23 out
S. Antônio Maria Claret, bispo e confessor


🕊️Antônio Maria Claret nasceu em Sallent, perto de Barcelona, em 23 de dezembro de 1807. Inicialmente um operário têxtil por desejo de seu pai, sentiu o chamado do Senhor para uma vida mais alta e foi ordenado em 1835. Crendo ter uma vocação para o apostolado entre os infiéis, foi a Roma, mas a Providência Divina o reconduziu à sua pátria para ser um pregador missionário. Com zelo ardente, percorreu a Catalunha e as Canárias, convertendo inúmeras almas através de sua palavra poderosa e profunda piedade, ao mesmo tempo em que escrevia muitos livros de edificação espiritual. Em 1849, fundou a Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria (Claretianos). No mesmo ano, foi nomeado arcebispo de Santiago de Cuba, onde, em meio a intensos trabalhos pastorais, fundou também o Instituto das Irmãs educadoras de Maria Imaculada. Retornou à Espanha em 1857 para ser confessor da rainha Isabel II, a quem acompanhou no exílio. Participou ativamente do Concílio Vaticano I, defendendo a infalibilidade pontifícia. Morreu no mosteiro cisterciense de Fontfroide, na França, em 24 de outubro de 1870, deixando um legado de imensa devoção ao Santíssimo Sacramento, ao Coração Imaculado de Maria e ao Santo Rosário. Foi canonizado pelo Papa Pio XII em 1950. 

 📜Epístola (Heb 7, 23-27)

Irmãos: Muitos foram feitos sacerdotes [no Antigo Testamento], porque a morte não lhes permitia sê-lo sempre. Jesus, porém, porque permanece para sempre, tem um Sacerdócio eterno. Por isso pode salvar perpetuamente os que por Ele chegam a Deus, pois vive sempre para interceder por nós. Convinha, pois, que tivéssemos um tal Pontífice, santo, inocente, imaculado, segregado dos pecadores e elevado acima dos céus, que não tivesse necessidade, como os outros sacerdotes, de oferecer sacrifícios todos os dias, primeiro por seus próprios pecados, depois pelos do povo. Isto fez uma vez para sempre, oferecendo-se a Si mesmo, Jesus Cristo, Senhor nosso. 

 📖Evangelho (Mt 24, 42-47)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Vigiai, porque não sabeis a hora em que virá o vosso Senhor. Sabei, porém, isto: Se o pai de família conhecesse a hora em que havia de vir o ladrão, vigiaria certamente e não o deixaria penetrar em sua casa. Portanto, estai vós também preparados, porque não sabeis em que hora virá o Filho do homem. Quem então será o servo fiel e prudente, que o Senhor estabeleceu sobre a sua família, para lhe distribuir, a tempo, o sustento? Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim vigilante. Em verdade, vos digo que lhe confiará o governo de todos os seus bens. 

 ✝️Reflexões

🕯️O Evangelho de hoje nos lança um imperativo direto e inescapável: “Vigiai”. Esta vigilância não é uma espera passiva ou ansiosa, mas uma prontidão ativa, uma disposição da alma que molda cada ação. O "servo fiel e prudente" é aquele que não adia sua conversão nem negligencia seus deveres, pois sabe que o Senhor pode chegar a qualquer momento. Santo Antônio Maria Claret encarnou esta virtude de forma extraordinária. Sua vida foi uma vigília incessante, não por medo, mas por amor. Cada sermão, cada viagem missionária, cada página escrita e cada congregação fundada era a sua maneira de "distribuir o sustento" à família de Deus, aproveitando cada instante para a glória do Mestre. Ele compreendeu que o tempo é o campo onde se semeia a eternidade, e não permitiu que um só momento fosse estéril.

⛪A fonte desta incansável atividade apostólica é revelada na Epístola. Santo Antônio não agia por força própria, mas como um instrumento participante do Sacerdócio eterno de Cristo. A leitura aos Hebreus contrasta os sacerdotes do Antigo Testamento, cuja obra era interrompida pela morte, com Cristo, o Pontífice que "permanece para sempre" e "vive sempre para interceder por nós". Um bispo como Claret, sucessor dos Apóstolos, tem a consciência aguda de que seu ministério é uma participação no único Sacerdócio que realmente salva. Esta verdade infunde urgência e propósito a cada ato. Santo Agostinho, refletindo sobre o peso do episcopado, expressa essa dualidade da vida de um pastor: “Pois o que somos para vós, nos aterroriza; mas o que somos convosco, nos consola. Para vós somos bispos, convosco somos cristãos. Aquilo é nome de ofício, isto de graça; aquilo de perigo, isto de salvação.” (Sermão 340, 1). Claret viveu plenamente esta tensão, usando o perigo do seu ofício para garantir a sua salvação e a de muitos, apoiado na graça de ser, antes de tudo, um cristão redimido por Cristo.

✍️A liturgia de hoje, portanto, tece uma conexão indissolúvel entre o sacerdócio de Cristo, a vigilância cristã e a santidade vivida. A vigilância exigida no Evangelho é a resposta prática à verdade teológica da Epístola. Porque temos um Sumo Sacerdote que Se ofereceu "uma vez para sempre", nossa vida deve ser uma contínua oferta de serviço. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, pelo Batismo, todos os fiéis participam do sacerdócio de Cristo, o chamado "sacerdócio comum" (CIC 1268). Somos chamados a fazer de nossa vida um "sacrifício espiritual agradável a Deus" (1Pd 2,5). Santo Antônio Maria Claret, com seu ministério sacerdotal, é um exemplo luminoso para todos. Seja no sacerdócio ministerial ou no comum, a lição é a mesma: ser encontrado "vigilante", administrando fielmente os dons que Deus nos confiou, para que, na vinda do Senhor, Ele nos encontre distribuindo o pão da caridade, da verdade e da esperança à Sua família.