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Liturgia Diária – 08 mar - SÁBADO DEPOIS DAS CINZAS

Féria de 3ª Classe – Missa Própria, com comemoração de S. João de Deus, Confessor

São João de Deus, Confessor (1495-1550)
nasceu em 8 de março de 1495, em Montemor-o-Novo, Portugal, e faleceu em 8 de março de 1550, em Granada, Espanha. Inicialmente viveu uma vida errante, trabalhando como pastor, soldado e vendedor de livros, até que, aos 40 anos, experimentou uma profunda conversão espiritual após ouvir um sermão de São João de Ávila, em 1539. Esse momento marcou sua entrega total a Deus, levando-o a dedicar-se aos pobres e doentes. Fundou o Hospital de São João de Deus em Granada, em 1540, onde cuidava pessoalmente dos necessitados, mesmo enfrentando dificuldades financeiras e críticas. Sua vida espiritual foi caracterizada por uma intensa caridade, humildade e penitência, culminando em sua morte de joelhos, em oração, um feito que reforçou sua fama de santidade. Embora São João de Deus não tenha deixado obras literárias extensas como outros santos, suas cartas pessoais são um testemunho de sua espiritualidade e missão. Uma de suas poucas obras preservadas é uma carta escrita a uma benfeitora, conhecida como a "Carta à Duquesa de Sessa", datada de cerca de 1548. Nela, ele expressa sua gratidão e humildade, além de seu compromisso com os pobres: "Eu, João de Deus, pecador e indigno, vos peço, por amor de Nosso Senhor, que me ajudeis a sustentar estes pobres, que são os verdadeiros ricos aos olhos de Deus."

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 29, 11 | ib., 2)
Audívit Dóminus, et misértus est mihi... O Senhor me ouviu e se compadeceu de mim. O Senhor se fez o meu auxílio. Sl. Eu Vos glorificarei, Senhor, porque me recebestes, e não permitistes que os meus inimigos se alegrassem à minha custa.℣. Glória ao Pai.

Epístola (Is 58, 9-14)
Profeta Isaías. Eis o que diz o Senhor Deus: Se afastares a cadeia do meio de ti e deixares de estender o dedo, e de dizer o que não convém, se abrires tua mão ao faminto e consolares a alma aflita, levantar-se-á nas trevas a tua luz, e as tuas trevas serão como o meio dia. Descanso sem fim te dará o Senhor que encherá de luz a tua alma e libertará os teus ossos. Tornar-te-ás como um jardim bem irrigado; assim como uma fonte, cujas águas jamais secarão. Reconstruirás as ruínas dos séculos passados, elevarás os fundamentos das gerações inteiras e serás chamado o construtor dos muros, aquele que torna seguro os caminhos. Se retiveres o teu pé, por causa do sábado, para não fazeres a tua vontade no meu santo dia; se chamares ao sábado tuas delícias, o dia santo e glorioso do Senhor, e o santificares, deixando de seguir as tuas veredas, não executando a tua própria vontade e não dizendo palavras vãs, então te alegrarás no Senhor, e eu te elevarei, acima das alturas da terra e te alimentarei com a herança de Jacó, teu pai. Assim falou a boca do Senhor.

Evangelho (Mc 6, 47-56)

Naquele tempo, tendo caído a tarde, estava a barca no meio do mar e Jesus, sozinho em terra. E viu que os seus discípulos labutavam com os remos (porque o vento lhes estava contrário). Pela quarta vigília da noite foi até eles, andando sobre o mar e querendo passar-lhes adiante. Quando eles O viram, andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram. Todos eles o puderam ver e ficaram atemorizados. E logo Jesus lhes falou e lhes disse: Tende confiança, sou eu, não vos assusteis. Quando subiu até eles, na barca, o vento cessou. E ainda mais se admiraram, no íntimo, pois não haviam compreendido o milagre dos pães, por estar obcecado o seu coração. Quando passaram à outra banda, vieram à terra de Genesaré e aí abordaram. Saindo da barca, os do lugar reconheceram logo a Jesus. E percorrendo eles toda aquela região, começaram a trazer-Lhe, em leitos, aqueles que tinham enfermidades, onde ouviam dizer que Ele estava. Onde quer que entrasse, nas aldeias, nas vilas, e nas cidades punham nas praças os doentes, e Lhe pediam que ao menos os deixasse tocar na orla de seu vestido. E todos os que O tocavam ficavam curados.

Homilia

Santo Agostinho – Sermão 75 - O mar agitado é a vida presente, cheia de tormentas e provações, onde os ventos contrários são as tentações que nos desviam de Deus; o barco é a Igreja, que carrega os fiéis em meio às ondas, e Cristo, ao andar sobre as águas, mostra que está acima de todas as coisas criadas, sendo Senhor até das tempestades; sua demora em subir ao barco ensina a paciência na tribulação, pois Ele nunca abandona os seus, mas os prova para que cresçam na fé; quando Pedro afunda, é o homem que confia em si mesmo e não em Deus, mas o clamor a Cristo o salva, significando que a salvação vem pela humildade e pela oração; os ventos cessam quando Ele entra, pois sua presença traz paz à alma e à Igreja; os doentes curados na margem são os pecadores que, tocando a Cristo pela fé, recebem a graça da redenção; o milagre não é apenas poder, mas um sinal do domínio eterno de Cristo sobre o caos do mundo e do coração humano; os discípulos, ainda duros de coração, representam os que veem os sinais, mas tardam em compreender a divindade do Salvador.

Liturgia Diária – 07 mar - SEXTA-FEIRA DA 3ª SEMANA DA QUARESMA

Féria de 3ª Classe – Missa Própria, com comemoração de S. Tomás de Aquino, Confessor e Doutor.

1a sexta feira do mês
Sagrado coração de Jesus
Abstinência de carne
Ato de reparação, ver abaixo

São Tomás de Aquino (1225-1274) 
foi um dos mais influentes teólogos e filósofos da Igreja Católica, nascido em Roccasecca, Itália, em uma família nobre. Entrou na Ordem dos Dominicanos em 1244, contra a vontade de seus parentes, dedicando-se ao estudo e à espiritualidade. Estudou em Paris e Colônia, sendo discípulo de Santo Alberto Magno, e tornou-se mestre em teologia em 1256. Sua vida foi marcada pela busca da harmonia entre fé e razão, o que o levou a criar a síntese filosófico-teológica conhecida como Tomismo. Canonizado em 1323 por Papa João XXII, foi declarado Doutor da Igreja em 1567. Seus feitos espirituais incluem a profunda devoção eucarística e hinos litúrgicos, como os compostos para a festa de Corpus Christi.
Uma das obras mais célebres de São Tomás de Aquino é a Summa Theologiae, escrita entre 1265 e 1274, um tratado monumental que aborda teologia, filosofia e ética. Nela, ele sistematiza o conhecimento cristão, respondendo a questões fundamentais sobre Deus, a criação e a moralidade. Um texto representativo é da Prima Pars, Questão 2, Artigo 3, onde ele apresenta as "Cinco Vias" para provar a existência de Deus. Ele escreve: Tudo o que se move é movido por outro. [...] Portanto, é necessário chegar a um primeiro motor, que não é movido por nada.


PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 26, 8 e 9 | ib., 1)
Tibi dixit cor meum, quæsívi vultum tuum. vultum tuum, Dómine, requíram... Meu coração Vos diz: Procuro a vossa face, Senhor, procurarei a vossa presença; não afasteis de mim a vossa face. Sl. O Senhor é minha Luz e minha Salvação; a quem temerei? ℣. Glória ao Pai.

Epístola (3 Reis, 17, 8-16)
Naqueles dias, a palavra do Senhor foi dirigida a Elias, de Tesbé, nestes termos: Levanta-te, vai a Sarepta dos Sidônios e ali permanece: porque ordenei ali a uma mulher viúva, que te sustente. Levantou-se [Elias] e foi a Sarepta. Chegando à porta da cidade, apareceu-lhe uma mulher viúva que juntava lenha. Chamou-a, dizendo-lhe: Dá-me um pouco dágua em um vaso, para que beba. Enquanto ela ia buscar água para lhe dar, ele gritou atrás dela, dizendo. Traze-me também, suplico-te, um bocado de pão, em tua mão. Ao que ela respondeu: Pelo Senhor, teu Deus, que não tenho pão; tenho apenas um pouco de farinha, quanto possa caber em uma vasilha, e um pouco de azeite em um vaso. Venho apanhar alguns pedaços de lenha para ir aprontar comida para mim e para meu filho, para que comamos e depois morramos. E Elias respondeu: Não te [preocupes, mas vai e faze como disseste; porem prepara primeiro para mim, desse restinho de farinha, um pequeno pão cozido nas cinzas e traze-mo; farás o mesmo depois para ti e para teu filho. Porque, eis o que disse o Senhor Deus de Israel: A farinha que está na vasilha não faltará, nem o óleo diminuirá no vaso até o dia em que o Senhor faça chover sobre a terra. Foi-se pois a mulher e fez conforme a palavra de Elias; e Ele comeu, e ela, e toda a sua família. E desde esse dia, a farinha não faltou na vasilha, nem o óleo diminuiu no vaso, como o Senhor dissera pela boca de Elias.

Evangelho (Mt 23, 1-12)
Naquele tempo, falou Jesus às multidões e a seus discípulos, dizendo: Sobre a cadeira de Moisés assentaram-se os escribas e os fariseus. Tudo pois, quanto eles vos disserem, observai-o e fazei-o. Não imiteis, porém, as suas obras, porque o que dizem, não o fazem. Eles amarram fardos pesados e insustentáveis e os põem nos ombros dos homens; não querem, porém, movê-los com um dedo seu. Fazem todas as suas obras, para serem vistos pelos homens, pelo que, usam filatérias mais largas e mais compridas franjas. Gostam dos primeiros lugares nas festas, e das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações no foro, e de serem chamados mestres pelos homens. Vós, porém, não queirais ser chamados mestres, porque um só é vosso Mestre; todos vós sois, no entanto, irmãos. E não chameis de pai a ninguém na terra: um só é vosso Pai, O que está nos céus. Não vos chamem de mestres, que o vosso Mestre é só um: o Cristo. O que é o maior dentre vós será o vosso servo. Aquele que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar exaltado será.

Homilia

São João Crisóstomo, Homilia 72 – O padre doutor São João Crisóstomo afirma que os escribas e fariseus, ao se assentarem na cátedra de Moisés, usurpam uma autoridade que não lhes pertence por mérito, mas por ambição, e ensinam com palavras o que não vivem em atos, tornando-se mestres da hipocrisia; ele adverte que o verdadeiro discípulo de Cristo deve buscar a humildade, pois a exaltação vem de Deus, não dos homens, e que aquele que se eleva por vanglória será humilhado no juízo final; Crisóstomo destaca que os fardos pesados impostos pelos fariseus são invenções humanas, não divinas, e que o cristão deve carregar apenas o jugo leve de Cristo; ele condena a ostentação das vestes e títulos, dizendo que a honra externa é vaidade que corrompe a alma, enquanto a simplicidade interior é o caminho para a verdadeira grandeza; por fim, exorta os fiéis a não seguirem os exemplos dos líderes corruptos, mas a discernirem a verdade pela retidão do coração, pois Deus vê o oculto e recompensa o humilde.

Ato de Reparação de Pio XI

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é por eles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados na Vossa presença, para Vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o Vosso amorosíssimo coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós mais de uma vez cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a Vossa misericórdia, prontos a expiar não só as próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não Vos querendo como pastor e guia, ou, conculcando as promessas do Batismo, sacudiram o suavíssimo julgo da Vossa santa lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-Vos, mais particularmente da licença dos costumes e imodéstia do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra Vós e Vossos Santos, dos insultos ao Vosso Vigário e a todo o Vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino amor e, enfim, dos atentados e rebeldias das nações contra os direitos e o Magistério da Vossa Igreja.

Oh! Se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniqüidades!

Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, Vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação, que Vós oferecestes ao eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre nossos altares.

Ajudai-nos Senhor, com o auxílio da Vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a vivência da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nosso próximo, impedir, por todos os meios, novas injúrias de Vossa divina Majestade e atrair ao Vosso serviço o maior número de almas possíveis.

Recebei, ó benigníssimo Jesus, pelas mãos de Maria santíssima reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes, até à morte, no fiel cumprimento de nossos deveres e no Vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à pátria bem-aventurada, onde Vós com o Pai e o Espírito Santo viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.

Liturgia Diária – 06 mar - QUINTA-FEIRA DEPOIS DAS CINZAS

Féria de 3ª Classe – Missa Própria, com comemoração das Ss. Perpétua e Felicidade, mártires.

Santas Perpétua e Felicidade 
foram mártires cristãs que viveram no início do século III em Cartago, atual Tunísia, durante o Império Romano. Perpétua, uma jovem nobre de 22 anos, e Felicidade, sua escrava grávida, foram presas em 202 ou 203 d.C. por professarem a fé cristã, em meio a uma perseguição ordenada pelo imperador Septímio Severo. Batizadas na prisão, enfrentaram tormentos com coragem exemplar, culminando em seu martírio em 7 de março de 203, quando foram executadas na arena, primeiro atacadas por feras e depois degoladas. A vida espiritual de Perpétua é marcada por visões místicas registradas em seu diário, revelando uma fé inabalável e uma conexão profunda com Deus, enquanto Felicidade demonstrou fortaleza ao dar à luz na prisão e encarar o martírio com serenidade. Celebradas em 7 de março, elas são lembradas como símbolos de resistência e devoção. Uma das obras mais significativas relacionadas às santas é A Paixão de Santas Perpétua e Felicidade (Passio Sanctarum Perpetuae et Felicitatis), um relato escrito em grande parte pela própria Perpétua, complementado por testemunhas após sua morte. Este texto, um dos mais antigos documentos cristãos escritos por uma mulher, destaca-se por sua autenticidade e emoção. Um trecho representativo é: “Nos jogaram no cárcere e eu fiquei consternada, porque nunca tinha estado em um lugar tão escuro. O calor era insuportável e éramos muitas pessoas em um subterrâneo muito estreito. Parecia que ia morrer de calor e de asfixia, e sofria por não poder ter, junto a mim, o meu filho, que era de tão poucos meses e necessitava muito de mim.”

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 25,11-12 | ib., 1)
Rédime me, Dómine, et miserére mei: pes enim meus stetit in via recta... Livrai-me, Senhor, e tende piedade de mim; meu pé está no caminho reto: nas assembleias louvarei o Senhor. Sl. Julgai-me, Senhor, porque eu ando em minha inocência, e, esperando no Senhor, não vacilarei. ℣. Glória ao Pai.

Epístola (Dn 9, 15-19)
Leitura do Profeta Daniel. Naqueles dias, orou Daniel ao Senhor, dizendo: Senhor, Deus nosso, Vós tirastes vosso povo da terra do Egito com mão poderosíssima e Vos fizestes um Nome que permanece até hoje: pecamos, fizemos iniquidades, Senhor, contra a vossa lei. Eu Vos imploro, desviai a vossa ira e a vossa indignação, de Jerusalém, vossa cidade, e de vossa montanha santa, pois por causa de nossos pecados e das iniquidades de nossos país, Jerusalém e vosso povo estão hoje no desprezo de todos os que nos cercam. Agora, Deus nosso, ouvi as orações de vosso servo e suas súplicas, e mostrai vossa face sobre vosso santuário que está deserto, fazendo-o por amor de Vós mesmo. Inclinai, Deus meu, vossos ouvidos e ouvi; abri vossos olhos e vede nossa desolação e a da cidade sobre a qual foi invocado vosso Nome. Não é confiando em nossa justiça que Vos apresentamos humildemente nossas orações ante vossa face, e sim confiando na multidão de vossas misericórdias. Ouvi-nos, Senhor, e aplacai-Vos. Senhor, atendei-nos e começai a vossa obra. Não tardeis mais, por Vós mesmo, meu Deus, porque vosso Nome foi invocado sobre esta cidade e sobre vosso povo, ó Senhor, Deus nosso.

Evangelho (Jo 8, 21-29)
Naquele tempo, disse Jesus às turbas dos judeus. Eu me afasto, e vós me procurais e em vosso pecado [da incredulidade], morrereis. Onde vou, vós não podeis vir. Diziam, pois, os judeus: Porventura vai suicidar-se, desde que diz: Onde vou, vós não podeis vir? E Ele lhes disse: Vós sois daqui de baixo, e eu do alto sou. Vós sois deste mundo, e eu deste mundo não sou. Eu vos disse, pois, que morreríeis em vossos pecados; porque se não acreditais no que eu sou, morrereis em vosso pecado. Diziam-lhe eles: Quem és Tu? Respondeu-lhes Jesus: Sou o Princípio, eu que vos falo. Muitas coisas tenho a dizer de vós e a julgar. Quem me enviou, no entanto, é verdadeiro, e o que d’Ele aprendi, eu o digo no mundo. Eles não compreenderam que Ele dizia que Deus era seu pai. Jesus lhes disse, pois: Quando tiverdes elevado o Filho do homem [na Cruz], então conhecereis que sou Eu e que por mim mesmo nada faço, mas falo como o Pai me ensinou. Aquele que me enviou, comigo está e não me deixou só, porque eu faço sempre o que Lhe é agradável.

Homilia 

São João Crisóstomo – Homilia 53 sobre o Evangelho de São João (Catena Aurea, Vol. 4: Evangelho de São João) - Cristo fala aos judeus como quem os instrui para a salvação, mas eles, endurecidos, não reconhecem a divindade do Filho que os chama à verdade; Ele anuncia que irão buscá-Lo após Sua partida, mas não O encontrarão, pois o tempo da graça será perdido para os que rejeitam a luz presente; o “lugar aonde vou” é o seio do Pai, inacessível aos impuros, e sua morte na incredulidade é o fruto da recusa em crer que Ele é o “Eu Sou”, o nome divino revelado a Moisés; não é por falta de sinais que perecem, mas por cegueira voluntária, pois preferem a glória terrena à celestial; Ele, sendo igual ao Pai, não busca Sua própria glória, mas a do que O enviou, mostrando humildade perfeita; os que O rejeitam julgam segundo a carne, mas Ele julga com justiça divina, vindo para salvar, não para condenar, embora Sua palavra seja juízo aos que a desprezam; a multidão pergunta “quem és tu?”, mas a resposta já foi dada na eternidade: Ele é o Verbo encarnado, princípio de todas as coisas, e os que não O aceitam como tal tropeçam na pedra de escândalo que é Sua humanidade; o “se não crerdes” é um aviso solene, pois a fé n’Ele é o único caminho à vida, e fora disso resta a morte eterna; assim, São João Crisóstomo exalta a paciência de Cristo, que ainda dialoga com os duros de coração, mas sublinha que o tempo de conversão é agora, antes que a porta se feche.

Livro - Feche a oficina: por que a velha missa não está quebrada e a nova missa não pode ser consertada, de Peter Kwasniewski

O novo livro de Peter Kwasniewski, intitulado "Close the Workshop: Why the Old Mass Isn’t Broken and the New Mass Can’t Be Fixed", foi lançado pela Angelico Press. O livro argumenta contra as reformas litúrgicas da Missa antiga, defendendo que o rito antigo não precisava de reformas e que o novo rito é irreparável. Kwasniewski acredita que a Missa de Paulo VI é tão profundamente falha que não pode ser reparada e que qualquer tentativa de fazer o novo rito "bem" é perigosa e insuficiente. O autor teme que o Vaticano possa tentar impor "reformas" ao rito antigo, como uma forma de assimilação forçada. O livro defende a importância de celebrar o rito tradicional da melhor maneira possível, observando fielmente as rubricas e resistindo a práticas inadequadas.

Kwasniewski argumenta que, para a Igreja recuperar sua influência cultural e solidez interna, deve-se abandonar o Concílio dos anos 60 e a liturgia associada a ele, restaurando a liturgia tradicional.

Ver notícia

Liturgia Diária – 05 mar - QUARTA FEIRA DE CINZAS

Féria de 1ª Classe – Missa Própria – Estação em Santa Sabina
Jejum e Abstinência de carne

PRÓPRIO DO DIA

BENÇÃO DAS CINZAS
Antífona (Sl 67, 17 | ib., 2)
Ouvi-nos, Senhor, porque é benigna a vossa misericórdia; segundo a multidão de vossas comiserações, olhai para nós, Senhor. Sl. Salvai-me, ó Deus, porque as águas da tribulação penetram até a minha alma.

IMPOSIÇÃO DAS CINZAS
Memento, homo, quia pulvis es, et in púlverem revertéris. Lembra-te, ó homem, que és pó, e em pó te hás de tornar.

I. Antífona (Joel 2, 13)
Mudemos de vestimenta e cubramo-nos com a cinza e o cilício; jejuemos e choremos diante do Senhor, pois nosso Deus é muito misericordioso e pronto a perdoar os nossos pecados.

II. Antífona (Joel, 17)
Entre o vestíbulo e o altar chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, e não fecheis a boca dos que entoam os vossos louvores, ó Senhor.

MISSA

Introito (Sab 11, 24, 25 e 27 | Sl 56, 2)
Miseréris ómnium, Dómine, et nihil odísti eórum quæ fecísti, dissímulans peccáta hóminum propter pæniténtiam et parcens illis... Senhor, tendes piedade de todos e não odiais nenhuma das vossas criaturas. Vós usais de indulgência para com os pecados dos homens e lhes perdoais quando eles fazem penitência; porque sois o Senhor, nosso Deus. Sl. Tende piedade de mim, porque minha alma confia em Vós.

Epístola (Joel 2, 12-19)
Eis O que disse o Senhor: Convertei-vos de todo o vosso coração em jejuns, em lágrimas e gemidos. Rasgai vossos corações e não vossos vestidos; convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, que é benigno e compassivo, paciente e rico em misericórdia, e pronto a perdoar a maldade. Quem sabe se Ele não se voltará para vós, se vos perdoará, e não deixará uma bênção atrás de Si, [para apresentardes novamente] sacrifício e libação ao Senhor, vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, guardai um jejum sagrado, convocai a assembléia, reuni o povo, santificai a Igreja, reuni os velhos, congregai os pequeninos e os meninos de peito; saía o esposo de seu aposento e a esposa do seu leito nupcial. Os sacerdotes, ministros do Senhor, chorem entre o vestíbulo e o altar, dizendo: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, e não deixeis cair a vossa herança no opróbrio, expondo-a aos insultos das nações. Porque se diria entre as nações: Onde está o seu Deus? O Senhor zela por sua terra e perdoa o seu povo. E o Senhor responde e diz a seu povo: Eis que vou enviar-vos trigo, vinho e azeite; deles ficareis abastecidos e nunca mais vos entregarei aos insultos das nações. Assim disse o Senhor onipotente.

Evangelho (Mt 6, 16-21)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Quando jejuardes, não tomeis um ar tristonho, como o fazem os hipócritas, que desfiguram suas faces, para que os homens vejam como jejuam. Em verdade, eu vos digo: já receberam a recompensa. Mas, quando tu jejuares, unge a tua cabeça e lava o teu rosto, para que não mostres aos homens que estás jejuando, mas só a teu Pai, que está presente ao que há de mais secreto; e teu Pai, que vê no oculto, te dará a recompensa. Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça consomem e onde os ladrões desenterram e roubam. Ajuntai, porém, tesouros no céu, onde não há ferrugem nem traça que consomem, nem ladrões que desenterram e roubam. Porque onde está o teu tesouro, está também aí o teu coração.

Homilia 
São João Crisóstomo (Homiliae in Matthaeum, Hom. 20) - O jejum não é para os homens verem, mas para Deus, que sonda os corações; o hipócrita busca a glória vã dos homens, mas o justo esconde sua virtude, pois a recompensa celestial é maior que qualquer louvor terreno; lavar o rosto e ungir a cabeça é rejeitar a ostentação e abraçar a simplicidade, pois a verdadeira piedade não precisa de máscaras; os tesouros da terra são perecíveis, devorados pela traça e pelo ladrão, enquanto os do céu são eternos, guardados por Deus; o coração segue o tesouro, e se está preso à terra, afunda na corrupção, mas se elevado ao céu, encontra repouso em Deus; a alma deve desprezar as riquezas materiais, que escravizam, e buscar a riqueza da graça, que liberta; o jejum purifica o corpo, mas só a caridade e a oração enchem o coração de tesouros eternos; o homem que acumula para si mesmo é ladrão de sua própria alma, pois rouba de Deus o que lhe pertence; a luz do jejum ilumina a consciência, mas a avareza a cobre de trevas; quem jejua sem amor é como um sepulcro caiado, belo por fora, mas podre por dentro; o verdadeiro tesouro é a misericórdia, que sobe aos céus e intercede por nós no julgamento.

Liturgia Diária – 04 mar - S. CASIMIRO

Festa de 3ª Classe- Missa “Os Justi” (1) com Coleta própria e comemoração de S. Lúcio I, Papa e mártir

São Casimiro
nascido em 3 de outubro de 1458 em Cracóvia, Polônia, foi o terceiro filho do rei Casimiro IV e da rainha Isabel de Habsburgo. Príncipe da Polônia e grão-duque da Lituânia, renunciou às ambições terrenas, incluindo o trono da Hungria em 1471, para seguir uma vida de profunda piedade, castidade e penitência. Educado por mestres como João Dlugosz, destacou-se desde jovem por sua inteligência e devoção, vivendo austeramente apesar da riqueza da corte. Governou temporariamente a Polônia como regente entre 1481 e 1483, demonstrando justiça e prudência, mas preferiu dedicar-se à oração e à caridade, especialmente aos pobres. Faleceu em 4 de março de 1484, aos 25 anos, vítima de tuberculose, em Grodno (atual Bielorrússia), e foi canonizado em 1522 por Adriano VI, tornando-se patrono da Polônia, da Lituânia e da juventude. Uma obra significativa associada a São Casimiro é o hino "Omni die dic Mariae": "Todos os dias, minha alma, canta os louvores de Maria; celebra suas festas, seus feitos, com grande esplendor".

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 78, 11. 12 e 10 | ib., 1 )
Os justi meditábitur sapiéntiam, et lingua ejus loquétur judícium... A boca do justo fala a sabedoria e a sua língua profere a equidade. A lei de seu Deus está em seu coração. Sl. Não tenhas ciúmes dos maus, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. ℣. Glória ao Pai.

Epístola (Eclo 31, 8-11)
Livro da Sabedoria. Bem-aventurado o homem que foi encontrado sem mancha, que se não deixou atrair pelo ouro, nem pôs sua esperança no dinheiro ou em riquezas. Quem é este, para nós o louvarmos?Porque fez coisas maravilhosas em sua vida. O que assim foi provado e encontrado perfeito, terá uma glória eterna. Pôde transgredir a lei de Deus, e não a transgrediu; pôde praticar o mal e não o fez. Por isso os seus bens foram assegurado no Senhor, e toda a assembleia dos santos celebrará as suas esmolas.

Evangelho (Lc 12, 35-40)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Estejam cingidos os vossos rins, e em vossas mãos lâmpadas acesas. E sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor quando volta das bodas, para que, quando vier e bater à porta, logo a possam abrir. Bem-aventurados aqueles servos, que o Senhor, ao voltar, achar vigilantes. Em verdade vos digo: ele se cingirá e os fará
sentar à mesa, e, passando por entre eles, os servirá. E se vier na segunda vigília, ou se vier na terceira e assim os encontrar, bem-aventurados esses servos! Atendei porém a isto: se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, com certeza haveria de vigiar e, sem dúvida, não deixaria invadir a sua casa. Assim, estai também vós preparados, porque à hora em que não cuidais, virá o Filho do homem.

Homilia
São Gregório Magno, Homilia 13 sobre os Evangelhos – Estejam vossos rins cingidos e as lâmpadas acesas, pois o Senhor vem como ladrão na noite, e ninguém sabe a hora; assim, o servo fiel deve vigiar incessantemente, com a alma preparada como quem espera o noivo, não apenas para evitar o castigo, mas para receber a glória eterna. As lâmpadas simbolizam as boas obras que brilham diante dos homens e de Deus, enquanto os rins cingidos indicam a castidade e a mortificação da carne, que refreiam os desejos terrenos para elevar o espírito ao celestial. O Senhor reparte seus bens ao servo vigilante, mas ao negligente vem o juízo inesperado, como o ladrão que rouba a alma desprevenida. Não basta esperar passivamente; é preciso trabalhar ativamente na vinha do Senhor, pois a vinda súbita separa os justos dos ímpios, e o servo que se embriaga com o mundo será lançado nas trevas exteriores. A incerteza da hora é um chamado à constância, para que a alma esteja sempre pronta a prestar contas, pois o atraso do Senhor não é negligência, mas paciência para que todos se convertam. Assim, vigiar é viver em santidade, com o coração desapegado das coisas passageiras, aguardando o Rei que trará a recompensa eterna ou a punição perpétua.

Cardeais frequentemente mencionados como potenciais sucessores de Francisco

Apesar da imprevisibilidade desse processo, é possível analisar os possíveis candidatos com base em suas características e alinhamento com o atual pontificado. Entre os cardeais frequentemente mencionados como potenciais sucessores, o Cardeal Luis Antonio Tagle, de 67 anos, pode ser o mais provável para suceder Francisco. Tagle, que é filipino, destaca-se por várias razões:

Popularidade e alinhamento com Francisco: Ele é amplamente reconhecido por sua ênfase na justiça social, na misericórdia e em uma abordagem pastoral inclusiva, valores que ecoam a agenda progressista do Papa Francisco.
Origem asiática: Sua eleição representaria uma mudança significativa, refletindo o crescimento da Igreja Católica na Ásia, uma região de importância crescente para o catolicismo global.
Idade e energia: Aos 67 anos, Tagle é relativamente jovem para os padrões papais, o que lhe dá a vitalidade necessária para liderar a Igreja por um período considerável.

Outros cardeais em ordem de maior possibilidade para menor

O Cardeal Matteo Zuppi é outra figura associada ao catolicismo progressista. Ele prioriza a justiça social, a construção da paz e a atenção às comunidades marginalizadas, refletindo as prioridades do Papa Francisco. Sua abordagem pastoral e foco na inclusão indicam que ele apoia a direção progressista do Papa, em vez de se opor a ela.

Como Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin trabalha em estreita colaboração com o Papa Francisco e é um dos principais responsáveis pela implementação de suas políticas. Seu papel exige alinhamento diplomático com a agenda do Papa, incluindo temas como migração e mudanças climáticas. Assim, Parolin tende a apoiar as iniciativas progressistas de Francisco, não a desafiá-las.

O Cardeal Willem Eijk tem se destacado por defender os ensinamentos tradicionais da Igreja, especialmente em questões como casamento, família e bioética. Ele expressou preocupações sobre interpretações modernistas da doutrina, posicionando-se como defensor da ortodoxia. Sua postura sugere que ele é mais propenso a combater as ideias progressistas associadas ao Papa Francisco.

O Cardeal Peter Erdő tem se manifestado contra o secularismo e a erosão dos valores cristãos na Europa, advogando por um retorno aos princípios católicos tradicionais. Sua ênfase em preservar os ensinamentos e a identidade da Igreja indica uma resistência às tendências modernistas, sugerindo que ele pode se opor a certas iniciativas progressistas do Papa Francisco.

O Cardeal Peter Turkson é conhecido por seu trabalho em questões sociais, como pobreza, mudanças climáticas e migração, que se alinham com as prioridades progressistas do Papa Francisco. Sua liderança em departamentos vaticanos focados no desenvolvimento humano integral sugere que ele apoia a agenda do Papa, em vez de combatê-la.

O Cardeal Raymond Leo Burke é um dos críticos mais proeminentes das tendências modernistas e progressistas na Igreja. Ele já desafiou publicamente o Papa Francisco em questões como a comunhão para divorciados recasados e defende o retorno à liturgia e à doutrina tradicionais. Suas posições o colocam em oposição direta a muitas das iniciativas do Papa.

O Cardeal Gerhard Ludwig Müller, ex-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, criticou o que considera desvios da doutrina tradicional, especialmente em relação ao casamento e aos sacramentos. Sua defesa da ortodoxia sugere que ele combate ativamente as ideias modernistas, posicionando-se contra algumas das ações mais progressistas do Papa Francisco.

O Cardeal Malcolm Ranjith tem advogado pelo retorno a práticas litúrgicas tradicionais, como o uso do latim na Missa, e expressou preocupações sobre influências seculares na Igreja. Sua ênfase em preservar a identidade e a adoração católicas indica resistência às mudanças progressistas, sugerindo que ele pode se opor às tendências modernistas.

O Cardeal Robert Sarah é uma das principais vozes contra o modernismo na Igreja, destacando a importância da tradição, da ortodoxia e da reverência no culto. Ele tem criticado interpretações progressistas da doutrina e da liturgia, posicionando-se como um forte opositor das ideias modernistas e defensor da tradição católica.

Liturgia Diária – 02 mar - DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA

2a classe

Intróito
Sl 30:3-4 Esto mihi in Deum protectórem, et in locum refúgii, ut salvum me fácias... Sede, ó Deus, o meu protector e o lugar de refúgio, onde encontre a salvação; pois sois o meu sustentáculo e o meu refúgio, e, pela glória do vosso nome, me conduzireis e sustentareis. Sl 30:2 Em Vós, Senhor, pus a minha confiança; não serei confundido para sempre. Segundo a vossa justiça, livrai-me, salvai-me.

Epístola 1 Cor. 13:1-13
São Paulo Apóstolo aos Coríntios. Irmãos, Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.

Evangelho Lc 18:31-43
Naquele Tempo, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém. Tudo o que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do Homem será cumprido. Ele será entregue aos pagãos. Hão de escarnecer dele, ultrajá-lo, desprezá-lo; bater-lhe-ão com varas e o farão morrer; e ao terceiro dia ressurgirá. Mas eles nada disto compreendiam, e estas palavras eram-lhes um enigma cujo sentido não podiam entender. Ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia. Responderam-lhe: É Jesus de Nazaré, que passa. Ele então exclamou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim! Os que vinham na frente repreendiam-no rudemente para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais forte: Filho de Davi, tem piedade de mim! Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Chegando ele perto, perguntou-lhe: Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja. Jesus lhe disse: Vê! Tua fé te salvou. E imediatamente ficou vendo e seguia a Jesus, glorificando a Deus. Presenciando isto, todo o povo deu glória a Deus.

Homilias

Epístola 1 Cor. 13:1-13 Santo Agostinho, em seus sermões sobre este trecho, enfatiza que o amor é a essência de toda a vida cristã e o fundamento sobre o qual todas as virtudes se sustentam, indo além do que Paulo descreve ao afirmar que sem amor até os dons mais extraordinários são vazios e sem vida, como um corpo sem alma. Ele explica que o "bronze que ressoa" e o "címbalo que retine" representam ações externas que, embora impressionantes aos olhos humanos, carecem de valor eterno se não forem animadas pelo amor, que é a presença de Deus no coração. Agostinho interpreta a paciência e a bondade do amor como reflexos da própria paciência de Deus para com os pecadores, e diz que o amor "tudo suporta" porque é o vínculo que une a alma ao Criador, permitindo que o homem persevere nas tribulações. Ele vai além do texto ao ensinar que o "conhecimento parcial" e a visão "em espelho" apontam para a limitação da vida terrena, onde só o amor pode nos guiar ao pleno conhecimento de Deus, que será revelado na eternidade. Para Agostinho, a supremacia do amor sobre a fé e a esperança reside em sua eternidade: enquanto a fé se tornará visão e a esperança se cumprirá, o amor permanecerá para sempre como o laço entre Deus e os homens no Reino celeste.

Lucas 18:31-43 São João Crisóstomo enfatiza que o texto revela dois tipos de cegueira: a dos discípulos, que não compreendem as palavras de Jesus sobre o sofrimento e a ressurreição, e a do cego de Jericó, que, apesar de sua limitação física, demonstra uma visão espiritual superior. Crisóstomo destaca que os discípulos, mesmo estando tão próximos de Jesus, permanecem cegos para o mistério da cruz, presos a expectativas terrenas de poder e glória. Em contraste, o cego, marginalizado e desprovido de visão física, reconhece em Jesus o Messias, o "Filho de Davi", e clama por misericórdia com uma fé simples, mas poderosa. Para Crisóstomo, o grito do cego é um modelo de oração perseverante: ele não se cala diante das repreensões da multidão, mostrando que a fé autêntica não se dobra às pressões externas. Quando Jesus pergunta "Que queres que eu te faça?", o cego pede visão, mas Crisóstomo interpreta isso como um pedido que vai além do físico — é um clamor por iluminação espiritual, que o leva a seguir Jesus e glorificar a Deus. O santo também reflete sobre a ressurreição anunciada por Jesus, sublinhando que o sofrimento e a morte do Filho do Homem não são o fim, mas o caminho para a vitória, um mistério que os discípulos só entenderão após Pentecostes. Ele conclui que a cura do cego é um sinal visível daquilo que Jesus veio realizar interiormente em todos: abrir os olhos da alma para a verdade divina.

Liturgia Diária – 01 mar - SANTA MARIA NO SÁBADO

4ª classe – Missa “Salve Sancta Parens”, com orações próprias

PRÓPRIO DO DIA

Primeiro sábado
Imaculado coração de Maria

Introito
Salmos 44 - Salve, sancta Parens, enixa puerpera Regem... Salve, ó santa Mãe, que geraste o Rei, o qual governa o céu e a terra pelos séculos dos séculos. Meu coração exsultou com uma boa palavra; eu digo as minhas obras ao Rei.

Coleta
Concede-nos, te suplicamos, ó Deus onipotente, que os teus fiéis, que se alegram sob a proteção e o nome da santíssima Virgem Maria, sejam libertados por sua piedosa intercessão de todos os males na terra e mereçam alcançar as alegrias eternas no céu.

Leitura (Eclo 24, 14-16)
Livro da Sabedoria. Desde o princípio e antes dos séculos fui criada; e não deixarei de existir em toda a sucessão dos tempos; na morada santa exerci perante Ele o meu ministério. Fui assim firmada em Sião, e repousei na cidade santa; e em Jerusalém está o meu poder. Arraiguei-me em um povo glorioso, e nesta porção do meu Deus, que é a sua herança. Na assembléia dos Santos, estabeleci a minha assistência.

Evangelho segundo São Lucas 11, 27-28
Naquele tempo, enquanto Jesus falava ao povo, uma mulher elevou a voz do meio da multidão e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram! Mas ele respondeu: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!

Homilia

São Lucas 11, 27-28 São João Crisóstomo, em sua homilia, enfatiza que Cristo, ao responder à mulher, não rejeita a honra dada à Virgem Maria, sua mãe, mas eleva o foco da verdadeira bem-aventurança. Ele ensina que a felicidade não reside apenas na relação física com Jesus – como o ventre que o carregou ou os seios que o amamentaram –, mas na obediência espiritual e na fidelidade à Palavra de Deus. Crisóstomo explica que Jesus corrige a mulher para mostrar que a verdadeira união com Ele está na alma, não no corpo, e que todos podem alcançar essa bem-aventurança ao ouvir e praticar os ensinamentos divinos. Ele vai além do texto ao afirmar que Maria é duplamente bendita: por ser a mãe biológica de Cristo e, mais ainda, por sua perfeita obediência à vontade de Deus, sendo ela a primeira a ouvir e guardar a Palavra em seu coração. Assim, a homilia exalta a Virgem não apenas como mãe carnal, mas como modelo supremo de discipulado.

62 Razões para não assistir à Missa Nova, por Dom Antônio de Castro Mayer

As "62 Razões para não assistir à Missa Nova" foram organizadas por um grupo de 25 padres diocesanos da Diocese de Campos, no Brasil, liderados por Dom Antônio de Castro Mayer, bispo de Campos na época. Esse documento foi elaborado na década de 1970, mais especificamente por volta de 1974, como uma resposta crítica à introdução da Nova Missa (Novus Ordo Missae), promulgada pelo Papa Paulo VI em 1969 após o Concílio Vaticano II. Dom Antônio de Castro Mayer era conhecido por sua resistência às reformas litúrgicas do Concílio e por sua defesa da Missa Tridentina, também chamada de Missa Tradicional Latina.

O texto reflete a posição tradicionalista desses sacerdotes, que argumentavam que a Nova Missa comprometia a fé católica por supostamente incorporar elementos protestantes e ambiguidades teológicas. Embora a data exata de publicação possa variar dependendo da fonte, sua origem está associada ao período de oposição inicial às mudanças litúrgicas, sendo posteriormente difundido por grupos como a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), fundada por Dom Marcel Lefebvre, que também apoiava essa visão.

1. Mudança na essência teológica

O folheto argumenta que a Missa Nova altera a compreensão tradicional do Sacrifício da Cruz. Enquanto a Missa Tridentina enfatiza a renovação incruenta do sacrifício de Cristo para expiação dos pecados, a Missa Nova é vista como uma "ceia memorial" ou "assembleia comunitária", diluindo seu caráter sacrificial (razões 1-5). Isso seria influenciado por ideias protestantes, que rejeitam a noção de sacrifício propiciatório, e por uma abordagem ecumênica que compromete a doutrina católica (razões 6-10).

2. Alterações litúrgicas problemáticas

A reforma litúrgica é criticada por simplificar ou remover elementos essenciais da Missa Tridentina, como orações tradicionais (ex.: o Canon Missae fixo), gestos de reverência (ex.: genuflexões) e o uso exclusivo do latim, língua sagrada da Igreja (razões 11-20). O folheto aponta que a introdução de línguas vernáculas e a orientação do altar "versus populum" (sacerdote voltado para o povo) desviam o foco de Deus para a comunidade, enfraquecendo a sacralidade (razões 21-25).

3. Influência modernista e ambiguidade doutrinal

Segundo a FSSPX, a Missa Nova reflete o modernismo condenado por São Pio X, com textos ambíguos que permitem interpretações heterodoxas (razões 26-30). Por exemplo, a nova definição da Missa no Institutio Generalis (1969) foi ajustada após críticas por soar protestantizante, mas ainda seria insuficiente para preservar a fé tradicional (razões 31-35). A participação de teólogos protestantes na reforma é citada como evidência de compromissos inaceitáveis (razões 36-38).

4. Impacto na fé e na piedade

O folheto alega que a Missa Nova enfraquece a fé dos fiéis ao reduzir a distinção entre sacerdócio ministerial e laicato, promovendo uma "democratização" da liturgia (razões 39-45). A liberdade excessiva dada aos sacerdotes para improvisar (ex.: escolhas de orações eucarísticas) levaria a abusos e perda de uniformidade (razões 46-50). Isso resultaria em menor reverência, menos vocações e um declínio na vida espiritual católica (razões 51-55).

5. Legitimidade e obediência

A FSSPX questiona a legitimidade da promulgação da Missa Nova, argumentando que ela rompe com a tradição bimilenar da Igreja e contradiz o princípio de imutabilidade litúrgica defendido por papas como São Pio V (razões 56-60). Embora reconheça a validade da Missa Nova quando celebrada corretamente, sugere que os fiéis têm o direito de rejeitá-la em favor da Missa Tridentina, que nunca foi abrogada (razões 61-62).

Fizeram da Santa Missa um espetáculo de feira, um encontro divertido, uma festa ruidosa, por Gustavo Corção

(...) há hoje todo um esforço de covardia e traição universal para conjurar o insuportável espetáculo da Cruz. E então, para fugir à visão daquele divino pára-raios da cólera divina, para tirar os olhos do sangue, inventaram o recurso de fazer a Missa derivar mais da ceia do que da Cruz, e com esse estratagema malicioso e parvo, fizeram da Santa Missa um espetáculo de feira, aonde a assembleia dos fiéis é aquele ‘respeitável público’ dos palhaços de circo. Nada mais afastado da verdade: tentativa de transformar a Missa em alegria, um encontro divertido, uma festa ruidosa, quando a Ceia é um fato terrível, o prenúncio da imolação, o sacrifício que se consuma no Gólgota. Eis a depressão intelectual do nosso tempo: recusar o mistério tremendo da Redenção e trocá-lo por uma sociabilidade barata, um simulacro de comunhão que não suporta o peso da Cruz.

Gustavo Corção, Sereis Minhas Testemunhas (artigo de O Globo, 27/09/75)

Liturgia Diária – 28 fev - FÉRIA

4ª Classe – Missa do Domingo da sexagésima

São Romão (ou Romano), abade
foi um monge e eremita do século V, nascido por volta de 390 em Bugey, na França, e falecido em 28 de fevereiro de 463. Aos 35 anos, ingressou em um mosteiro perto de Lião, mas, buscando uma vida de maior solitude e contemplação, retirou-se para as montanhas do Jura, em Condat, levando consigo apenas uma Bíblia e textos como as "Instituições" de Cassiano e a "Vida dos Padres do Deserto". Lá, fundou os mosteiros de Condat (atual Saint-Claude) e Lauconne, tornando-se pai espiritual de inúmeros monges. Seus feitos incluem milagres, como a cura de dois leprosos ao abraçá-los, o que lhe rendeu fama de santo milagreiro ainda em vida. Com seu irmão Lupicino, liderou comunidades monásticas com um espírito de tolerância e bondade, influenciando a espiritualidade ocidental com um modelo de vida ascética e comunitária. Uma obra significativa que relata a vida de São Romão é o Liber Vitae Patrum (Livro da Vida dos Padres), escrito por São Gregório de Tours no século VI. Um trecho representativo diz: “Romano, inflamado pelo amor divino, buscou a solidão das florestas do Jura, onde, com mãos santas, curou os enfermos e guiou os perdidos ao coração de Deus.”

Liturgia Diária – 27 fev - S. GABRIEL DA VIRGEM DOLOROSA

3ª Classe

São Gabriel da Virgem Dolorosa
nascido Francesco Possenti em 1º de março de 1838, em Assis, Itália, foi um jovem que abandonou uma vida mundana para ingressar na Congregação dos Passionistas aos 18 anos, em 1856, assumindo o nome de Gabriel em devoção à Virgem Dolorosa. Canonizado em 1920 por Bento XV, morreu precocemente aos 24 anos, em 27 de fevereiro de 1862, vítima de tuberculose, na Ilha do Gran Sasso. Sua vida espiritual foi marcada por uma profunda devoção a Jesus Crucificado e à Virgem das Dores, além de uma intensa prática de caridade e mortificação, o que o tornou exemplo para a juventude e lhe valeu o apelido de “Santo do Sorriso”. Entre seus feitos, destaca-se sua influência como co-patrono da Ação Católica (1926) e padroeiro de Abruzzo (1959). Um texto emblemático que resume sua espiritualidade é seu lema: “Que é que não se faria para uma tal Mãe?"

Introito
Os justi meditabitur sapientiam, et lingua ejus loquetur judicium... O justo meditará a sabedoria, e a sua língua falará o que é justo; a lei do seu Deus está no seu coração. Sl. Não tenhas inveja dos malvados, nem desejes imitar os que praticam a iniquidade.

1 João 2,14-17
Eu vos escrevi, filhinhos, porque conheceis o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e vencestes o Maligno. Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo — a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida — não vem do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa com a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

Marcos 10,13-21
Traziam-lhe crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isso, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como criança, não entrará nele. E, tomando-as nos braços, as abençoava, impondo-lhes as mãos. Quando saía para se pôr a caminho, um homem correu ao seu encontro e, dobrando os joelhos diante dele, perguntou-lhe: Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna? Jesus disse-lhe: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus. Conheces os mandamentos: não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe. Ele respondeu: Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude. Jesus, fitando-o, amou-o e disse-lhe: Uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.

Homilias

1 João 2,14-17 - Santo Agostinho, em suas "Homilias sobre a Primeira Epístola de São João", enfatiza que João se dirige aos jovens como símbolo da força espiritual, destacando que a vitória sobre o Maligno vem da presença da Palavra de Deus em seus corações. Ele adverte contra o amor ao mundo, explicando que este "mundo" não é a criação de Deus, mas os desejos desordenados que afastam o homem do Criador – a concupiscência da carne como os prazeres sensoriais, a dos olhos como a cobiça por coisas visíveis e a arrogância da riqueza como o orgulho nas posses materiais. Para Agostinho, esses apegos são transitórios e ilusórios, enquanto a adesão à vontade divina garante a eternidade, pois o mundo passageiro arrasta consigo aqueles que nele se firmam, mas os que se voltam para Deus encontram a verdadeira permanência.

Marcos 10,13-21 - Santo Agostinho, em seu "Sermão 85", aborda especialmente a passagem do jovem rico. Agostinho destaca que o jovem se aproximou de Jesus com sinceridade, mas sua riqueza o prendia, impedindo-o de seguir plenamente o chamado de Cristo. Ele enfatiza que Jesus não condena a riqueza em si, mas o apego a ela, pois o coração do jovem estava dividido entre Deus e os bens materiais. Agostinho explica que a ordem de vender tudo e dar aos pobres não é um mandamento universal para todos os cristãos, mas uma exigência específica para aqueles que, como o jovem, buscam a perfeição espiritual além da mera observância dos mandamentos. A ideia central é que seguir Jesus exige desprendimento total, e o "tesouro no céu" prometido é a própria vida eterna em comunhão com Deus. Ele também reflete sobre a reação de tristeza do jovem, interpretando-a como um sinal de que, embora desejasse a vida eterna, o amor pelas riquezas o dominava, mostrando que o verdadeiro obstáculo estava em seu interior.

Liturgia Diária – 26 fev - FÉRIA

4ª Classe – Missa do Domingo da sexagésima

Santo Alexandre de Alexandria
bispo e confessor, nasceu por volta de 250 e faleceu em 26 de fevereiro de 328. Eleito bispo de Alexandria em 312, foi um dos grandes defensores da ortodoxia cristã contra a heresia ariana, que negava a divindade de Cristo. Homem culto e bondoso, destacou-se por sua profunda espiritualidade e zelo pastoral, priorizando a formação de clérigos virtuosos e iniciando a construção da igreja de São Teonas, a maior da cidade. Sua participação no Concílio de Niceia (325) foi crucial, onde liderou a condenação de Ário e ajudou a consolidar a doutrina da consubstancialidade do Filho com o Pai, deixando um legado duradouro na Igreja. Cinco meses antes de sua morte, designou Atanásio como seu sucessor, garantindo a continuidade de sua luta contra o arianismo. Uma das obras mais significativas associadas a Santo Alexandre é a carta encíclica Henos Somatos, redigida após o sínodo de 319 que excomungou Ário. Enviada aos bispos da Igreja Católica universal, ela reflete sua firme oposição às ideias arianas e sua defesa da unidade divina. Um trecho representativo diz: “Sempre Deus, sempre Filho”, enfatizando a eternidade e a consubstancialidade do Filho com o Pai, em contraste com a visão de Ário de que o Filho era uma criatura subordinada.

A Missa Tridentina como Refúgio Sagrado: Os Argumentos do Cardeal Sarah Contra a Desordem Litúrgica

O Cardeal Robert Sarah tem se destacado como uma voz firme na defesa da Missa Tridentina, também conhecida como Rito Extraordinário, enxergando nela uma expressão profunda da reverência e da centralidade de Deus na liturgia católica. Para ele, a Missa Tridentina, codificada por São Pio V no século XVI, não é apenas uma relíquia histórica, mas um tesouro espiritual que reflete a essência da fé: o sacrifício de Cristo na cruz, oferecido em silêncio, mistério e sacralidade. Sarah argumenta que essa forma litúrgica, com seu uso do latim, gestos meticulosos e orientação "ad orientem" — o sacerdote voltado para o altar, junto aos fiéis, em direção ao "Oriente" simbólico de Cristo —, coloca Deus no centro do culto, evitando o risco de transformar a missa em um evento comunitário antropocêntrico.

Um dos pilares de seu pensamento é a ideia de que a liturgia deve ser um encontro com o transcendente, e a Missa Tridentina, segundo ele, facilita isso ao preservar o silêncio contemplativo. Em conferências, como a de 2016 em Londres, Sarah destacou que o silêncio não é um vazio, mas uma presença, um espaço onde o fiel se abre à voz de Deus. Ele vê na estrutura rígida e reverente da Missa Tridentina uma proteção contra improvisações ou banalizações, que, em sua visão, diluem o sagrado. Para Sarah, o latim, como língua universal e imutável, reforça a unidade da Igreja e sua conexão com a tradição apostólica, enquanto os ritos antigos elevam a alma, em vez de a prender a modismos temporais.

Em contraste, o Cardeal critica a implementação da Missa Nova, ou Novus Ordo, instituída por Paulo VI em 1969, não como um erro em si, mas pela forma como foi aplicada e interpretada. Ele não rejeita totalmente o novo rito — reconhece sua validade —, mas lamenta o que chama de "desordem litúrgica" decorrente de abusos e de uma mentalidade que prioriza a "participação ativa" dos fiéis acima da adoração. Para Sarah, a orientação do padre "versus populum" (voltado para o povo) e o uso excessivo de vernáculos locais transformaram a missa, em muitos casos, em uma celebração horizontal, focada na comunidade, e não vertical, voltada para Deus. Ele argumenta que essa mudança sutil deslocou o foco do sacrifício eucarístico para uma experiência mais teatral, quase um "show" onde o sacerdote assume um papel de protagonista, em vez de mediador.

Outro ponto de crítica é o que ele percebe como perda da sacralidade. Em textos e falas, Sarah aponta que a Missa Nova, ao abrir espaço para adaptações culturais e criatividade, permitiu inovações que desrespeitam a solenidade do culto, como músicas profanas ou gestos casuais. Ele acredita que isso reflete uma crise mais ampla na Igreja: a secularização que enfraquece a fé ao tentar torná-la "acessível" ao mundo moderno. Para Sarah, a Missa Tridentina, por sua fidelidade à tradição, é um antídoto a essa crise, um chamado à conversão interior que não se curva às pressões do relativismo.

Sarah não advoga por uma abolição do Novus Ordo, mas por uma "reforma da reforma", onde a Missa Nova recupere elementos da Tridentina, como o silêncio, a orientação "ad orientem" e uma maior fidelidade ao sagrado. Ele vê na coexistência dos dois ritos uma riqueza para a Igreja, mas insiste que a Tridentina oferece uma lição vital: a liturgia não é uma invenção humana, mas um dom divino a ser recebido com humildade. Em um mundo barulhento e descrente, diz Sarah, a Missa Tridentina é um refúgio onde Deus fala e o homem escuta.

Liturgia Diária – 25 fev - FÉRIA

4ª Classe – Missa do Domingo da sexagésima

São Cesário de Nazianzo
nasceu por volta de 330 em Ariano, perto de Nazianzo, na Capadócia, e faleceu jovem, aos 59 anos, em 369, vítima de uma peste. Irmão de São Gregório Nazianzeno, foi médico na corte do imperador Juliano, um pagão que tentou convertê-lo, mas Cesário permaneceu firme em sua fé cristã. Sua vida espiritual teve um marco decisivo após sobreviver milagrosamente a um terremoto em Nicéia, o que o levou ao batismo tardio e a abandonar a medicina para se dedicar à evangelização e à caridade. Antes de morrer, doou todos os seus bens aos pobres, vivendo uma vida penitente e exemplar, marcada por um amor radical a Cristo, o que o tornou um modelo de honra e devoção. Embora São Cesário de Nazianzo não tenha deixado obras escritas próprias, sua vida foi imortalizada na Oração Fúnebre composta por seu irmão, São Gregório Nazianzeno, conhecida como Oratio 7. Nela, Gregório exalta a virtude e a transformação espiritual de Cesário, destacando sua conversão após o terremoto e sua dedicação aos necessitados. Um trecho representativo diz: “Ele, que outrora serviu aos homens com a ciência médica, passou a curar as almas com a luz de Cristo, mostrando que a verdadeira honra está em dar tudo aos pobres e viver para Deus.”

Liturgia Diária – 24 fev - S. MATIAS

Festa de 2ª Classe – Missa própria

São Matias
conhecido como o apóstolo que substituiu Judas Iscariotes, foi escolhido após a Ascensão de Jesus, conforme narrado em Atos dos Apóstolos 1:21-26, por volta do ano 30 d.C., para restaurar o número de doze apóstolos, simbolizando a continuidade do povo de Deus. Sua eleição ocorreu mediante sorteio entre os  72 discípulos que acompanharam Jesus desde o batismo de João até a ressurreição, destacando sua fidelidade e proximidade com o ministry de Cristo. Matias dedicou sua vida à pregação do Evangelho, evangelizando regiões como a Judeia, Capadócia e Etiópia, e, segundo a tradição, foi martirizado por apedrejamento e decapitação na Cólquida (atual Geórgia) no século I. Algumas de suas relíquias acham-se em Roma e outras em Trèves (basílica de S. Matias). Na iconografia cristã, São Matias é frequentemente retratado com atributos que remetem à sua vida e martírio. O machado é seu símbolo mais comum, associado à tradição de sua decapitação, o que o liga ao patrocínio de açougueiros e carpinteiros. Ele também pode aparecer com uma lança ou livro, representando seu martírio alternativo (crucificação) ou sua pregação do Evangelho. Uma das poucas referências diretas à doutrina de São Matias aparece nos fragmentos preservados por São Clemente de Alexandria, em sua obra Stromata. Esses textos, embora escassos, revelam a essência de sua pregação ascética e focada na pureza espiritual. Um trecho representativo atribuído a Matias é: “É preciso combater a carne e servir-se dela sem deleitá-la com culpáveis satisfações,”

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 138, 17 | ib., 1-2)
Mihi autem nimis bonoráti sunt amíci tui, Deus... Tenho em grande estima os vossos amigos, ó Deus; muito se fortaleceu o seu poder. Sl. Senhor, Vós me provais e me conheceis; Vós sabeis a minha morte e a minha ressurreição. ℣. Glória ao Pai…

Coleta
Ó Deus, que associastes S. Matias ao colégio dos vossos Apóstolos, concedei-nos, Vos pedimos, que por sua intercessão sintamos sempre os efeitos de vossa misericórdia para conosco. Por N. S.

Epístola (At 1, 15-26)
Atos dos Apóstolos. Naqueles dias, levantou-se Pedro no meio dos discípulos, (o número dos que estavam reunidos chegava quase a cento e vinte pessoas) e disse: Meus irmãos, tinha que se cumprir a palavra da Escritura que o Espírito Santo proferiu pela boca de Davi a respeito de Judas, que se pôs à frente daqueles que prenderam Jesus, e era um dos nossos, tendo parte nesse ministério [apostólico]. Esse homem depois de haver comprado um campo com o preço de seu crime, enforcou-se, e rebentando-se pelo meio, todas as suas vísceras se espalharam. E tão notório isto se tornou a todos os habitantes de Jerusalém, que se chamou àquele campo, em sua língua, Hacéldama, isto é, campo de sangue. Pois está escrito no livro dos Salmos: Fique deserta a sua habitação e não haja quem habite nela; receba um outro o seu ministério. Portanto é preciso que destes homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em que vivia entre nós o Senhor Jesus, desde o batismo de João, até o dia em que subiu ao céu, se faça um deles conosco testemunha de sua ressurreição. Apresentaram então dois: José, chamado Barsabas, que era cognominado, o Justo, e Matias. E orando, disseram: Vós, Senhor, conheceis os corações de todos; mostrai-nos qual destes dois escolhestes para tomar o lugar neste ministério apostólico do qual Judas se afastou, para ir em seu lugar. Depois lançaram sortes sobre eles e caiu a sorte em Matias, que foi então contado com os onze Apóstolos.

Evangelho (Mt 11, 25-30)
Naquele tempo, respondeu Jesus: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e prudentes e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Todas as coisas me foram concedidas por meu Pai. E ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos vós que estais fatigados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós; aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis repouso para vossas almas. Pois meu jugo é suave e meu fardo leve.

Liturgia Diária – 23 fev - DOMINGO DA SEXAGÉSIMA

Domingo de 2ª Classe – Missa Própria – Estação em São Paulo

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 43, 23-26 | ib. 2) [Áudio]
Exsúrge, quare obdórmis, Dómine? exsúrge, et ne repéllas in finem... Acordai, Senhor, por que dormis? Levantai-Vos, não nos rejeiteis para sempre. Por que desviais a vossa face e Vos esqueceis de nossa angústia? Nosso corpo adere à terra. Levantai-Vos, Senhor, socorrei-nos e salvai-nos. Sl. Ó Deus, com os nossos ouvidos, ouvimos; nossos pais no-lo contaram.℣. Glória ao Pai.

Epístola (2 Cor 11, 19-33 e 12, 1-9)
São Paulo Apóstolo aos Coríntios. Irmãos: De bom ânimo suportais os insensatos, sendo vós, sábios. Pois tolerais que vos ponham em escravidão, que vos explorem, que se apoderem de vossos bens, que vos tratem com arrogância, que vos batam no rosto. Envergonhado confesso: neste ponto, tenho sido fraco. Em qualquer coisa, porém, que alguém se atreva (falo como insensato), também eu me atrevo. São hebreus? também eu. São descendentes de Abraão? também eu. São ministros de Cristo? (como menos sábio falo), mais o sou eu: muito mais pelos trabalhos, pelas prisões muitíssimo mais, pelos açoites sem conta, em perigos de morte frequentemente. Dos judeus recebi, cinco vezes, quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas; uma vez fui apedrejado; três vezes naufraguei; uma noite e um dia estive no fundo do mar. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de ladrões; em perigos dos de minha nação, em perigos da parte dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalho e fadiga, em muitas vigílias, na fome e na sede, em frequentes jejuns, no frio e na nudez. Além destas coisas, que são exteriores, a minha preocupação cotidiana, o cuidado de todas as Igrejas. Quem está enfermo que eu não fique enfermo? Quem é escandalizado, que eu não me abrase? Se convém gloriar-se, gloriar-me-ei então da minha fraqueza. O Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é bendito nos séculos, sabe que não minto. Em Damasco, mandou o preposto do rei Aretas guardar a cidade dos damascenos para me prender, mas num cesto me desceram por uma janela, da muralha abaixo, e assim escapei de suas mãos. Se convém gloriar-se (certamente não convém), virei agora às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo, [Paulo] que, há quatorze anos (seno corpo ou fora do corpo, não sei, mas Deus o sabe), foi arrebatado até o terceiro céu. E sei a respeito desse homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, mas Deus o sabe) que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras inefáveis que ao homem não é permitido proferir. Nisto é que me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, a não ser de minhas fraquezas. Verdade é que, se me quisesse gloriar, não seria insensato, porque diria a verdade; abstenho-me, no entanto, para que ninguém me estime acima do que vê em mim ou de mim ouve. E para que não me ensoberbecesse a grandeza das revelações, foi-me dado o estímulo de minha carne [provavelmente doenças físicas], qual anjo de Satanás que me esbofeteie. Por causa dele roguei ao Senhor três vezes que de mim o desviasse. E Ele medisse: Basta-te a minha graça, porque a força [de Deus] se manifesta de modo mais completo na fraqueza [humana]. Portanto, de bom grado me gloriarei em minhas fraquezas, para que habite em mim a fôrça do Cristo.

Evangelho (Lc 8, 4-15)
Naquele tempo, tendo-se reunido muito povo, e como os habitantes de várias cidades tivessem ido a Jesus, propôs-lhes Ele esta parábola: Saiu o semeador a semear sua semente; e ao semeá-la, parte caiu junto ao caminho e foi pisada, e as aves do céu a comeram. Outra parte caiu sobre a pedra, e quando nasceu, secou logo, por não haver umidade. Outra parte caiu entre os espinhos, e os espinhos, nascendo com ela, a sufocaram. E outra parte caiu em boa terra, e depois de nascer, deu fruto, cento por um. Dito isto, clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Seus discípulos perguntaram-Lhe, pois, que significava essa parábola. E Ele lhes respondeu: A vós é dado conhecer o Mistério do Reino de Deus, porém aos outros se fala em parábolas, para que, olhando, não vejam, e ouvindo, não entendam. Este é, pois, o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus. Os que estão ao longo do caminho, são os que a ouvem, mas vindo depois o diabo, tira-lhes a palavra do coração, para que se não salvem, crendo nela. Os de sobre a pedra, são os que recebem com gosto a palavra, quando a ouviram; porém estes não têm raízes; até certo tempo creem, mas no tempo da tentação, desviam-se. A que caiu entre os espinhos: são estes os que ouviram, porém indo, afogam-se com cuidados, riquezas e deleites da vida e não dão fruto. E a que caiu em boa terra: são os que, ouvindo a palavra, guardam-na com o coração bom e perfeito e dão fruto na paciência.

Homilias

2 Coríntios 11,19-33; 12,1-9 - São João Crisóstomo, em Homilia 26 sobre 2 Coríntios, um dos maiores pregadores da história da Igreja, oferece uma análise profunda e vibrante desse texto paulino, destacando a humildade e a força paradoxal de Paulo em suas fraquezas. Ele começa enfatizando que Paulo não se gloria de suas virtudes ou sucessos, mas de suas tribulações, porque essas são o palco onde a graça de Deus se manifesta mais plenamente. Crisóstomo interpreta as enumerações de sofrimentos – açoites, naufrágios, perigos – como uma demonstração de que a vida apostólica não é glamorosa, mas um combate constante, onde o poder humano é reduzido a nada para que o divino resplandeça. Sobre o “espinho na carne”, ele argumenta que Paulo não revela sua natureza exata para que cada ouvinte possa aplicar o ensinamento às suas próprias lutas, sejam elas físicas, espirituais ou emocionais. Para Crisóstomo, a resposta divina “Basta-te a minha graça” é o cerne da mensagem: Deus não remove as fraquezas para ensinar que a dependência dele é a verdadeira força. Ele exalta a ironia de Paulo se gloriar em ser “fraco” e escapar de Damasco num cesto, mostrando que até nos momentos de humilhação humana, a providência divina triunfa. Quanto às visões e revelações, Crisóstomo as vê como um raro vislumbre da glória celestial, mas insiste que Paulo as menciona com relutância, preferindo a humildade à exaltação própria. A homilia sublinha que a vida cristã é um chamado à resiliência, onde as fraquezas não são derrotas, mas oportunidades para a vitória de Cristo em nós.

Lucas 8,4-15 – Santo Agostinho, em seu Sermão 101, oferece uma leitura rica e alegórica da parábola do semeador, focando na semente como a Palavra de Deus e nos tipos de solo como as disposições do coração humano. Ele descreve os que estão à beira do caminho como aqueles cujo coração é endurecido pelo tráfego do mundo, permitindo que Satanás roube a semente antes que ela crie raízes; são os distraídos e indiferentes. Os solos pedregosos, para Agostinho, representam os que se entusiasmam inicialmente com a fé, mas desistem quando enfrentam dificuldades, como a perseguição ou a aridez da vida espiritual, por falta de profundidade interior. Os espinhos são interpretados como as seduções do mundo – riquezas, prazeres, ambições – que sufocam a Palavra, impedindo-a de frutificar; aqui, ele adverte contra o apego material que mata a vida espiritual. Já o solo bom é o coração aberto, humilde e perseverante, que acolhe a Palavra com amor e a faz produzir frutos abundantes de virtude e caridade. Agostinho insiste que o semeador, Cristo, lança a semente generosamente a todos, mas o resultado depende da receptividade de cada um. Ele exorta os ouvintes a examinarem seus corações, a removerem os espinhos e a cultivarem a terra interior para que a Palavra floresça, destacando que a perseverança é essencial para a salvação.

Fraternidade ou Concessão? Uma Crítica à Campanha da CNBB em 2025

Mais uma vez, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança sua Campanha da Fraternidade, agora em 2025, sob o tema "Fraternidade e Ecologia Integral". E, como já se tornou tradição, a iniciativa desperta indignação em inúmeros católicos que, ano após ano, esperam da Igreja um posicionamento claro e firme contra o pecado, especialmente no tempo da Quaresma — um período que, por sua própria natureza, convida à introspecção, ao arrependimento e à conversão pessoal. No entanto, o que se observa é uma CNBB que, distante desse chamado essencial, prefere abraçar as narrativas do mundo, vestindo-as com uma fina camada de verniz católico que mal disfarça sua submissão aos modismos contemporâneos.

O tema deste ano, com sua ênfase em "pecado ecológico" e "conversão ecológica", não foge à regra. Tais expressões, longe de ressoar com a tradição da Igreja, ecoam os discursos de uma sociedade secularizada que, em sua fuga de Deus, substitui a transcendência por uma idolatria da natureza. Não se trata aqui de negar a importância do cuidado com a criação — um princípio que a própria doutrina católica reconhece como parte da stewardship cristã. O problema está na inversão de prioridades: em vez de colocar o homem em relação com seu Criador, a campanha parece elevá-lo a mero coadjuvante de um planeta que assume o papel central. A Quaresma, tempo de combate ao pecado e de busca pela santidade, é reduzida a uma plataforma para agendas que agradam mais aos fóruns internacionais do que às almas sedentas de redenção.

Pior ainda, ao perscrutar os materiais da campanha, percebe-se uma aproximação perigosa com ideias que a Igreja historicamente condenou. Termos como "ecologia integral" — emprestados de documentos como a encíclica Laudato Si’, mas reinterpretados de forma ambígua — flertam com um panteísmo sutil, onde a distinção entre Criador e criatura se dilui. A natureza, em vez de ser vista como reflexo da glória divina, corre o risco de ser endeusada, um eco das doutrinas pagãs que o cristianismo combateu desde seus primórdios. Essa tendência não é nova na CNBB: há décadas, suas campanhas têm sido acusadas de diluir a fé em prol de um diálogo com o mundo que, na prática, se traduz em concessões teológicas e morais.

O resultado é uma Igreja que, em vez de desafiar a cultura contemporânea, curva-se a ela. Enquanto o mundo se afasta de Deus, imerso em relativismo e materialismo, a CNBB opta por temas que, embora palatáveis à opinião pública, pouco dizem sobre a salvação eterna. A Quaresma de 2025, assim, torna-se mais um capítulo dessa triste trajetória: em lugar de um chamado vigoroso à penitência e à reconciliação com Deus, oferece-se uma cartilha ecológica que, sob o pretexto de fraternidade, distancia-se do Evangelho. Aos fiéis resta o desalento de ver a hierarquia eclesiástica brasileira mais preocupada em agradar do que em santificar, mais alinhada aos ventos do século do que à cruz de Cristo.

Liturgia Diária – 22 fev - CÁTEDRA DE SÃO PEDRO

2ª Classe- Missa Própria

Santa Margarida de Cortona (1247-1297) 
nasceu em Laviano, Itália, e viveu uma juventude marcada por desafios: órfã de mãe aos 7 anos, foi maltratada pela madrasta e, adolescente, tornou-se amante de um nobre de Montepulciano, com quem teve um filho. Em 1273, a morte brutal de seu companheiro, descoberta por ela graças ao cão dele, desencadeou uma profunda conversão. Arrependida, buscou refúgio em Cortona, onde, em 1277, após três anos de penitência, ingressou na Ordem Terceira Franciscana, dedicando-se à pobreza, oração e caridade. Fundou a Confraria de Santa Maria da Misericórdia para cuidar de doentes e pobres, e sua vida espiritual foi marcada por visões místicas, incluindo diálogos com Jesus, culminando em sua morte em 22 de fevereiro de 1297. Seu corpo incorrupto está preservado na Basílica de Santa Margarida em Cortona. Na Legenda de Santa Margarita de Cortona, escrita por Frei Giunta Bevegnati, há uma visão em que Jesus Cristo fala a Santa Margarida de Cortona, comparando-a diretamente a São Francisco de Assis e Santa Clara. Nesse momento de êxtase místico, enquanto Margarida orava intensamente, Jesus lhe disse: "Minha filha, assim como escolhi Francisco para renovar minha Igreja pela pobreza e humildade, e Clara para ser luz de santidade e pureza, eu te escolhi para mostrar ao mundo o poder da minha misericórdia, trazendo os pecadores de volta a mim através do teu exemplo de penitência."

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Eclo 45, 30| Ps 131, 1)
Státuit ei Dóminus testaméntum pacis, et príncipem fecit eum... O Senhor fez com ele uma aliança de paz, constituindo-o príncipe a fim de que a dignidade sacerdotal lhe pertencesse para sempre. Sl. Lembrai-Vos, Senhor, de Davi e de toda a sua submissão. ℣. Glória ao Pai.

2ª Coleta (de São Paulo)
Ó Deus, que ensinastes à multidão dos gentios pela pregação de S. Paulo, Apóstolo, concedei, nós Vos rogamos, que, celebrando o seu natalício, sintamos também o seu patrocínio junto de Vós.

Epístola (1 Pe 1, 1-7)
São Pedro Apóstolo. Pedro, Apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos estrangeiros e dispersos no Ponto, na Galícia, na Capadócia, na Ásia e na Bitínia, [eleitos] segundo a presciência de Deus Padre para receber a santificação do Espírito, para obedecer à fé e participar da aspersão do Sangue de Jesus Cristo, graças e paz vos sejam prodigalizadas. Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que por sua grande misericórdia nos regenerou para uma esperança vivificadora, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, por uma herança incorruptível, imaculada e imarcescível que está reservada nos céus para vós. Pela força de Deus, estais guardados pela fé para a salvação que está preparada para ser manifestada no fim dos séculos. Deveis por isso exultar, mesmo que agora por algum tempo fiqueis atribulados por várias tentações, para que a vossa fé assim experimentada, mais preciosa que o ouro (que é provado pelo fogo) seja digna de louvor, de glória e honra, quando se manifestar Jesus Cristo, Senhor nosso

Evangelho (Mt 16, 13-19)
Naquele tempo, veio Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, e interrogou os seus discípulos: Na opinião dos homens, quem é o Filho do homem? E eles responderam: Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que Jeremias ou algum dos Profetas. Disse-lhes Jesus: E vós, quem julgais que eu sou? Tomando a palavra, Simão Pedro disse: Vós sois o Cristo, Filho de Deus vivo. E respondendo, Jesus disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Bar Jonas [filho de Jonas], porque não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está nos céus. E eu te digo que és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei. as chaves do Reino dos céus. E tudo o que ligares sobre a terra será ligado nos céus; e tudo o que desligares sobre a terra, será desligado nos céus.

Liturgia Diária – 21 fev - FÉRIA

4ª Classe

Sexta-feira
Dia da Paixão e Morte de Cristo, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus
Abstinência obrigatória

Missa do domingo passado

São Severiano
também conhecido como Severiano de Citópolis, foi bispo de Citópolis, na Palestina, no século V. Ele é lembrado por sua firmeza na fé cristã durante um período de turbulência religiosa. Em 21 de fevereiro de 453, Severiano foi martirizado por soldados que o capturaram e assassinaram fora da cidade, devido à sua defesa da ortodoxia cristã contra heresias da época.

Liturgia Diária – 20 fev - FÉRIA

4ª Classe

Quinta-feira
Em honra à Eucaristia e ao sacerdócio

Missa do domingo passado

Santo Eleutério
nasceu por volta do ano 470 na região que hoje corresponde à Bélgica. Foi ordenado como o primeiro bispo de Tournai, dedicando-se intensamente à construção de igrejas, incentivo às vocações e formação do clero. Seu trabalho de evangelização buscava transformar o Evangelho em um estilo de vida para o povo. Eleutério foi martirizado em 532, e seus restos mortais foram guardados na Catedral de Tournai, tornando-se local de peregrinação.

São Euquério de Orleães
nasceu em Orleães, França, e desde cedo foi educado na fé cristã. Ingressou no mosteiro de Jumièges, às margens do rio Sena, onde se dedicou à vida monástica. Mais tarde, foi nomeado bispo de Orleães, destacando-se como defensor da Igreja e de seus bens contra os interesses dos poderosos da época. Devido a conflitos políticos, foi exilado e passou seus últimos anos no convento de Saint-Trond, onde faleceu em 20 de fevereiro de 738. Suas relíquias, guardadas na igreja do convento, foram associadas a inúmeros milagres.

Liturgia Diária – 19 fev - FÉRIA

4ª Classe

Quarta-feira
Dedicada a São José

Missa do domingo passado

São Conrado de Piacenza
nascido em 1290 em Calendasco (próximo a Piacenza), Itália, era um nobre apaixonado pela caça. Durante uma caçada, ordenou que ateassem fogo em um matagal para capturar a presa, mas o incêndio saiu do controle, destruindo campos e florestas vizinhas. Um camponês inocente foi acusado e condenado à morte pelo incidente. Tomado pelo remorso, Conrado confessou sua culpa, salvando o homem e indenizando os prejudicados, o que o levou à pobreza. Após esse evento, ele e sua esposa decidiram seguir vidas religiosas: ela ingressou em um convento das Clarissas, e ele tornou-se eremita da Terceira Ordem Franciscana. Conrado viveu como eremita por 36 anos, dedicando-se à oração e penitência, até falecer em 19 de fevereiro de 1351, em Noto, Sicília. Seu culto foi aprovado pelo Papa Urbano VIII em 12 de setembro de 1625. Uma obra que destaca a vida de São Conrado é "Legenda de Sancto Conrado Confalonieri", que narra sua trajetória de nobreza à santidade. Embora não haja registros de escritos deixados por ele, sua vida exemplifica a passagem bíblica: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados" (Tiago 5:16).

Liturgia Diária – 18 fev - FÉRIA

4ª Classe

Terça-feira
Em honra aos Santos Anjos

Missa do domingo passado

São Simeão, bispo e mártir
filho de Cléofas e primo de Jesus, foi um líder proeminente na Igreja primitiva. Após o martírio de São Tiago Menor em 62 d.C., Simeão foi escolhido para sucedê-lo como bispo de Jerusalém. Durante seu episcopado, testemunhou a destruição de Jerusalém em 70 d.C. e liderou a comunidade cristã na reconstrução espiritual e material da cidade. Simeão permaneceu firme na fé durante as perseguições e, aos 120 anos, sofreu o martírio sob o governo do imperador Trajano, por volta de 107 d.C. Eusébio de Cesareia, em sua "História Eclesiástica", relata: "Após o martírio de Tiago e da conquista de Jerusalém que se seguiu imediatamente, diz-se que os apóstolos e discípulos do Senhor que ainda estavam vivos vieram de todas as partes... para se aconselharem sobre quem seria digno de suceder a Tiago. Por unanimidade, Simeão, filho de Cléofas, foi nomeado bispo."

São Teotônio 
nasceu em 1082 na aldeia de Tardinhade, próxima a Valença do Minho, Portugal. Recebeu sua formação inicial no mosteiro beneditino de Ganfei e, posteriormente, estudou humanidades e teologia em Coimbra. Foi ordenado sacerdote em Viseu, onde se tornou prior da Sé. Em 1131, cofundou o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, dedicando-se à reforma da vida religiosa em Portugal. Faleceu em 18 de fevereiro de 1162 e foi canonizado um ano após sua morte, tornando-se o primeiro santo português. Uma obra que destaca a vida e a obra de São Teotônio é a dissertação "São Teotónio: Vida, obra e iconografia", de André Maurício Horta Reis da Silva. Este estudo detalha a trajetória do santo, incluindo sua influência na reconquista cristã e sua amizade com São Bernardo de Claraval. Um trecho representativo da obra menciona: "São Teotónio viveu numa Europa em constante mudança, quer a nível interno, devido ao movimento religioso, político e militar das cruzadas, quer a nível externo, com a invasão muçulmana e subsequente reconquista cristã."

Livro: Os Jesuítas, a Companhia de Jesus e a Traição à Igreja Católica, de Malachi Martin

Publicado em 1987, Martin, um ex-jesuíta e teólogo, apresenta uma visão crítica sobre a atuação da Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas) dentro da Igreja Católica, alegando que a ordem teria se desviado de seus princípios originais e estaria minando a autoridade papal.

Malachi Martin foi um sacerdote jesuíta irlandês que, após deixar a ordem em 1964, tornou-se escritor e comentarista sobre assuntos relacionados à Igreja Católica. Ele escreveu diversos livros abordando temas como exorcismo, política e história da Igreja.

O livro propõe que a Companhia de Jesus se desviou de sua missão original – que era de profunda espiritualidade e serviço ao papado – para se transformar em uma força política oculta dentro da Igreja. O autor defende que a ordem passou a agir de maneira secreta e estratégica, utilizando métodos de intriga e influência para moldar a direção da Igreja, visando, sobretudo, conquistar poder e controle. Os jesuítas teriam se aliado a correntes modernas – inclusive com tendências marxistas – que, ao questionar e subverter os dogmas tradicionais, contribuíram para uma mudança radical na doutrina e na estrutura eclesiástica. Essa aliança seria parte de um movimento maior de adaptação à modernidade, no qual os jesuítas teriam buscado incorporar princípios de justiça social, redistribuição de poder e crítica às estruturas hierárquicas estabelecidas. Assim, os jesuítas teriam contribuído para uma transformação interna na Igreja, alterando sua doutrina e a forma como ela se organiza. Essa mudança implicaria uma transição do papel estritamente espiritual para uma atuação mais política, na qual o objetivo seria influenciar decisões e estratégias da Igreja de maneira a favorecer uma visão de mundo mais secular e progressista. Essa “aliança” representaria uma traição aos princípios fundadores da ordem – como a humildade, a obediência radical ao Papa e o compromisso com a missão espiritual – substituindo-os por uma postura que priorizaria o poder, a influência política e a adaptação às tendências culturais e sociais modernas.

ÍNDICE

A GUERRA – 9

Primeira Parte
A ACUSAÇÃO

I. Objeções papais – 37
II. O terreno de provas – 47
III. O «Papa Branco» e o «Papa Negro» – 73
IV. A humilhação papal – 99
V. Desobediência elementar – 115

Segunda Parte
A COMPANHIA DE JESUS

VI. Íñigo de Loyola – 139
VII. O molde inaciano – 165
VIII. A Companhia de Inácio – 181
IX. Caráter da Companhia de Jesus – 193
X. O superior máximo – 217
XI. Furacões na cidade – 235

Terceira Parte
OS LIBERTADORES

XII. A doutrina sedutora – 249
XIII. George Tyrrell, S.J. – 263
XIV. Pierre Teilhard de Chardin, S.J. – 275
XV. A Teologia da Libertação – 293
XVI. O Concílio Vaticano II – 307

Quarta Parte
O CAVALO DE TROIA

XVII. O segundo basco – 323
XVIII. Trajes antiquados – 349
XIX. Novas fibras íntegras – 363
XX. A busca do carisma primitivo – 381
XXI. O novo tecido – 415
XXII. A posição diante do público – 441

EM COMBATE PARA CONSTRUIR O MUNDO DO HOMEM – 459
NOTAS – 487
ÍNDICE ONOMÁSTICO – 499

Liturgia Diária – 17 fev - FÉRIA

4ª Classe

Segunda-feira
Dedicada às almas do purgatório

Fuga para o Egito
Nossa Senhora do desterro

Liturgia
Missa do domingo passado

Santos Teódulo e Juliano 
foram mártires cristãos que viveram durante o reinado do imperador Diocleciano (284–305 d.C.), época marcada por intensas perseguições aos cristãos. Eles foram presos e executados por permanecerem fiéis à fé cristã, recusando-se a sacrificar aos deuses pagãos. Teódulo era conhecido por sua eloquência e sabedoria, enquanto Juliano destacava-se por sua coragem e fidelidade. Segundo a tradição, ambos foram torturados e mortos em 304 d.C., unindo-se ao testemunho de muitos mártires que inspiraram gerações de cristãos. Um texto que simboliza o espírito de Santos Teódulo e Juliano pode ser encontrado no "Martirológio Romano", que afirma: “Firmes na fé e na esperança, preferiram a morte à infidelidade, oferecendo sua vida como testemunho de Cristo.”

A igreja pós-vaticano II é uma religião retórica que dilui a profundidade e a autenticidade da experiência religiosa

No artigo "The Novus Ordo is Rhetorical Religion", Michael Hickman argumenta que a reforma litúrgica do Novus Ordo, implementada após o Concílio Vaticano II, transformou a religião em um modelo retórico. Isso significa que a ênfase foi colocada na adaptação da apresentação da fé para torná-la mais atraente ao mundo moderno, separando os elementos "essenciais" dos "não essenciais" da Missa. Hickman sugere que essa abordagem busca modificar aspectos não essenciais para melhorar a recepção da mensagem, mas acaba comprometendo a integridade e a profundidade da tradição litúrgica. Ele também critica a mudança do foco da liturgia de uma experiência transcendente e centrada em Deus para uma interação mais social e centrada na comunidade, o que, segundo ele, dilui a essência do culto religioso.

Hickman argumenta que a Missa Tradicional é mais autêntica e significativa porque não segue o modelo de "religião retórica". Ele explica que a retórica clássica envolve a apresentação do caráter do orador (ethos), a coerência racional da mensagem (logos) e os sentimentos provocados nos ouvintes (pathos). Na religião retórica, a mensagem (logos) é separada da apresentação (ethos e pathos), resultando em uma experiência religiosa menos autêntica.

Hickman critica a adaptação da Igreja à modernidade e ao liberalismo, afirmando que isso enfraquece a conexão histórica e concreta com a tradição. Ele defende a preservação da Missa Tradicional como um meio de manter a continuidade existencial com o passado e a verdadeira essência da fé católica.

Liturgia Diária – 16 fev - DOMINGO DA SEPTUAGÉSIMA

2ª Classe

Introito (Sl 17, 5, 6 e 7 | ib. 2-3) [Áudio]
Circumdedérut me gémitus mortis, dolóres inférni circumdedérunt me... Cercaram-me gemidos de morte; envolveram-me dores de inferno. Em minha angústia invoquei o Senhor e, de seu santo templo, Ele ouviu a minha voz. Sl. Eu Vos amo, Senhor, que sois a minha força. O Senhor é meu apoio, meu refúgio e meu libertador. ℣. Glória ao Pai.

Epístola (1 Cor 9, 24-27; 10, 1-5)
São Paulo Apóstolo aos Coríntios. Irmãos: Não sabeis que os que correm no estádio, correm todos, em’ verdade, mas um só recebe o prêmio? Correi, pois, de modo a alcançá-lo. Todos os que combatem na arena, de tudo se abstêm, e eles em verdade o fazem só para alcançar uma coroa corrutível. Nós, porém, para uma incorruptível. Eu assim corro, pois, mas não como ao acaso; assim combato, porém não como quem açoita o ar; pois castigo o meu corpo e o submeto à servidão, para que não suceda que, tendo pregado aos outros, seja.eu mesmo reprovado. Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos país estiveram todos debaixo da nuvem, que todos passaram o mar, e todos sob Moisés, na nuvem e no mar foram batizados; todos comeram o mesmo alimento espiritual, e beberam todos da mesma bebida espiritual (porque bebiam todos da rocha espiritual que os seguia, e esta rocha era o Cristo) mas de muitos deles Deus não se agradou.

Evangelho (Mt 20, 1-16)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos esta parábola: O Reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã a contratar operários para a sua vinha. Tendo ajustado com alguns por um dinheiro ao dia, mandou-os para a sua vinha. Saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça. E disse-lhes: Ide vós também para minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saindo outra vez perto da sexta e da nona hora, fez o mesmo. E saindo quase à undécima hora, ainda achou outros por ali, e disse-lhes: Por que ficais aqui ociosos todo o dia? Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Ele lhes disse: Ide vós também para a minha vinha. Caindo já a tarde, disse o Senhor da vinha a seu feitor: Chama os trabalhadores e paga-lhes a diária, a começar dos últimos até os primeiros. Chegando, pois, os que tinham vindo perto da undécima hora, cada um recebeu um dinheiro. Vindo depois os primeiros, julgaram que haviam de receber mais; receberam, porém, um dinheiro cada um. Tomando-o, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes últimos trabalharam uma hora, e os igualastes conosco que suportamos o peso e o calor do dia. Ele, porém, respondendo a um deles, disse: Amigo, não te faço injustiça: não te ajustaste comigo por um dinheiro? Toma o que é teu e vai-te: pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer do meu, o que quiser? Ou é invejoso o teu olho porque eu sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros os últimos, porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.

Liturgia Diária – 15 fev - S. FAUSTINO E JOVITA

Féria de 4ª classe
Sexto Domingo após a Epifania (antecipado)
Com comemoração dos Ss. Fausto (ou Faustino) e Jovita (o), Mártires

Nossa Senhora no Sábado

São Faustino e Jovita, 
irmãos e mártires, viveram no século II em Brescia, Itália. Eram de família nobre e dedicaram suas vidas à propagação do Cristianismo em um período de perseguições sob o imperador Adriano (117–138 d.C.). Recusaram renunciar à sua fé, mesmo sob tortura, sendo exemplos de coragem e fidelidade a Cristo. Segundo a tradição, foram martirizados em 120 d.C., após resistirem bravamente a múltiplas provações. A Igreja celebra sua memória em 15 de fevereiro. Na obra Acta Sanctorum, é relatado que São Faustinus exclamou durante seu martírio: "Nada neste mundo poderá me separar do amor de Cristo." 

PRÓPRIO DO DIA

Introito (Sl 43, 23-26 | ib. 2) [Áudio]
Exsúrge, quare obdórmis, Dómine? exsúrge, et ne repéllas in finem... Acordai, Senhor, por que dormis? Levantai-Vos, não nos rejeiteis para sempre. Por que desviais a vossa face e Vos esqueceis de nossa angústia? Nosso corpo adere à terra. Levantai-Vos, Senhor, socorrei-nos e salvai-nos. Sl. Ó Deus, com os nossos ouvidos, ouvimos; nossos pais no-lo contaram.℣. Glória ao Pai.

Epístola (2 Cor 11, 19-33 e 12, 1-9)
São Paulo Apóstolo aos Coríntios. Irmãos: De bom ânimo suportais os insensatos, sendo vós, sábios. Pois tolerais que vos ponham em escravidão, que vos explorem, que se apoderem de vossos bens, que vos tratem com arrogância, que vos batam no rosto. Envergonhado confesso: neste ponto, tenho sido fraco. Em qualquer coisa, porém, que alguém se atreva (falo como insensato), também eu me atrevo. São hebreus? também eu. São descendentes de Abraão? também eu. São ministros de Cristo? (como menos sábio falo), mais o sou eu: muito mais pelos trabalhos, pelas prisões muitíssimo mais, pelos açoites sem conta, em perigos de morte frequentemente. Dos judeus recebi, cinco vezes, quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas; uma vez fui apedrejado; três vezes naufraguei; uma noite e um dia estive no fundo do mar. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de ladrões; em perigos dos de minha nação, em perigos da parte dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalho e fadiga, em muitas vigílias, na fome e na sede, em frequentes jejuns, no frio e na nudez. Além destas coisas, que são exteriores, a minha preocupação cotidiana, o cuidado de todas as Igrejas. Quem está enfermo que eu não fique enfermo? Quem é escandalizado, que eu não me abrase? Se convém gloriar-se, gloriar-me-ei então da minha fraqueza. O Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é bendito nos séculos, sabe que não minto. Em Damasco, mandou o preposto do rei Aretas guardar a cidade dos damascenos para me prender, mas num cesto me desceram por uma janela, da muralha abaixo, e assim escapei de suas mãos. Se convém gloriar-se (certamente não convém), virei agora às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo, [Paulo] que, há quatorze anos (seno corpo ou fora do corpo, não sei, mas Deus o sabe), foi arrebatado até o terceiro céu. E sei a respeito desse homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, mas Deus o sabe) que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras inefáveis que ao homem não é permitido proferir. Nisto é que me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, a não ser de minhas fraquezas. Verdade é que, se me quisesse gloriar, não seria insensato, porque diria a verdade; abstenho-me, no entanto, para que ninguém me estime acima do que vê em mim ou de mim ouve. E para que não me ensoberbecesse a grandeza das revelações, foi-me dado o estímulo de minha carne [provavelmente doenças físicas], qual anjo de Satanás que me esbofeteie. Por causa dele roguei ao Senhor três vezes que de mim o desviasse. E Ele medisse: Basta-te a minha graça, porque a força [de Deus] se manifesta de modo mais completo na fraqueza [humana]. Portanto, de bom grado me gloriarei em minhas fraquezas, para que habite em mim a fôrça do Cristo.

Evangelho (Lc 8, 4-15)
Naquele tempo, tendo-se reunido muito povo, e como os habitantes de várias cidades tivessem ido a Jesus, propôs-lhes Ele esta parábola: Saiu o semeador a semear sua semente; e ao semeá-la, parte caiu junto ao caminho e foi pisada, e as aves do céu a comeram. Outra parte caiu sobre a pedra, e quando nasceu, secou logo, por não haver umidade. Outra parte caiu entre os espinhos, e os espinhos, nascendo com ela, a sufocaram. E outra parte caiu em boa terra, e depois de nascer, deu fruto, cento por um. Dito isto, clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Seus discípulos perguntaram-Lhe, pois, que significava essa parábola. E Ele lhes respondeu: A vós é dado conhecer o Mistério do Reino de Deus, porém aos outros se fala em parábolas, para que, olhando, não vejam, e ouvindo, não entendam. Este é, pois, o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus. Os que estão ao longo do caminho, são os que a ouvem, mas vindo depois o diabo, tira-lhes a palavra do coração, para que se não salvem, crendo nela. Os de sobre a pedra, são os que recebem com gosto a palavra, quando a ouviram; porém estes não têm raízes; até certo tempo creem, mas no tempo da tentação, desviam-se. A que caiu entre os espinhos: são estes os que ouviram, porém indo, afogam-se com cuidados, riquezas e deleites da vida e não dão fruto. E a que caiu em boa terra: são os que, ouvindo a palavra, guardam-na com o coração bom e perfeito e dão fruto na paciência.