14 JUNHO - SÁBADO DAS TÊMPORAS DE PENTECOSTES


Introito (Rm 5, 5 | Sl 102, 1)
Cáritas Dei diffúsa est in córdibus nostris, allelúia... O Amor de Deus está derramado em nossos corações, aleluia, por seu Espírito que habita em nós, aleluia, aleluia. Ps. Bendize, ó minha alma, ao Senhor; e todas as coisas que existem dentro de mim louvem o seu santo Nome.

I Leitura (Joel 2, 28-32)
Eis o que diz Deus, o Senhor: Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão. Vossos velhos serão instruídos por sonhos, e os vossos jovens terão visões. Derramarei também naqueles dias o meu Espírito sobre os meus servos e sobre as minhas servas. E farei aparecer prodígios no céu e na terra, sangue, fogo e rolos de fumaça. O sol converter-se-á em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E sucederá: Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.

II Leitura (Lv 23, 9-11, 15-17 e 21)
Naqueles dias, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando tiverdes entrado na terra que vos darei, e fizerdes a ceifa das searas, levareis ao sacerdote molhos de espigas como primícias de vossa colheita. No dia seguinte ao sábado, ele elevará o molho diante do Senhor e o santificará para que seja aceito em vosso favor. Em seguida, desde o dia que segue o sábado, no qual oferecestes o molho das primícias, contareis sete semanas inteiras até o dia em que se completar a sétima semana; ao todo serão portanto cinquenta dias. Então oferecereis um novo sacrifício ao Senhor, em todas as vossas habitações; dois pães das primícias de duas dízimas de flor de farinha fermentada, os quais cozinhareis para primícias do Senhor. Celebrareis este dia de maneira soleníssima e guardá-lo-eis como dia santíssimo. Não fareis nele obra servil alguma. Esta será uma lei perpétua em todas as vossas habitações e gerações, diz o Senhor Todo Poderoso.

III Leitura (Dt 26, 1-11)
Naqueles dias, falou Moisés aos filhos de Israel, dizendo: Escuta, ó Israel, o que te prescreverei hoje: Quando tiveres entrado na terra da qual o Senhor, teu Deus, está para te dar a posse, e fores senhor dela e nela habitares, tomarás as primícias de todos os teus frutos e as deitarás num cesto; e irás ao lugar que o Senhor, teu Deus, tiver escolhido para que aí seja invocado o seu Nome. Apresentar-te-ás ao sacerdote que estiver naqueles dias e lhe dirás: Confesso hoje diante do Senhor, teu Deus, que Ele nos ouviu e olhou para a nossa humilhação, o nosso labor e a nossa angústia, e nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido, por entre grande pavor, milagres e prodígios, introduzindo-nos neste lugar e dando-nos esta terra onde corre leite e mel. E por esta razão ofereço agora as primícias dos frutos da terra que o Senhor me deu. E tu os deixarás diante do Senhor, teu Deus, e adorarás o Senhor, teu Deus. E te banquetearás com todos os bens, que o Senhor, teu Deus, te houver dado.

IV Leitura (Lv 26, 3-12)
Naqueles dias, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Se guardardes os meus mandamentos, e os praticardes, eu vos enviarei chuvas em seus tempos, e a terra dará o seu produto e as árvores se carregarão de frutos. A debulha do trigo prolongar-se-á até a vindima, e a vindima juntar-se-á à sementeira; e comereis o vosso pão à saciedade e habitareis em vossa terra sem temor. Darei paz dentro de vossos limites. Dormíreis, e não haverá quem vos atemorize. Afastarei de vós os animais ferozes e a espada não passará por vossos confins. Perseguireis os vossos inimigos, e eles cairão diante de vós. Cinco dos vossos perseguirão um cento de adversários e cem dos vossos perseguirão dez mil deles. Vossos inimigos cairão ao fio da espada diante de vós. Olharei para vós, e vos farei crescer. Multiplicar-vos-ei, e ratificarei a minha aliança convosco. Comereis produtos velhíssimos e sobrevindo os novos lançareis fora os velhos. Porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós, e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo, diz o Senhor Todo Poderoso.

V Leitura (Dn 3, 47-51)
Naqueles dias, o Anjo do Senhor desceu com Azarias e os seus companheiros à fornalha, e desviando da mesma as chamas do fogo, fez que soprasse no meio da fornalha como que uma fresca viração acompanhada de orvalho. As chamas, porém, cresciam acima da fornalha quarenta e nove côvados, e saltando fora dela, queimaram, entre os Caldeus que estavam perto da fornalha, os servos do rei que atiçavam o fogo. Mas o fogo não tocou de modo algum os três jovens [Hebreus], não os molestou, nem lhes causou o menor vexame. Então estes três jovens, em voz uníssona, louvavam, glorificavam e bendiziam a Deus, na fornalha, dizendo:

Epístola (Rm 5, 1-5)
Irmãos: Justificados pela fé, tenhamos paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por Ele temos acesso, pela fé, a esta graça da qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória dos filhos de Deus. E não somente nesta esperança; gloriamo-nos até nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência prova o que valemos e esta prova produz a esperança. E a esperança não traz engano, porque o Amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Evangelho (Lc 4, 38-44)
Naquele tempo, saindo Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão. Ora, a sogra de Simão tinha uma forte febre e houve quem intercedesse a Jesus por ela. De pé, ao seu lado, ordenou Jesus à febre e esta a deixou. E levantando-se logo, ela os servia. Quando o sol estava no ocaso, todos os que tinham enfermos de várias doenças traziam-nos a Jesus. E Ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os. Saíam também os demônios de muitos deles, clamando e dizendo Vós sois o Filho de Deus. Ele os ameaçava, entretanto, para que não dissessem que sabiam que Ele era o Cristo. Quando se fez dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. E as multidões O procuravam e foram até Ele; e queriam retê-Lo, com medo que os deixasse. Ele porém lhes disse: É preciso que eu vá a outras cidades anunciar o Reino de Deus: porque para isso fui enviado. E assim pregava nas sinagogas da Galileia.

Homilias e Explicações Teológicas

No Sábado das Têmporas de Pentecostes, a efusão do Espírito Santo, prometida por Joel, manifesta-se como um dom universal que transforma os corações e conduz à salvação, revelando a divina economia que une todos os povos sob a graça divina (Santo Agostinho, Sermão 267, 4). A oferta das primícias, descrita em Levítico, prefigura a Eucaristia, onde Cristo, o verdadeiro pão, é apresentado como sacrifício perfeito, superando os ritos antigos pela sua eterna novidade (Santo Ambrósio, De Mysteriis, 8, 43). O cântico de gratidão em Deuteronômio ensina que a verdadeira ação de graças nasce do reconhecimento da providência divina, que guia a história pessoal e coletiva para a redenção (Santo Basílio, Homilia sobre a Ação de Graças, 5). A cura da sogra de Simão e a pregação de Jesus, narradas em Lucas, revelam o poder do Verbo encarnado que restaura a criação ferida pelo pecado, ordenando todas as coisas para a glória do Pai (Santo Cirilo de Alexandria, Comentário ao Evangelho de Lucas, 4). A paciência nas tribulações, mencionada por Paulo em Romanos, é um reflexo da caridade infusa pelo Espírito, que fortalece a alma para suportar as provações com esperança na glória futura (Santo Tomás de Aquino, Comentário à Epístola aos Romanos, 5, 3). A oração dos jovens na fornalha, em Daniel, simboliza a confiança inabalável na providência divina, que sustenta os fiéis mesmo nas maiores adversidades (Santo Jerônimo, Comentário a Daniel, 3).

Comparação com os Demais Evangelhos
O relato de Lucas 4,38-44, que descreve a cura da sogra de Simão e a pregação de Jesus, encontra complementos significativos nos outros Evangelhos. Mateus 8,14-17 enfatiza que as curas de Jesus cumprem a profecia de Isaías 53,4, destacando seu papel como Servo Sofredor que toma sobre si as enfermidades humanas, um aspecto teológico ausente em Lucas. Marcos 1,29-34 adiciona que as curas ocorreram ao entardecer, sugerindo a urgência das multidões e a extensão do ministério de Jesus além do dia, detalhe não mencionado por Lucas. João, por sua vez, não apresenta um paralelo direto, mas o discurso em João 6,35, onde Jesus se declara o “pão da vida”, complementa a missão de Lucas ao vincular a pregação do Reino à oferta eucarística, um tema implícito na ação de Jesus em Lucas.

Comparação com Textos de São Paulo
A leitura de Romanos 5,1-5, que fala da justificação pela fé e da esperança nas tribulações, é enriquecida por outros textos paulinos. Em Gálatas 5,22-23, Paulo lista os frutos do Espírito, como amor e paciência, que concretizam a caridade mencionada em Romanos, mostrando como o Espírito opera na vida prática dos fiéis, um detalhe não explicitado na leitura do dia. Em 1 Coríntios 12,4-11, a diversidade de dons espirituais complementa a efusão do Espírito prometida em Joel 2,28-32, sugerindo que a universalidade do dom em Romanos se manifesta em carismas variados para a edificação da Igreja. Filipenses 3,7-8, onde Paulo considera tudo como perda diante do conhecimento de Cristo, reforça a esperança em Romanos ao mostrar que a glória futura supera qualquer sofrimento presente, um ponto apenas insinuado na leitura.

Comparação com Documentos da Igreja
O Breviário Romano (Séc. XIX, Ofício do Sábado das Têmporas de Pentecostes) destaca a renovação espiritual dos fiéis pelo Espírito Santo, ecoando Joel 2,28-32 e Romanos 5,1-5, mas enfatiza a consagração dos novos sacerdotes, um aspecto ministerial não abordado diretamente nas leituras. A Encíclica Divinum Illud Munus (Leão XIII, 1897) aprofunda a missão do Espírito Santo como santificador, complementando a efusão universal em Joel ao sublinhar sua ação na Igreja como corpo místico, tema implícito na liturgia. O Missal Romano (Edição de 1962, Oração Coletiva) vincula as primícias de Levítico à oferta eucarística, reforçando a tipologia cristológica de Cristo como sacrifício perfeito, um ponto apenas sugerido nas leituras. A Bula Ineffabilis Deus (Pio IX, 1854), ao tratar da Imaculada Conceição, conecta a ação do Espírito em Maria à sua obra universal, ampliando a perspectiva de Romanos sobre a graça divina.

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