09 JUNHO - 2A FEIRA DE PENTECOSTES


Introito (Sl 80, 17 | ib., 2)
Cibávit eos ex ádipe fruménti, allelúia... O Senhor os alimenta com flor de trigo, aleluia, e os sacia com mel do rochedo, aleluia, aleluia. Ps. Exultai em Deus, nosso auxílio.; cantai jubilosos ao Deus de Jacó.

Epístola (At 10, 34 e 42-48)
Naqueles dias, Pedro, tomando a palavra, disse: Irmãos, o Senhor mandou-nos pregar ao povo e dar testemunho de que Ele é O que por Deus foi constituído juizados vivos e dos mortos. D’Ele dão testemunho todos os Profetas, que todos os que creem n’Ele, recebem por seu Nome a remissão dos pecados. Proferindo ainda Pedro estas palavras, desceu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a pregação. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, admiraram-se de que também sobre os gentios se derramasse o Dom do Espírito Santo. Porque os ouviam falar diversas línguas e glorificar a Deus. Então Pedro respondeu: Acaso pode alguém negar a água, para que não sejam batizados os que receberam o Espírito Santo, assim como nós? E mandou que eles se batizassem ao Nome do Senhor Jesus Cristo.

Evangelho (Jo 3, 16-21)
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: Deus amou tanto o mundo que sacrificou o seu Filho Unigênito, para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu, Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. Quem Nele crê, não é julgado, mas quem não crê, já está julgado porque não crê no Nome do Filho Unigênito de Deus. E eis o julgamento: A Luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a Luz, porque as suas obras eram más. Todo aquele que faz o mal, odeia a Luz, e não se chega para a Luz, para que não sejam arguidas as suas obras; mas o que pratica a verdade, chega-se para a Luz a fim de que as suas obras sejam manifestadas, porque são feitas em Deus.

Homilias e Explicações Teológicas
A luz divina, que ilumina todo homem, não é apenas um dom, mas uma responsabilidade que exige resposta, pois Deus, em seu amor infinito, oferece salvação a todos, mas condena a obstinação dos que preferem as trevas à verdade, ensinando que a fé é um ato de entrega à vontade divina (Santo Agostinho, Comentário ao Evangelho de João, 12.8). A pregação de Pedro aos gentios revela que a graça não se limita a um povo, mas se estende universalmente, mostrando que o Espírito Santo opera onde há coração disposto, unindo todos na mesma fé (Santo Ambrósio, Sobre o Espírito Santo, Livro I, 15). O salmo clama pela restauração do povo, mas aponta para o Messias, cuja mão forte guia os fiéis à verdadeira vinha, que é a Igreja, onde a salvação se concretiza (Santo Hilário de Poitiers, Comentário aos Salmos, 80.17). A vinda do Espírito sobre Cornélio e sua casa demonstra que a justiça divina não faz acepção de pessoas, mas acolhe os que temem a Deus, confirmando que a conversão é obra do Espírito que precede até mesmo o batismo (São Gregório Magno, Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, 10.34).

Comparação com os Demais Evangelhos
O Evangelho de João (3,16-21) enfatiza o amor de Deus como origem da salvação e a escolha humana entre luz e trevas, aspectos menos explícitos nos sinóticos. Mateus (5,14-16) complementa ao exortar os discípulos a serem luz do mundo, mostrando que a aceitação da luz implica testemunho ativo. Marcos (4,21-23) reforça que a luz da verdade não deve ser escondida, mas revelada, destacando a responsabilidade de proclamar o Evangelho. Lucas (11,33-36) aprofunda a ideia de que a luz recebida deve purificar o interior do homem, para que sua vida reflita integralmente a verdade divina, um aspecto que João não detalha.

Comparação com Textos de São Paulo
A passagem de João (3,16-21) centra-se no amor salvífico de Deus e na escolha entre luz e trevas, enquanto Atos (10,34 e 42-48) destaca a universalidade da salvação. São Paulo, em Romanos (5,8-11), complementa ao explicar que o amor de Deus se manifesta na morte de Cristo pelos pecadores, reconciliando-os com Deus, um mecanismo salvífico que João não explicita. Em Efésios (2,8-10), Paulo enfatiza que a salvação é pela graça mediante a fé, não por obras, reforçando a gratuidade do dom divino aludida em João. Em 1 Coríntios (1,18-25), Paulo aprofunda a ideia de que a cruz, sinal do amor de Deus, é loucura para os que rejeitam a luz, mas sabedoria para os que creem, conectando a escolha pela luz à aceitação do mistério pascal.

Comparação com Documentos da Igreja
Os textos bíblicos (Jo 3,16-21; At 10,34 e 42-48; Sl 80) sublinham o amor universal de Deus e a resposta humana à graça. O Concílio de Trento (Decreto sobre a Justificação, Cap. 5) complementa ao afirmar que a justificação começa pela graça preveniente, que move o homem a aceitar a luz divina, um processo implícito em João. A Encíclica "Mystici Corporis Christi" (Pio XII, 1943) reforça a universalidade da salvação, descrevendo a Igreja como o corpo místico que acolhe todos os que respondem ao chamado do Espírito, ecoando Atos. O Breviário Romano (Hino para a Festa de Pentecostes) exalta a ação do Espírito Santo que renova a criação, conectando-se ao salmo e à descida do Espírito em Atos, mas enfatiza a renovação espiritual como fruto contínuo da graça.