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Liturgia Diária – 08 mar - SÁBADO DEPOIS DAS CINZAS

Féria de 3ª Classe – Missa Própria, com comemoração de S. João de Deus, Confessor

São João de Deus, Confessor (1495-1550)
nasceu em 8 de março de 1495, em Montemor-o-Novo, Portugal, e faleceu em 8 de março de 1550, em Granada, Espanha. Inicialmente viveu uma vida errante, trabalhando como pastor, soldado e vendedor de livros, até que, aos 40 anos, experimentou uma profunda conversão espiritual após ouvir um sermão de São João de Ávila, em 1539. Esse momento marcou sua entrega total a Deus, levando-o a dedicar-se aos pobres e doentes. Fundou o Hospital de São João de Deus em Granada, em 1540, onde cuidava pessoalmente dos necessitados, mesmo enfrentando dificuldades financeiras e críticas. Sua vida espiritual foi caracterizada por uma intensa caridade, humildade e penitência, culminando em sua morte de joelhos, em oração, um feito que reforçou sua fama de santidade. Embora São João de Deus não tenha deixado obras literárias extensas como outros santos, suas cartas pessoais são um testemunho de sua espiritualidade e missão. Uma de suas poucas obras preservadas é uma carta escrita a uma benfeitora, conhecida como a "Carta à Duquesa de Sessa", datada de cerca de 1548. Nela, ele expressa sua gratidão e humildade, além de seu compromisso com os pobres: "Eu, João de Deus, pecador e indigno, vos peço, por amor de Nosso Senhor, que me ajudeis a sustentar estes pobres, que são os verdadeiros ricos aos olhos de Deus."

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 29, 11 | ib., 2)
Audívit Dóminus, et misértus est mihi... O Senhor me ouviu e se compadeceu de mim. O Senhor se fez o meu auxílio. Sl. Eu Vos glorificarei, Senhor, porque me recebestes, e não permitistes que os meus inimigos se alegrassem à minha custa.℣. Glória ao Pai.

Epístola (Is 58, 9-14)
Profeta Isaías. Eis o que diz o Senhor Deus: Se afastares a cadeia do meio de ti e deixares de estender o dedo, e de dizer o que não convém, se abrires tua mão ao faminto e consolares a alma aflita, levantar-se-á nas trevas a tua luz, e as tuas trevas serão como o meio dia. Descanso sem fim te dará o Senhor que encherá de luz a tua alma e libertará os teus ossos. Tornar-te-ás como um jardim bem irrigado; assim como uma fonte, cujas águas jamais secarão. Reconstruirás as ruínas dos séculos passados, elevarás os fundamentos das gerações inteiras e serás chamado o construtor dos muros, aquele que torna seguro os caminhos. Se retiveres o teu pé, por causa do sábado, para não fazeres a tua vontade no meu santo dia; se chamares ao sábado tuas delícias, o dia santo e glorioso do Senhor, e o santificares, deixando de seguir as tuas veredas, não executando a tua própria vontade e não dizendo palavras vãs, então te alegrarás no Senhor, e eu te elevarei, acima das alturas da terra e te alimentarei com a herança de Jacó, teu pai. Assim falou a boca do Senhor.

Evangelho (Mc 6, 47-56)

Naquele tempo, tendo caído a tarde, estava a barca no meio do mar e Jesus, sozinho em terra. E viu que os seus discípulos labutavam com os remos (porque o vento lhes estava contrário). Pela quarta vigília da noite foi até eles, andando sobre o mar e querendo passar-lhes adiante. Quando eles O viram, andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram. Todos eles o puderam ver e ficaram atemorizados. E logo Jesus lhes falou e lhes disse: Tende confiança, sou eu, não vos assusteis. Quando subiu até eles, na barca, o vento cessou. E ainda mais se admiraram, no íntimo, pois não haviam compreendido o milagre dos pães, por estar obcecado o seu coração. Quando passaram à outra banda, vieram à terra de Genesaré e aí abordaram. Saindo da barca, os do lugar reconheceram logo a Jesus. E percorrendo eles toda aquela região, começaram a trazer-Lhe, em leitos, aqueles que tinham enfermidades, onde ouviam dizer que Ele estava. Onde quer que entrasse, nas aldeias, nas vilas, e nas cidades punham nas praças os doentes, e Lhe pediam que ao menos os deixasse tocar na orla de seu vestido. E todos os que O tocavam ficavam curados.

Homilia

Santo Agostinho – Sermão 75 - O mar agitado é a vida presente, cheia de tormentas e provações, onde os ventos contrários são as tentações que nos desviam de Deus; o barco é a Igreja, que carrega os fiéis em meio às ondas, e Cristo, ao andar sobre as águas, mostra que está acima de todas as coisas criadas, sendo Senhor até das tempestades; sua demora em subir ao barco ensina a paciência na tribulação, pois Ele nunca abandona os seus, mas os prova para que cresçam na fé; quando Pedro afunda, é o homem que confia em si mesmo e não em Deus, mas o clamor a Cristo o salva, significando que a salvação vem pela humildade e pela oração; os ventos cessam quando Ele entra, pois sua presença traz paz à alma e à Igreja; os doentes curados na margem são os pecadores que, tocando a Cristo pela fé, recebem a graça da redenção; o milagre não é apenas poder, mas um sinal do domínio eterno de Cristo sobre o caos do mundo e do coração humano; os discípulos, ainda duros de coração, representam os que veem os sinais, mas tardam em compreender a divindade do Salvador.