11 MAIO - III DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA


Introito (Sl 65, 1-2 | ib.,3) (Áudio)
Jubiláte Deo, omnis terra, allelúia... Celebrai a Deus, toda a terra, aleluia. Cantai salmos em honra de seu Nome, aleluia. Tributai-Lhe os vossos louvores, aleluia, aleluia, aleluia. Ps. Dizei a Deus: Como são terríveis as vossas obras, Senhor! Por vosso grande poder, até os vossos inimigos Vos tributam louvores.

Epístola (I Pe 2, 11-19)
Caríssimos: Rogo-vos, como estrangeiros e peregrinos que sois [neste mundo] que renuncieis aos desejos carnais que combatem contra a alma. Tende um bom procedimento entre os pagãos, para que, em vez de detraírem de vós como de malfeitores, vendo as vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia de sua visita. Sede, pois, submissos a toda instituição humana, por amor de Deus; seja ao rei, como soberano, seja aos governadores, como enviados seus, para castigo dos malfeitores e para louvor dos bons. Porque esta é a vontade de Deus, que praticando o bem, façais emudecer a ignorância dos homens insensatos. Vivei como homens livres, mas não como fazendo da liberdade um véu da malícia, e sim como servos de Deus. Honrai a todos; amai a vossos irmãos; temei a Deus; respeitai o rei. Servos, sede obedientes com todo o temor a vossos senhores, não somente aos bons e moderados, como também aos geniosos. Porque isto é uma graça no Cristo Jesus, Senhor nosso.

Evangelho (Jo 16, 16-22)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Ainda um pouco de tempo e já não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver porque vou ao Pai. Disseram então alguns dos seus discípulos entre si: Que é isto que Ele nos diz? Ainda um pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver, porque vou ao Pai? Diziam pois: Que quer dizer com isso: “Um pouco de tempo”? Não sabemos o que Ele quer dizer. Conheceu porém Jesus que eles O queriam interrogar, e disse-lhes: Sobre isso discutis entre vós, porque eu disse: Ainda um pouco de tempo e não me vereis; mais um pouco de tempo e me tornareis a ver. Em verdade, em verdade eu vos digo: haveis de chorar e vos lamentar, enquanto o mundo há de se alegrar; vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em gozo. Uma mulher, quando dá à luz, tem tristeza, porque veio a sua hora, mas logo que a criança nasce, já não se lembra da aflição, pela alegria por haver nascido ao mundo um homem. Assim vós outros, agora estais tristes, mas outra vez vos verei; então alegrar-se-á o vosso coração; e ninguém vos há de tirar a vossa alegria.

Homilias e Explicações Teológicas
A peregrinação da alma, que vive como estrangeira neste mundo, encontra na exortação à santidade um chamado à imitação de Cristo, cuja ausência temporária, como prometida no Evangelho, purifica o coração para a alegria eterna; assim, a submissão às autoridades terrenas, quando ordenada à vontade divina, reflete a paciência de Cristo, que suportou a cruz por amor, transformando o sofrimento em glória (Santo Agostinho, Sermo 171). A tristeza transitória dos discípulos, decorrente da partida de Jesus, é um mistério de purificação, pois a alma, ao experimentar a ausência do Esposo, aprende a desejar mais ardentemente a visão beatífica, enquanto a obediência às leis humanas, conforme Pedro, é um exercício de humildade que prepara o coração para a liberdade celestial (São Tomás de Aquino, Commentarium in Ioannem, cap. 16). A alegria prometida por Cristo, que supera toda dor, é prefigurada na esperança dos justos que, vivendo como exilados, encontram na virtude da paciência a força para suportar as provações, ordenando todas as ações ao fim último da união com Deus (São Gregório Magno, Moralia in Job, Lib. 10). A tensão entre a vida terrena e a celestial, expressa por Pedro, ensina que a alma deve governar os desejos carnais através da ascese, para que, como Cristo consola os discípulos, a visão de Deus seja a recompensa final que transforma toda tristeza em gozo eterno (Santo Ambrósio, De Fide, Lib. 5).

Síntese Comparativa com os Demais Evangelhos
O texto de João 16:16-22, com seu enfoque na tristeza temporária dos discípulos e na promessa de alegria duradoura, encontra complementos em outros Evangelhos que aprofundam o mistério da ausência e do retorno de Cristo. Em Mateus 28:20, a promessa de Jesus, “Estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”, adiciona a certeza de sua presença espiritual contínua, mesmo após sua ascensão, algo não explicitado em João, que foca na experiência emocional da espera. Marcos 13:32-37 enfatiza a vigilância durante a ausência de Cristo, comparando os discípulos a servos que aguardam o retorno do mestre, complementando João com um chamado à prontidão ativa, enquanto João destaca a transformação interior da tristeza em alegria. Em Lucas 24:51-53, a ascensão de Jesus é acompanhada pela alegria imediata dos discípulos, que retornam a Jerusalém louvando a Deus, contrastando com a tristeza inicial descrita em João e sugerindo uma resolução mais rápida do luto pela partida de Cristo. Esses textos, ao abordarem a presença, a vigilância e a alegria pós-ascensão, enriquecem a narrativa joanina com dimensões práticas e escatológicas não enfatizadas no trecho de João.

Síntese Comparativa com Textos de São Paulo
A exortação de 1 Pedro 2:11-19 à vida como estrangeiros, com submissão às autoridades por amor a Deus, e a promessa de João 16:16-22 sobre a alegria que supera a tristeza encontram complementos nos escritos paulinos, que aprofundam a relação entre sofrimento, esperança e obediência cristã. Em Romanos 13:1-7, Paulo reforça a submissão às autoridades civis como um dever derivado da ordem divina, mas adiciona uma dimensão teológica ao explicar que tais autoridades são instituídas por Deus para o bem comum, um aspecto não detalhado em Pedro, que foca na paciência em meio ao sofrimento. Em Filipenses 3:20-21, Paulo descreve a cidadania celestial dos cristãos, complementando a imagem de Pedro sobre a vida como estrangeiros ao enfatizar a transformação futura do corpo mortal em um corpo glorioso, alinhando-se com a alegria escatológica prometida em João. Em 2 Coríntios 4:16-18, Paulo aborda o sofrimento como temporário frente à glória eterna, ecoando a transformação da tristeza em alegria de João, mas com ênfase na renovação interior diária, um processo não explicitado no Evangelho.