✝️ São Ciríaco, um diácono em Roma durante o império de Diocleciano, é celebrado por sua extraordinária fé e poder de cura, notavelmente por ter exorcizado a filha do próprio imperador. Juntamente com seus companheiros, Largo e Esmaragdo, e outros, ele dedicou sua vida ao serviço dos cristãos escravizados nas termas romanas, oferecendo-lhes conforto material e espiritual. A recusa em sacrificar aos deuses pagãos levou-os ao martírio por volta do ano 303, tornando-os testemunhas supremas da fé em Cristo e exemplos de caridade heróica, sendo Ciríaco venerado como um dos Catorze Santos Auxiliadores.
🕊️ Introito (Salmo 33, 10-11)
Timéte Dóminum, om nes sancti ejus, quón iam nihil deest timén tibus eum... Temei ao Senhor, todos os seus santos, porque nada falta aos que o temem: os ricos empobreceram e passaram fome, mas os que buscam o Senhor não serão privados de nenhum bem. Salmo 33, 2: Bendirei o Senhor em todo o tempo; seu louvor estará sempre em minha boca.
📜 Epístola (1 Tessalonicenses 2, 13-16)
Irmãos: Damos graças a Deus incessantemente porque, ao receberdes de nós a palavra da pregação de Deus, vós a acolhestes não como palavra de homens, mas como ela verdadeiramente é, a palavra de Deus, que opera em vós, os que crestes. Pois vós, irmãos, vos tornastes imitadores das igrejas de Deus que estão na Judeia em Cristo Jesus, porque também vós padecestes as mesmas coisas de vossos compatriotas, como eles sofreram dos judeus, que mataram o Senhor Jesus e os Profetas, e nos perseguiram, e não agradam a Deus, e se opõem a todos os homens, impedindo-nos de falar aos gentios para que sejam salvos, a fim de completarem sempre os seus pecados. Mas a ira de Deus veio sobre eles até o fim.
🎶 Gradual (Salmo 33, 10 e 11)
Temei ao Senhor, todos os seus santos, porque nada falta aos que o temem. Os que buscam o Senhor não serão privados de nenhum bem. Aleluia (Sabedoria 3, 7): Aleluia, aleluia. Os justos resplandecerão e, como centelhas no canavial, correrão para sempre. Aleluia.
📖 Evangelho (Marcos 16, 15-18)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais acompanharão aqueles que crerem: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes, e, se beberem algo mortífero, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os enfermos, e eles ficarão curados.
🤔 Reflexões
💡 Ao comissionar os discípulos, Cristo não lhes promete uma vida sem perigos, mas a Sua presença operante através de sinais. Estes sinais, contudo, não devem ser buscados com curiosidade, pois 'estes sinais acompanharão', não 'buscai estes sinais para que creiais'. A fé deve preceder, não depender do milagre. A Igreja, no seu todo, realiza hoje espiritualmente o que os Apóstolos realizaram visivelmente: expulsa demônios quando, pelo exorcismo e pela oração, arranca os homens do poder das trevas; fala novas línguas quando abandona a linguagem do homem velho para anunciar as verdades celestiais; e pisa em serpentes ao esmagar o veneno da tentação e da maldade. (São Gregório Magno, Homilia 29 sobre os Evangelhos). A perseguição sofrida, como descrita na Epístola, é a prova de que a palavra acolhida não é humana, mas divina, pois o mundo odeia a Cristo e àqueles que dão testemunho d'Ele. (Santo Agostinho, Tratado 87 sobre o Evangelho de João).
🗺️ Enquanto Marcos foca na amplitude da pregação ('a toda criatura') e nos sinais miraculosos que a confirmam, os outros evangelistas acrescentam dimensões teológicas cruciais. Mateus (28, 19-20) detalha o mandato, especificando a fórmula batismal trinitária e o dever de ensinar a observância de todos os mandamentos, concluindo com a promessa da presença perpétua de Cristo. Lucas (24, 47-49) sublinha o conteúdo central da pregação – o arrependimento para a remissão dos pecados – e a necessidade de aguardar o poder do Espírito Santo antes de iniciar a missão. João (20, 21-23), por sua vez, não lista sinais externos, mas confere diretamente aos apóstolos a autoridade de perdoar pecados, ligando a missão evangelizadora ao sacramento da reconciliação.
✉️ Os escritos de São Paulo funcionam como um vasto comentário prático e teológico sobre a Grande Comissão de Marcos. Enquanto Marcos apresenta a promessa dos 'sinais', Paulo, em 1 Coríntios 12-14, cataloga e contextualiza os carismas (dons espirituais), como as línguas e a cura, inserindo-os na vida da Igreja como dons do Espírito para a edificação comum, e não para ostentação individual. Ele corrobora a eficácia de sua pregação 'pelo poder dos sinais e prodígios' (Romanos 15, 19), validando a promessa de Cristo. Além disso, Paulo aprofunda a dicotomia 'crer/não crer' de Marcos, desenvolvendo em suas epístolas (especialmente em Romanos e Gálatas) a doutrina da justificação pela fé em Cristo Jesus como o único meio para a salvação.
🏛️ Documentos magisteriais solidificam e expandem os preceitos do Evangelho. O Concílio de Trento (Sessão VII, Cânon 5 sobre o Batismo) afirma dogmaticamente a necessidade do batismo para a salvação, conforme a sentença 'quem crer e for batizado será salvo'. A Constituição Dogmática Dei Filius do Concílio Vaticano I (Cap. 3) aprofunda a natureza da fé mencionada por Marcos, definindo-a como uma virtude sobrenatural e os milagres como 'sinais certíssimos e adaptados à inteligência de todos' que confirmam a origem divina da revelação. A encíclica Maximum Illud (1919) de Bento XV reitera com veemência o mandato missionário de Marcos 16, tratando-o como um dever perpétuo da Igreja e instando a uma evangelização que não se confunda com os interesses políticos, mas que vise unicamente à salvação das almas.
