romana, o que levava à conclusão de que ou a verdadeira Igreja esteve oculta por um longo período ou que a Igreja Romana era, de fato, a verdadeira manifestação visível da mesma. Esse dilema pressionou os desertores da Igreja Romana a declarar sua própria versão como sendo invisível, reforçando ainda mais as divisões entre as diferentes interpretações do cristianismo.