11 out
Maternidade de Nossa Senhora


👑Instituída pelo Papa Pio XI em 1931, a festa da Maternidade de Nossa Senhora comemora o 1500º aniversário do Concílio de Éfeso (431 d.C.), que proclamou solenemente o dogma de Maria como Theotokos, "Mãe de Deus". Esta verdade de fé não exalta Maria por si mesma, mas antes de tudo para salvaguardar a genuína doutrina sobre a Pessoa de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. A maternidade divina é a fonte de todas as suas graças e privilégios. Como ensina Santo Agostinho, Maria "é Mãe dos membros de Cristo, que somos nós, porque cooperou com a sua caridade para que nascessem na Igreja os fiéis que são os membros daquela Cabeça" (De sancta virginitate, 6, 6).

🎶Introito (Is 7, 14 | Sl 97, 1)
Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho e Ele será chamado Emanuel. Sl. Entoai ao Senhor um cântico novo, porque fez coisas maravilhosas. ℣. Glória ao Pai…

📖Leitura (Eclo 24, 23-31)
Assim como a vinha, eu produzia flores de suave odor e minhas flores dão frutos de glória e abundância. Eu sou a mãe do belo amor, do temor, da ciência e da santa esperança. Em mim está a graça do caminho e da verdade: em mim toda a promessa de vida e de virtude. Vinde a mim, vós todos que me desejais e saciai-vos com meus frutos. Meu espírito é mais doce que o mel e minha herança mais suave que o mel e o favo. Minha memória se conservará nas gerações através dos séculos. Os que me comem me desejam ainda mais e os que me bebem terão de mim mais sede ainda. O que me escuta não será confundido e os que agem por mim não pecarão. Os que me glorificam terão a vida eterna.

✝️Evangelho (Lc 2, 43-51)
Naquele tempo, ao regressarem, ficou o Menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais dessem por isso. Cuidando que Ele vinha na companhia de outros, caminharam um dia inteiro, e O procuravam entre os parentes e conhecidos, mas não O achando voltaram a Jerusalém para O procurar. E aconteceu que, depois de passados três dias, O acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que O ouviam, pasmavam de sua sabedoria e de suas respostas. E vendo-O, ficaram admirados. E disse-Lhe sua Mãe: Filho, por que nos fizeste isso? Eis que teu pai e eu te procurávamos, aflitos. E Ele lhes disse: E por que me procuráveis? Não sabíeis que me devo ocupar nas coisas que são de meu Pai? Eles, porém, não entenderam as palavras que lhes dissera. Então desceu com eles, e veio para Nazaré; e era-lhes submisso.

🕯️Reflexões

❤️‍🩹O Evangelho revela a profundidade da Maternidade de Maria, que não é isenta de angústia e incompreensão. A sua busca aflita por Jesus mostra a realidade de seu amor materno, enquanto a resposta do Menino – "Não sabíeis que me devo ocupar nas coisas que são de meu Pai?" – sublinha a sua identidade divina, que transcende os laços terrenos. Santo Ambrósio explica que esta resposta não é uma repreensão, mas um convite à fé mais elevada, ensinando que, embora fosse seu filho segundo a carne, era principalmente o Filho do Pai celeste. Maria, ao guardar estas palavras em seu coração, exercita sua maternidade espiritual, meditando sobre o mistério que nela habitava e crescendo na compreensão da missão de seu Filho (Expositio evangelii secundum Lucam, 2, 61-63).

🍇A Igreja aplica profeticamente a Maria as palavras da Sabedoria Divina no livro do Eclesiástico. Nela, como em uma videira fecunda, floresceu o fruto da salvação, Jesus Cristo. Ela é, de fato, a "mãe do belo amor" porque nos deu Aquele que é o próprio Amor. São Bernardo de Claraval ensina que, assim como a Sabedoria convida todos a se saciarem de seus frutos, Maria nos convida a nos aproximarmos de Jesus por meio dela. Ela é o "aqueduto" celestial pelo qual a graça da vida e da verdade flui do Coração de Cristo para a humanidade, cumprindo a promessa: "Em mim está toda a graça do caminho e da verdade" (Sermão sobre o Aqueduto).

📜Os documentos do Magistério, em especial a encíclica Lux Veritatis de Pio XI, reafirmam que o dogma da Maternidade Divina, definido em Éfeso, é o fundamento de todas as prerrogativas marianas e a garantia da fé na união hipostática de Cristo. Este título não confere a Maria uma divindade, mas afirma que a pessoa que dela nasceu segundo a carne é verdadeiramente o Verbo de Deus. Desta singular maternidade deriva a sua cooperação na obra da Redenção e, consequentemente, a sua maternidade espiritual sobre todos os membros do Corpo Místico de Cristo, fazendo dela o canal seguro pelo qual todos os auxílios divinos são distribuídos à Igreja (Encíclica Ad Diem Illum Laetissimum, Pio X).