Um estudo aprofundado e sistemático demonstra, com lógica irrefutável, que o Liberalismo, em todas as suas manifestações e graus, não constitui uma mera opinião política, mas sim uma heresia formal e um pecado mortal contra a Fé Católica. A obra, fundamentada nas condenações pontifícias, especialmente no Syllabus de Pio IX, serve como um manual prático para o católico militante, ensinando-o a identificar, combater e rechaçar este erro funesto que infecta a sociedade moderna. O texto estabelece que o Liberalismo é a negação radical da soberania de Deus sobre os indivíduos e as nações, promovendo um verdadeiro ateísmo social. A análise percorre desde a definição do erro até as regras de prudência que o fiel deve adotar, provando que a intransigência na verdade é a mais pura forma de caridade.
❓O Que é o Liberalismo?
Antes de tudo, é preciso definir com clareza o inimigo. O Liberalismo não é uma forma de governo, mas um sistema de doutrinas falsas que, na prática, se traduz em um conjunto de atos criminosos. No campo das ideias, seus princípios são a soberania absoluta do indivíduo e da sociedade, com total independência de Deus e de Sua autoridade. Dele decorrem a liberdade de pensamento, de imprensa e de cultos, a supremacia do Estado sobre a Igreja e a secularização completa da vida pública. Em essência, o Liberalismo é a aplicação do racionalismo à vida social, resultando na negação da necessidade da Revelação Divina e do magistério infalível da Igreja. Sua última palavra é o ateísmo social, a exclusão de Deus de todas as leis e instituições humanas (Sardá y Salvany, 1884, p. 10-11).
⚖️A Gravidade Suprema do Pecado Liberal
A teologia católica ensina que os pecados contra a Fé são os mais graves, pois atacam o próprio fundamento da ordem sobrenatural. A Fé é a raiz de toda a vida cristã; atacá-la é como cortar a árvore pela raiz (Sardá y Salvany, 1884, p. 14). O Liberalismo, por ser uma heresia que nega não apenas um, mas todos os dogmas ao rejeitar a autoridade divina que os sustenta, constitui o pecado máximo. Salvo os casos de ignorância invencível, ser liberal é, objetivamente, mais grave do que ser blasfemo, ladrão ou homicida, pois estes últimos violam mandamentos, enquanto o primeiro destrói a base sobre a qual todos os mandamentos se apoiam (Sardá y Salvany, 1884, p. 15). É o pecado que, segundo a expressão de Santo Agostinho, "contém todos os outros pecados".
🎭A Ilusão do Liberalismo "Moderado" e o "Catolicismo Liberal"
Não se deve cair na armadilha de distinguir entre um Liberalismo "bom" e um "mau". O sistema é um só, e suas consequências mais radicais derivam logicamente de seus princípios aparentemente moderados. A variedade de partidos liberais é apenas uma questão de grau, não de essência (Sardá y Salvany, 1884, p. 16-17). A forma mais perniciosa e odiosa deste erro é o chamado "Catolicismo Liberal", que pretende conciliar o inconciliável: a sujeição a Deus e a independência Dele. Esta tentativa de unir a luz e as trevas foi repetidamente condenada pela Santa Sé, sendo descrita como mais perigosa que a inimizade declarada, pois se esconde sob o véu da piedade para seduzir os incautos (Sardá y Salvany, 1884, p. 19-20, 31). Um católico-liberal substitui o princípio sobrenatural da Fé pelo princípio naturalista do livre exame, tornando sua crença uma mera convicção humana, e não um ato de submissão a Deus que revela.
🏛️O Veredito Inapelável da Igreja
Para que nenhum fiel duvide da malignidade deste erro, a Igreja, por meio de seus Sumos Pontífices, condenou formal e solenemente o Liberalismo em todos os seus matizes. Desde a condenação da "Declaração dos Direitos do Homem" por Pio VI, passando pela Encíclica Mirari Vos de Gregório XVI, a voz da autoridade tem sido clara. Contudo, foi o Pontífice Pio IX quem desmascarou o erro em todas as suas fases, culminando na publicação do Syllabus em 1864. Este documento é o catálogo oficial dos erros modernos, e sua condenação das liberdades de culto, de imprensa, da supremacia do Estado e da separação entre Igreja e Estado constitui o selo definitivo e inapelável da Igreja contra a heresia liberal (Sardá y Salvany, 1884, p. 34-35).
🛡️O Dever do Soldado Católico
Em um mundo infectado por esta peste, o católico deve se portar como um soldado em território inimigo. Sua principal virtude deve ser a santa intransigência, que é a mais alta expressão da caridade. A caridade não consiste em tolerar o erro, mas em combatê-lo para o bem das almas. É caridade desmascarar o lobo, mesmo que isso exija o uso de palavras duras e a desautorização da pessoa que propaga a heresia, seguindo o exemplo de Cristo, dos Apóstolos e dos Santos Padres (Sardá y Salvany, 1884, p. 72, 76-80). O fiel deve evitar qualquer cumplicidade com o Liberalismo: não deve ler seus jornais, votar em seus candidatos ou frequentar suas associações. A defesa da Fé, contudo, não pode se limitar ao campo abstrato; ela exige ação concreta e organizada. É indispensável formar um partido político radicalmente antiliberal, pois é no terreno prático da política que o Liberalismo trava sua guerra, e é nesse mesmo terreno que deve ser derrotado (Sardá y Salvany, 1884, p. 148-150). A união com liberais "moderados" é uma cilada que paralisa a força católica. A única aliança possível é entre aqueles que professam integralmente a verdade.
🙏Conclusão
O Liberalismo é a grande apostasia dos tempos modernos. Negar a soberania de Cristo Rei sobre a sociedade é o pecado que clama aos céus e atrai sobre as nações a ruína material e espiritual. Não há meio-termo possível: ou se está com Cristo e Sua Igreja, ou se está com a Revolução. Cabe a cada católico, portanto, armar-se com a sã doutrina, praticar a intransigência da caridade e lutar, com a palavra, com a ação e, sobretudo, com a oração, pela restauração do reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo, único caminho para a verdadeira paz e salvação.
📚Referências
Sardá y Salvany, F. (1884). El liberalismo es pecado. Barcelona: Librería y Tipografía Católica.