01 nov
Festa de todos os santos


😇A Solenidade de Todos os Santos é uma celebração jubilosa da Igreja Triunfante, honrando a vasta multidão de almas que alcançaram a glória do Céu, tanto os santos canonizados quanto os incontáveis anônimos cuja fé e virtude só Deus conhece. Esta festa nos recorda que a santidade não é um ideal inatingível, mas o destino para o qual todos fomos criados. Os santos são nossos irmãos mais velhos na fé, modelos de vida cristã e poderosos intercessores que nos auxiliam em nossa peregrinação terrena. A liturgia de hoje nos convida a levantar os olhos para o Céu, não com desânimo por nossas fraquezas, mas com a esperança renovada pela vitória de Cristo, que abriu as portas da pátria celeste para todos os que O seguem.

📖Epístola (Ap 7, 2-12)

Naqueles dias, eu, João, vi outro Anjo que subia do oriente, tendo na mão o selo do Deus vivo, e clamando em alta voz aos quatro Anjos que receberam o poder de danificar a terra e ao mar, dizendo: Não façais mal à terra nem ao mar, nem às árvores, enquanto não houvermos assinalado em suas frontes os servos de nosso Deus. E ouvi o número dos assinalados: cento e quarenta e quatro mil assinalados de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, doze mil assinalados. Da tribo de Rúben, doze mil assinalados. Da tribo de Gad, doze mil assinalados. Da tribo de Aser, doze mil assinalados. Da tribo de Néftali, doze mil assinalados. Da tribo de Manassés, doze mil assinalados. Da tribo de Simeão, doze mil assinalados. Da tribo de Levi, doze mil assinalados. Da tribo de Issacar, doze mil assinalados. Da tribo de Zabulon, doze mil assinalados. Da tribo de José, doze mil assinalados. Da tribo de Benjamim, doze mil assinalados. Depois disto, vi uma grande multidão que ninguém pode contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Eles estavam de pé, diante do trono e em presença do Cordeiro, revestidos de túnicas brancas, segurando palmas em suas mãos, e clamando com voz forte: Glória ao nosso Deus que está sentado sobre o trono, e ao Cordeiro. E todos os Anjos estavam de pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres animados; e prostraram-se com as suas faces diante do trono e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força ao nosso Deus, por todos os séculos. Amém.

✝️Evangelho (Mt 5, 1-12)

Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu a um monte, e, tendo-se assentado, aproximaram-se d’Ele os seus discípulos. E, abrindo sua boca, ensinava-lhes, dizendo: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, falarem todo o mal contra vós, por minha causa. Alegrai-vos, e exultai, porque a vossa recompensa será grande nos céus.

🤔Reflexões

🙏O Evangelho de hoje apresenta o Sermão da Montanha, o coração do ensinamento de Cristo e a carta magna da santidade cristã. As Bem-aventuranças não são meros conselhos, mas a descrição do verdadeiro discípulo e o caminho para a felicidade eterna. Elas invertem a lógica do mundo: a felicidade não está na riqueza, no poder ou no prazer, mas na pobreza de espírito, na mansidão, na pureza de coração e até na perseguição por amor a Cristo. Santo Agostinho ensina que as Bem-aventuranças representam os degraus da vida espiritual que nos elevam à perfeição. “Começa com a humildade (pobres de espírito) e culmina na paz que transcende todo entendimento, fazendo-nos filhos de Deus, e na fortaleza para suportar todas as adversidades por amor à justiça” (Comentário sobre o Sermão do Senhor na Montanha). Cada bem-aventurança é um convite a conformar nossa vida à de Cristo, o Bem-aventurado por excelência, que foi pobre, manso, chorou por nós e sofreu a perseguição para nos trazer a justiça do Reino.

🕊️A visão de São João no Apocalipse, apresentada na Epístola, é a gloriosa confirmação do que Cristo promete no Evangelho. A "grande multidão que ninguém pode contar" é a assembleia dos santos, aqueles que viveram as Bem-aventuranças em suas vidas. Eles vêm "de todas as nações, tribos, povos e línguas", mostrando a universalidade da vocação à santidade, um princípio fundamental reafirmado pelo Catecismo da Igreja Católica (CIC 2013). As vestes brancas simbolizam a pureza adquirida pelo Sangue do Cordeiro, e as palmas, o sinal da vitória e do martírio. Esta imagem não é apenas uma promessa futura, mas uma realidade presente na Comunhão dos Santos. A liturgia nos une a esta assembleia celeste, permitindo que nosso louvor na terra se junte ao seu cântico eterno: "Glória ao nosso Deus". A visão do Apocalipse revela o destino final dos que seguem o caminho das Bem-aventuranças: a comunhão eterna com Deus.

🌟A Festa de Todos os Santos, portanto, une o Céu e a terra, a promessa e a sua realização. Celebramos não apenas os gigantes da fé, mas a santidade cotidiana vivida por inúmeras almas que, em seu tempo, tiveram "fome e sede de justiça" e foram "misericordiosos". São Tomás de Aquino explica que a santidade consiste fundamentalmente na caridade, a união com Deus e com o próximo (Suma Teológica, II-II, q. 184, a. 3). Os santos são aqueles que permitiram que a caridade de Cristo transformasse suas vidas. Esta solenidade nos desafia a olhar para eles não como figuras distantes, mas como companheiros de viagem que nos mostram que é possível viver o Evangelho. O Missal Romano, no prefácio desta Missa, nos recorda que, ao honrar os santos, honramos a Deus, "fonte de toda santidade", e encontramos neles "um exemplo e um auxílio" para nossa fraqueza. Que a intercessão de toda a corte celeste nos inspire a trilhar o caminho das Bem-aventuranças, para que um dia possamos nos alegrar e exultar com eles, pois grande será nossa recompensa nos céus.