09 out
S. Dionísio, Bispo, S. Rústico e S. Eleutério, Mártires


⚜️São Dionísio, primeiro bispo de Paris, foi enviado à Gália no século III para evangelizar os pagãos, juntamente com seus companheiros Rústico e Eleutério. Sua pregação corajosa resultou em inúmeras conversões, mas também atraiu a perseguição do Império Romano. Martirizado por decapitação, a tradição piedosa narra que ele caminhou milagrosamente com sua própria cabeça nas mãos até o local de seu sepultamento, um poderoso símbolo da vitória da fé sobre a morte. Frequentemente identificado com Dionísio, o Areopagita, convertido por São Paulo em Atenas, sua vida é um testemunho da radicalidade do Evangelho, que exige a entrega total a Cristo, mesmo diante do martírio. Sua missão reflete a semente do cristianismo lançada em terra pagã, que floresce pelo sangue dos mártires.

🎶Introito (Eclesiástico 44, 15 e 14; Salmo 32, 1)
Que os povos narrem a sabedoria dos Santos, e que a Igreja proclame os seus louvores: seus nomes, porém, viverão para sempre. Salmo: Exultai, justos, no Senhor; aos retos convém o louvor.

📖Leitura (Atos 17, 22-34)
Naqueles dias, Paulo, estando no Areópago, disse: “Atenienses, vejo que em tudo sois extremamente religiosos. Pois, passando e observando vossos objetos de culto, encontrei também um altar no qual estava escrito: ‘Ao Deus desconhecido’. O que, pois, vós adorais sem conhecer, eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas, nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, pois Ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e todas as coisas. E de um só fez todo o gênero humano para habitar sobre a face da terra, determinando os tempos estabelecidos e os limites de sua habitação, para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o encontrassem, embora não esteja longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como também disseram alguns dos vossos poetas: ‘Porque somos também da sua linhagem’. Sendo, pois, da linhagem de Deus, não devemos pensar que a Divindade seja semelhante a ouro, prata ou pedra, esculpida pela arte e imaginação do homem. Deus, porém, não levando em conta os tempos da ignorância, agora anuncia aos homens que todos, em toda parte, se arrependam, porque Ele estabeleceu um dia em que julgará o mundo com justiça, por meio do homem que designou, dando a todos prova disso ao ressuscitá-lo dos mortos.” Ao ouvirem falar da ressurreição dos mortos, alguns zombaram, enquanto outros disseram: “Nós te ouviremos sobre isso outra vez.” Assim, Paulo se retirou do meio deles. Alguns homens, porém, aderiram a ele e creram, entre os quais Dionísio, o Areopagita, uma mulher chamada Dámaris e outros com eles.

✝️Evangelho (Lucas 12, 1-8)
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada encoberto que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a ser conhecido. Porque o que dissestes nas trevas será dito à luz, e o que falastes ao ouvido nos aposentos será proclamado sobre os telhados. Digo-vos, pois, meus amigos: Não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar na geena. Sim, eu vos digo, a este temei. Não se vendem cinco pardais por dois centavos? E nenhum deles está esquecido diante de Deus. Até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; vós valeis mais do que muitos pardais. Digo-vos também: Todo aquele que me confessar diante dos homens, o Filho do Homem o confessará diante dos Anjos de Deus.

🧠Reflexões

🕊️No Evangelho, Cristo nos exorta a não temer os que matam o corpo, mas sim Aquele que tem poder sobre a alma. Este é o fundamento espiritual do martírio, vivido heroicamente por São Dionísio e seus companheiros. Eles compreenderam que a morte física infligida pelos perseguidores era um mal transitório e incomparavelmente menor que a morte eterna da alma. O verdadeiro temor não é o do algoz, mas o de ofender a Deus. Ao confessarem Cristo publicamente, mesmo sob a ameaça de morte, eles garantiram que o Filho do Homem os confessaria diante dos anjos, transformando um ato de violência terrena em um testemunho de glória celestial (Santo Ambrósio, Exposição sobre o Evangelho de Lucas, VII).

🏛️A conversão de Dionísio, o Areopagita, pela pregação de São Paulo, ilustra o poder da Verdade ao encontrar uma inteligência aberta. Paulo não destrói a religiosidade ateniense, mas a purifica e a eleva, revelando que o "Deus desconhecido" que eles timidamente adoravam é o Criador do céu e da terra, que se revelou em Cristo. Esta mesma missão foi assumida por São Dionísio de Paris, que, ao chegar à Gália pagã, encontrou um povo que adorava falsas divindades. Como Paulo, ele anunciou a verdade de um Deus que não é feito de ouro ou prata, mas que nos chama à conversão e ao arrependimento (São João Crisóstomo, Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, 38).

📜Os textos litúrgicos para os mártires, como o Introito de hoje, "Que os povos narrem a sabedoria dos Santos", ressaltam que o testemunho do sangue não é um ato de desespero, mas a suprema proclamação da fé. O Catecismo Romano ensina que a virtude da fortaleza, aperfeiçoada pelo dom do Espírito Santo, capacita o cristão a superar o medo da morte e dos tormentos por amor a Cristo. A vida de São Dionísio, desde a sua missão evangelizadora (ecoando a de São Paulo na Leitura) até o seu martírio (prefigurado no Evangelho), é a encarnação perfeita deste ensinamento: a fé recebida deve ser professada publicamente, e o maior ato dessa profissão é a entrega da própria vida.