Missa "Ego autem", do Comum nas Vigílias dos Apóstolos


Intróito
Salmos 51, 10 e 11. Eu, porém, como uma oliveira frutífera na casa do Senhor, confiei na misericórdia do meu Deus; e esperarei o teu nome, porque é bom diante dos teus santos. Salmo, ibid., 3. Por que te glorias na malícia, tu que és poderoso na iniquidade?

Eclesiástico 44, 25-27; 45, 2-4 e 6-9.
A bênção do Senhor está sobre a cabeça do justo. Por isso, o Senhor lhe deu uma herança e lhe destinou uma parte entre as doze tribos; e ele encontrou graça aos olhos de toda carne. E o Senhor o engrandeceu no temor dos inimigos, e com suas palavras aplacou prodígios. Glorificou-o na presença dos reis, deu-lhe ordens diante de seu povo e mostrou-lhe a sua glória. Em sua fé e mansidão, o fez santo e o escolheu dentre toda carne. E deu-lhe, diante de todos, os preceitos e a lei da vida e da disciplina, e o elevou. Estabeleceu com ele uma aliança eterna, cingiu-o com o cinto da justiça e o Senhor o coroou com uma coroa de glória.

Gradual
Salmos 91, 13 e 14. O justo florescerá como a palmeira; multiplicar-se-á como o cedro do Líbano na casa do Senhor. ℣. Ibid., 3. Para anunciar de manhã a tua misericórdia e a tua verdade durante a noite.

Evangelho João 15, 12-16.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: dar a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu, porém, vos chamei amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; para que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo conceda.

Reflexões
  1. O amor ordenado por Cristo é a alma da vida apostólica, pois une o homem a Deus e ao próximo, não por afeição natural, mas pela graça divina que transforma o coração para buscar o bem eterno (Santo Agostinho, Sermões sobre o Evangelho de João, 65).
  2. A eleição dos apóstolos, como descrito no Evangelho, não nasce de méritos humanos, mas da iniciativa gratuita de Deus, que escolhe os humildes para confundir os sábios (Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de João, 15).
  3. O Salmo 51 ensina que a pureza de coração, obtida pela contrição, é o fundamento da missão apostólica, pois só um coração renovado pode carregar a luz de Cristo (Santo Hilário de Poitiers, Tratado sobre os Salmos, 51).
  4. Eclesiástico exalta os santos que, como os apóstolos, foram elevados por Deus para guiar o povo, mostrando que a santidade é um reflexo da glória divina, não da força humana (Santo Gregório Magno, Homilias sobre os Profetas, 44).
  5. O Salmo 91 promete proteção divina aos que confiam em Deus, revelando que a vitória do apóstolo sobre os perigos do mundo vem da confiança absoluta na providência (Santo Basílio Magno, Homilia sobre o Salmo 91).
  6. Mateus 22, 37-40 complementa João 15, 12-16 ao ensinar que o amor a Deus e ao próximo resume toda a Lei, indicando que o mandamento de Cristo é a plenitude da Torah.
  7. Marcos 10, 43-45 adiciona que o serviço humilde, até o sacrifício, é o caminho para viver o amor ordenado por Cristo, enfatizando a liderança como doação.
  8. Lucas 10, 16 sublinha que ouvir os apóstolos é ouvir o próprio Cristo, destacando a autoridade divina conferida aos escolhidos.
  9. 1 Coríntios 13, 4-7 define o amor como paciente e desinteressado, complementando João 15 ao mostrar que o amor apostólico exige virtudes concretas, como a paciência e a bondade.
  10. Gálatas 5, 22-23 apresenta o amor como o primeiro fruto do Espírito, sugerindo que a amizade com Cristo nasce da ação do Espírito Santo no coração.
  11. Romanos 8, 28-30 revela que a eleição dos apóstolos é parte do plano eterno de Deus, que predestina os chamados à glória.
  12. A Didaqué (c. 100) exorta os fiéis a viverem em unidade e caridade, complementando João 15 ao enfatizar a comunidade como reflexo do amor cristão (cap. 1).
  13. O Decreto de Graciano (1140) sublinha que a missão apostólica é sustentada pela graça sacramental, que fortalece os escolhidos para a pregação (Causa 1, q. 1).
  14. A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino (c. 1270) ensina que a amizade com Cristo, descrita no Evangelho, é a caridade perfeita que une o homem a Deus por meio da graça (II-II, q. 23, a. 1).