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Liturgia Diária – 08 mar - SÁBADO DEPOIS DAS CINZAS

Féria de 3ª Classe – Missa Própria, com comemoração de S. João de Deus, Confessor

São João de Deus, Confessor (1495-1550)
nasceu em 8 de março de 1495, em Montemor-o-Novo, Portugal, e faleceu em 8 de março de 1550, em Granada, Espanha. Inicialmente viveu uma vida errante, trabalhando como pastor, soldado e vendedor de livros, até que, aos 40 anos, experimentou uma profunda conversão espiritual após ouvir um sermão de São João de Ávila, em 1539. Esse momento marcou sua entrega total a Deus, levando-o a dedicar-se aos pobres e doentes. Fundou o Hospital de São João de Deus em Granada, em 1540, onde cuidava pessoalmente dos necessitados, mesmo enfrentando dificuldades financeiras e críticas. Sua vida espiritual foi caracterizada por uma intensa caridade, humildade e penitência, culminando em sua morte de joelhos, em oração, um feito que reforçou sua fama de santidade. Embora São João de Deus não tenha deixado obras literárias extensas como outros santos, suas cartas pessoais são um testemunho de sua espiritualidade e missão. Uma de suas poucas obras preservadas é uma carta escrita a uma benfeitora, conhecida como a "Carta à Duquesa de Sessa", datada de cerca de 1548. Nela, ele expressa sua gratidão e humildade, além de seu compromisso com os pobres: "Eu, João de Deus, pecador e indigno, vos peço, por amor de Nosso Senhor, que me ajudeis a sustentar estes pobres, que são os verdadeiros ricos aos olhos de Deus."

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 29, 11 | ib., 2)
Audívit Dóminus, et misértus est mihi... O Senhor me ouviu e se compadeceu de mim. O Senhor se fez o meu auxílio. Sl. Eu Vos glorificarei, Senhor, porque me recebestes, e não permitistes que os meus inimigos se alegrassem à minha custa.℣. Glória ao Pai.

Epístola (Is 58, 9-14)
Profeta Isaías. Eis o que diz o Senhor Deus: Se afastares a cadeia do meio de ti e deixares de estender o dedo, e de dizer o que não convém, se abrires tua mão ao faminto e consolares a alma aflita, levantar-se-á nas trevas a tua luz, e as tuas trevas serão como o meio dia. Descanso sem fim te dará o Senhor que encherá de luz a tua alma e libertará os teus ossos. Tornar-te-ás como um jardim bem irrigado; assim como uma fonte, cujas águas jamais secarão. Reconstruirás as ruínas dos séculos passados, elevarás os fundamentos das gerações inteiras e serás chamado o construtor dos muros, aquele que torna seguro os caminhos. Se retiveres o teu pé, por causa do sábado, para não fazeres a tua vontade no meu santo dia; se chamares ao sábado tuas delícias, o dia santo e glorioso do Senhor, e o santificares, deixando de seguir as tuas veredas, não executando a tua própria vontade e não dizendo palavras vãs, então te alegrarás no Senhor, e eu te elevarei, acima das alturas da terra e te alimentarei com a herança de Jacó, teu pai. Assim falou a boca do Senhor.

Evangelho (Mc 6, 47-56)

Naquele tempo, tendo caído a tarde, estava a barca no meio do mar e Jesus, sozinho em terra. E viu que os seus discípulos labutavam com os remos (porque o vento lhes estava contrário). Pela quarta vigília da noite foi até eles, andando sobre o mar e querendo passar-lhes adiante. Quando eles O viram, andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram. Todos eles o puderam ver e ficaram atemorizados. E logo Jesus lhes falou e lhes disse: Tende confiança, sou eu, não vos assusteis. Quando subiu até eles, na barca, o vento cessou. E ainda mais se admiraram, no íntimo, pois não haviam compreendido o milagre dos pães, por estar obcecado o seu coração. Quando passaram à outra banda, vieram à terra de Genesaré e aí abordaram. Saindo da barca, os do lugar reconheceram logo a Jesus. E percorrendo eles toda aquela região, começaram a trazer-Lhe, em leitos, aqueles que tinham enfermidades, onde ouviam dizer que Ele estava. Onde quer que entrasse, nas aldeias, nas vilas, e nas cidades punham nas praças os doentes, e Lhe pediam que ao menos os deixasse tocar na orla de seu vestido. E todos os que O tocavam ficavam curados.

Homilia

Santo Agostinho – Sermão 75 - O mar agitado é a vida presente, cheia de tormentas e provações, onde os ventos contrários são as tentações que nos desviam de Deus; o barco é a Igreja, que carrega os fiéis em meio às ondas, e Cristo, ao andar sobre as águas, mostra que está acima de todas as coisas criadas, sendo Senhor até das tempestades; sua demora em subir ao barco ensina a paciência na tribulação, pois Ele nunca abandona os seus, mas os prova para que cresçam na fé; quando Pedro afunda, é o homem que confia em si mesmo e não em Deus, mas o clamor a Cristo o salva, significando que a salvação vem pela humildade e pela oração; os ventos cessam quando Ele entra, pois sua presença traz paz à alma e à Igreja; os doentes curados na margem são os pecadores que, tocando a Cristo pela fé, recebem a graça da redenção; o milagre não é apenas poder, mas um sinal do domínio eterno de Cristo sobre o caos do mundo e do coração humano; os discípulos, ainda duros de coração, representam os que veem os sinais, mas tardam em compreender a divindade do Salvador.

Liturgia Diária – 07 mar - SEXTA-FEIRA DA 3ª SEMANA DA QUARESMA

Féria de 3ª Classe – Missa Própria, com comemoração de S. Tomás de Aquino, Confessor e Doutor.

1a sexta feira do mês
Sagrado coração de Jesus
Abstinência de carne
Ato de reparação, ver abaixo

São Tomás de Aquino (1225-1274) 
foi um dos mais influentes teólogos e filósofos da Igreja Católica, nascido em Roccasecca, Itália, em uma família nobre. Entrou na Ordem dos Dominicanos em 1244, contra a vontade de seus parentes, dedicando-se ao estudo e à espiritualidade. Estudou em Paris e Colônia, sendo discípulo de Santo Alberto Magno, e tornou-se mestre em teologia em 1256. Sua vida foi marcada pela busca da harmonia entre fé e razão, o que o levou a criar a síntese filosófico-teológica conhecida como Tomismo. Canonizado em 1323 por Papa João XXII, foi declarado Doutor da Igreja em 1567. Seus feitos espirituais incluem a profunda devoção eucarística e hinos litúrgicos, como os compostos para a festa de Corpus Christi.
Uma das obras mais célebres de São Tomás de Aquino é a Summa Theologiae, escrita entre 1265 e 1274, um tratado monumental que aborda teologia, filosofia e ética. Nela, ele sistematiza o conhecimento cristão, respondendo a questões fundamentais sobre Deus, a criação e a moralidade. Um texto representativo é da Prima Pars, Questão 2, Artigo 3, onde ele apresenta as "Cinco Vias" para provar a existência de Deus. Ele escreve: Tudo o que se move é movido por outro. [...] Portanto, é necessário chegar a um primeiro motor, que não é movido por nada.


PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 26, 8 e 9 | ib., 1)
Tibi dixit cor meum, quæsívi vultum tuum. vultum tuum, Dómine, requíram... Meu coração Vos diz: Procuro a vossa face, Senhor, procurarei a vossa presença; não afasteis de mim a vossa face. Sl. O Senhor é minha Luz e minha Salvação; a quem temerei? ℣. Glória ao Pai.

Epístola (3 Reis, 17, 8-16)
Naqueles dias, a palavra do Senhor foi dirigida a Elias, de Tesbé, nestes termos: Levanta-te, vai a Sarepta dos Sidônios e ali permanece: porque ordenei ali a uma mulher viúva, que te sustente. Levantou-se [Elias] e foi a Sarepta. Chegando à porta da cidade, apareceu-lhe uma mulher viúva que juntava lenha. Chamou-a, dizendo-lhe: Dá-me um pouco dágua em um vaso, para que beba. Enquanto ela ia buscar água para lhe dar, ele gritou atrás dela, dizendo. Traze-me também, suplico-te, um bocado de pão, em tua mão. Ao que ela respondeu: Pelo Senhor, teu Deus, que não tenho pão; tenho apenas um pouco de farinha, quanto possa caber em uma vasilha, e um pouco de azeite em um vaso. Venho apanhar alguns pedaços de lenha para ir aprontar comida para mim e para meu filho, para que comamos e depois morramos. E Elias respondeu: Não te [preocupes, mas vai e faze como disseste; porem prepara primeiro para mim, desse restinho de farinha, um pequeno pão cozido nas cinzas e traze-mo; farás o mesmo depois para ti e para teu filho. Porque, eis o que disse o Senhor Deus de Israel: A farinha que está na vasilha não faltará, nem o óleo diminuirá no vaso até o dia em que o Senhor faça chover sobre a terra. Foi-se pois a mulher e fez conforme a palavra de Elias; e Ele comeu, e ela, e toda a sua família. E desde esse dia, a farinha não faltou na vasilha, nem o óleo diminuiu no vaso, como o Senhor dissera pela boca de Elias.

Evangelho (Mt 23, 1-12)
Naquele tempo, falou Jesus às multidões e a seus discípulos, dizendo: Sobre a cadeira de Moisés assentaram-se os escribas e os fariseus. Tudo pois, quanto eles vos disserem, observai-o e fazei-o. Não imiteis, porém, as suas obras, porque o que dizem, não o fazem. Eles amarram fardos pesados e insustentáveis e os põem nos ombros dos homens; não querem, porém, movê-los com um dedo seu. Fazem todas as suas obras, para serem vistos pelos homens, pelo que, usam filatérias mais largas e mais compridas franjas. Gostam dos primeiros lugares nas festas, e das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações no foro, e de serem chamados mestres pelos homens. Vós, porém, não queirais ser chamados mestres, porque um só é vosso Mestre; todos vós sois, no entanto, irmãos. E não chameis de pai a ninguém na terra: um só é vosso Pai, O que está nos céus. Não vos chamem de mestres, que o vosso Mestre é só um: o Cristo. O que é o maior dentre vós será o vosso servo. Aquele que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar exaltado será.

Homilia

São João Crisóstomo, Homilia 72 – O padre doutor São João Crisóstomo afirma que os escribas e fariseus, ao se assentarem na cátedra de Moisés, usurpam uma autoridade que não lhes pertence por mérito, mas por ambição, e ensinam com palavras o que não vivem em atos, tornando-se mestres da hipocrisia; ele adverte que o verdadeiro discípulo de Cristo deve buscar a humildade, pois a exaltação vem de Deus, não dos homens, e que aquele que se eleva por vanglória será humilhado no juízo final; Crisóstomo destaca que os fardos pesados impostos pelos fariseus são invenções humanas, não divinas, e que o cristão deve carregar apenas o jugo leve de Cristo; ele condena a ostentação das vestes e títulos, dizendo que a honra externa é vaidade que corrompe a alma, enquanto a simplicidade interior é o caminho para a verdadeira grandeza; por fim, exorta os fiéis a não seguirem os exemplos dos líderes corruptos, mas a discernirem a verdade pela retidão do coração, pois Deus vê o oculto e recompensa o humilde.

Ato de Reparação de Pio XI

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é por eles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados na Vossa presença, para Vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o Vosso amorosíssimo coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós mais de uma vez cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a Vossa misericórdia, prontos a expiar não só as próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não Vos querendo como pastor e guia, ou, conculcando as promessas do Batismo, sacudiram o suavíssimo julgo da Vossa santa lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-Vos, mais particularmente da licença dos costumes e imodéstia do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra Vós e Vossos Santos, dos insultos ao Vosso Vigário e a todo o Vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino amor e, enfim, dos atentados e rebeldias das nações contra os direitos e o Magistério da Vossa Igreja.

Oh! Se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniqüidades!

Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, Vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação, que Vós oferecestes ao eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre nossos altares.

Ajudai-nos Senhor, com o auxílio da Vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a vivência da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nosso próximo, impedir, por todos os meios, novas injúrias de Vossa divina Majestade e atrair ao Vosso serviço o maior número de almas possíveis.

Recebei, ó benigníssimo Jesus, pelas mãos de Maria santíssima reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes, até à morte, no fiel cumprimento de nossos deveres e no Vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à pátria bem-aventurada, onde Vós com o Pai e o Espírito Santo viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.

Liturgia Diária – 06 mar - QUINTA-FEIRA DEPOIS DAS CINZAS

Féria de 3ª Classe – Missa Própria, com comemoração das Ss. Perpétua e Felicidade, mártires.

Santas Perpétua e Felicidade 
foram mártires cristãs que viveram no início do século III em Cartago, atual Tunísia, durante o Império Romano. Perpétua, uma jovem nobre de 22 anos, e Felicidade, sua escrava grávida, foram presas em 202 ou 203 d.C. por professarem a fé cristã, em meio a uma perseguição ordenada pelo imperador Septímio Severo. Batizadas na prisão, enfrentaram tormentos com coragem exemplar, culminando em seu martírio em 7 de março de 203, quando foram executadas na arena, primeiro atacadas por feras e depois degoladas. A vida espiritual de Perpétua é marcada por visões místicas registradas em seu diário, revelando uma fé inabalável e uma conexão profunda com Deus, enquanto Felicidade demonstrou fortaleza ao dar à luz na prisão e encarar o martírio com serenidade. Celebradas em 7 de março, elas são lembradas como símbolos de resistência e devoção. Uma das obras mais significativas relacionadas às santas é A Paixão de Santas Perpétua e Felicidade (Passio Sanctarum Perpetuae et Felicitatis), um relato escrito em grande parte pela própria Perpétua, complementado por testemunhas após sua morte. Este texto, um dos mais antigos documentos cristãos escritos por uma mulher, destaca-se por sua autenticidade e emoção. Um trecho representativo é: “Nos jogaram no cárcere e eu fiquei consternada, porque nunca tinha estado em um lugar tão escuro. O calor era insuportável e éramos muitas pessoas em um subterrâneo muito estreito. Parecia que ia morrer de calor e de asfixia, e sofria por não poder ter, junto a mim, o meu filho, que era de tão poucos meses e necessitava muito de mim.”

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 25,11-12 | ib., 1)
Rédime me, Dómine, et miserére mei: pes enim meus stetit in via recta... Livrai-me, Senhor, e tende piedade de mim; meu pé está no caminho reto: nas assembleias louvarei o Senhor. Sl. Julgai-me, Senhor, porque eu ando em minha inocência, e, esperando no Senhor, não vacilarei. ℣. Glória ao Pai.

Epístola (Dn 9, 15-19)
Leitura do Profeta Daniel. Naqueles dias, orou Daniel ao Senhor, dizendo: Senhor, Deus nosso, Vós tirastes vosso povo da terra do Egito com mão poderosíssima e Vos fizestes um Nome que permanece até hoje: pecamos, fizemos iniquidades, Senhor, contra a vossa lei. Eu Vos imploro, desviai a vossa ira e a vossa indignação, de Jerusalém, vossa cidade, e de vossa montanha santa, pois por causa de nossos pecados e das iniquidades de nossos país, Jerusalém e vosso povo estão hoje no desprezo de todos os que nos cercam. Agora, Deus nosso, ouvi as orações de vosso servo e suas súplicas, e mostrai vossa face sobre vosso santuário que está deserto, fazendo-o por amor de Vós mesmo. Inclinai, Deus meu, vossos ouvidos e ouvi; abri vossos olhos e vede nossa desolação e a da cidade sobre a qual foi invocado vosso Nome. Não é confiando em nossa justiça que Vos apresentamos humildemente nossas orações ante vossa face, e sim confiando na multidão de vossas misericórdias. Ouvi-nos, Senhor, e aplacai-Vos. Senhor, atendei-nos e começai a vossa obra. Não tardeis mais, por Vós mesmo, meu Deus, porque vosso Nome foi invocado sobre esta cidade e sobre vosso povo, ó Senhor, Deus nosso.

Evangelho (Jo 8, 21-29)
Naquele tempo, disse Jesus às turbas dos judeus. Eu me afasto, e vós me procurais e em vosso pecado [da incredulidade], morrereis. Onde vou, vós não podeis vir. Diziam, pois, os judeus: Porventura vai suicidar-se, desde que diz: Onde vou, vós não podeis vir? E Ele lhes disse: Vós sois daqui de baixo, e eu do alto sou. Vós sois deste mundo, e eu deste mundo não sou. Eu vos disse, pois, que morreríeis em vossos pecados; porque se não acreditais no que eu sou, morrereis em vosso pecado. Diziam-lhe eles: Quem és Tu? Respondeu-lhes Jesus: Sou o Princípio, eu que vos falo. Muitas coisas tenho a dizer de vós e a julgar. Quem me enviou, no entanto, é verdadeiro, e o que d’Ele aprendi, eu o digo no mundo. Eles não compreenderam que Ele dizia que Deus era seu pai. Jesus lhes disse, pois: Quando tiverdes elevado o Filho do homem [na Cruz], então conhecereis que sou Eu e que por mim mesmo nada faço, mas falo como o Pai me ensinou. Aquele que me enviou, comigo está e não me deixou só, porque eu faço sempre o que Lhe é agradável.

Homilia 

São João Crisóstomo – Homilia 53 sobre o Evangelho de São João (Catena Aurea, Vol. 4: Evangelho de São João) - Cristo fala aos judeus como quem os instrui para a salvação, mas eles, endurecidos, não reconhecem a divindade do Filho que os chama à verdade; Ele anuncia que irão buscá-Lo após Sua partida, mas não O encontrarão, pois o tempo da graça será perdido para os que rejeitam a luz presente; o “lugar aonde vou” é o seio do Pai, inacessível aos impuros, e sua morte na incredulidade é o fruto da recusa em crer que Ele é o “Eu Sou”, o nome divino revelado a Moisés; não é por falta de sinais que perecem, mas por cegueira voluntária, pois preferem a glória terrena à celestial; Ele, sendo igual ao Pai, não busca Sua própria glória, mas a do que O enviou, mostrando humildade perfeita; os que O rejeitam julgam segundo a carne, mas Ele julga com justiça divina, vindo para salvar, não para condenar, embora Sua palavra seja juízo aos que a desprezam; a multidão pergunta “quem és tu?”, mas a resposta já foi dada na eternidade: Ele é o Verbo encarnado, princípio de todas as coisas, e os que não O aceitam como tal tropeçam na pedra de escândalo que é Sua humanidade; o “se não crerdes” é um aviso solene, pois a fé n’Ele é o único caminho à vida, e fora disso resta a morte eterna; assim, São João Crisóstomo exalta a paciência de Cristo, que ainda dialoga com os duros de coração, mas sublinha que o tempo de conversão é agora, antes que a porta se feche.

Livro - Feche a oficina: por que a velha missa não está quebrada e a nova missa não pode ser consertada, de Peter Kwasniewski

O novo livro de Peter Kwasniewski, intitulado "Close the Workshop: Why the Old Mass Isn’t Broken and the New Mass Can’t Be Fixed", foi lançado pela Angelico Press. O livro argumenta contra as reformas litúrgicas da Missa antiga, defendendo que o rito antigo não precisava de reformas e que o novo rito é irreparável. Kwasniewski acredita que a Missa de Paulo VI é tão profundamente falha que não pode ser reparada e que qualquer tentativa de fazer o novo rito "bem" é perigosa e insuficiente. O autor teme que o Vaticano possa tentar impor "reformas" ao rito antigo, como uma forma de assimilação forçada. O livro defende a importância de celebrar o rito tradicional da melhor maneira possível, observando fielmente as rubricas e resistindo a práticas inadequadas.

Kwasniewski argumenta que, para a Igreja recuperar sua influência cultural e solidez interna, deve-se abandonar o Concílio dos anos 60 e a liturgia associada a ele, restaurando a liturgia tradicional.

Ver notícia

Liturgia Diária – 05 mar - QUARTA FEIRA DE CINZAS

Féria de 1ª Classe – Missa Própria – Estação em Santa Sabina
Jejum e Abstinência de carne

PRÓPRIO DO DIA

BENÇÃO DAS CINZAS
Antífona (Sl 67, 17 | ib., 2)
Ouvi-nos, Senhor, porque é benigna a vossa misericórdia; segundo a multidão de vossas comiserações, olhai para nós, Senhor. Sl. Salvai-me, ó Deus, porque as águas da tribulação penetram até a minha alma.

IMPOSIÇÃO DAS CINZAS
Memento, homo, quia pulvis es, et in púlverem revertéris. Lembra-te, ó homem, que és pó, e em pó te hás de tornar.

I. Antífona (Joel 2, 13)
Mudemos de vestimenta e cubramo-nos com a cinza e o cilício; jejuemos e choremos diante do Senhor, pois nosso Deus é muito misericordioso e pronto a perdoar os nossos pecados.

II. Antífona (Joel, 17)
Entre o vestíbulo e o altar chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, e não fecheis a boca dos que entoam os vossos louvores, ó Senhor.

MISSA

Introito (Sab 11, 24, 25 e 27 | Sl 56, 2)
Miseréris ómnium, Dómine, et nihil odísti eórum quæ fecísti, dissímulans peccáta hóminum propter pæniténtiam et parcens illis... Senhor, tendes piedade de todos e não odiais nenhuma das vossas criaturas. Vós usais de indulgência para com os pecados dos homens e lhes perdoais quando eles fazem penitência; porque sois o Senhor, nosso Deus. Sl. Tende piedade de mim, porque minha alma confia em Vós.

Epístola (Joel 2, 12-19)
Eis O que disse o Senhor: Convertei-vos de todo o vosso coração em jejuns, em lágrimas e gemidos. Rasgai vossos corações e não vossos vestidos; convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, que é benigno e compassivo, paciente e rico em misericórdia, e pronto a perdoar a maldade. Quem sabe se Ele não se voltará para vós, se vos perdoará, e não deixará uma bênção atrás de Si, [para apresentardes novamente] sacrifício e libação ao Senhor, vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, guardai um jejum sagrado, convocai a assembléia, reuni o povo, santificai a Igreja, reuni os velhos, congregai os pequeninos e os meninos de peito; saía o esposo de seu aposento e a esposa do seu leito nupcial. Os sacerdotes, ministros do Senhor, chorem entre o vestíbulo e o altar, dizendo: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, e não deixeis cair a vossa herança no opróbrio, expondo-a aos insultos das nações. Porque se diria entre as nações: Onde está o seu Deus? O Senhor zela por sua terra e perdoa o seu povo. E o Senhor responde e diz a seu povo: Eis que vou enviar-vos trigo, vinho e azeite; deles ficareis abastecidos e nunca mais vos entregarei aos insultos das nações. Assim disse o Senhor onipotente.

Evangelho (Mt 6, 16-21)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Quando jejuardes, não tomeis um ar tristonho, como o fazem os hipócritas, que desfiguram suas faces, para que os homens vejam como jejuam. Em verdade, eu vos digo: já receberam a recompensa. Mas, quando tu jejuares, unge a tua cabeça e lava o teu rosto, para que não mostres aos homens que estás jejuando, mas só a teu Pai, que está presente ao que há de mais secreto; e teu Pai, que vê no oculto, te dará a recompensa. Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça consomem e onde os ladrões desenterram e roubam. Ajuntai, porém, tesouros no céu, onde não há ferrugem nem traça que consomem, nem ladrões que desenterram e roubam. Porque onde está o teu tesouro, está também aí o teu coração.

Homilia 
São João Crisóstomo (Homiliae in Matthaeum, Hom. 20) - O jejum não é para os homens verem, mas para Deus, que sonda os corações; o hipócrita busca a glória vã dos homens, mas o justo esconde sua virtude, pois a recompensa celestial é maior que qualquer louvor terreno; lavar o rosto e ungir a cabeça é rejeitar a ostentação e abraçar a simplicidade, pois a verdadeira piedade não precisa de máscaras; os tesouros da terra são perecíveis, devorados pela traça e pelo ladrão, enquanto os do céu são eternos, guardados por Deus; o coração segue o tesouro, e se está preso à terra, afunda na corrupção, mas se elevado ao céu, encontra repouso em Deus; a alma deve desprezar as riquezas materiais, que escravizam, e buscar a riqueza da graça, que liberta; o jejum purifica o corpo, mas só a caridade e a oração enchem o coração de tesouros eternos; o homem que acumula para si mesmo é ladrão de sua própria alma, pois rouba de Deus o que lhe pertence; a luz do jejum ilumina a consciência, mas a avareza a cobre de trevas; quem jejua sem amor é como um sepulcro caiado, belo por fora, mas podre por dentro; o verdadeiro tesouro é a misericórdia, que sobe aos céus e intercede por nós no julgamento.

Liturgia Diária – 04 mar - S. CASIMIRO

Festa de 3ª Classe- Missa “Os Justi” (1) com Coleta própria e comemoração de S. Lúcio I, Papa e mártir

São Casimiro
nascido em 3 de outubro de 1458 em Cracóvia, Polônia, foi o terceiro filho do rei Casimiro IV e da rainha Isabel de Habsburgo. Príncipe da Polônia e grão-duque da Lituânia, renunciou às ambições terrenas, incluindo o trono da Hungria em 1471, para seguir uma vida de profunda piedade, castidade e penitência. Educado por mestres como João Dlugosz, destacou-se desde jovem por sua inteligência e devoção, vivendo austeramente apesar da riqueza da corte. Governou temporariamente a Polônia como regente entre 1481 e 1483, demonstrando justiça e prudência, mas preferiu dedicar-se à oração e à caridade, especialmente aos pobres. Faleceu em 4 de março de 1484, aos 25 anos, vítima de tuberculose, em Grodno (atual Bielorrússia), e foi canonizado em 1522 por Adriano VI, tornando-se patrono da Polônia, da Lituânia e da juventude. Uma obra significativa associada a São Casimiro é o hino "Omni die dic Mariae": "Todos os dias, minha alma, canta os louvores de Maria; celebra suas festas, seus feitos, com grande esplendor".

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 78, 11. 12 e 10 | ib., 1 )
Os justi meditábitur sapiéntiam, et lingua ejus loquétur judícium... A boca do justo fala a sabedoria e a sua língua profere a equidade. A lei de seu Deus está em seu coração. Sl. Não tenhas ciúmes dos maus, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. ℣. Glória ao Pai.

Epístola (Eclo 31, 8-11)
Livro da Sabedoria. Bem-aventurado o homem que foi encontrado sem mancha, que se não deixou atrair pelo ouro, nem pôs sua esperança no dinheiro ou em riquezas. Quem é este, para nós o louvarmos?Porque fez coisas maravilhosas em sua vida. O que assim foi provado e encontrado perfeito, terá uma glória eterna. Pôde transgredir a lei de Deus, e não a transgrediu; pôde praticar o mal e não o fez. Por isso os seus bens foram assegurado no Senhor, e toda a assembleia dos santos celebrará as suas esmolas.

Evangelho (Lc 12, 35-40)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Estejam cingidos os vossos rins, e em vossas mãos lâmpadas acesas. E sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor quando volta das bodas, para que, quando vier e bater à porta, logo a possam abrir. Bem-aventurados aqueles servos, que o Senhor, ao voltar, achar vigilantes. Em verdade vos digo: ele se cingirá e os fará
sentar à mesa, e, passando por entre eles, os servirá. E se vier na segunda vigília, ou se vier na terceira e assim os encontrar, bem-aventurados esses servos! Atendei porém a isto: se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, com certeza haveria de vigiar e, sem dúvida, não deixaria invadir a sua casa. Assim, estai também vós preparados, porque à hora em que não cuidais, virá o Filho do homem.

Homilia
São Gregório Magno, Homilia 13 sobre os Evangelhos – Estejam vossos rins cingidos e as lâmpadas acesas, pois o Senhor vem como ladrão na noite, e ninguém sabe a hora; assim, o servo fiel deve vigiar incessantemente, com a alma preparada como quem espera o noivo, não apenas para evitar o castigo, mas para receber a glória eterna. As lâmpadas simbolizam as boas obras que brilham diante dos homens e de Deus, enquanto os rins cingidos indicam a castidade e a mortificação da carne, que refreiam os desejos terrenos para elevar o espírito ao celestial. O Senhor reparte seus bens ao servo vigilante, mas ao negligente vem o juízo inesperado, como o ladrão que rouba a alma desprevenida. Não basta esperar passivamente; é preciso trabalhar ativamente na vinha do Senhor, pois a vinda súbita separa os justos dos ímpios, e o servo que se embriaga com o mundo será lançado nas trevas exteriores. A incerteza da hora é um chamado à constância, para que a alma esteja sempre pronta a prestar contas, pois o atraso do Senhor não é negligência, mas paciência para que todos se convertam. Assim, vigiar é viver em santidade, com o coração desapegado das coisas passageiras, aguardando o Rei que trará a recompensa eterna ou a punição perpétua.

Cardeais frequentemente mencionados como potenciais sucessores de Francisco

Apesar da imprevisibilidade desse processo, é possível analisar os possíveis candidatos com base em suas características e alinhamento com o atual pontificado. Entre os cardeais frequentemente mencionados como potenciais sucessores, o Cardeal Luis Antonio Tagle, de 67 anos, pode ser o mais provável para suceder Francisco. Tagle, que é filipino, destaca-se por várias razões:

Popularidade e alinhamento com Francisco: Ele é amplamente reconhecido por sua ênfase na justiça social, na misericórdia e em uma abordagem pastoral inclusiva, valores que ecoam a agenda progressista do Papa Francisco.
Origem asiática: Sua eleição representaria uma mudança significativa, refletindo o crescimento da Igreja Católica na Ásia, uma região de importância crescente para o catolicismo global.
Idade e energia: Aos 67 anos, Tagle é relativamente jovem para os padrões papais, o que lhe dá a vitalidade necessária para liderar a Igreja por um período considerável.

Outros cardeais em ordem de maior possibilidade para menor

O Cardeal Matteo Zuppi é outra figura associada ao catolicismo progressista. Ele prioriza a justiça social, a construção da paz e a atenção às comunidades marginalizadas, refletindo as prioridades do Papa Francisco. Sua abordagem pastoral e foco na inclusão indicam que ele apoia a direção progressista do Papa, em vez de se opor a ela.

Como Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin trabalha em estreita colaboração com o Papa Francisco e é um dos principais responsáveis pela implementação de suas políticas. Seu papel exige alinhamento diplomático com a agenda do Papa, incluindo temas como migração e mudanças climáticas. Assim, Parolin tende a apoiar as iniciativas progressistas de Francisco, não a desafiá-las.

O Cardeal Willem Eijk tem se destacado por defender os ensinamentos tradicionais da Igreja, especialmente em questões como casamento, família e bioética. Ele expressou preocupações sobre interpretações modernistas da doutrina, posicionando-se como defensor da ortodoxia. Sua postura sugere que ele é mais propenso a combater as ideias progressistas associadas ao Papa Francisco.

O Cardeal Peter Erdő tem se manifestado contra o secularismo e a erosão dos valores cristãos na Europa, advogando por um retorno aos princípios católicos tradicionais. Sua ênfase em preservar os ensinamentos e a identidade da Igreja indica uma resistência às tendências modernistas, sugerindo que ele pode se opor a certas iniciativas progressistas do Papa Francisco.

O Cardeal Peter Turkson é conhecido por seu trabalho em questões sociais, como pobreza, mudanças climáticas e migração, que se alinham com as prioridades progressistas do Papa Francisco. Sua liderança em departamentos vaticanos focados no desenvolvimento humano integral sugere que ele apoia a agenda do Papa, em vez de combatê-la.

O Cardeal Raymond Leo Burke é um dos críticos mais proeminentes das tendências modernistas e progressistas na Igreja. Ele já desafiou publicamente o Papa Francisco em questões como a comunhão para divorciados recasados e defende o retorno à liturgia e à doutrina tradicionais. Suas posições o colocam em oposição direta a muitas das iniciativas do Papa.

O Cardeal Gerhard Ludwig Müller, ex-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, criticou o que considera desvios da doutrina tradicional, especialmente em relação ao casamento e aos sacramentos. Sua defesa da ortodoxia sugere que ele combate ativamente as ideias modernistas, posicionando-se contra algumas das ações mais progressistas do Papa Francisco.

O Cardeal Malcolm Ranjith tem advogado pelo retorno a práticas litúrgicas tradicionais, como o uso do latim na Missa, e expressou preocupações sobre influências seculares na Igreja. Sua ênfase em preservar a identidade e a adoração católicas indica resistência às mudanças progressistas, sugerindo que ele pode se opor às tendências modernistas.

O Cardeal Robert Sarah é uma das principais vozes contra o modernismo na Igreja, destacando a importância da tradição, da ortodoxia e da reverência no culto. Ele tem criticado interpretações progressistas da doutrina e da liturgia, posicionando-se como um forte opositor das ideias modernistas e defensor da tradição católica.

Liturgia Diária – 02 mar - DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA

2a classe

Intróito
Sl 30:3-4 Esto mihi in Deum protectórem, et in locum refúgii, ut salvum me fácias... Sede, ó Deus, o meu protector e o lugar de refúgio, onde encontre a salvação; pois sois o meu sustentáculo e o meu refúgio, e, pela glória do vosso nome, me conduzireis e sustentareis. Sl 30:2 Em Vós, Senhor, pus a minha confiança; não serei confundido para sempre. Segundo a vossa justiça, livrai-me, salvai-me.

Epístola 1 Cor. 13:1-13
São Paulo Apóstolo aos Coríntios. Irmãos, Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.

Evangelho Lc 18:31-43
Naquele Tempo, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém. Tudo o que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do Homem será cumprido. Ele será entregue aos pagãos. Hão de escarnecer dele, ultrajá-lo, desprezá-lo; bater-lhe-ão com varas e o farão morrer; e ao terceiro dia ressurgirá. Mas eles nada disto compreendiam, e estas palavras eram-lhes um enigma cujo sentido não podiam entender. Ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia. Responderam-lhe: É Jesus de Nazaré, que passa. Ele então exclamou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim! Os que vinham na frente repreendiam-no rudemente para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais forte: Filho de Davi, tem piedade de mim! Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Chegando ele perto, perguntou-lhe: Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja. Jesus lhe disse: Vê! Tua fé te salvou. E imediatamente ficou vendo e seguia a Jesus, glorificando a Deus. Presenciando isto, todo o povo deu glória a Deus.

Homilias

Epístola 1 Cor. 13:1-13 Santo Agostinho, em seus sermões sobre este trecho, enfatiza que o amor é a essência de toda a vida cristã e o fundamento sobre o qual todas as virtudes se sustentam, indo além do que Paulo descreve ao afirmar que sem amor até os dons mais extraordinários são vazios e sem vida, como um corpo sem alma. Ele explica que o "bronze que ressoa" e o "címbalo que retine" representam ações externas que, embora impressionantes aos olhos humanos, carecem de valor eterno se não forem animadas pelo amor, que é a presença de Deus no coração. Agostinho interpreta a paciência e a bondade do amor como reflexos da própria paciência de Deus para com os pecadores, e diz que o amor "tudo suporta" porque é o vínculo que une a alma ao Criador, permitindo que o homem persevere nas tribulações. Ele vai além do texto ao ensinar que o "conhecimento parcial" e a visão "em espelho" apontam para a limitação da vida terrena, onde só o amor pode nos guiar ao pleno conhecimento de Deus, que será revelado na eternidade. Para Agostinho, a supremacia do amor sobre a fé e a esperança reside em sua eternidade: enquanto a fé se tornará visão e a esperança se cumprirá, o amor permanecerá para sempre como o laço entre Deus e os homens no Reino celeste.

Lucas 18:31-43 São João Crisóstomo enfatiza que o texto revela dois tipos de cegueira: a dos discípulos, que não compreendem as palavras de Jesus sobre o sofrimento e a ressurreição, e a do cego de Jericó, que, apesar de sua limitação física, demonstra uma visão espiritual superior. Crisóstomo destaca que os discípulos, mesmo estando tão próximos de Jesus, permanecem cegos para o mistério da cruz, presos a expectativas terrenas de poder e glória. Em contraste, o cego, marginalizado e desprovido de visão física, reconhece em Jesus o Messias, o "Filho de Davi", e clama por misericórdia com uma fé simples, mas poderosa. Para Crisóstomo, o grito do cego é um modelo de oração perseverante: ele não se cala diante das repreensões da multidão, mostrando que a fé autêntica não se dobra às pressões externas. Quando Jesus pergunta "Que queres que eu te faça?", o cego pede visão, mas Crisóstomo interpreta isso como um pedido que vai além do físico — é um clamor por iluminação espiritual, que o leva a seguir Jesus e glorificar a Deus. O santo também reflete sobre a ressurreição anunciada por Jesus, sublinhando que o sofrimento e a morte do Filho do Homem não são o fim, mas o caminho para a vitória, um mistério que os discípulos só entenderão após Pentecostes. Ele conclui que a cura do cego é um sinal visível daquilo que Jesus veio realizar interiormente em todos: abrir os olhos da alma para a verdade divina.

Liturgia Diária – 01 mar - SANTA MARIA NO SÁBADO

4ª classe – Missa “Salve Sancta Parens”, com orações próprias

PRÓPRIO DO DIA

Primeiro sábado
Imaculado coração de Maria

Introito
Salmos 44 - Salve, sancta Parens, enixa puerpera Regem... Salve, ó santa Mãe, que geraste o Rei, o qual governa o céu e a terra pelos séculos dos séculos. Meu coração exsultou com uma boa palavra; eu digo as minhas obras ao Rei.

Coleta
Concede-nos, te suplicamos, ó Deus onipotente, que os teus fiéis, que se alegram sob a proteção e o nome da santíssima Virgem Maria, sejam libertados por sua piedosa intercessão de todos os males na terra e mereçam alcançar as alegrias eternas no céu.

Leitura (Eclo 24, 14-16)
Livro da Sabedoria. Desde o princípio e antes dos séculos fui criada; e não deixarei de existir em toda a sucessão dos tempos; na morada santa exerci perante Ele o meu ministério. Fui assim firmada em Sião, e repousei na cidade santa; e em Jerusalém está o meu poder. Arraiguei-me em um povo glorioso, e nesta porção do meu Deus, que é a sua herança. Na assembléia dos Santos, estabeleci a minha assistência.

Evangelho segundo São Lucas 11, 27-28
Naquele tempo, enquanto Jesus falava ao povo, uma mulher elevou a voz do meio da multidão e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram! Mas ele respondeu: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!

Homilia

São Lucas 11, 27-28 São João Crisóstomo, em sua homilia, enfatiza que Cristo, ao responder à mulher, não rejeita a honra dada à Virgem Maria, sua mãe, mas eleva o foco da verdadeira bem-aventurança. Ele ensina que a felicidade não reside apenas na relação física com Jesus – como o ventre que o carregou ou os seios que o amamentaram –, mas na obediência espiritual e na fidelidade à Palavra de Deus. Crisóstomo explica que Jesus corrige a mulher para mostrar que a verdadeira união com Ele está na alma, não no corpo, e que todos podem alcançar essa bem-aventurança ao ouvir e praticar os ensinamentos divinos. Ele vai além do texto ao afirmar que Maria é duplamente bendita: por ser a mãe biológica de Cristo e, mais ainda, por sua perfeita obediência à vontade de Deus, sendo ela a primeira a ouvir e guardar a Palavra em seu coração. Assim, a homilia exalta a Virgem não apenas como mãe carnal, mas como modelo supremo de discipulado.

62 Razões para não assistir à Missa Nova, por Dom Antônio de Castro Mayer

As "62 Razões para não assistir à Missa Nova" foram organizadas por um grupo de 25 padres diocesanos da Diocese de Campos, no Brasil, liderados por Dom Antônio de Castro Mayer, bispo de Campos na época. Esse documento foi elaborado na década de 1970, mais especificamente por volta de 1974, como uma resposta crítica à introdução da Nova Missa (Novus Ordo Missae), promulgada pelo Papa Paulo VI em 1969 após o Concílio Vaticano II. Dom Antônio de Castro Mayer era conhecido por sua resistência às reformas litúrgicas do Concílio e por sua defesa da Missa Tridentina, também chamada de Missa Tradicional Latina.

O texto reflete a posição tradicionalista desses sacerdotes, que argumentavam que a Nova Missa comprometia a fé católica por supostamente incorporar elementos protestantes e ambiguidades teológicas. Embora a data exata de publicação possa variar dependendo da fonte, sua origem está associada ao período de oposição inicial às mudanças litúrgicas, sendo posteriormente difundido por grupos como a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), fundada por Dom Marcel Lefebvre, que também apoiava essa visão.

1. Mudança na essência teológica

O folheto argumenta que a Missa Nova altera a compreensão tradicional do Sacrifício da Cruz. Enquanto a Missa Tridentina enfatiza a renovação incruenta do sacrifício de Cristo para expiação dos pecados, a Missa Nova é vista como uma "ceia memorial" ou "assembleia comunitária", diluindo seu caráter sacrificial (razões 1-5). Isso seria influenciado por ideias protestantes, que rejeitam a noção de sacrifício propiciatório, e por uma abordagem ecumênica que compromete a doutrina católica (razões 6-10).

2. Alterações litúrgicas problemáticas

A reforma litúrgica é criticada por simplificar ou remover elementos essenciais da Missa Tridentina, como orações tradicionais (ex.: o Canon Missae fixo), gestos de reverência (ex.: genuflexões) e o uso exclusivo do latim, língua sagrada da Igreja (razões 11-20). O folheto aponta que a introdução de línguas vernáculas e a orientação do altar "versus populum" (sacerdote voltado para o povo) desviam o foco de Deus para a comunidade, enfraquecendo a sacralidade (razões 21-25).

3. Influência modernista e ambiguidade doutrinal

Segundo a FSSPX, a Missa Nova reflete o modernismo condenado por São Pio X, com textos ambíguos que permitem interpretações heterodoxas (razões 26-30). Por exemplo, a nova definição da Missa no Institutio Generalis (1969) foi ajustada após críticas por soar protestantizante, mas ainda seria insuficiente para preservar a fé tradicional (razões 31-35). A participação de teólogos protestantes na reforma é citada como evidência de compromissos inaceitáveis (razões 36-38).

4. Impacto na fé e na piedade

O folheto alega que a Missa Nova enfraquece a fé dos fiéis ao reduzir a distinção entre sacerdócio ministerial e laicato, promovendo uma "democratização" da liturgia (razões 39-45). A liberdade excessiva dada aos sacerdotes para improvisar (ex.: escolhas de orações eucarísticas) levaria a abusos e perda de uniformidade (razões 46-50). Isso resultaria em menor reverência, menos vocações e um declínio na vida espiritual católica (razões 51-55).

5. Legitimidade e obediência

A FSSPX questiona a legitimidade da promulgação da Missa Nova, argumentando que ela rompe com a tradição bimilenar da Igreja e contradiz o princípio de imutabilidade litúrgica defendido por papas como São Pio V (razões 56-60). Embora reconheça a validade da Missa Nova quando celebrada corretamente, sugere que os fiéis têm o direito de rejeitá-la em favor da Missa Tridentina, que nunca foi abrogada (razões 61-62).

Fizeram da Santa Missa um espetáculo de feira, um encontro divertido, uma festa ruidosa, por Gustavo Corção

(...) há hoje todo um esforço de covardia e traição universal para conjurar o insuportável espetáculo da Cruz. E então, para fugir à visão daquele divino pára-raios da cólera divina, para tirar os olhos do sangue, inventaram o recurso de fazer a Missa derivar mais da ceia do que da Cruz, e com esse estratagema malicioso e parvo, fizeram da Santa Missa um espetáculo de feira, aonde a assembleia dos fiéis é aquele ‘respeitável público’ dos palhaços de circo. Nada mais afastado da verdade: tentativa de transformar a Missa em alegria, um encontro divertido, uma festa ruidosa, quando a Ceia é um fato terrível, o prenúncio da imolação, o sacrifício que se consuma no Gólgota. Eis a depressão intelectual do nosso tempo: recusar o mistério tremendo da Redenção e trocá-lo por uma sociabilidade barata, um simulacro de comunhão que não suporta o peso da Cruz.

Gustavo Corção, Sereis Minhas Testemunhas (artigo de O Globo, 27/09/75)