11 ABRIL - 6A-FEIRA DA SEMANA DA PAIXÃO


Comemoração das Sete Dores de Nossa Senhora

Introito (Salmo 30 (31), 10, 16 e 18) 
Compadece-te de mim, Senhor, pois estou angustiado; liberta-me e salva-me das mãos dos meus inimigos e dos que me perseguem. Senhor, que eu não seja confundido pois te invoquei. (Salmo 30 (31), 2) Em ti, Senhor, coloquei minha esperança, que eu não seja confundido para sempre; pela tua justiça, liberta-me. Compadece-te de mim.

Leitura (Jer 17, 13-18) 
Naqueles dias, disse Jeremias: Ó Senhor, todos os que te abandonam serão confundidos; os que se afastam de ti serão inscritos na terra, pois abandonaram a fonte das águas vivas, o Senhor. Cura-me, Senhor, e serei curado; salva-me, e serei salvo, pois tu és o meu louvor. Eis que eles me dizem: “Onde está a palavra do Senhor? Que ela se cumpra!” Eu, porém, não me perturbei, seguindo-te como pastor, nem desejei o dia do homem, tu o sabes. O que saiu dos meus lábios foi reto diante de ti. Não sejas para mim motivo de temor; tu és a minha esperança no dia da aflição. Sejam confundidos os que me perseguem, mas que eu não seja confundido; que eles tremam, e não eu. Faze cair sobre eles o dia da aflição e despedaça-os com dupla destruição, Senhor, nosso Deus.

Evangelho (Jo 11, 47-54) 
Naquele tempo, os principais sacerdotes e os fariseus reuniram o Sinédrio e disseram: “O que faremos? Este homem está realizando muitos sinais. Se o deixarmos continuar assim, todos acreditarão nele, e os romanos virão e destruirão tanto nosso lugar santo quanto nossa nação.” Mas um deles, Caifás, que era o sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: “Vocês não entendem nada! Não percebem que é melhor para vocês que um só homem morra pelo povo, do que toda a nação pereça?” Ele não disse isso por si mesmo, mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação; e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus que estavam dispersos. A partir daquele dia, decidiram matá-lo. Por isso, Jesus não andava mais publicamente entre os judeus, mas retirou-se para uma região próxima ao deserto, para uma cidade chamada Efraim, onde ficou com seus discípulos

Homilias de Doutores da Igreja Católica
A morte de um único homem é vista como a semente lançada à terra, que, ao morrer, produz fruto abundante, reunindo todos os povos numa única família divina, pois o sacrifício de Cristo é o preço da redenção universal, não limitado a uma nação, mas estendido a toda criação (Agostinho, Tratados sobre o Evangelho de João, 51.8). O sumo sacerdote, sem compreender, pronuncia uma verdade que transcende sua intenção, pois o Espírito guia suas palavras para revelar o mistério da cruz, onde o Filho do Homem é elevado para atrair todos a si, cumprindo a promessa de unidade dos filhos de Deus (Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, 2.18). A retirada de Jesus para o deserto não é fuga, mas um ato de prudência divina, pois o Salvador, conhecendo o coração humano, escolhe o momento exato para sua paixão, ensinando que a verdadeira força está na obediência ao tempo de Deus, que transforma a perseguição em glória (João Crisóstomo, Homilias sobre João, 66.1). O plano dos inimigos, ao buscar eliminar a vida, paradoxically abre as portas da vida eterna, pois o sangue derramado é o selo da nova aliança, que reconcilia o céu e a terra (Agostinho, Tratados sobre o Evangelho de João, 51.9). A profecia involuntária de Caifás aponta para a dignidade sacerdotal de Cristo, que, como verdadeiro Sumo Sacerdote, oferece a si mesmo, não por um ano, mas por toda eternidade, para santificar os que estavam dispersos (Gregório Magno, Moralia in Job, 17.54). A escolha de Efraim como refúgio evoca a humildade do Messias, que, ao se afastar, prepara os corações para a revelação final de sua divindade, quando a cruz manifestará sua realeza (João Crisóstomo, Homilias sobre João, 66.2).


Síntese Comparativa com os Evangelhos Sinóticos Nos evangelhos sinóticos, a conspiração contra Jesus após a ressurreição de Lázaro não é detalhada como em João. Mateus 26, 3-5 descreve uma reunião dos líderes no palácio de Caifás, onde decidem prender Jesus em segredo para evitar tumulto, mas sem mencionar a profecia de Caifás ou o motivo específico ligado aos sinais. Marcos 14, 1-2 também relata a trama para matá-lo antes da Páscoa, enfatizando a cautela para não provocar o povo, mas omite a dimensão universal da morte de Jesus. Lucas 22, 1-2 foca na busca de uma oportunidade para eliminar Jesus, destacando a traição de Judas como facilitadora, mas não conecta a decisão diretamente aos milagres. João, ao contrário, explicita que a ressurreição de Lázaro desencadeia o temor dos líderes de perderem poder, com a profecia de Caifás revelando, mesmo sem intenção, que a morte de Jesus reunirá os filhos de Deus dispersos, um tema ausente nos sinóticos. Assim, João complementa os outros ao ligar a conspiração a um milagre específico e ao dar um sentido teológico universal à cruz.