16 mar - II DOMINGO DA QUARESMA

Domingo de 1ª Classe – Missa Própria – Estação em S. Maria in Dominica

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 24, 6, 3 e 22 | ib., 1-2) (Áudio)
Reminíscere miseratiónum tuarum, Dómine, et misericórdiæ tuæ, quæ a sǽculo sunt... Lembrai-Vos, Senhor, de vossa bondade e de vossa misericórdia, que são de séculos, para que de nós não triunfem os nossos inimigos. Livrai-nos, ó Deus de Israel, de todas as nossas angústias. Sl. A Vós, Senhor, elevo a minha alma; meu Deus, em Vós confio: não serei envergonhado ℣. Glória ao Pai.

Epístola (1 Thess. 4, 1-7)
Leitura da Epístola de São Paulo Apóstolo aos Tessalonicenses.Irmãos: Nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que assim como aprendestes de nós como convém viver para agradar a Deus, assim andeis de modo a vos aperfeiçoardes cada vez mais. Sabeis bem que preceitos vos dei em nome do Senhor Jesus. Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que vos abstenhais da impureza; que cada um de vós saiba guardar o seu corpo em santidade e honra; não em desejos de sensualidade, como os gentios que não conhecem a Deus. E ninguém oprima nem engane em qualquer assunto a seu irmão; porque o Senhor vingará todas estas coisas, como já vo-lo temos dito e atestado. Porque não nos chamou Deus para a impureza, mas para a santificação no Cristo Jesus, Senhor nosso.

Evangelho (Mt 17, 1-9)
Naquele tempo, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os de parte a um monte muito alto. E transfigurou-se diante deles. Seu rosto resplandeceu como o sol, e suas vestes tornaram-se brancas como a neve. E eis que apareceram Moisés e Elias, falando com Ele. Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se quiserdes, faremos aqui três tabernáculos, um para Vós, outro para Moisés e o terceiro para Elias. Ainda falava ele, quando uma nuvem brilhante os envolveu, e da nuvem soou uma voz que dizia: Este é o meu Filho muito amado. N’Ele pus toda a minha complacência; escutai-O. Ouvindo isto, os discípulos caíram com a face em terra e ficaram muito atemorizados. Aproximou-se, porém, Jesus, e, tocando-os, disse-lhes : Levantai-vos e não temais. E erguendo eles os olhos, não viram ninguém, senão a Jesus só. E enquanto descia com eles do monte, ordenou-lhes Jesus, dizendo: A ninguém digais o que vistes, até que o Filho do homem ressuscite dos mortos.

Homilias

São Leão Magno, Sermão 51 (De Transfiguratione Domini) - A transfiguração manifesta a glória futura do Reino, onde os justos brilharão como o sol na presença do Pai; a montanha elevada simboliza a ascensão espiritual necessária para contemplar as coisas divinas, e a escolha de Pedro, Tiago e João revela os eleitos chamados à visão beatífica; Moisés e Elias aparecem como testemunhas da harmonia entre a Lei e os Profetas, que se cumprem em Cristo, o verdadeiro mediador entre Deus e os homens; as vestes brancas indicam a pureza da humanidade redimida, que será plenamente realizada na ressurreição; a nuvem luminosa é a presença do Espírito Santo, que ilumina e santifica, enquanto a voz do Pai proclama a divindade do Filho, ordenando obediência absoluta à sua palavra como único caminho à salvação; o temor dos discípulos reflete a fraqueza humana diante do mistério divino, mas o toque de Jesus ensina que sua humanidade é a ponte para vencer o medo e alcançar a glória; a ordem de silêncio até a ressurreição aponta para o mistério pascal como chave para compreender toda a revelação, pois só na cruz e na vitória sobre a morte se desvela o pleno significado da transfiguração.

São Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q. 45, a. 1-4
A transfiguração foi um milagre ordenado para confirmar a fé dos discípulos na divindade de Cristo, mostrando a glória de seu corpo que se manifestará plenamente na ressurreição dos justos; o brilho do rosto como o sol e das vestes como a luz significa a claridade da visão beatífica, na qual a alma contemplará Deus e o corpo participará dessa glória; a presença de Moisés e Elias indica que Cristo é o fim da Lei e dos Profetas, pois Moisés representa os que morreram e Elias os que foram arrebatados, ambos subordinados a Ele como Senhor da vida e da morte; a escolha de três discípulos corresponde às três virtudes teologais – fé, esperança e caridade – necessárias para elevar o homem ao conhecimento divino; a nuvem luminosa simboliza a graça do Espírito Santo, que obscurece as coisas terrenas e ilumina as celestes, enquanto a voz do Pai manifesta a consubstancialidade do Filho com Ele, sendo um testemunho da Trindade; o temor dos discípulos procede da imperfeição humana diante da majestade divina, mas o consolo de Cristo revela que sua humanidade é o meio de unir os homens a Deus; o mandato de silêncio até a ressurreição ensina que os mistérios mais altos só se compreendem plenamente após o sacrifício redentor, pois a glória não precede a cruz.