Accípite iucunditátem glóriæ vestræ, allelúia... Aceitai o gozo de vossa glória, aleluia, dando graças a Deus, aleluia, que vos chamou ao Reino celestial, aleluia, aleluia, aleluia. Ps. Atende, ó povo meu, à minha lei; inclina os teus ouvidos às palavras de minha boca.
Epístola (At 8, 14-17)
Naqueles dias, ouviram os Apóstolos que estavam em Jerusalém, que os habitantes de Samaria haviam recebido a palavra de Deus, e mandaram-lhes Pedro e João. Estes, logo que chegaram, fizeram oração por eles, para que recebessem o Espírito Santo, porque Este ainda não descera sobre nenhum deles, mas tinham sido batizados ao Nome do Senhor Jesus. Então impunham as mãos sobre eles, e eles recebiam o Espírito Santo.
Evangelho (Jo 10, 1-10)
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: Em verdade, em verdade, vos digo: quem não entra pela porta do aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é salteador e ladrão. Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e às suas ovelhas chama por seu nome, e as leva para fora. E depois que fez sair as suas próprias ovelhas, vai adiante delas e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguirão o estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz de estranhos. Esta parábola lhes disse Jesus, porém eles não a entenderam. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta que dá entrada às ovelhas. Todos os que vieram antes de mim, foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes deram ouvidos. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo, entrará e sairá, e encontrará pastagens. O ladrão vem apenas para roubar, matar e perder. Eu vim, porém, para que eles tenham a Vida e a tenham mais abundante.
Homilias e Explicações Teológicas
A imagem do pastor que guarda suas ovelhas, conforme descrita no Evangelho, revela a providência divina que guia a alma fiel, não apenas como um guardião, mas como aquele que se oferece em sacrifício, unindo a humanidade a Deus por meio de sua voz que chama cada um pelo nome, estabelecendo uma relação íntima que transcende a mera proteção terrena (Santo Agostinho, Sermão 46 sobre os Pastores). A Epístola, ao narrar a imposição das mãos, sublinha a efusão do Espírito Santo, que não é apenas um dom transitório, mas a habitação permanente de Deus na alma, capacitando-a a discernir a voz do verdadeiro pastor em meio às tentações do mundo (Santo Ambrósio, Tratado sobre o Espírito Santo, Livro I). O Salmo, por sua vez, exalta a alma que busca a face de Deus, mas tal busca não é um ato isolado; é a resposta ao chamado do pastor, que desperta no coração humano o desejo de habitar na casa do Senhor, um anseio que se concretiza pela graça do Espírito (Santo Hilário de Poitiers, Comentário aos Salmos, Salmo 26). Assim, os textos convergem para mostrar que a salvação é um movimento trinitário: o Pai chama, o Filho guia como porta e pastor, e o Espírito sela a união com Deus, transformando o fiel em morada divina (Santo Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, Homilia 14).
Comparação com os Demais Evangelhos
O Evangelho de João (10, 1-10), ao apresentar Cristo como a porta e o bom pastor, enfatiza sua singularidade como único mediador para a salvação, um aspecto menos explícito nos sinóticos. Em Mateus 7, 13-14, a imagem da porta estreita complementa João ao destacar a exigência de esforço e escolha moral para entrar pela porta que é Cristo, enquanto João foca na identidade divina do pastor. Marcos 6, 34 descreve Jesus como pastor que se compadece das multidões, mas sem a ênfase joanina na intimidade do chamado pessoal às ovelhas. Lucas 15, 4-7, com a parábola da ovelha perdida, amplia a perspectiva ao mostrar o pastor buscando ativamente a ovelha desgarrada, um elemento ativo de busca que João não explicita, centrando-se mais na relação estabelecida com as ovelhas que ouvem sua voz. Assim, os sinóticos reforçam aspectos práticos e éticos do discipulado, enquanto João aprofunda a dimensão teológica da união com Cristo como porta e pastor.
Comparação com Textos de São Paulo
Os textos litúrgicos, especialmente o Evangelho de João 10, 1-10, encontram eco nas epístolas paulinas, que complementam sua mensagem. Em Efésios 2, 18, Paulo destaca que por meio de Cristo, único mediador, temos acesso ao Pai no Espírito, ampliando a imagem joanina da porta como o caminho exclusivo para Deus, com ênfase na reconciliação universal. Em 1 Coríntios 12, 13, a ação do Espírito na Epístola (Atos 8, 14-17) é enriquecida pela visão de Paulo do Espírito como unificador do corpo de Cristo, sugerindo que o dom do Espírito não é apenas individual, mas comunitário, formando a Igreja como rebanho unido. Além disso, em Romanos 8, 14-16, Paulo conecta a busca do Salmo 26 pela face de Deus ao espírito de adoção filial, que capacita os fiéis a clamar “Abba, Pai”, um aspecto que aprofunda a intimidade do chamado do pastor em João. Assim, Paulo oferece uma visão eclesiológica e trinitária que complementa a cristologia de João e a pneumatologia de Atos.
Os textos litúrgicos, especialmente o Evangelho de João 10, 1-10, encontram eco nas epístolas paulinas, que complementam sua mensagem. Em Efésios 2, 18, Paulo destaca que por meio de Cristo, único mediador, temos acesso ao Pai no Espírito, ampliando a imagem joanina da porta como o caminho exclusivo para Deus, com ênfase na reconciliação universal. Em 1 Coríntios 12, 13, a ação do Espírito na Epístola (Atos 8, 14-17) é enriquecida pela visão de Paulo do Espírito como unificador do corpo de Cristo, sugerindo que o dom do Espírito não é apenas individual, mas comunitário, formando a Igreja como rebanho unido. Além disso, em Romanos 8, 14-16, Paulo conecta a busca do Salmo 26 pela face de Deus ao espírito de adoção filial, que capacita os fiéis a clamar “Abba, Pai”, um aspecto que aprofunda a intimidade do chamado do pastor em João. Assim, Paulo oferece uma visão eclesiológica e trinitária que complementa a cristologia de João e a pneumatologia de Atos.
Comparação com Documentos da Igreja Pré-Vaticano II
O Concílio de Trento (Sessão V, Decreto sobre o Pecado Original) reforça que Cristo, como única porta, é o meio exclusivo de salvação, libertando a humanidade do pecado original, um aspecto implícito em João, mas não diretamente abordado. A Encíclica Mystici Corporis Christi (1943) de Pio XII complementa a Epístola (Atos 8, 14-17) ao descrever o Espírito Santo como a alma da Igreja, unindo os fiéis ao Corpo Místico de Cristo, o que amplia a visão da imposição das mãos como ato fundante da comunidade eclesial. O Salmo 26, com seu desejo de habitar na casa do Senhor, encontra eco na Mediator Dei (1947), que enfatiza a liturgia como espaço onde o fiel, guiado pelo pastor, encontra a Deus na oração comunitária, um tema menos explícito no Salmo. Esses documentos sublinham a centralidade de Cristo e do Espírito na vida eclesial, oferecendo uma perspectiva magisterial que aprofunda os textos litúrgicos.
O Concílio de Trento (Sessão V, Decreto sobre o Pecado Original) reforça que Cristo, como única porta, é o meio exclusivo de salvação, libertando a humanidade do pecado original, um aspecto implícito em João, mas não diretamente abordado. A Encíclica Mystici Corporis Christi (1943) de Pio XII complementa a Epístola (Atos 8, 14-17) ao descrever o Espírito Santo como a alma da Igreja, unindo os fiéis ao Corpo Místico de Cristo, o que amplia a visão da imposição das mãos como ato fundante da comunidade eclesial. O Salmo 26, com seu desejo de habitar na casa do Senhor, encontra eco na Mediator Dei (1947), que enfatiza a liturgia como espaço onde o fiel, guiado pelo pastor, encontra a Deus na oração comunitária, um tema menos explícito no Salmo. Esses documentos sublinham a centralidade de Cristo e do Espírito na vida eclesial, oferecendo uma perspectiva magisterial que aprofunda os textos litúrgicos.