Introito
(Neh. ou 2 Esdr. 9, 27) Clamavérunt ad te, Dómine, in témpore afflictiónis suæ, et tu de cœlo exaudísti eos, allelúja, allelúja... Clamaram a ti, Senhor, no tempo da sua aflição, e tu do céu os ouviste, aleluia, aleluia. Salmo 32, 1. Exultai, justos, no Senhor: aos retos convém o louvor.
Leitura do Livro da Sabedoria (Sab 5, 1-5)
Os justos permanecerão com grande firmeza contra aqueles que os oprimiram e que roubaram seus trabalhos. Vendo-os, os opressores serão perturbados por um terrível medo e se maravilharão com a súbita e inesperada salvação, dizendo entre si, arrependidos e gemendo pela angústia de espírito: Estes são aqueles que outrora tivemos em zombaria e como objeto de opróbrio. Nós, insensatos, considerávamos sua vida uma loucura e seu fim sem honra; eis, porém, como foram contados entre os filhos de Deus, e sua sorte está entre os Santos.
Evangelho segundo João (João 14, 1-13)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos um lugar. E, se eu for e vos preparar um lugar, voltarei e vos levarei para mim, para que, onde eu estou, estejais vós também. E para onde eu vou, vós sabeis, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho? Jesus lhe disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis, também conheceríeis meu Pai; e desde agora o conheceis e o vistes. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Jesus lhe disse: Há tanto tempo estou convosco, e não me conhecestes? Filipe, quem me vê, vê também o Pai. Como dizes: Mostra-nos o Pai? Não credes que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo. O Pai, que permanece em mim, é quem realiza as obras. Não credes que eu estou no Pai e o Pai está em mim? Ao menos crede por causa das próprias obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores, porque eu vou para o Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, eu o farei.
Homilias e Explicações Teológicas
A justiça divina, revelada em Sabedoria 5,1-5, manifesta a inversão escatológica onde os justos, outrora humilhados, são exaltados diante dos ímpios, cuja arrogância é desmascarada pela verdade eterna, apontando para a esperança cristã na ressurreição, que São Tomás de Aquino interpreta como a manifestação da ordem divina que recompensa a virtude e pune o pecado, enfatizando que a glória dos santos é um reflexo da justiça de Deus que transcende as aparências terrenas (São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, III, q. 89, a. 2). Já em João 14,1-13, a promessa de Cristo de preparar um lugar na casa do Pai e de ser o caminho, a verdade e a vida, é elucidada por Santo Agostinho como uma revelação da unidade entre o Filho e o Pai, onde conhecer Cristo é conhecer Deus, pois a divindade do Verbo encarnado é o meio pelo qual a humanidade é conduzida à comunhão eterna (Santo Agostinho, Tratados sobre o Evangelho de João, 69.2). São João Crisóstomo, por sua vez, destaca que a confiança exhortada por Jesus (“Não se perturbe o vosso coração”) é um convite à fé na providência divina, que supera as tribulações terrenas pela certeza da intimidade com Deus, revelada nas palavras e obras de Cristo (São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de João, 73.1). São Gregório Magno conecta a festa de São Filipe e São Tiago ao chamado apostólico em João 14, onde Filipe, ao pedir “mostra-nos o Pai”, reflete a busca humana por Deus, que é plenamente satisfeita na pessoa de Cristo, modelo para os apóstolos que, como Tiago, testemunham a verdade com suas vidas (São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, 26).
Síntese Comparativa com os Demais Evangelhos
O Evangelho de João 14,1-13, com sua ênfase em Jesus como “o caminho, a verdade e a vida” e a promessa de preparar um lugar na casa do Pai, apresenta aspectos únicos que são complementados por outros evangelhos. Em Mateus 7,13-14, a imagem do “caminho estreito” que leva à vida reforça a exclusividade de Cristo como caminho, mas foca na disciplina moral e na escolha pessoal, algo não explicitado em João. Marcos 10,29-30 complementa a promessa de João ao assegurar que aqueles que deixam tudo por Cristo receberão “cem vezes mais” e a vida eterna, destacando as recompensas concretas da sequela, enquanto João enfatiza a dimensão escatológica da comunhão com o Pai. Em Lucas 22,28-30, Jesus promete aos discípulos que se sentarão em tronos para julgar as doze tribos de Israel, adicionando uma dimensão de autoridade escatológica aos apóstolos, como Filipe e Tiago, que não aparece em João 14, onde o foco é na intimidade com Deus.
Síntese Comparativa com Textos de São Paulo
João 14,1-13, ao apresentar Jesus como o caminho para o Pai e a fonte de revelação divina, é complementado por textos paulinos que aprofundam aspectos teológicos e práticos. Em Filipenses 3,20-21, Paulo destaca que a cidadania dos cristãos está nos céus, de onde virá Cristo para transformar os corpos mortais, ecoando a promessa de João sobre a morada celestial, mas com ênfase na transformação física da ressurreição. Em Colossenses 1,15-17, Paulo descreve Cristo como a “imagem do Deus invisível” e o mediador de toda a criação, complementando a afirmação de João 14,9 (“Quem me vê, vê o Pai”) com uma visão cósmica da preexistência e soberania de Cristo. Em Romanos 5,1-2, Paulo explica que a paz com Deus é obtida pela fé em Cristo, que dá acesso à graça, oferecendo uma perspectiva soteriológica que detalha como o “caminho” de João se concretiza na justificação.
Leitura do Livro da Sabedoria (Sab 5, 1-5)
Os justos permanecerão com grande firmeza contra aqueles que os oprimiram e que roubaram seus trabalhos. Vendo-os, os opressores serão perturbados por um terrível medo e se maravilharão com a súbita e inesperada salvação, dizendo entre si, arrependidos e gemendo pela angústia de espírito: Estes são aqueles que outrora tivemos em zombaria e como objeto de opróbrio. Nós, insensatos, considerávamos sua vida uma loucura e seu fim sem honra; eis, porém, como foram contados entre os filhos de Deus, e sua sorte está entre os Santos.
Evangelho segundo João (João 14, 1-13)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos um lugar. E, se eu for e vos preparar um lugar, voltarei e vos levarei para mim, para que, onde eu estou, estejais vós também. E para onde eu vou, vós sabeis, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho? Jesus lhe disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis, também conheceríeis meu Pai; e desde agora o conheceis e o vistes. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Jesus lhe disse: Há tanto tempo estou convosco, e não me conhecestes? Filipe, quem me vê, vê também o Pai. Como dizes: Mostra-nos o Pai? Não credes que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo. O Pai, que permanece em mim, é quem realiza as obras. Não credes que eu estou no Pai e o Pai está em mim? Ao menos crede por causa das próprias obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores, porque eu vou para o Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, eu o farei.
Homilias e Explicações Teológicas
A justiça divina, revelada em Sabedoria 5,1-5, manifesta a inversão escatológica onde os justos, outrora humilhados, são exaltados diante dos ímpios, cuja arrogância é desmascarada pela verdade eterna, apontando para a esperança cristã na ressurreição, que São Tomás de Aquino interpreta como a manifestação da ordem divina que recompensa a virtude e pune o pecado, enfatizando que a glória dos santos é um reflexo da justiça de Deus que transcende as aparências terrenas (São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, III, q. 89, a. 2). Já em João 14,1-13, a promessa de Cristo de preparar um lugar na casa do Pai e de ser o caminho, a verdade e a vida, é elucidada por Santo Agostinho como uma revelação da unidade entre o Filho e o Pai, onde conhecer Cristo é conhecer Deus, pois a divindade do Verbo encarnado é o meio pelo qual a humanidade é conduzida à comunhão eterna (Santo Agostinho, Tratados sobre o Evangelho de João, 69.2). São João Crisóstomo, por sua vez, destaca que a confiança exhortada por Jesus (“Não se perturbe o vosso coração”) é um convite à fé na providência divina, que supera as tribulações terrenas pela certeza da intimidade com Deus, revelada nas palavras e obras de Cristo (São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de João, 73.1). São Gregório Magno conecta a festa de São Filipe e São Tiago ao chamado apostólico em João 14, onde Filipe, ao pedir “mostra-nos o Pai”, reflete a busca humana por Deus, que é plenamente satisfeita na pessoa de Cristo, modelo para os apóstolos que, como Tiago, testemunham a verdade com suas vidas (São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, 26).
Síntese Comparativa com os Demais Evangelhos
O Evangelho de João 14,1-13, com sua ênfase em Jesus como “o caminho, a verdade e a vida” e a promessa de preparar um lugar na casa do Pai, apresenta aspectos únicos que são complementados por outros evangelhos. Em Mateus 7,13-14, a imagem do “caminho estreito” que leva à vida reforça a exclusividade de Cristo como caminho, mas foca na disciplina moral e na escolha pessoal, algo não explicitado em João. Marcos 10,29-30 complementa a promessa de João ao assegurar que aqueles que deixam tudo por Cristo receberão “cem vezes mais” e a vida eterna, destacando as recompensas concretas da sequela, enquanto João enfatiza a dimensão escatológica da comunhão com o Pai. Em Lucas 22,28-30, Jesus promete aos discípulos que se sentarão em tronos para julgar as doze tribos de Israel, adicionando uma dimensão de autoridade escatológica aos apóstolos, como Filipe e Tiago, que não aparece em João 14, onde o foco é na intimidade com Deus.
Síntese Comparativa com Textos de São Paulo
João 14,1-13, ao apresentar Jesus como o caminho para o Pai e a fonte de revelação divina, é complementado por textos paulinos que aprofundam aspectos teológicos e práticos. Em Filipenses 3,20-21, Paulo destaca que a cidadania dos cristãos está nos céus, de onde virá Cristo para transformar os corpos mortais, ecoando a promessa de João sobre a morada celestial, mas com ênfase na transformação física da ressurreição. Em Colossenses 1,15-17, Paulo descreve Cristo como a “imagem do Deus invisível” e o mediador de toda a criação, complementando a afirmação de João 14,9 (“Quem me vê, vê o Pai”) com uma visão cósmica da preexistência e soberania de Cristo. Em Romanos 5,1-2, Paulo explica que a paz com Deus é obtida pela fé em Cristo, que dá acesso à graça, oferecendo uma perspectiva soteriológica que detalha como o “caminho” de João se concretiza na justificação.