Introito (Mt 2, 6 |Sl 77, 1)
Lex veritátis fuit in ore eius, et iníquitas non est invénta in lábiis eius... A lei da verdade esteve em sua boca e a injustiça não foi encontrada em seus lábios. Em paz, e com justiça caminhou a meu lado e a muitos desviou da maldade. Sl. Povo meu, escuta a minha lei, inclina os teus ouvidos às palavras de minha boca.
Epístola (II Tm 3, 14-17; 4, 1-5)
Caríssimo: Persevera no que aprendeste e no que te foi confiado. Sabes de quem o aprendeste e desde a tua infância conheces as santas Escrituras que te podem instruir para a salvação no Cristo Jesus. Toda a Escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça a fim de que o homem de Deus seja perfeito, pronto a toda a espécie de bem. Eu te conjuro, diante de Deus e Jesus Cristo que deve julgar os vivos e os mortos, por sua vinda e por seu Reino, prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas suplicarão para si, mestres, conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão os ouvidos da verdade para os abrirem às fábulas. Tu, porém, vigia, trabalha em todas as coisas, faze a obra de um Evangelista, desempenha o teu ministério.
Evangelho (Mt 10, 28-33)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei, antes, Aquele que pode lançar ao inferno a alma e o corpo. Porventura não se vendem dois pardais por um vintém? E nem um deles caí em terra sem a vontade de vosso Pai. Quanto a vós os cabelos de vossa cabeça estão contados. Não tenhais medo, pois valeis mais que muitos pássaros. Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus. Todo aquele porém que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.
Homilias e Explicações Teológicas
A verdadeira coragem do discípulo de Cristo reside em sua confiança na providência divina, que não apenas preserva a vida terrena, mas assegura a salvação eterna, pois a alma, imortal e preciosa aos olhos de Deus, transcende qualquer ameaça corporal; assim, a exortação a não temer os que matam o corpo, mas não a alma, revela que o verdadeiro temor deve ser reservado àquele que julga com justiça e misericórdia, guiando o fiel a uma confiança absoluta na proteção divina, que conhece até os cabelos de nossa cabeça (Santo Agostinho, Sermo 105). A Escritura, inspirada por Deus, é um farol que ilumina o caminho do justo, capacitando-o a ensinar, corrigir e formar na justiça, de modo que o homem de Deus seja perfeito, equipado para toda boa obra; essa perfeição não é um fim em si, mas um meio para proclamar a verdade em tempos de apostasia, quando muitos se desviam para fábulas (Santo Ambrósio, De Fide). A missão do bispo e mártir, como Irineu, reflete a ousadia de confessar Cristo diante dos homens, pois aquele que não se envergonha do Evangelho será reconhecido pelo Filho do Homem no céu, enquanto a negação terrena conduz à rejeição eterna, um chamado à fidelidade que ecoa na vida dos santos que, como Irineu, selaram sua fé com o sangue (Santo Hilário de Poitiers, Comentário ao Evangelho de Mateus). A prudência pastoral exige que o pregador adapte sua mensagem à necessidade dos ouvintes, corrigindo com paciência e ensinando com autoridade, pois a verdade de Cristo, transmitida pela Escritura, é o fundamento que sustenta a Igreja contra as heresias e os ventos contrários do mundo (Santo Gregório Magno, Homiliae in Evangelia).
Comparação com os Demais Evangelhos
O Evangelho de Mateus (10, 28-33) enfatiza a coragem diante da perseguição e a confiança na providência divina, aspectos que encontram eco, mas com nuances distintas, nos outros evangelhos. Em Lucas (12, 4-7), a exortação a não temer os que matam o corpo é complementada por uma ênfase na intimidade do cuidado divino, destacando que os pardais, vendidos por pouco, não caem sem a permissão do Pai, reforçando a ideia de que o valor do discípulo excede o das criaturas. João (15, 18-20) aprofunda a relação entre o ódio do mundo e a eleição dos discípulos, explicando que a perseguição enfrentada por eles decorre de sua união com Cristo, que também foi odiado, um aspecto não explicitado em Mateus. Marcos (8, 34-35) conecta a confissão de Cristo à renúncia de si mesmo e ao carregar da cruz, sugerindo que a fidelidade pública exigida em Mateus implica um sacrifício pessoal mais radical, que leva à salvação da alma.
O Evangelho de Mateus (10, 28-33) enfatiza a coragem diante da perseguição e a confiança na providência divina, aspectos que encontram eco, mas com nuances distintas, nos outros evangelhos. Em Lucas (12, 4-7), a exortação a não temer os que matam o corpo é complementada por uma ênfase na intimidade do cuidado divino, destacando que os pardais, vendidos por pouco, não caem sem a permissão do Pai, reforçando a ideia de que o valor do discípulo excede o das criaturas. João (15, 18-20) aprofunda a relação entre o ódio do mundo e a eleição dos discípulos, explicando que a perseguição enfrentada por eles decorre de sua união com Cristo, que também foi odiado, um aspecto não explicitado em Mateus. Marcos (8, 34-35) conecta a confissão de Cristo à renúncia de si mesmo e ao carregar da cruz, sugerindo que a fidelidade pública exigida em Mateus implica um sacrifício pessoal mais radical, que leva à salvação da alma.
Comparação com Textos de São Paulo
A Epístola de II Timóteo (3, 14-17; 4, 1-5) sublinha a autoridade da Escritura e a missão de pregar a verdade em tempos adversos, temas que encontram complemento em outros textos paulinos. Em Romanos (10, 9-10), Paulo destaca que a confissão pública de Cristo com a boca, aliada à fé no coração, conduz à salvação, ecoando a exortação de Mateus (10, 32-33) sobre confessar Cristo diante dos homens, mas enfatizando a dimensão interior da fé. Em I Coríntios (4, 1-2), a fidelidade como administrador dos mistérios de Deus é apresentada como uma virtude essencial, complementando a ideia de II Timóteo de perseverar na pregação, mesmo quando os ouvintes buscam fábulas. Filipenses (1, 20-21) aprofunda o chamado a não temer a morte, pois para Paulo, viver é Cristo e morrer é lucro, oferecendo uma perspectiva de esperança escatológica que reforça a coragem exigida em Mateus (10, 28).
A Epístola de II Timóteo (3, 14-17; 4, 1-5) sublinha a autoridade da Escritura e a missão de pregar a verdade em tempos adversos, temas que encontram complemento em outros textos paulinos. Em Romanos (10, 9-10), Paulo destaca que a confissão pública de Cristo com a boca, aliada à fé no coração, conduz à salvação, ecoando a exortação de Mateus (10, 32-33) sobre confessar Cristo diante dos homens, mas enfatizando a dimensão interior da fé. Em I Coríntios (4, 1-2), a fidelidade como administrador dos mistérios de Deus é apresentada como uma virtude essencial, complementando a ideia de II Timóteo de perseverar na pregação, mesmo quando os ouvintes buscam fábulas. Filipenses (1, 20-21) aprofunda o chamado a não temer a morte, pois para Paulo, viver é Cristo e morrer é lucro, oferecendo uma perspectiva de esperança escatológica que reforça a coragem exigida em Mateus (10, 28).
Comparação com Documentos da Igreja
Os textos litúrgicos de São Irineu, especialmente Mateus (10, 28-33) e II Timóteo (3, 14-17; 4, 1-5), encontram ressonância em documentos pré-Vaticano II, que aprofundam seus temas. O Missale Romanum (edição de 1962), na festa dos mártires, enfatiza a glória do martírio como testemunho supremo de Cristo, complementando Mateus ao destacar que o sacrifício dos mártires, como Irineu, é uma imitação do sofrimento de Cristo, que fortalece a Igreja. O Breviarium Romanum (Hino dos Mártires) exalta a coragem dos que confessam Cristo até a morte, conectando-se à exortação de Mateus (10, 32) e sublinhando que o mártir é coroado por sua fidelidade pública. O Catecismo Romano (1566), no tratado sobre a fé, reforça a autoridade da Escritura, como em II Timóteo, ao ensinar que ela é a norma infalível para a doutrina, capacitando o fiel a resistir às heresias, um tema central na vida de Irineu contra os gnósticos. A Encíclica Providentissimus Deus (1893) de Leão XIII destaca a inspiração divina da Escritura, complementando II Timóteo ao afirmar que sua utilidade abrange não apenas a instrução, mas a formação moral do clero e dos fiéis. Esses documentos reforçam a missão do mártir e a centralidade da Escritura na vida cristã.