🕊️Santa Catarina de Alexandria (vídeo), virgem e mártir que floresceu no início do século IV, falecendo por volta do ano 305, é uma das santas mais veneradas da antiguidade cristã. Nascida em berço nobre e dotada de excepcional inteligência e erudição, Catarina dedicou sua castidade a Cristo, rejeitando propostas de casamento terrenas em favor de seu Esposo celeste. Diante da perseguição do imperador Maxêncio, não apenas confessou intrépida sua fé, mas, com eloquência e sabedoria inspiradas pelo Espírito Santo, debateu e converteu cinquenta filósofos pagãos encarregados de a dissuadir, os quais foram martirizados antes dela. Condenada ao suplício da roda dentada, o instrumento de tortura milagrosamente se despedaçou ao seu toque, poupando-a daquela morte cruel, mas levando-a finalmente ao martírio pela decapitação. A tradição narra que seu corpo foi transportado por anjos ao Monte Sinai, onde se ergue um mosteiro em sua honra, perpetuando o testemunho de uma vida onde a ciência humana se curvou humildemente diante da Sabedoria Divina.
📜Epístola (Eclo 51, 1-8 e 12)
Glorificar-Vos-ei, ó Senhor, meu Rei, e louvar-Vos-ei, ó Deus, Salvador meu. Celebrarei o vosso Nome porque Vos fizestes meu auxílio e meu protetor e livrastes o meu corpo da perdição, do laço da língua iníqua e dos lábios dos mentirosos. Diante dos meus adversários Vos declarastes o meu defensor. Livrastes-me, segundo a vossa grande misericórdia, dos que rugiam preparados para me devorar; das mãos dos que procuravam tirar-me a vida; do poder das tribulações que me cercavam, da violência da chama que me envolvia, e, no meio do fogo, não senti calor; das profundezas do inferno e da língua impura, da palavra de mentira, de um rei iníquo e da língua injusta. Minha alma louvará o Senhor até a morte, porque Vós livrais dos perigos aqueles que em Vós esperam, e os salvais das mãos dos gentios, ó Senhor, nosso Deus.
✠Evangelho (Mt 25, 1-13)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos esta parábola: O reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo e da esposa. Cinco, porém, dentre elas, eram loucas e cinco prudentes. Ora, as cinco loucas, tomando as suas lâmpadas, não trouxeram azeite consigo. As prudentes, porém, com as suas lâmpadas, tomaram azeite em suas vasilhas. Tardando o esposo a chegar, todas elas tiveram sono e adormeceram. Quando era meia-noite, ouviu-se um grito: Eis que chega o esposo, saí-lhe ao encontro. Então se levantaram todas essas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos de vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Responderam as prudentes: Talvez não seja ele suficiente para nós e para vós; ide antes aos que o vendem e comprai-o para vós. Mas, enquanto elas foram comprá-lo, veio o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas; e a porta foi fechada. Mais tarde vieram também as outras virgens e chamaram: Senhor, Senhor, abri-nos. Ele lhes respondeu, dizendo: Em verdade vos digo, eu não vos conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.
💭Reflexões
🕯️A celebração de Santa Catarina harmoniza-se perfeitamente com a parábola das dez virgens, pois nela contemplamos a personificação da prudência cristã que une a pureza do corpo à sabedoria do espírito. Enquanto a filosofia pagã de Alexandria buscava a verdade tateando nas trevas, Catarina encontrou no Verbo Encarnado a plenitude da Sabedoria, demonstrando que a verdadeira inteligência não se opõe à fé, mas é por ela elevada. O azeite que as virgens prudentes levam em suas vasilhas simboliza a caridade e a boa consciência que alimentam a chama da fé; não basta carregar a lâmpada da profissão cristã exterior, é necessário possuir o fogo interior do amor divino que suporta a demora do Esposo e as provações do mundo. (Santo Agostinho, Sermão 93).
🔥O martírio de Santa Catarina ilustra a coragem sobrenatural que brota dessa reserva de óleo espiritual, permitindo-lhe enfrentar tiranos e rodas de tortura com serenidade inabalável. A Epístola do dia, retirada do Livro da Sabedoria (Eclesiástico), ecoa o louvor da alma que, cercada pela "língua iníqua" e pelo "rei injusto", confia inteiramente na proteção divina, sabendo que o Senhor livra os que nele esperam. Esta confiança não é uma passividade, mas uma fortaleza ativa, pois o mártir é aquele que testemunha a verdade até o fim, preferindo a morte temporal à perda da vida eterna, ensinando-nos que a prudência do mundo é loucura diante de Deus, enquanto a loucura da Cruz é a verdadeira sabedoria. (São Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 124).
🚪O desfecho da parábola evangélica impõe-nos uma meditação sóbria sobre o juízo final e a irrevogabilidade do tempo divino. O grito da meia-noite e a porta fechada lembram-nos de que a graça tem o seu tempo oportuno e não deve ser desperdiçada em distrações mundanas ou adiamentos espirituais. A resposta do Esposo, "não vos conheço", dirige-se àqueles que, embora tivessem a aparência de piedade, careciam da substância das obras de misericórdia e da união real com Deus. Que o exemplo da Virgem de Alexandria nos inspire a manter nossas lâmpadas abastecidas com o óleo da graça santificante, vigiando perpetuamente, para que possamos entrar com Cristo nas bodas eternas. (Catecismo da Igreja Católica, n. 2612; Santa Teresa de Ávila, Castelo Interior, Moradas Primeiras).