Missa próprio dos santos, na oitava de Corpus Christi
De ventre matris meæ vocávit me Dóminus in nómine meo... O Senhor me chamou por meu nome quando eu ainda estava no seio de minha mãe; tornou minha boca semelhante a uma espada aguda. Protegeu-me à sombra de sua mão, e dispôs-me como flecha escolhida. Sl. E bom louvar o Senhor, e cantar salmos ao vosso Nome, ó Altíssimo.
Leitura (Is 49, 1-3, 5, 6 e 7)
Ouvi, ó ilhas, e escutai, vós, povos longínquos. O Senhor me chamou, quando eu ainda estava no seio de minha mãe e desde as suas entranhas cogitou em meu nome. E tornou minha boca semelhante a uma espada aguda. Protegeu-me à sombra de sua mão, dispôs-me como flecha escolhida, e me escondeu em sua aljava. E Ele me disse: Tu és meu servo, ó Israel, em ti serei glorificado. Agora, o Senhor que me formou desde o seio de minha mãe para ser o seu servo, diz-me: Eis que te escolhi para luz das nações, a fim de seres a salvação que vos envio até as extremidades da terra. Os reis verão, e os príncipes se levantarão, e diante de ti se inclinarão, por causa do Senhor e do Santo de Israel que te escolheu.
Evangelho (Lc 1, 57-68)
Chegado o tempo de Isabel dar à luz, ela deu à luz um filho. Sabendo seus vizinhos e parentes que o Senhor nela manifestara a sua misericórdia, congratulavam-se com ela. Ao oitavo dia vieram circuncidar o menino e iam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias, mas, tomando a palavra, disse a mãe do menino: De modo algum; chamar-se-á João. Responderam-lhe: Não há ninguém com este nome em tua família. E perguntaram por sinais ao pai do menino como queria que se chamasse. Então pedindo uma tabuinha, ele escreveu: João é o seu nome. E todos se admiraram. No mesmo instante se lhe abriu a boca, e a língua desatou-se, e falou, louvando a Deus. O temor apoderou-se de todos os vizinhos, e por toda a montanha da Judeia se divulgaram todas essas maravilhas. E todos os que as ouviram, ponderavam em seu coração, dizendo: Quem julgais que virá a ser este menino? Porque a mão do Senhor estava com ele. E Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo: Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que visitou e resgatou o seu povo.
Homilias e Explicações Teológicas
A natividade de São João Batista revela a providência divina que escolhe e consagra desde o ventre os instrumentos de sua glória, manifestando a graça que precede a obra humana e a orienta para a redenção. O precursor, chamado a preparar os caminhos do Senhor, é figura da humildade que reconhece a própria missão sem se gloriar, apontando para aquele que é maior. Sua eleição antes do nascimento sublinha a soberania de Deus, que não depende da cooperação humana para cumprir seus desígnios, mas a eleva pela graça santificante (Santo Agostinho, Sermão 293). A alegria do nascimento de João, celebrada por Isabel e Zacarias, reflete a esperança escatológica da Igreja, que aguarda a vinda do Reino, pois o nascimento do precursor é um prenúncio do Salvador, unindo o Antigo e o Novo Testamento em uma continuidade salvífica (São Beda, o Venerável, Homilia sobre Lucas). A circuncisão de João no oitavo dia simboliza a renovação espiritual, prefigurando o batismo que purifica a alma e a incorpora ao corpo místico de Cristo, destacando a necessidade de uma conversão interior para acolher a luz divina (Santo Ambrósio, Exposição do Evangelho segundo Lucas). A missão de João, anunciada pelo anjo, é a de um profeta que não apenas fala, mas vive a verdade, testemunhando com sua vida a urgência de preparar o coração para o encontro com o Messias, uma chamada que ressoa em cada fiel (São Gregório Magno, Homilia 20 sobre os Evangelhos).
Comparação com os Demais Evangelhos
O relato da natividade de São João Batista em Lucas 1,57-68 destaca a alegria comunitária e o cumprimento da promessa divina, aspectos menos enfatizados nos outros evangelhos. Mateus, em 3,1-12, foca na missão adulta de João como pregador do arrependimento, sem mencionar seu nascimento, mas complementa Lucas ao descrever sua pregação como um chamado à conversão radical, com a imagem do machado na raiz da árvore. Marcos, em 1,2-8, apresenta João como a voz que clama no deserto, enfatizando sua austeridade e humildade ao proclamar a superioridade do Messias, detalhes que reforçam o papel de precursor esboçado em Lucas. João, em 1,19-34, aprofunda a identidade teológica de João Batista como testemunha da luz, destacando sua relação com Cristo como o Cordeiro de Deus, um aspecto apenas sugerido em Lucas pela profecia de Zacarias sobre a luz que guia à paz. Esses evangelhos, ao tratarem da missão pública de João, complementam o relato lucano ao evidenciar sua função de ponte entre a promessa e sua realização em Cristo.
O relato da natividade de São João Batista em Lucas 1,57-68 destaca a alegria comunitária e o cumprimento da promessa divina, aspectos menos enfatizados nos outros evangelhos. Mateus, em 3,1-12, foca na missão adulta de João como pregador do arrependimento, sem mencionar seu nascimento, mas complementa Lucas ao descrever sua pregação como um chamado à conversão radical, com a imagem do machado na raiz da árvore. Marcos, em 1,2-8, apresenta João como a voz que clama no deserto, enfatizando sua austeridade e humildade ao proclamar a superioridade do Messias, detalhes que reforçam o papel de precursor esboçado em Lucas. João, em 1,19-34, aprofunda a identidade teológica de João Batista como testemunha da luz, destacando sua relação com Cristo como o Cordeiro de Deus, um aspecto apenas sugerido em Lucas pela profecia de Zacarias sobre a luz que guia à paz. Esses evangelhos, ao tratarem da missão pública de João, complementam o relato lucano ao evidenciar sua função de ponte entre a promessa e sua realização em Cristo.
Comparação com Textos de São Paulo
Os textos da natividade de São João Batista ecoam temas paulinos, especialmente a eleição divina e a missão de preparar o caminho para Cristo. Em Gálatas 1,15-16, Paulo descreve sua própria chamada desde o ventre materno, semelhante à consagração de João, mas enfatiza a revelação direta de Cristo a ele, enquanto Lucas destaca a mediação angélica na missão de João. Em Romanos 15,16, Paulo fala de sua vocação como ministro de Cristo para os gentios, oferecendo-os como sacrifício vivo, um conceito que complementa a missão de João de preparar um povo para o Senhor, mas com alcance universal. Em Efésios 3,7-9, Paulo sublinha a graça de anunciar o mistério de Cristo aos povos, um mistério que João apenas prenuncia ao apontar para o Salvador, sugerindo uma progressão da preparação (João) para a proclamação plena (Paulo). A humildade de João, implícita em Lucas, ressoa com 1 Coríntios 15,9, onde Paulo se diz o menor dos apóstolos, mas Lucas foca na alegria escatológica do nascimento, enquanto Paulo enfatiza a responsabilidade apostólica.
Os textos da natividade de São João Batista ecoam temas paulinos, especialmente a eleição divina e a missão de preparar o caminho para Cristo. Em Gálatas 1,15-16, Paulo descreve sua própria chamada desde o ventre materno, semelhante à consagração de João, mas enfatiza a revelação direta de Cristo a ele, enquanto Lucas destaca a mediação angélica na missão de João. Em Romanos 15,16, Paulo fala de sua vocação como ministro de Cristo para os gentios, oferecendo-os como sacrifício vivo, um conceito que complementa a missão de João de preparar um povo para o Senhor, mas com alcance universal. Em Efésios 3,7-9, Paulo sublinha a graça de anunciar o mistério de Cristo aos povos, um mistério que João apenas prenuncia ao apontar para o Salvador, sugerindo uma progressão da preparação (João) para a proclamação plena (Paulo). A humildade de João, implícita em Lucas, ressoa com 1 Coríntios 15,9, onde Paulo se diz o menor dos apóstolos, mas Lucas foca na alegria escatológica do nascimento, enquanto Paulo enfatiza a responsabilidade apostólica.
Comparação com Documentos da Igreja
O Missal Romano (1962) sublinha a santificação de João desde o ventre, um tema que ressoa com o Concílio de Trento (Sessão V, Decreto sobre o Pecado Original), que afirma a necessidade da graça para a justificação, complementando a narrativa de Lucas ao sugerir que a santidade de João é um dom divino que prefigura a regeneração batismal. O Breviário Romano, em suas lições para a festa, exalta João como o último profeta do Antigo Testamento, um aspecto que enriquece a profecia de Zacarias em Lucas, destacando a transição para o Novo Testamento. A Encíclica Quamquam Pluries (1889) de Leão XIII, embora focada em São José, menciona a providência divina na escolha de figuras como João para missões específicas, reforçando a ideia de eleição presente em Isaías 49. Esses documentos, ao tratarem da graça e da vocação, complementam os textos litúrgicos ao situar João como um modelo de santidade e missão que prepara a Igreja para Cristo.
O Missal Romano (1962) sublinha a santificação de João desde o ventre, um tema que ressoa com o Concílio de Trento (Sessão V, Decreto sobre o Pecado Original), que afirma a necessidade da graça para a justificação, complementando a narrativa de Lucas ao sugerir que a santidade de João é um dom divino que prefigura a regeneração batismal. O Breviário Romano, em suas lições para a festa, exalta João como o último profeta do Antigo Testamento, um aspecto que enriquece a profecia de Zacarias em Lucas, destacando a transição para o Novo Testamento. A Encíclica Quamquam Pluries (1889) de Leão XIII, embora focada em São José, menciona a providência divina na escolha de figuras como João para missões específicas, reforçando a ideia de eleição presente em Isaías 49. Esses documentos, ao tratarem da graça e da vocação, complementam os textos litúrgicos ao situar João como um modelo de santidade e missão que prepara a Igreja para Cristo.