DIA DE ABSTINÊNCIA
São Bento de Núrsia
nascido por volta de 480 em Núrsia (atual Norcia, Itália) e falecido em 21 de março de 547 no Monte Cassino, é considerado o patriarca do monaquismo ocidental. Fundou a Ordem dos Beneditinos, estabelecendo o mosteiro de Monte Cassino, que se tornou um marco na história religiosa e cultural da Europa. Sua vida foi marcada por uma busca intensa por espiritualidade, começando como eremita em uma caverna em Subiaco, onde desenvolveu uma profunda conexão com Deus. Por volta de 529, escreveu a "Regra de São Bento", um guia para a vida monástica que enfatiza equilíbrio, oração e trabalho ("Ora et Labora"). Uma das obras mais significativas associadas a São Bento é a própria "Regra de São Bento", um texto que reflete sua sabedoria prática e espiritual. Um trecho representativo é: "Antes de tudo, pede-se a Deus com oração insistentíssima que Ele leve a termo as boas obras começadas, para que não tenhamos de nos envergonhar por causa de nossa má conduta". Com razão pode-se chamar S. Bento o salvador da cultura cristã. Foram seus monges que conduziram quase a Europa inteira para a doutrina do Cristianismo.
PRÓPRIO DO DIA
Introito (Sl 16, 15 | ib. 1)
Ego autem cum iustítia apparébo in conspéctu tuo... Com justiça, comparecerei diante de vossa face; feliz serei quando se manifestar a vossa glória. Sl. Ouvi, Senhor, a justiça da minha causa e atendei à minha súplica.
Epístola (Gen 37, 6-22)
Livro do Gênesis. Naqueles dias, disse José a seus irmãos: Escutai o sonho que tive: Parecia-me que convosco eu ligava feixes, no campo, e que meu feixe se levantava e ficava de pé; enquanto vossos feixes, rodeando o meu, prostravam-se, adorando-o. Responderam seus irmãos: Serás porventura nosso rei? E seremos nós submetidos a teu poder? Estes sonhos e estas conversas alimentavam a inveja e o ódio que dele tinham. Teve ainda [José] outro sonho, que assim contou aos irmãos: Vi, em sonhos, que o sol, a lua e onze estrelas pareciam me adorar! Quando ele narrou este sonho a seu pai e a seus irmãos, seu pai, o repreendeu e lhe disse: Que significará este sonho que tiveste? Será que eu, tua mãe e teus irmãos, nos curvaremos diante de ti na terra? Invejavam-no assim os seus irmãos; porém o pai considerava em silêncio todas estas coisas. Como seus irmãos se achassem em Siquém para fazer pascer os rebanhos de seu pai, disse Israel [Jacó] a José: Teus irmãos levaram as ovelhas a pastar em Siquém; vem e eu te enviarei a eles. Ao que ele respondeu: Estou pronto. E disse-lhe Jacó: Vai e vê se teus irmãos estão bem e também seus rebanhos, e dize-me depois quanto se passa, Tendo sido enviado do vale do Hebron, chega a Siquém. Um homem, encontrando-o a errar pelo campo, perguntou-lhe o que procurava. Ele respondeu: Procuro meus irmãos; indica-me onde pascem suas ovelhas. Esse homem lhe respondeu: Retiraram-se deste lugar e ouvi-os dizer: Vamos a Dotain. Seguiu, pois, José a seus irmãos e os encontrou em Dotain. Quando estes o viram de longe, antes que se aproximasse deles, planejaram matá-lo; e diziam uns aos outros: Vede, aí vem o sonhador; vinde, matemo-lo e joguemo-lo numa velha cisterna. Diremos que um animal feroz o devorou e depois veremos para que serviram seus sonhos. Ouvindo isto, Ruben procurava livrá-lo de suas mãos e dizia-lhes. Não o mateis, nem derrameis seu sangue; jogai-o antes nesta cisterna, que está no deserto, conservando puras as vossas mãos. Ele dizia isto, querendo tirá-lo de suas mãos para o reconduzir a seu pai.
Evangelho (Mt 21, 33-46)
Naquele tempo, disse Jesus às turbas dos judeus e aos príncipes dos sacerdotes esta parábola: Havia um pai de família que plantara uma vinha, rodeando-a de uma sebe; e cavando um lagar, ali construiu uma torre. Alugando-a depois a lavradores, partiu para um país longínquo. Quando se aproximou o tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para recolherem os frutos da vinha. Os lavradores, porém, agarraram seus servos, bateram num deles, mataram o outro e apedrejaram ainda o terceiro. Ele lhes enviou ainda outros servos em maior número que os primeiros e eles os trataram da mesma forma. Por fim, mandou-lhes seu filho, dizendo: respeitarão o meu filho. Vendo, porém, os lavradores, o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro, vinde, matemo-lo e tomemos sua herança. E agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Quando vier, pois, o dono da vinha, que fará a esses lavradores? Eles Lhe responderam: Ele fará perecer miseravelmente estes homens maus e alugará sua vinha a outros lavradores que lhe darão frutos, em seu tempo. Disse-lhes Jesus: Já lestes, acaso, nas Escrituras: A pedra que foi desprezada por aqueles que construíam, esta mesma tornou-se a pedra angular? Foi o Senhor quem fez isto, e é coisa admirável a nossos olhos. Por isso digo-vos que o Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza seus frutos. E aquele que cair sobre esta pedra será feito em pedaços, e aquele sobre quem ela cair, por ela será esmagado. Quando os príncipes dos sacerdotes e fariseus ouviram estas parábolas, compreenderam que Jesus se referia a eles. E procurando prendê-Lo, temeram as as multidões, porque elas O olhavam como a um Profeta.
Homilias
Santo Agostinho (Sermão 87) - A vinha é a Igreja, plantada por Deus com grande cuidado e amor, cercada pela proteção da Lei e da graça divina. Os lavradores representam aqueles a quem foi confiado o povo de Deus, mas que, por ganância e dureza de coração, rejeitaram os mensageiros enviados para corrigir seus caminhos. Os servos espancados e mortos são os profetas, que anunciaram a justiça e foram perseguidos por aqueles que preferiam a iniquidade. O envio do filho é o ápice da paciência divina, pois Deus oferece seu próprio Filho como última esperança de redenção. No entanto, a morte do filho fora da vinha aponta para a crucificação de Cristo fora dos muros de Jerusalém, um ato que revela a profundidade do pecado humano. A pedra rejeitada que se torna angular é o próprio Cristo, cuja ressurreição transforma a rejeição em vitória, estabelecendo um novo povo, a Igreja, que produz frutos de justiça e santidade. Aqueles que tropeçam nessa pedra são os que resistem à graça, enquanto os que são esmagados por ela enfrentam o julgamento final. O Reino de Deus, assim, não é posse de um povo por direito de nascimento, mas é dado àqueles que respondem com fé e obediência.
São Tomás de Aquino (Suma Teológica, III, q. 46, a. 4; Comentário a Mateus) - A parábola revela a providência divina na história da salvação, onde a vinha simboliza o povo eleito, cultivado por Deus com a Lei e os profetas. Os lavradores são os líderes que, por livre-arbítrio, escolheram a injustiça, rejeitando os servos, que são os profetas, e matando o filho, que é Cristo, o Verbo Encarnado. A morte do filho fora da vinha significa que a redenção se estende além dos limites de Israel, alcançando todas as nações. A pedra angular é Cristo, cuja paixão e ressurreição são o fundamento da Igreja, unindo judeus e gentios em um só corpo. A transferência do Reino de Deus aos que produzem frutos indica que a graça divina exige cooperação humana, pois a salvação não é automática, mas depende da disposição para acolher a vontade de Deus. Os que rejeitam essa pedra caem no erro e na condenação, enquanto os que são esmagados por ela sofrem as consequências de sua obstinação no pecado. A parábola ensina, assim, a necessidade da humildade e da vigilância para participar do Reino.
Hugo de São Vítor (De Sacramentis, Livro I, Parte VI) - A vinha é a criação ordenada por Deus, um lugar de beleza e fecundidade, confiado aos homens para que o cultivem em harmonia com a vontade divina. Os lavradores são os pastores da alma humana, chamados a guiar o povo com sabedoria, mas que, por orgulho, se voltaram contra os servos, os profetas, enviados para restaurar a ordem. O filho é a imagem perfeita do Pai, enviado para trazer a paz, mas cuja morte mostra a recusa do coração humano em aceitar a luz da verdade. A pedra rejeitada é o mistério da Encarnação, que, ao ser desprezada, torna-se o alicerce de uma nova criação, onde o Reino de Deus floresce entre aqueles que vivem em caridade e justiça. A parábola é um convite à contemplação do amor divino, que não desiste diante da ingratidão, mas transforma a rejeição em redenção. Os frutos exigidos são as virtudes, e o julgamento dos lavradores aponta para a justiça divina que purifica o mundo, chamando todos à conversão e à participação na vida eterna.
PRÓPRIO DO DIA
Introito (Sl 16, 15 | ib. 1)
Ego autem cum iustítia apparébo in conspéctu tuo... Com justiça, comparecerei diante de vossa face; feliz serei quando se manifestar a vossa glória. Sl. Ouvi, Senhor, a justiça da minha causa e atendei à minha súplica.
Epístola (Gen 37, 6-22)
Livro do Gênesis. Naqueles dias, disse José a seus irmãos: Escutai o sonho que tive: Parecia-me que convosco eu ligava feixes, no campo, e que meu feixe se levantava e ficava de pé; enquanto vossos feixes, rodeando o meu, prostravam-se, adorando-o. Responderam seus irmãos: Serás porventura nosso rei? E seremos nós submetidos a teu poder? Estes sonhos e estas conversas alimentavam a inveja e o ódio que dele tinham. Teve ainda [José] outro sonho, que assim contou aos irmãos: Vi, em sonhos, que o sol, a lua e onze estrelas pareciam me adorar! Quando ele narrou este sonho a seu pai e a seus irmãos, seu pai, o repreendeu e lhe disse: Que significará este sonho que tiveste? Será que eu, tua mãe e teus irmãos, nos curvaremos diante de ti na terra? Invejavam-no assim os seus irmãos; porém o pai considerava em silêncio todas estas coisas. Como seus irmãos se achassem em Siquém para fazer pascer os rebanhos de seu pai, disse Israel [Jacó] a José: Teus irmãos levaram as ovelhas a pastar em Siquém; vem e eu te enviarei a eles. Ao que ele respondeu: Estou pronto. E disse-lhe Jacó: Vai e vê se teus irmãos estão bem e também seus rebanhos, e dize-me depois quanto se passa, Tendo sido enviado do vale do Hebron, chega a Siquém. Um homem, encontrando-o a errar pelo campo, perguntou-lhe o que procurava. Ele respondeu: Procuro meus irmãos; indica-me onde pascem suas ovelhas. Esse homem lhe respondeu: Retiraram-se deste lugar e ouvi-os dizer: Vamos a Dotain. Seguiu, pois, José a seus irmãos e os encontrou em Dotain. Quando estes o viram de longe, antes que se aproximasse deles, planejaram matá-lo; e diziam uns aos outros: Vede, aí vem o sonhador; vinde, matemo-lo e joguemo-lo numa velha cisterna. Diremos que um animal feroz o devorou e depois veremos para que serviram seus sonhos. Ouvindo isto, Ruben procurava livrá-lo de suas mãos e dizia-lhes. Não o mateis, nem derrameis seu sangue; jogai-o antes nesta cisterna, que está no deserto, conservando puras as vossas mãos. Ele dizia isto, querendo tirá-lo de suas mãos para o reconduzir a seu pai.
Evangelho (Mt 21, 33-46)
Naquele tempo, disse Jesus às turbas dos judeus e aos príncipes dos sacerdotes esta parábola: Havia um pai de família que plantara uma vinha, rodeando-a de uma sebe; e cavando um lagar, ali construiu uma torre. Alugando-a depois a lavradores, partiu para um país longínquo. Quando se aproximou o tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para recolherem os frutos da vinha. Os lavradores, porém, agarraram seus servos, bateram num deles, mataram o outro e apedrejaram ainda o terceiro. Ele lhes enviou ainda outros servos em maior número que os primeiros e eles os trataram da mesma forma. Por fim, mandou-lhes seu filho, dizendo: respeitarão o meu filho. Vendo, porém, os lavradores, o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro, vinde, matemo-lo e tomemos sua herança. E agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Quando vier, pois, o dono da vinha, que fará a esses lavradores? Eles Lhe responderam: Ele fará perecer miseravelmente estes homens maus e alugará sua vinha a outros lavradores que lhe darão frutos, em seu tempo. Disse-lhes Jesus: Já lestes, acaso, nas Escrituras: A pedra que foi desprezada por aqueles que construíam, esta mesma tornou-se a pedra angular? Foi o Senhor quem fez isto, e é coisa admirável a nossos olhos. Por isso digo-vos que o Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza seus frutos. E aquele que cair sobre esta pedra será feito em pedaços, e aquele sobre quem ela cair, por ela será esmagado. Quando os príncipes dos sacerdotes e fariseus ouviram estas parábolas, compreenderam que Jesus se referia a eles. E procurando prendê-Lo, temeram as as multidões, porque elas O olhavam como a um Profeta.
Homilias
Santo Agostinho (Sermão 87) - A vinha é a Igreja, plantada por Deus com grande cuidado e amor, cercada pela proteção da Lei e da graça divina. Os lavradores representam aqueles a quem foi confiado o povo de Deus, mas que, por ganância e dureza de coração, rejeitaram os mensageiros enviados para corrigir seus caminhos. Os servos espancados e mortos são os profetas, que anunciaram a justiça e foram perseguidos por aqueles que preferiam a iniquidade. O envio do filho é o ápice da paciência divina, pois Deus oferece seu próprio Filho como última esperança de redenção. No entanto, a morte do filho fora da vinha aponta para a crucificação de Cristo fora dos muros de Jerusalém, um ato que revela a profundidade do pecado humano. A pedra rejeitada que se torna angular é o próprio Cristo, cuja ressurreição transforma a rejeição em vitória, estabelecendo um novo povo, a Igreja, que produz frutos de justiça e santidade. Aqueles que tropeçam nessa pedra são os que resistem à graça, enquanto os que são esmagados por ela enfrentam o julgamento final. O Reino de Deus, assim, não é posse de um povo por direito de nascimento, mas é dado àqueles que respondem com fé e obediência.
São Tomás de Aquino (Suma Teológica, III, q. 46, a. 4; Comentário a Mateus) - A parábola revela a providência divina na história da salvação, onde a vinha simboliza o povo eleito, cultivado por Deus com a Lei e os profetas. Os lavradores são os líderes que, por livre-arbítrio, escolheram a injustiça, rejeitando os servos, que são os profetas, e matando o filho, que é Cristo, o Verbo Encarnado. A morte do filho fora da vinha significa que a redenção se estende além dos limites de Israel, alcançando todas as nações. A pedra angular é Cristo, cuja paixão e ressurreição são o fundamento da Igreja, unindo judeus e gentios em um só corpo. A transferência do Reino de Deus aos que produzem frutos indica que a graça divina exige cooperação humana, pois a salvação não é automática, mas depende da disposição para acolher a vontade de Deus. Os que rejeitam essa pedra caem no erro e na condenação, enquanto os que são esmagados por ela sofrem as consequências de sua obstinação no pecado. A parábola ensina, assim, a necessidade da humildade e da vigilância para participar do Reino.
Hugo de São Vítor (De Sacramentis, Livro I, Parte VI) - A vinha é a criação ordenada por Deus, um lugar de beleza e fecundidade, confiado aos homens para que o cultivem em harmonia com a vontade divina. Os lavradores são os pastores da alma humana, chamados a guiar o povo com sabedoria, mas que, por orgulho, se voltaram contra os servos, os profetas, enviados para restaurar a ordem. O filho é a imagem perfeita do Pai, enviado para trazer a paz, mas cuja morte mostra a recusa do coração humano em aceitar a luz da verdade. A pedra rejeitada é o mistério da Encarnação, que, ao ser desprezada, torna-se o alicerce de uma nova criação, onde o Reino de Deus floresce entre aqueles que vivem em caridade e justiça. A parábola é um convite à contemplação do amor divino, que não desiste diante da ingratidão, mas transforma a rejeição em redenção. Os frutos exigidos são as virtudes, e o julgamento dos lavradores aponta para a justiça divina que purifica o mundo, chamando todos à conversão e à participação na vida eterna.