18 set
S. José de Cupertino, Confessor


🕊️São José de Cupertino, nascido na Itália no século XVII, é um exemplo luminoso de como a santidade não depende da inteligência humana, mas da caridade e da humildade. Tendo enfrentado enormes dificuldades para ser admitido na Ordem Franciscana devido às suas limitações intelectuais, ele se destacou por um amor ardente a Deus, que se manifestava em êxtases e levitações, especialmente durante a Santa Missa. Chamava a si mesmo de "Irmão Asno", numa demonstração de profunda humildade e amor ao desprezo, considerando-se o mais inútil dos servos de Deus. Sua vida reflete a verdade de que "a caridade nunca há de acabar", pois, embora desprovido de grande ciência, possuía a sabedoria mais elevada: o amor a Deus.

🙏Introito (Eclo 1, 14-15 | Sl 83, 2)
Diléctio Dei honorábilis sapiéntia... O amor de Deus é estimável sabedoria. Aqueles aos quais ela se revela, amam-na, percebendo-a e reconhecendo as suas maravilhas. Sl. Como são amáveis os vossos tabernáculos, Senhor dos exércitos! Desfalece a minha alma, suspirando pelos átrios do Senhor. ℣. Glória ao Pai.

💌Epístola (I Cor 13, 1-8)
Irmãos: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, se não tivesse caridade, seria como o bronze que soa ou como o címbalo que tine. Se tivesse o dom da profecia, conhecesse todos os mistérios e possuísse toda a ciência, e se tivesse toda a fé, de modo a transportar os montes, mas não tivesse a Caridade, não seria nada. E ainda que distribuísse todos os meus bens para mantimento dos pobres, e entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse a Caridade, nada me aproveitaria. A caridade é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa, não trata levianamente, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não cuida [apenas] de seus interesses, não se irrita, não julga mal, não folga com a injustiça, porém alegra-se com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. A caridade nunca há de acabar, ainda que tenham fim as profecias, cessem as línguas e a ciência seja destruída.

📖Evangelho (Mt 22, 1-14)
Naquele tempo, falava Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos fariseus em parábolas, dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um rei que quis celebrar as núpcias de seu filho. E mandou seus servos, a chamar os convidados para as bodas; estes porém não quiseram vir. Novamente enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que já preparei o meu banquete; os meus bois e cevados já estão mortos, e tudo está pronto: vinde às bodas. Eles porém, não fazendo caso, foram-se, um para sua casa de campo e outro para seu negócio; e ainda outros prenderam-lhe os servos, e depois de os terem ultrajado, mataram-nos. Tendo conhecimento disto, o rei encolerizou-se, mandou seus exércitos, e exterminou aqueles homicidas, pondo fogo à sua cidade. Então disse a seus servos: As bodas estão preparadas, mas os convidados não foram dignos. Ide pois, às encruzilhadas dos caminhos, e a quantos encontrardes, chamai para as núpcias. Saindo os servos pelas ruas, reuniram todos os que encontraram, bons e maus. E a sala do festim ficou cheia de convidados. Então entrou o rei para ver os que estavam à mesa, e viu ali um homem que não trazia a vestimenta nupcial. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo a vestimenta nupcial? Ele nada respondeu. Então disse o rei aos servidores: Amarrai-o de mãos e pés, e lançai-o nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos são os chamados, mas poucos são os eleitos.

🤔Reflexões

💡A liturgia do dia une perfeitamente a Epístola e o Evangelho na figura de São José de Cupertino. A veste nupcial exigida pelo rei na parábola, sem a qual ninguém pode permanecer no banquete celestial, é a caridade, descrita por São Paulo. O rei convida a todos, "bons e maus", mostrando que o chamado à salvação é universal, mas a permanência na graça depende de possuir esta veste. “O que é, portanto, a veste nupcial? [...] É a caridade. Entra para as núpcias quem tem fé, mas se não tiver caridade, será expulso” (Santo Agostinho, Sermão 90). Esta caridade não é um mero sentimento, mas uma virtude que transforma a alma, como se vê em São José de Cupertino, cuja simplicidade foi elevada por um amor que o uniu a Deus de forma extraordinária. “O banquete de núpcias é a Santa Igreja no tempo presente. [...] A veste nupcial é, pois, a caridade, porque o Senhor a possuía de modo singular quando veio unir a Igreja a Si” (São Gregório Magno, Homilia 38 sobre os Evangelhos).

🗺️O Evangelho de São Mateus apresenta a parábola das bodas de um rei, enquanto a versão de São Lucas (Lc 14, 15-24) narra uma parábola semelhante, mas com diferenças notáveis. Em Lucas, não se trata de um rei e seu filho, mas de "um certo homem" que dá "uma grande ceia". As desculpas dos convidados são mais detalhadas e de natureza agrária e familiar (compra de um campo, de juntas de bois, casamento). Além disso, o anfitrião em Lucas ordena que se tragam "os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos" das ruas e praças da cidade, e depois os das estradas e atalhos do campo, para encher a casa. A versão de Lucas omite completamente o episódio do convidado sem a veste nupcial e a sua consequente punição.

📜Os escritos de São Paulo aprofundam o simbolismo da parábola. A imagem da Igreja como a Noiva de Cristo, preparada para as núpcias do Cordeiro, é central em sua teologia (Ef 5, 25-27). A "veste nupcial" encontra um paralelo direto no mandamento paulino de "revestir-se de Cristo" (Gl 3, 27; Rm 13, 14), que significa abandonar as obras das trevas e viver na luz da graça e da caridade. A rejeição dos primeiros convidados e o chamado subsequente a todos das encruzilhadas ecoa a doutrina de São Paulo sobre a rejeição do Evangelho por parte de muitos judeus e a abertura da salvação aos gentios, que antes estavam "nos caminhos" distantes da Aliança (Rm 11, 11-25).

🏛️Os documentos da Igreja, como o Catecismo do Concílio de Trento, explicam que a "veste nupcial" simboliza a graça santificante recebida no Batismo. Esta veste, que nos torna agradáveis a Deus, pode ser manchada ou perdida pelo pecado mortal. No entanto, ela pode ser restaurada através do Sacramento da Penitência. A parábola, portanto, ilustra a doutrina da justificação: somos chamados gratuitamente à fé (o convite para o banquete), mas devemos cooperar com a graça, vivendo em caridade (vestindo a túnica nupcial) para alcançar a salvação eterna. O chamado a "bons e maus" reflete a natureza da Igreja Militante, que, como uma rede de pesca, contém em seu seio tanto os justos quanto os pecadores até o Juízo Final.