25 MAIO - V DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA


Introito (Is 48, 20 | Sl 65, 1-2) (Áudio)
Vocem iucunditátis annuntiáte, et audiátur, allelúia... Com voz de júbilo, anunciai e fazei ouvir: aleluia. Proclamai até os extremos da terra: o Senhor libertou o seu povo, aleluia, aleluia. Ps. Louvai a Deus, ó terra inteira; cantai salmos em honra de seu Nome; daí-Lhe glória em seu louvor. ℣. Glória ao Pai…

Epístola (Tg 1, 22-27)
Caríssimos: Sede cumpridores da palavra [de Deus] e não somente ouvintes; do contrário, vós enganais a vós mesmos. Porque se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, será semelhante a um homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; considerando a si mesmo, foi-se, e logo se esqueceu como era. Mas quem atentamente fixar a sua vista na lei perfeita da liberdade [o Evangelho] e nela perseverar, não sendo ouvinte esquecediço, senão cumpridor da obra, será bem-aventurado pelo que praticar. Se alguém se julga religioso, mas não refreia a sua língua, e ilude o seu próprio coração, sua religião é vã. A religião pura e sem mácula diante de Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações e conservar-se puro da corrução deste mundo.

Evangelho (Jo 16, 23-30)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Em verdade, em verdade, vos digo: Se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu Nome, Ele vo-la dará. Até agora nada pedistes em meu Nome. Pedi e recebereis para que a vossa alegria seja completa. Estas coisas vos disse em parábolas. Vem a hora em que já não vos falarei em parábolas, mas abertamente vós falarei do Pai. Naquele dia pedíreis em meu Nome: e não vos digo que hei de rogar por vós ao Pai, pois o próprio Pai vos ama, porque vós me amastes e crestes que eu saí de Deus. Saí do Pai e vim ao mundo, deixo outra vez o mundo e vou ao Pai. Disseram-Lhe os discípulos: Eis que agora nos falais claramente e não usais nenhuma parábola. Agora conhecemos que sabeis tudo, e que não tendes necessidade que alguém Vos interrogue. Por isso cremos que saístes de Deus.

Homilias e Explicações Teológicas
A verdadeira alegria do povo redimido, proclamada por Isaías, manifesta-se na saída da escravidão para a liberdade, simbolizando a alma que, libertada do pecado, busca a santidade com coração puro; assim, a voz que louva a Deus, como no Salmo, é a expressão da alma que reconhece sua dependência do Criador, unindo-se à criação em um cântico de gratidão (Santo Agostinho, Sermões sobre o Salmo 65). A prática da palavra, conforme Tiago, não é apenas ouvir, mas conformar a vida à vontade divina, pois a fé sem obras é estéril, e o cuidado com os necessitados reflete a pureza do coração que agrada a Deus (São Gregório Magno, Homilia sobre a Epístola de Tiago). No Evangelho, a promessa de Cristo de que o Pai concede tudo o que pedimos em seu nome revela a união íntima entre o Filho e o Pai, mostrando que a oração cristã é um ato de confiança na mediação divina, que nos eleva à comunhão com a Trindade (Santo Ambrósio, Sobre o Evangelho de João). Essa comunhão exige que o coração esteja livre de apegos mundanos, pois só assim a alma pode pedir com retidão e receber a graça que a conduz à verdade plena (São Bernardo de Claraval, Sermões sobre o Cântico dos Cânticos).

Comparação com os Demais Evangelhos
O texto de João 16, 23-30, onde Jesus promete que o Pai atenderá os pedidos feitos em seu nome e declara ter vindo do Pai, destaca a relação direta entre o discípulo e Deus por meio de Cristo, um aspecto menos explícito em Mateus, onde a oração é frequentemente vinculada à fé e à perseverança (Mt 7, 7-11). Em Marcos, a ênfase na oração está na confiança absoluta, sem a menção explícita da mediação do nome de Jesus (Mc 11, 24). Lucas complementa João ao mostrar a oração como um diálogo contínuo com Deus, ilustrado pela parábola do amigo importuno (Lc 11, 5-13), que adiciona a ideia de insistência, não abordada diretamente em João. Além disso, a clareza de Jesus sobre sua origem divina em João encontra eco em Lucas 10, 22, mas com maior ênfase na revelação do Pai aos humildes, um matiz não presente em João.

Comparação com Textos de São Paulo
A leitura de Tiago 1, 22-27, que exorta a ser "praticantes da palavra" e a cuidar dos órfãos e viúvas, encontra complemento em Romanos 2, 13, onde Paulo afirma que não são os ouvintes da lei que são justos, mas os que a cumprem, reforçando a necessidade de uma fé ativa. A pureza de coração exigida por Tiago para agradar a Deus é enriquecida por 1 Coríntios 13, 1-3, onde Paulo destaca que sem caridade, até as maiores obras são vãs, adicionando a centralidade do amor como motivação das ações. A promessa de João 16, 23-30 sobre a oração em nome de Jesus é iluminada por Filipenses 2, 9-11, onde Paulo exalta o nome de Jesus como aquele que confere autoridade universal, sugerindo que a eficácia da oração deriva da exaltação de Cristo. Além disso, a saída do mundo mencionada em João ecoa em Gálatas 1, 4, onde Paulo descreve Cristo como aquele que se entregou para nos libertar do presente século mau, enfatizando a redenção como um ato consumado.

Comparação com Documentos da Igreja
A exortação de Isaías 48, 20 à proclamação jubilosa da redenção ressoa no Breviarium Romanum (edição de 1911), que, na festa da Ascensão, celebra a vitória de Cristo como a libertação do povo de Deus, conectando a saída do cativeiro à ascensão gloriosa do Salvador. O Salmo 65, com seu convite à adoração universal, encontra eco no Missal Romano (1920), que, nas orações da Missa de Pentecostes, sublinha a unidade da criação sob o louvor a Deus, enfatizando a ação do Espírito que reúne os povos. A advertência de Tiago 1, 22-27 sobre a prática da palavra é complementada pelo Catecismo do Concílio de Trento (1566), que ensina que a verdadeira fé se manifesta em obras de caridade, como o cuidado com os pobres, um tema apenas implícito em Tiago. A promessa de João 16, 23-30 sobre a oração eficaz é enriquecida pelo Rituale Romanum (edição de 1913), que, nas orações pelos enfermos, destaca a confiança no nome de Jesus como fonte de graças, adicionando a dimensão sacramental à oração cristã.