07 dez
S. Ambrósio, bispo, confessor e doutor


🐝Santo Ambrósio (c. 340-397), uma das quatro grandes colunas da Igreja Latina e Doutor da Igreja, destaca-se na história eclesiástica como um modelo sublime de pastor e defensor da fé. Aclamado bispo de Milão por voz popular enquanto ainda era catecúmeno e governador civil, Ambrósio assumiu a cátedra episcopal com uma sabedoria e coragem que moldaram o Ocidente cristão. Foi um baluarte contra a heresia ariana, enfrentando a imperatriz Justina, e um exemplo de autoridade moral ao impor penitência pública ao imperador Teodósio, demonstrando que o poder temporal deve submeter-se à lei divina. Mentor espiritual que batizou Santo Agostinho, enriqueceu a liturgia com o rito ambrosiano e compôs hinos que ressoam até hoje. Sua morte, ocorrida na Sexta-feira Santa de 397, selou uma vida dedicada a ser o "sal da terra", preservando a doutrina, e a "luz do mundo", iluminando as trevas do erro com sua eloquência melíflua. 

 📜Epístola (II Tim 4, 1-8)

Caríssimo: Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos por sua vinda e por seu Reino: prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão os ouvidos da verdade para os abrirem às fábulas. Tu, porém, vigia, trabalha em todas as coisas, faze obra de um Evangelista, desempenha o teu ministério. Sê sóbrio. Quanto a mim, já estou para ser crucificado, e o tempo de minha morte se avizinha. Combati o bom combate; terminei a minha carreira: guardei a fé. Resta-me esperar a coroa da justiça que me está reservada, que o Senhor, justo Juiz, me dará nesse dia. E não só a mim, como também àqueles que desejam a sua vinda. 

 ✠Evangelho (Mt 5, 13-19)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Vós sois o sal da terra. Se o sal perder a sua força, como há de receber nova força? Para nada mais presta senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Uma cidade situada sobre um monte não pode ser escondida. E ninguém acende uma luz para pô-la debaixo do alqueire, mas sim no candeeiro, para alumiar a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está no céu. Não julgueis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, e sim cumprir. Porque, em verdade vos digo: enquanto não passar o céu e a terra, nem uma letra, nem um pontinho desaparecerá da lei, até que tudo seja realizado. Aquele, pois, que transgredir um destes mandamentos por pequeno que seja e ensinar assim aos homens, será chamado mínimo no Reino dos céus; mas o que os guardar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos céus. 

🏛️A fortaleza do sacerdócio e a sabedoria da doutrina

A liturgia de hoje une magistralmente a exortação paulina à vigilância doutrinal com a definição evangélica da missão episcopal, personificada em Santo Ambrósio. São Paulo adverte Timóteo sobre os tempos em que os homens "não suportarão a sã doutrina", uma profecia que Ambrósio viveu ao combater o arianismo que infestava a corte imperial. Santo Agostinho, fruto espiritual de Ambrósio, ensina em suas Confissões que a autoridade do bispo não reside apenas na gestão, mas na capacidade de ser "sal" — isto é, a Sabedoria divina que impede a corrupção da carne e do erro — e "luz" que dissipa a ignorância. O "sal" deve arder com o fogo da caridade, mas sem perder o sabor da verdade; se o bispo cala diante do erro por conveniência política, torna-se insípido e digno de ser pisado. Ambrósio não colocou sua luz debaixo do alqueire do medo; pelo contrário, colocou-a no candelabro da Igreja, repreendendo imperadores e instruindo plebeus com a mesma solicitude. O Catecismo e a tradição confirmam que o cumprimento da Lei não é o legalismo frio, mas a perfeição da caridade que ensina e guarda os mandamentos, "grandes e pequenos". A "coroa da justiça" mencionada pelo Apóstolo é reservada não aos que buscam aplausos, mas aos que, como Ambrósio, combatem o bom combate da fé, garantindo que nem uma letra da Lei divina seja diluída pelo espírito do mundo.