Introito
(Salmo 32, 20-21) Adjútor et protéctor noster est Dominus... O Senhor é nosso auxílio e protetor; nele se alegrará o nosso coração, e em seu santo nome esperamos, aleluia, aleluia. (Salmo 79, 2) Vós que governais Israel, atendei; vós que conduzis José como uma ovelha.
(Salmo 32, 20-21) Adjútor et protéctor noster est Dominus... O Senhor é nosso auxílio e protetor; nele se alegrará o nosso coração, e em seu santo nome esperamos, aleluia, aleluia. (Salmo 79, 2) Vós que governais Israel, atendei; vós que conduzis José como uma ovelha.
Leitura (Gênesis 49, 22-26)
José é um filho que cresce, um filho que cresce e é formoso de aparência; as filhas correram sobre o muro. Mas o exasperaram, e o combateram, e os que manejam flechas o invejaram. Seu arco permaneceu firme, e os laços de seus braços e mãos foram soltos pelas mãos do poderoso Jacó; daí saiu o pastor, a pedra de Israel. O Deus de teu pai será teu auxílio, e o Todo-Poderoso te abençoará com bênçãos do céu acima, bênçãos do abismo que jaz abaixo, bênçãos dos seios e do ventre. As bênçãos de teu pai prevaleceram sobre as bênçãos de seus antepassados, até que viesse o Desejado das colinas eternas; sejam elas sobre a cabeça de José e sobre o topo do Nazareno entre seus irmãos.
Evangelho (Lucas 3, 21-23)
Naquele tempo, aconteceu que, enquanto todo o povo era batizado, Jesus, tendo sido batizado e estando em oração, abriu-se o céu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e uma voz veio do céu: “Tu és meu Filho amado, em ti me agrado”. E o próprio Jesus tinha cerca de trinta anos, sendo, como se pensava, filho de José.
Homilias e explicações teológicas
A bênção de Jacó a José em Gênesis 49 revela a eleição divina de José como canal de bênçãos abundantes, prefigurando a missão de São José como guardião da Sagrada Família, cuja obediência silenciosa reflete a fecundidade espiritual que transcende a mera prosperidade terrena, apontando para a redenção em Cristo (Santo Agostinho, Sermo 46, De Pastoribus). A descendência de José, destinada a ser um "ramo fecundo", simboliza a Igreja, que, sob a proteção de São José, cresce como videira sustentada pela graça divina, unindo o Antigo e o Novo Testamento na economia da salvação (São Beda, o Venerável, In Genesim). O batismo de Jesus em Lucas 3, com a manifestação do Espírito Santo e a voz do Pai, sublinha a filiação divina de Cristo, mas também destaca São José como aquele que, na humildade de sua paternidade adotiva, coopera com o plano trinitário, ensinando que a verdadeira grandeza reside no serviço à vontade de Deus (São João Crisóstomo, Homiliae in Matthaeum, Hom. 4). A genealogia de Jesus, traçada até Adão, enfatiza a universalidade da redenção, na qual São José, como pai legal, desempenha um papel único ao integrar Cristo na linhagem davídica, assegurando a continuidade das promessas messiânicas (Santo Ambrósio, De Patriarchis, 11). A obediência de São José ao chamado divino, mesmo sem compreender plenamente, espelha a fé de Jacó, que profetizou bênçãos futuras, mostrando que a confiança na providência divina é a chave para participar do mistério da encarnação (São Bernardo de Claraval, Sermo in Cantica Canticorum, 61).
Síntese comparativa com os demais Evangelhos
O relato do batismo de Jesus em Lucas 3:21-23, com a descida do Espírito Santo e a voz do Pai, encontra complementos nos outros Evangelhos que enriquecem sua compreensão. Em Mateus 3:13-17, a narrativa inclui o diálogo entre Jesus e João Batista, onde João hesita em batizá-lo, destacando a humildade de Cristo que se submete ao batismo para cumprir "toda a justiça", um aspecto não explicitado em Lucas. Marcos 1:9-11 apresenta o batismo com maior concisão, mas enfatiza a visão pessoal de Jesus do céu se abrindo, sugerindo uma experiência mística mais íntima, diferente do enfoque coletivo de Lucas, que menciona "todo o povo" batizado. João 1:29-34 não descreve o batismo diretamente, mas complementa com o testemunho de João Batista, que identifica Jesus como o "Cordeiro de Deus" e confirma a permanência do Espírito sobre Ele, reforçando a dimensão sacrificial e divina de Cristo, ausente no texto lucano. Esses elementos adicionais destacam a humildade, a experiência pessoal e a missão sacrificial de Jesus, que Lucas omite ou trata de forma mais sucinta.
Síntese comparativa com textos de São Paulo
A bênção de Jacó a José em Gênesis 49,22-26, que exalta a fecundidade e a proteção divina, encontra eco em Efésios 1,3-6, onde Paulo descreve as bênçãos espirituais em Cristo, que tornam os fiéis filhos adotivos de Deus, um tema que ressoa com a filiação divina de Jesus no batismo (Lucas 3,21-23). Em Romanos 8,14-17, Paulo complementa Lucas ao explicar que aqueles conduzidos pelo Espírito são filhos de Deus, coerdeiros com Cristo, ampliando a filiação divina do batismo para todos os cristãos, algo não explicitado no evangelho. A imagem de José como ramo frutífero em Gênesis alinha-se com Gálatas 3,16, onde Paulo interpreta as promessas feitas aos patriarcas como cumpridas em Cristo, a "semente" singular, conectando a herança de José à universalidade da salvação. Sobre São José, 1 Coríntios 4,15, onde Paulo se apresenta como pai espiritual, ilumina o papel de José como pai adotivo de Jesus, um guardião que guia sem ser de origem biológica, um aspecto não abordado diretamente nos textos de Gênesis ou Lucas.