13 dez
Santa Luzia, virgem e mártir


🕯️Nascida em Siracusa (vídeo), Sicília, no final do século III, Santa Luzia ("a que porta a luz") veio de uma nobre família cristã. Desde cedo, consagrou sua virgindade a Deus, um voto que manteve em segredo. Sua mãe, Eutíquia, que sofria de uma hemorragia incurável, foi persuadida por Luzia a peregrinar ao túmulo de Santa Águeda em Catânia. Após uma visão da santa, sua mãe foi milagrosamente curada. Em gratidão, permitiu que Luzia distribuísse seu grande dote aos pobres, conforme seu desejo. No entanto, seu pretendente, enraivecido por ser rejeitado e pela perda da fortuna, denunciou-a como cristã às autoridades durante a feroz perseguição de Diocleciano. Perante o prefeito Pascásio, Luzia professou sua fé com inabalável coragem. Condenada a ser violada num prostíbulo para que perdesse a pureza, seu corpo tornou-se milagrosamente imóvel, impossível de ser arrastado até mesmo por juntas de bois. Tentaram então queimá-la numa fogueira, mas as chamas não a tocaram. Finalmente, foi martirizada com um golpe de espada na garganta por volta do ano 304. A tradição de que seus olhos foram arrancados, embora seja uma lenda posterior, associou-a para sempre à proteção da visão, refletindo a luz da fé que seu nome e sua vida irradiaram.

📖Epístola (II Cor 10, 17-18; 11, 1-2)

Irmãos: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é o que se recomenda a si mesmo que é aprovado, mas, sim, aquele que Deus recomenda. Ah! Se quisésseis suportar um pouco de loucura de minha parte; mas suportai-me ainda. Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus. Com efeito, eu vos desposei com um Esposo único, para vos consagrar ao Cristo como virgem pura.

✝️Evangelho (Mt 25, 1-13)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: O Reino dos Céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo e da esposa. Cinco delas eram insensatas, e cinco, prudentes. As insensatas, ao tomarem as lâmpadas, não levaram azeite consigo; as prudentes, porém, levaram azeite nos seus vasos, juntamente com as lâmpadas. Como o esposo tardasse, todas começaram a dormitar e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Eis o esposo! Saí ao seu encontro! Então, levantaram-se todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. Responderam as prudentes: Não, para que não falte a nós e a vós; ide antes aos que o vendem e comprai-o. Enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as núpcias, e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram as outras virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo: Não vos conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.

🏮A Vigilância da Virgem Prudente

🕊️A liturgia de hoje nos apresenta Santa Luzia como a personificação da virgem prudente do Evangelho. Sua vida foi uma constante vigilância, mantendo a lâmpada da fé acesa com o azeite da caridade e da perseverança. A lâmpada, como ensina Santo Agostinho, simboliza a fé que todos professamos, mas o azeite é o que a distingue: "O azeite representa algo de maior importância... eu ousaria dizer que este azeite é a caridade" (Santo Agostinho, Sermão 93). As virgens insensatas tinham fé, mas lhes faltava o óleo das boas obras, do amor que se traduz em ação. Santa Luzia, ao contrário, não apenas creu, mas demonstrou sua fé através do desapego heroico, distribuindo seus bens aos pobres, e da fortaleza suprema no martírio. Ela se uniu ao Esposo Celeste, Cristo, não com uma fé vazia, mas com uma lâmpada transbordante de amor. A Epístola de São Paulo ecoa este mistério nupcial, ao afirmar que desposou os fiéis "com um Esposo único, para vos consagrar ao Cristo como virgem pura". Luzia viveu esta consagração de modo radical, rejeitando um esposo terreno para se unir indissoluvelmente ao Divino. O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que "a caridade é a alma da santidade à qual todos são chamados" (CIC 826). Foi esta caridade que tornou o corpo de Luzia milagrosamente pesado e a protegeu das chamas, pois o fogo do amor divino era infinitamente mais poderoso que o fogo dos carrascos. Sua história nos exorta a não sermos cristãos de aparência, mas a enchermos nossas vasilhas com o azeite da graça, da oração e, sobretudo, das obras de misericórdia, para que, quando o Esposo chegar, encontre nossas lâmpadas acesas e nos convide para as núpcias eternas.