22 AGO - IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA


❤️A devoção ao Imaculado Coração de Maria celebra a vida interior da Virgem Santíssima, seu amor puro e incondicional por Deus e pela humanidade, suas alegrias e, especialmente, suas dores. Este coração, que guardava todas as coisas e as meditava, é o símbolo de sua perfeita união com a vontade do Pai. A festa, promovida por santos como São João Eudes e grandemente difundida após as aparições de Fátima, foi estendida à Igreja universal pelo Papa Pio XII em 1944, que fixou sua celebração em 22 de agosto, na então Oitava da Assunção, para honrar o coração que está intimamente unido à obra redentora de seu Filho, Jesus Cristo.

🙏 Introito (Heb 4, 16 |Sl 44, 2)
Adeámus cum fidúcia ad thronum grátiæ, ut misericórdiam consequámur, et grátiam inveniámus in auxílio opportúno... Aproximemo-nos com fé do trono da graça para alcançar a misericórdia e obter a graça em tempo oportuno. Sl. Exulta o meu coração em alegre canto; ao Rei dedico as minhas obras.

📖 Leitura (Eclo 24, 23-31)
Assim como a vinha, eu produzia flores de suave odor e minhas flores dão frutos de glória e abundância. Eu sou a mãe do belo amor, do temor, da ciência e da santa esperança. Em mim está a graça do caminho e da verdade: em mim toda a promessa de vida e de virtude. Vinde a mim, vós: todos que me desejais e saciai-vos com meus frutos. Meu espírito é mais doce que o mel e minha herança mais suave que o mel e o favo. Minha memória se conservará nas gerações através dos séculos. Os que me comem me desejam ainda mais e os que me bebem terão de mim mais sede ainda. O que me escuta não será confundido e os que agem por mim não pecarão. Os que me glorificam, terão a vida eterna.

✝️ Evangelho (Jo 19, 25-27)
Naquele tempo, estavam junto à Cruz de Jesus, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena. Jesus, então, vendo sua Mãe e perto dela o discípulo que Ele amava, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis tua Mãe. E desde aquela hora a levou o discípulo, para sua casa.

🤔 Reflexões

📜Maria, de pé junto à cruz, não apenas sofreu, mas cooperou com seu amor na obra da redenção, tornando-se mãe espiritual de todos os fiéis, representados no discípulo amado. Ela se tornou, em sentido espiritual, a mãe dos seus membros (que somos nós), porque cooperou com a sua caridade para que os fiéis nascessem na Igreja (Santo Agostinho, De sancta virginitate). A espada de dor predita por Simeão transpassou sua alma, unindo seu coração ao sacrifício de Cristo de uma forma única; por isso, podemos chamá-la de Rainha dos Mártires, pois a compaixão de sua alma excedeu os sofrimentos corporais dos mártires (São Bernardo de Claraval, Sermão para o Domingo na Oitava da Assunção). A Sabedoria Eterna, descrita no livro do Eclesiástico como a "mãe do belo amor", encontrou em Maria sua morada perfeita, de modo que nela reside toda a graça do caminho e da verdade, que é o próprio Cristo (São Lourenço de Brindisi, Mariale).

↔️O Evangelho de João é o único que detalha a presença da Virgem Maria ao pé da Cruz e o diálogo em que Jesus a entrega como mãe ao discípulo amado. Os Evangelhos Sinóticos (Mateus 27, 55-56; Marcos 15, 40-41; Lucas 23, 49) também mencionam a presença de mulheres santas durante a crucificação, incluindo Maria Madalena e "Maria, mãe de Tiago e de José", mas as descrevem observando "de longe", sem registrar a presença explícita da Mãe de Jesus neste momento crucial nem o diálogo que estabelece sua maternidade espiritual.

🕊️São Paulo, embora não narre a vida de Cristo, oferece o fundamento teológico para a cena do Calvário. Em Gálatas 4, 4, ele afirma que Deus "enviou o seu Filho, nascido de uma mulher", sublinhando o papel insubstituível de Maria no plano da salvação, que culmina na Cruz. Além disso, a exortação de Paulo a "completar na nossa carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja" (Colossenses 1, 24) encontra seu modelo perfeito em Maria, cujo coração, unido ao de Cristo, sofreu com Ele para a redenção do mundo, tornando-se o coração materno da própria Igreja.

🏛️Os documentos da Igreja aprofundam o significado do coração materno de Maria. A Bula Ineffabilis Deus (1854) do Papa Pio IX, ao definir a Imaculada Conceição, exalta a pureza única do coração de Maria. O Papa Leão XIII, na encíclica Octobri Mense (1891), ensina que, ao pé da Cruz, Maria uniu suas dores às de seu Filho, "merecendo" tornar-se mediadora das graças. O Papa Pio XII, na encíclica Mystici Corporis Christi (1943), reafirma que Maria, ao oferecer seu Filho no Gólgota junto com o sacrifício de seu coração materno, tornou-se, por um novo título de dor e glória, Mãe de todos os membros de Cristo.