🌹Nascida em Alençon, França, em 2 de janeiro de 1873, Santa Teresinha do Menino Jesus entrou para o Carmelo de Lisieux aos 15 anos, com uma permissão especial do Papa Leão XIII. Sua vida foi marcada por uma profunda simplicidade e confiança em Deus, desenvolvendo o que ela chamou de "Pequena Via", um caminho de santidade acessível a todas as almas, baseado na entrega total a Deus como uma criança nos braços de seu pai. Mesmo vivendo uma vida claustral e oculta, seu zelo missionário era imenso, o que a tornou padroeira das missões. Sua famosa promessa, "Depois da minha morte, farei cair uma chuva de rosas", reflete sua intercessão contínua do céu, e suas graças extraordinárias continuam a tocar inúmeras vidas.
🙏Introito (Cânt 4, 8-9)
Veni de Líbano, sponsa mea, veni de Líbano, veni... Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano, vem! Tu feriste o meu coração, ó minha irmã e esposa; feriste o meu coração. Sl. Jovens, louvai o Senhor; louvai o Nome do Senhor. ℣. Glória ao Pai…
📜Epístola (Is 66, 12-14)
Assim fala o Senhor: Eis que farei correr sobre ela como um rio de paz e a glória das nações, como uma torrente que transborda. Vós sereis alimentados com leite, levados ao seio e acariciados em seus joelhos. Como aquele a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei, e sereis consolados em Jerusalém. Vós o vereis e o vosso coração se alegrará e os vossos ossos retomarão o seu vigor, como a erva dos campos, e a mão do Senhor se manifestará por aqueles que O servem.
✝️Evangelho (Mt 18, 1-4)
Naquele tempo, chegaram-se a Jesus os discípulos com esta pergunta: Quem é maior no reino dos céus? Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles e disse: Em verdade vos digo: se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino dos céus. Portanto quem se tornar humilde como esta criança, este é o maior no Reino do céu.
🤔Reflexões
💡A humildade da infância espiritual, exaltada no Evangelho, é a condição para receber a consolação divina descrita na Epístola. Santa Teresa encarnou esta verdade, compreendendo que a verdadeira grandeza não está nos feitos, mas na pequenez que se abandona ao amor. “Quando os Apóstolos perguntaram quem era o maior, Jesus não lhes propôs um anjo, mas uma criança, para ensinar que a simplicidade, e não o poder, nos aproxima do Céu. A criança não guarda rancor, não conhece a malícia e, esquecendo as injúrias, corre para os braços de sua mãe.” (São Jerônimo, Comentário sobre Mateus). Sobre o consolo materno de Deus em Isaías, a ternura divina se manifesta àqueles que se reconhecem necessitados. “Deus, como uma mãe amorosa, inclina-se para balbuciar conosco em nossa linguagem imperfeita, para que possamos compreendê-Lo. Ele nos carrega em Seus braços, não porque somos fortes, mas porque somos Seus pequenos filhos.” (São João Crisóstomo, Homilias sobre Isaías). A grandeza no Reino dos Céus é, portanto, a capacidade de se deixar amar e cuidar por Deus com total confiança. “Ele os exorta a se despojarem do orgulho e a se revestirem da inocência dos pequenos, pois o Reino pertence àqueles que recuperam a simplicidade da infância.” (Santo Hilário de Poitiers, Sobre o Evangelho de Mateus).
📖Enquanto Mateus relata a pergunta direta dos discípulos sobre quem é o maior, os evangelhos de Marcos (9, 33-37) e Lucas (9, 46-48) acrescentam detalhes contextuais. Marcos revela que os discípulos discutiam sobre isso "no caminho" e que Jesus, ao chegar em Cafarnaum, sentou-se e chamou os Doze para lhes ensinar, mostrando a solenidade do momento. Lucas aprofunda o aspecto psicológico, afirmando que "um pensamento lhes ocorreu" e que Jesus, "conhecendo o pensamento do coração deles", tomou a criança e a colocou ao seu lado, demonstrando Sua onisciência e respondendo não apenas às palavras, mas às intenções ocultas.
🕊️São Paulo aprofunda a teologia da pequenez e da filiação divina. Em Filipenses (2, 5-8), ele apresenta Cristo como o modelo supremo de humildade, que "se aniquilou" (kenosis), esvaziando-se de Sua glória divina por obediência, um eco perfeito do "tornar-se pequeno" do Evangelho. Em Gálatas (4, 6-7), Paulo explica a consequência dessa filiação: o Espírito em nossos corações clama "Abba, Pai!", expressando a mesma intimidade e confiança de uma criança, tornando-nos não mais servos, mas herdeiros. Ele também desafia a sabedoria do mundo ao afirmar: "tornamo-nos loucos por causa de Cristo" (1 Coríntios 4, 10), o que se alinha com a rejeição da busca por grandeza e status que Jesus condena nos discípulos.
🏛️Os documentos da Igreja consistentemente exaltam a humildade como fundamento da vida cristã. O Catecismo Romano, promulgado pelo Concílio de Trento, ensina que a humildade é a "guardiã de todas as virtudes", pois sem ela, a fé se corrompe em orgulho e as boas obras se tornam vãs. A encíclica Ad Beatissimi Apostolorum do Papa Bento XV adverte contra o orgulho e a falta de caridade como raízes dos males sociais, conclamando a um retorno à humildade evangélica. Ao canonizar Santa Teresa, o Papa Pio XI a apresentou como um modelo para a era moderna, afirmando em sua homilia que a "Pequena Via" da infância espiritual não é um caminho extraordinário, mas o próprio resumo do Evangelho, tornado acessível a todos que desejam alcançar a santidade através da confiança e do amor, não da presunção.