O Syllabus Errorum foi um documento publicado pelo Papa Pio IX em 1864, que listava e condenava uma série de erros e heresias que a Igreja Católica via como ameaças à sua doutrina e moral. Esse documento estava associado ao combate às ideias liberais e modernistas da época. Veja marcador abaixo.
Joseph Ratzinger, antes de se tornar Papa, fez críticas ao contexto em que o Syllabus Errorum foi publicado. Ele argumentou que o documento refletia uma época em que a Igreja estava reagindo de maneira defensiva e retrógrada às mudançase excluindo o diálogo necessário com o mundo moderno que avançava.
Muito dessa crítica anti-Syllabus Errorum está na Constituição pastoral Gaudium et Spes que é uma das principais constituições do Concílio Vaticano II, promulgada em 1965 e fortemente influenciada por Ratzinger, como teólogo e posteriormente como Papa Bento XVI.
Gaudium et Spes enfatiza a importância de a Igreja dialogar com o mundo moderno, entendendo e respondendo aos seus desafios e esperanças. Ratzinger, seguindo essa linha, argumentava que o Syllabus Errorum tinha uma abordagem excessivamente defensiva e condenatória. Em vez de condenar diretamente as novas ideias e movimentos, Gaudium et Spes encoraja uma abertura ao diálogo e à compreensão das mudanças socioculturais.
Ratzinger via o Syllabus como um reflexo de uma postura defensiva que não estava disposta a engajar-se de maneira construtiva com o pensamento moderno. Ele acreditava que a Igreja deveria adotar uma postura mais aberta, similar à recomendada por Gaudium et Spes, que visa entender e responder aos desafios do mundo contemporâneo.
Ratzinger acreditava que o Syllabus não tinha plenamente em conta o contexto histórico em que as novas ideias surgiram. Ele argumentava que uma visão mais crítica e contextualizada, como a proposta por Gaudium et Spes, poderia ter permitido uma abordagem mais equilibrada e menos reativa.
Ratzinger defendia que a Igreja deveria encontrar formas de se relacionar de maneira positiva com as ideias modernas, sem comprometer sua doutrina. Ratzinger via o Syllabus como uma tentativa de combater ideias modernas de forma indiscriminada, o que poderia ser prejudicial para o relacionamento da Igreja com a sociedade atual.
Ratzinger acreditava que o Syllabus falhava em reconhecer a necessidade de um diálogo contínuo e da adaptação da Igreja à medida que novas questões surgem. Em lugar de uma condenação direta, como fazia o Syllabus.
Gaudium et Spes também trata da importância de a Igreja se envolver com questões sociais, econômicas e políticas de maneira construtiva. Ratzinger acreditava que o Syllabus, ao condenar ideias como a separação entre Igreja e Estado e a liberdade de expressão, estava perdendo uma oportunidade de engajar-se de maneira positiva com questões sociais e políticas que são cruciais para o bem-estar humano e a justiça.
É, portanto, absolutamente necessário que a Igreja esteja presente na comunidade das nações, para fomentar e estimular a cooperação entre os homens; tanto por meio das suas instituições públicas como graças à inteira e sincera colaboração de todos os cristãos, inspirada apenas pelo desejo de servir a todos.