A responsabilidade que recairia sobre os sacerdotes é fortemente destacada nas visões. Marie Julie Jahenny afirma que “nesta aberração, os sacerdotes quebrarão seus juramentos”, o que seria registrado no "Livro da Vida", que contém "a lista dos nomes que quebram seu coração". Isso revela a seriedade com que o sacerdócio deveria ser encarado, uma vez que o comportamento e a fidelidade dos clérigos teriam um impacto direto no rebanho, que, por sua vez, seguiria o exemplo de seus líderes. Ela lamenta que “o rebanho se torna indiferente e deixa de observar as leis”, colocando a culpa diretamente nos sacerdotes, que "não respeitam seu sagrado ministério" e, assim, causam uma crise espiritual profunda.
A profecia também menciona um severo castigo preparado para os sacerdotes que participarem dessa nova liturgia, que, segundo Marie Julie, desonra o verdadeiro significado do Santo Sacrifício. "Um terrível castigo está preparado para aqueles que erguem todas as manhãs a pedra do Santo Sacrifício", diz a profecia, ressaltando que esses sacerdotes causam um sofrimento espiritual intenso, mais do que qualquer outro pecado.
As visões também tocam em uma crise maior dentro da Igreja, onde um Papa, num momento crucial, tentará mudar sua política e fazer um apelo ao clero, mas será ignorado. Em vez disso, uma assembleia de bispos exigirá mais liberdade, rejeitando a autoridade do Papa. Marie Julie prevê que essa desobediência levará ao triunfo do comunismo e ao surgimento de uma “religião horrível” que substitui a Fé Católica. O mais alarmante é que muitos bispos abraçarão essa "religião sacrílega e infame".
A Nova Liturgia, então, representa uma ruptura com a tradição da Igreja e simboliza uma fase de perseguição e divisão dentro da própria instituição. Em uma visão de 10 de maio de 1904, Nossa Senhora prevê que o clero que adotar essa liturgia "não deixarão este caminho odioso e sacrílego" e, além disso, previram a dispersão dos pastores, sendo substituídos por outros de natureza maligna: “Novos pregadores com novos sacramentos, novos templos, novos batismos, novas confraternidades”.
Por fim, Marie Julie também descreve o martírio do Papa, em uma visão de 1880, na qual ela relata a sua visão do Sumo Pontífice sofrendo uma “oração agonizante” enquanto seu corpo é dilacerado e sua dignidade, representada pelas suas vestes, é destruída. Ela diz: “Eu vejo aves brancas que levam em seus bicos seu sangue e pedaços de sua carne”.
Esse relato reflete uma visão dramática e apocalíptica das mudanças na liturgia e no sacerdócio da Igreja Católica, onde os sacerdotes que abandonam seus juramentos são responsáveis pela perda de fé do rebanho, e a introdução de uma nova liturgia traria uma perseguição sem precedentes à fé e ao clero.
Citações
“Nesta aberração, os sacerdotes quebrarão seus juramentos. O Livro da Vida contém a lista dos nomes que quebram seu coração.”
“Pelo pouco respeito que tem para com os Apóstolos de Deus, o rebanho se torna indiferente e deixa de observar as leis. O próprio sacerdote é responsável por esta falta de respeito, porque ele próprio não respeita seu sagrado ministério, e o lugar que ocupa nas suas funções sagradas. O rebanho segue os passos de seus pastores; e isso é uma grande tragédia.”
“O clero será severamente castigado por sua veleidade inconcebível e sua grande covardia que ele é incompatível com suas funções.”
“Um terrível castigo está preparado para aqueles que erguem todas as manhãs a pedra do Santo Sacrifício. Eu não vim para seus altares para ser torturado. Sofro mil vezes mais por esses corações do que nenhum outro. Vos absolvo dos vossos pecados grandes, Meus filhos, mas não pode conceder nenhum perdão a estes sacerdotes.”
“Aqueles que governam o rebanho serão os culpados pela crise que virá.”
“Os advirto. Os discípulos que não são do Meu Evangelho estão trabalhando duro para refazê-lo segundo as suas ideias e sob a influência do inimigo das almas uma Missa que conterá palavras que Me são odiosas. Quando chegar a hora fatídica quando a fé de Meus sacerdotes será posta à prova, serão estes textos que serão celebrados neste segundo período…”
“O primeiro período é o do Meu Sacerdócio, existente desde Mim. O segundo é o da perseguição, quando os inimigos da Fé e da Santa Religião irão impor suas fórmulas no livro da segunda celebração. Muitos dos Meus santos sacerdotes rejeitarão este livro, selado com as palavras do abismo. Infelizmente, entre eles haverão os que o aceitarão.”
“Não deixarão este caminho odioso e sacrílego. Irão ainda mais longe para envolver tudo no instante, e de um só golpe, a Santa Igreja, o clero e a Fé de meus filhos.”
“(…) Novos pregadores com novos sacramentos, novos templos, novos batismos, novas confraternidades.”
A mística e estigmatizada de La Fraudais, Marie-Julie Jahenny, considerada por muitos como uma das figuras místicas mais importantes da história da Igreja, nasceu em 12 de fevereiro de 1850, na aldeia de Blain, localizada na Bretanha, no oeste da França. Sendo a mais velha de cinco filhos, Marie-Julie foi criada por pais humildes e profundamente religiosos, refletindo a forte fé tradicionalmente associada aos bretões. Marie-Julie Jahenny não era freira. Ela não entrou para nenhuma ordem religiosa formal. Ela permaneceu uma leiga católica, vivendo com sua família em La Fraudais.
Desde muito jovem, Marie-Julie demonstrava uma vida espiritual intensa, e aos 23 anos começou a experimentar fenômenos místicos extraordinários, como visões e êxtases. Em 1873, recebeu os estigmas de Cristo, um fenômeno raro na Igreja Católica, no qual as feridas da Paixão de Cristo aparecem no corpo de uma pessoa devota. Além dos estigmas, ela também teria recebido dons como o de profecia, cura e a capacidade de sobreviver sem alimentos, vivendo apenas da Eucaristia durante longos períodos de sua vida.
Marie-Julie Jahenny tornou-se conhecida por suas visões detalhadas sobre o futuro da Igreja e do mundo, alertando sobre crises espirituais, perseguições religiosas e a destruição moral da sociedade. As suas profecias, muitas das quais foram focadas na iminente vinda de uma "missa nova" e nas provações que a Igreja enfrentaria, continuam a ser objeto de interesse e reflexão entre os fiéis e estudiosos. Ela também previu eventos políticos, como a ascensão do comunismo e revoluções na Europa, associando-os à decadência moral e à perda da fé.
Apesar de sua vida reclusa e sofrimento contínuo, ela atraiu muitos seguidores e fiéis que buscavam sua intercessão e conselhos espirituais. Até sua morte, em 4 de março de 1941, Marie-Julie permaneceu firme em sua missão espiritual, oferecendo suas dores pelos pecadores e pela salvação das almas. Hoje, seu legado continua a inspirar devotos ao redor do mundo, especialmente aqueles que acreditam em suas visões proféticas sobre a Igreja e o destino da humanidade.