Santa Catarina de Sena, nascida em 25 de março de 1347 em Siena, Itália, e falecida em 29 de abril de 1380 em Roma, foi uma mística, doutora da Igreja e uma das figuras mais influentes do século XIV. Filha de uma numerosa família de artesãos, ingressou na Ordem Terceira Dominicana aos 16 anos, dedicando-se a uma vida de oração, penitência e serviço aos pobres. Conhecida por suas visões místicas, incluindo o "casamento místico" com Cristo, Catarina também se destacou por sua atuação política, mediando conflitos entre cidades italianas e convencendo o Papa Gregório XI a retornar de Avinhão para Roma em 1377. Sua espiritualidade, marcada por uma íntima união com Deus e zelo pela reforma da Igreja, a tornou patrona da Itália e da Europa. Foi canonizada em 1461 e declarada Doutora da Igreja em 1970. Uma das obras mais significativas de Santa Catarina é o Diálogo da Divina Providência, escrito por volta de 1378, no qual ela registra suas conversas místicas com Deus, abordando temas como a providência divina, a salvação e a reforma da Igreja. Um trecho representativo é: "Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais podias dar-me além de ti mesma? Tu és o fogo que sempre arde sem se consumir; és o fogo que consome todo o amor-próprio da alma."
Introito.
Salmo 44, 8. Dilexísti justítiam, et odísti iniquitátem... Amaste a justiça e odiaste a iniquidade: por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo da alegria acima dos teus companheiros. (T.P. Aleluia, aleluia.) Salmo 44, 2. Meu coração exsultou com uma boa palavra: eu dedico as minhas obras ao Rei.
Leitura Coríntios. 10, 17-18; 11, 1-2.
Irmãos: Quem se gloria, glorie-se no Senhor. Pois não é aprovado aquele que se recomenda a si mesmo, mas aquele que Deus recomenda. Oxalá suportásseis um pouco da minha insensatez; mas, ainda assim, tolerai-me. Pois eu vos celo com o zelo de Deus. Desposei-vos a um único esposo, para vos apresentar a Cristo como virgem casta.
Evangelho segundo Mateus 25, 1-13.
Naquele tempo, Jesus propôs aos seus discípulos esta parábola: O Reino dos Céus será semelhante a dez virgens que, tomando suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo e da esposa. Cinco delas, porém, eram néscias, e cinco eram prudentes. As néscias, tendo tomado as lâmpadas, não levaram consigo azeite; as prudentes, porém, levaram azeite em seus vasos com as lâmpadas. Demorando-se o esposo, todas adormeceram e dormiram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Eis que vem o esposo, saí ao seu encontro. Então, todas aquelas virgens se levantaram e prepararam suas lâmpadas. As néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque nossas lâmpadas se apagam. Responderam as prudentes, dizendo: Para que não nos falte, nem a vós, ide antes aos que vendem e comprai para vós. Enquanto, porém, foram comprar, veio o esposo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e a porta foi fechada. Por fim, vieram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. Mas ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo, não vos conheço. Vigiai, portanto, porque não sabeis o dia nem a hora.
Homilias e Explicações Teológicas
A parábola das virgens prudentes e imprudentes revela a necessidade de uma vigilância espiritual constante, pois a vinda do Esposo é imprevisível, exigindo uma preparação interior que não se improvisa no último momento; assim, a alma deve estar adornada com a caridade, que é o óleo da lâmpada, pois sem ela nenhuma virtude brilha na presença de Deus (Santo Agostinho, Sermão 93). A autocomplacência, condenada por São Paulo em 2Cor 10,17-18, encontra eco na imprudência das virgens que, confiando em sua própria suficiência, negligenciaram a graça divina, ensinando que a glória pertence a Deus e não ao homem, cuja justiça depende da humildade diante do Criador (São João Crisóstomo, Homilia sobre 2 Coríntios 10). A imagem da Igreja como noiva, apresentada por Paulo em 2Cor 11,1-2, reflete a pureza exigida das virgens sábias, que, por sua fidelidade, são dignas de entrar no banquete nupcial, simbolizando a união mística com Cristo, que São Paulo defende com zelo apostólico (Santo Ambrósio, Sobre as Virgens, Livro I). Santa Catarina de Sena, cuja vida exemplifica a vigilância e a entrega total ao Esposo divino, ilustra que a verdadeira sabedoria consiste em consumir-se pelo amor de Deus, mantendo a lâmpada da fé acesa através da oração e da penitência, mesmo em meio às provações (Santa Catarina de Sena, Diálogo da Divina Providência, Cap. 13).
Síntese Comparativa com os Demais Evangelhos
A parábola das dez virgens em Mateus 25,1-13, única neste evangelho, enfatiza a vigilância para a vinda imprevisível do Reino, um tema que encontra complementos distintos nos outros evangelhos. Em Marcos 13,33-37, a exortação à vigilância é ampliada com a imagem do servo que deve permanecer alerta, pois o mestre da casa pode retornar a qualquer hora, destacando a responsabilidade ativa de todos os discípulos, não apenas de um grupo específico como as virgens. Lucas 12,35-40 reforça a prontidão com a metáfora dos servos que mantêm as lâmpadas acesas, mas adiciona a recompensa divina, onde o Senhor, ao retornar, servirá os vigilantes, um aspecto ausente em Mateus. João, em 14,2-3, complementa a parábola com a promessa de Cristo de preparar um lugar na casa do Pai, sugerindo que o banquete nupcial das virgens prudentes simboliza a comunhão eterna com Deus, um desfecho escatológico mais explícito que em Mateus.
Síntese Comparativa com Textos de São Paulo
A parábola das virgens em Mateus 25,1-13, com seu foco na vigilância e preparação para o encontro com o Esposo, é enriquecida por textos paulinos que aprofundam a dimensão espiritual e eclesiológica. Em 1Tessalonicenses 5,4-6, Paulo exorta os cristãos a serem “filhos da luz”, permanecendo sóbrios e vigilantes, um chamado que ecoa a prudência das virgens sábias, mas com ênfase na identidade coletiva da comunidade cristã diante da vinda do Senhor. Em Efésios 5,25-27, a imagem da Igreja como noiva de Cristo, purificada e santa, complementa o simbolismo nupcial da parábola, destacando o sacrifício redentor de Cristo que torna a Igreja digna do banquete escatológico. Filipenses 2,15-16 reforça a necessidade de brilhar como luzes no mundo, sustentando a palavra da vida, uma metáfora que se alinha ao óleo das lâmpadas das virgens prudentes, mas aplicada à missão evangelizadora dos cristãos.