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Modernidade sem conexão com a realidade - Fé metastática de Voegelin

Um conceito importante na obra de Voegelin é a "fé metastática" que ele descreve como um conceito crucial para entender sua crítica aos movimentos ideológicos modernos. Voegelin usou esse termo para descrever uma espécie de desvio da consciência religiosa que se manifesta como uma expectativa irracional de transformação total da realidade. É interessante notar que ele deriva o termo "metastático" da medicina (onde se refere à propagação de uma doença), aplicando-o metaforicamente a essa forma particular de pensamento utópico.

O conceito de "fé metastática" é desenvolvido principalmente no capítulo 4 do livro, intitulado "Gnosticismo - A Natureza da Modernidade", onde Voegelin conecta esta ideia com sua análise mais ampla do gnosticismo moderno e sua crítica à secularização. Para Voegelin, essa "fé metastática" se manifesta especialmente em:

Movimentos revolucionários que prometem um paraíso terrestre
Ideologias que afirmam poder eliminar completamente o mal e o sofrimento da existência humana
Doutrinas que negam as limitações fundamentais da condição humana

Esse defesa do humanismo fica mais claro quando ele discute o que chama de "imanentização do eschaton" - isto é, a tentativa de realizar na Terra o que tradicionalmente era visto como pertencente ao plano divino ou transcendente. Voegelin via essa tendência como particularmente presente no humanismo progressista moderno, que ele considerava uma versão secularizada da escatologia cristã.

"Esta imanentização pode ser levada a um ponto em que uma sociedade cristã completamente divinizada é interpretada como estando ao alcance da ação humana... tal crença constitui o que chamamos de fé metastática – ou seja, a crença de que o mal da existência pode ser eliminado em uma ordem mundial imanente através da ação humana." (1)

O que torna essa análise de Voegelin particularmente relevante é que ela identifica um padrão recorrente na história política moderna: a tentativa de realizar o impossível através de meios políticos, frequentemente resultando em violência e totalitarismo.

"A crença de que uma mudança na ordem do ser é possível através de um ato humano de vontade pertence à classe das experiências pneumopatológicas que chamamos de fé metastática. A fé metastática é uma crença de que uma transfiguração da natureza do homem pode ser alcançada através de um ato de instituição temporal." (2)

Conectando com o último movimento do modernismo, fica muito claro como o wokismo é uma expectativa irracional de transformação total da realidade. Veja mais detalhes em (3)

(1) (2) VOEGELIN, Eric. A Nova Ciência da Política. Tradução de José Viegas Filho. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982.

O Grande Conflito (uma interpretação anti-católica)- Livro-Ellen G. White

A Igreja Católica e diversos estudiosos apontam alguns aspectos do livro O Grande Conflito, de Ellen G. White, que consideram erros históricos e doutrinários. Eles se baseiam principalmente em divergências teológicas e em interpretações históricas. 

Do ponto de vista acadêmico, muitos consideram o livro limitado pelo fato de ser bastante tendencioso em sua abordagem histórica, apresentando uma interpretação seletiva dos eventos, especialmente em relação à Igreja Católica. Além disso, alguns críticos apontam que o valor acadêmico do livro é mais restrito a áreas de estudo onde o enfoque apologético é relevante, uma vez que a obra não pretende ser objetiva nem historicamente neutra. O Grande Conflito tem valor acadêmico principalmente como objeto de estudo das ideias adventistas, das interpretações escatológicas e do desenvolvimento de movimentos religiosos do século XIX. Contudo, por seu forte tom apologético, é abordado mais como uma fonte sobre a visão adventista do que como uma obra histórica ou teológica neutra.

Eis alguns dos principais pontos:

1. Interpretação da Igreja Católica como agente do mal
No livro, a Igreja Católica é identificada como uma das principais forças de perseguição e corrupção espiritual, com figuras como o Papa sendo associadas à "Besta" do Apocalipse e ao "Anticristo". A Igreja Católica considera essa interpretação incorreta e injusta, uma vez que entende seu papel ao longo da história como essencial para a preservação da fé cristã e o desenvolvimento da civilização ocidental.

2. Visão do papado e da Idade Média
O Grande Conflito descreve a Idade Média como um período dominado pela "apostasia" da Igreja Católica e pela supressão da liberdade religiosa. A Igreja Católica considera essa visão tendenciosa e incompleta, uma vez que enfatiza os abusos, mas desconsidera as contribuições religiosas, culturais e sociais da Igreja, além do surgimento de figuras de santidade e de movimentos reformadores internos.

3. Reforma Protestante
Ellen White enxerga a Reforma Protestante como um movimento essencialmente positivo e restaurador, inspirado por Deus para resgatar a verdadeira fé bíblica. A Igreja Católica reconhece a importância da Reforma para a história da religião, mas argumenta que houve um desvio doutrinário significativo em relação à tradição apostólica e à unidade da Igreja, o que eles consideram um erro teológico central.

4. Escatologia e a interpretação dos “últimos dias”
A interpretação adventista do Apocalipse, especialmente em relação ao sábado e aos "últimos dias", diverge da visão católica. O livro apresenta uma visão escatológica onde a guarda do sábado é vista como sinal de lealdade a Deus, e a Igreja Católica é retratada como promovendo o "falso" dia de guarda (o domingo). A Igreja Católica vê o domingo como o dia da ressurreição de Cristo e nega a noção de que a mudança do sábado para o domingo seja uma marca da "apostasia".

5. Doutrina da salvação
Ellen White enfatiza uma visão da salvação que inclui a importância de guardar os mandamentos, especialmente o sábado. A Igreja Católica, por sua vez, ensina que a salvação é pela graça, através da fé e das obras, mas não exige a guarda do sábado, pois considera o domingo o dia de adoração cristã.

6. Interpretação profética
A Igreja Católica discorda das interpretações proféticas do livro, como a aplicação das profecias de Daniel e Apocalipse à Igreja Católica e a ideia de que o papado é o “Anticristo”. A interpretação adventista dessas profecias foi fortemente influenciada pelo historicismo, que vê figuras e eventos da Bíblia como diretamente relacionados aos eventos históricos, o que diverge da abordagem católica, que permite uma leitura mais simbólica ou espiritual de certas passagens.

Uma data chave para o adventismo 

O adventismo surgiu no século XIX nos Estados Unidos, em meio a um contexto de fervor religioso e estudos proféticos. Ele é um desdobramento do movimento milerita, fundado pelo pregador batista William Miller, que, como os protestantes em geral, enfatizava o estudo das Escrituras.

22 de outubro de 1844 é um dia central para a história e a teologia do movimento adventista. Esse dia marcou o que ficou conhecido como o “Grande Desapontamento” (ou “Grande Decepção”), quando milhares de seguidores do pregador William Miller esperavam o retorno de Jesus Cristo. Miller, um pregador batista, havia calculado que Cristo voltaria à Terra nessa data com base em sua interpretação da profecia de Daniel 8:14.

Quando o evento não ocorreu como esperado, muitos dos seguidores de Miller abandonaram o movimento, mas outros reconsideraram a interpretação. Eles chegaram à conclusão de que, em vez de voltar à Terra, Jesus teria iniciado uma nova fase de seu ministério celestial, o “juízo investigativo”, segundo a interpretação adventista. Este entendimento deu origem à Igreja Adventista do Sétimo Dia, oficialmente organizada alguns anos depois, em 1863.

Essas datas – 1844 para o “Grande Desapontamento” e 1863 para a fundação oficial – são fundamentais para a identidade e teologia adventista.

Capitalismo Moderno (a força dos judeus)- Livro-Werner Sombart

É uma das obras fundamentais para entender a evolução histórica e social do capitalismo. Publicado em três volumes entre 1902 e 1927, o livro oferece uma análise detalhada sobre a gênese, desenvolvimento e transformações do sistema capitalista na Europa. Diferente de Max Weber, que focou na ética protestante como força motriz do capitalismo, Sombart abordou uma variedade de fatores, como o papel dos judeus, a expansão do comércio e o desejo de lucro, bem como o desenvolvimento das técnicas e organizações econômicas. Ele procurou entender o capitalismo como um fenômeno histórico concreto, influenciado por processos sociais, culturais e econômicos complexos.

Definição e Características do Capitalismo

Sombart define o capitalismo como um sistema econômico caracterizado pela busca contínua de lucro e pelo crescimento incessante do capital. Para ele, essa busca é o traço distintivo do capitalismo moderno. Ao contrário das economias anteriores, o capitalismo não visa apenas atender às necessidades básicas, mas acumular riquezas de forma ilimitada. Ele identifica uma série de traços que definem o capitalismo, como o desenvolvimento de instituições bancárias e financeiras, o uso de técnicas avançadas de contabilidade e a organização racional do trabalho e da produção, que permitem uma produção mais eficiente e o aumento dos lucros.

Sombart destaca que o capitalismo moderno possui uma lógica de "despersonalização" e "racionalização" das relações econômicas, o que significa que as transações não são mais pessoais e baseadas em confiança, mas sim em contratos formais e procedimentos calculados, que visam maximizar a eficiência econômica. Assim, o capitalismo é um sistema de organização econômica que difere radicalmente das economias tradicionais, mais centradas em subsistência e relações pessoais.

Origens do Capitalismo

Segundo Sombart, o capitalismo moderno não surgiu de repente, mas foi o resultado de um longo processo histórico, com raízes na Idade Média europeia. Ele enfatiza que o capitalismo mercantil, que começou a se desenvolver no final do período medieval, foi uma fase preparatória do capitalismo moderno. Durante esse período, houve um aumento no comércio e no intercâmbio de mercadorias, impulsionado pelas rotas comerciais que conectavam a Europa ao Oriente. As cidades italianas, como Veneza e Gênova, desempenharam um papel central nesse processo, ajudando a expandir o comércio e a introduzir práticas mercantis e financeiras avançadas.

Entre os fatores que contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo, Sombart destaca a emergência de novas técnicas contábeis, como a contabilidade em partida dupla, que permitiu uma melhor gestão dos lucros e custos. Ele também menciona o papel da tecnologia, como a imprensa, que facilitou a disseminação do conhecimento e das ideias econômicas. A evolução do sistema de crédito e das instituições bancárias foi igualmente fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, permitindo o financiamento de empreendimentos comerciais e industriais de grande escala.

1492, o começo de tudo

Werner Sombart identificou uma data importante para o desenvolvimento do capitalismo: o ano de 1492. Esse ano é simbólico na obra de Sombart, pois marca o fim da Idade Média e o início de uma nova era, que ele vê como o prenúncio do capitalismo moderno. Em 1492, ocorreram eventos cruciais que impactaram profundamente a economia e a sociedade europeia e que, segundo Sombart, catalisaram o desenvolvimento do capitalismo pois  impulsionaram a expansão comercial, a acumulação de capital e a racionalização econômica:

A Expulsão dos Judeus da Espanha: Com a expulsão dos judeus dos reinos espanhóis, muitos deles se mudaram para outras regiões da Europa, levando consigo conhecimentos financeiros, comerciais e de crédito. Sombart argumenta que isso contribuiu para a disseminação de práticas capitalistas e para o desenvolvimento das finanças e do comércio na Europa.
A Conquista de Granada: Essa conquista consolidou o poder da monarquia espanhola e o processo de centralização de Estados europeus, o que favoreceu o surgimento de uma economia mais organizada e interligada.
A Descoberta das Américas: A chegada de Cristóvão Colombo ao Novo Mundo abriu novas rotas comerciais e mercados, e trouxe uma vasta quantidade de metais preciosos, especialmente ouro e prata, para a Europa. Sombart acreditava que esse fluxo de riqueza foi essencial para o crescimento do capitalismo mercantil e, mais tarde, do capitalismo industrial.

A Influência do Judaísmo no Capitalismo

Um dos aspectos mais controversos do livro de Sombart é sua análise da influência dos judeus no desenvolvimento do capitalismo. Sombart argumenta que, devido a circunstâncias históricas, os judeus desenvolveram habilidades comerciais e financeiras que os colocaram em posição de destaque na economia capitalista emergente. Ele argumenta que, ao serem excluídos de várias atividades e territórios na Europa medieval, os judeus foram forçados a se especializar em ocupações como o comércio e o empréstimo de dinheiro, o que os tornou agentes importantes no surgimento do capitalismo mercantil.

Em suas análises, Sombart atribuiu um papel exagerado à comunidade judaica, colocando-a como um fator central no desenvolvimento do capitalismo e, em algumas passagens, sugeriu uma conexão entre características culturais dos judeus e o espírito do capitalismo. Essa visão foi questionada e rejeitada por vários estudiosos contemporâneos e posteriores.

As Transformações do Capitalismo

Sombart divide o capitalismo em diferentes estágios: o capitalismo primitivo, o capitalismo mercantil e o capitalismo moderno (ou industrial). Ele observa que cada estágio teve suas próprias características e influências sobre a sociedade e a economia. O capitalismo mercantil, segundo ele, foi impulsionado principalmente pelo comércio de longo alcance, enquanto o capitalismo moderno é caracterizado pela produção em massa, pelo uso de máquinas e pela racionalização do trabalho.

Com o avanço do capitalismo moderno, ele identifica uma série de mudanças profundas na sociedade, como a urbanização, a crescente divisão do trabalho e a ascensão de uma nova classe social: a burguesia industrial. Essa classe se tornou a principal beneficiária do sistema capitalista, acumulando riqueza e poder político. Ao mesmo tempo, o capitalismo moderno trouxe consigo uma nova divisão entre capitalistas e trabalhadores, gerando conflitos sociais que Sombart explora em profundidade.

Ele descreve o desenvolvimento de uma "mentalidade capitalista", caracterizada por valores como individualismo, racionalidade e pragmatismo. Essa mentalidade permeia todas as esferas da vida, desde a economia até a cultura, transformando a maneira como as pessoas veem o mundo e suas relações umas com as outras. Sombart sugere que o capitalismo moderno é mais que um sistema econômico – é um fenômeno cultural e social que redefine os valores e as normas da sociedade.

Racionalização e Burocracia

Um ponto importante da análise de Sombart é a ênfase na racionalização e na burocracia como forças estruturantes do capitalismo moderno. Ele argumenta que, para maximizar a eficiência e os lucros, o capitalismo moderno se organiza de maneira racional, criando sistemas burocráticos e hierarquias rigorosas nas empresas e instituições. A racionalização do trabalho é outro aspecto essencial, com o desenvolvimento de técnicas de produção em massa, padronização de produtos e divisão do trabalho.

Para Sombart, essa racionalização é ao mesmo tempo uma vantagem e uma desvantagem do capitalismo. Por um lado, aumenta a eficiência econômica e permite a produção em grande escala. Por outro lado, desumaniza o trabalho, transformando os trabalhadores em "engrenagens" de uma máquina maior, alienados do processo produtivo e de seus resultados. Isso gera um afastamento entre o trabalhador e o produto de seu trabalho, o que contribui para os conflitos sociais.

A Crítica ao Capitalismo e o Futuro da Sociedade

Embora Sombart fosse um defensor do estudo científico do capitalismo, ele também era crítico em relação às suas consequências sociais. Ele apontava que o capitalismo moderno, com seu foco incessante no lucro, gerava desigualdades sociais e explorava a classe trabalhadora. Em várias passagens de sua obra, Sombart demonstra preocupação com o impacto do capitalismo sobre a moralidade e a ética da sociedade. Ele sugere que o capitalismo pode corroer os valores humanos ao substituir o ideal de bem-estar coletivo pelo individualismo econômico.

Sombart chegou a questionar se o capitalismo poderia continuar a se expandir indefinidamente, levantando a possibilidade de que o sistema enfrentaria crises internas ou resistências sociais que levariam a mudanças estruturais. Em suas reflexões finais, ele prevê um futuro em que a sociedade precisaria encontrar novas formas de organização econômica e social, que levassem mais em conta o bem-estar geral da população, sem sacrificar as conquistas técnicas e produtivas.

Protestantismo: Historia Oculta e Impacto en el Mundo Contemporáneo - Livro-Javier Barraycoa

Publicado em 2024, o livro explora a influência da Reforma Protestante na sociedade contemporânea. Barraycoa argumenta que muitos aspectos da vida moderna, como o individualismo e a busca incessante pelo sucesso profissional, têm raízes na nova antropologia trazida pela Reforma Protestante. Ele também discute como o protestantismo moldou a moralidade pública e o controle social, além de abordar temas como o fim do mundo e as perseguições religiosas.

Mais informações aqui.

Caminho Sinodal Alemão - Bispo Franz-Josef Overbeck

O bispo Franz-Josef Overbeck, da Diocese de Essen, na Alemanha, tem se destacado por suas ideias progressistas dentro da Igreja Católica, defendendo uma visão mais inclusiva e adaptada às transformações sociais contemporâneas. Como membro ativo do Sínodo dos Bispos e da Comissão para a Igreja Universal da Conferência Episcopal Alemã, Overbeck tem ligações diretas com o Vaticano e participa de discussões globais com outras autoridades católicas. Ele tem sido uma das vozes da Igreja Alemã que apoiam a renovação e a modernização, enfatizando a importância de repensar o papel das mulheres na Igreja.

Overbeck argumenta que a Igreja precisa dar uma nova resposta ao papel das mulheres, abrindo espaço para uma participação mais significativa e visível delas nas decisões e, possivelmente, em cargos de liderança. Além disso, ele advoga por uma Igreja que abrace a inclusão de pessoas LGBTQ+, uma postura de revisão sobre o celibato e uma adaptação das posturas da Igreja às mudanças culturais e sociais, especialmente na Europa.

Essas ideias encontram apoio na iniciativa do Caminho Sinodal (Synodaler Weg) na Alemanha, uma série de debates e propostas de reforma para modernizar a Igreja e abordar temas delicados, como abuso sexual, poder clerical e igualdade de gênero. Overbeck acredita que, sem mudanças, a Igreja corre o risco de perder relevância e de se distanciar dos fiéis, especialmente em sociedades ocidentais que exigem maior inclusão e representatividade. Essa postura progressista gerou tanto apoio quanto resistência dentro da comunidade católica, uma vez que desafia aspectos tradicionais da doutrina e da hierarquia da Igreja.

O bispo Franz-Josef Overbeck mantém uma ligação próxima com o Papa Francisco, especialmente por meio de sua participação em iniciativas como o Sínodo dos Bispos, onde discute questões centrais da Igreja junto a líderes católicos de todo o mundo. O Papa Francisco tem incentivado a reflexão sobre temas como inclusão, papel das mulheres, igualdade e acolhimento, valores que também são centrais para Overbeck, especialmente no contexto das reformas buscadas pela Igreja Alemã. Overbeck permanece como uma figura chave no processo sinodal e na busca de renovação da Igreja, temas que são fundamentais para o pontificado de Francisco.

Críticas à sinodalidade - Padre Giorgio Maria Farè

Padre Giorgio Maria Farè é um sacerdote católico italiano conhecido por sua atuação na espiritualidade, pregação e divulgação da doutrina cristã. Ele é membro da Congregação dos Servos da Caridade, uma ordem religiosa fundada por São Luigi Guanella, e seu trabalho é voltado para a formação espiritual e o acompanhamento pastoral.

Padre Farè é especialmente reconhecido por suas pregações e homilias disponíveis em diversos meios de comunicação, incluindo vídeos e gravações que se espalham pela internet. A sua missão pastoral inclui o cuidado das almas por meio do sacramento da confissão e do aconselhamento espiritual, com um foco na devoção à Virgem Maria, ao Sagrado Coração de Jesus e à Eucaristia.

Críticas às ações e declarações do Papa Francisco

Padre Giorgio Maria Farè tem se manifestado em diversas ocasiões com críticas às ações e declarações do Papa Francisco. Ele é conhecido por ter uma abordagem mais tradicional da doutrina católica e por expressar preocupações sobre as mudanças e posturas adotadas pelo pontífice, especialmente no que tange à interpretação de temas relacionados à moral, à liturgia e à doutrina.

Padre Farè questiona a flexibilização em relação a temas como:

Doutrina moral: especialmente em relação à família, ao casamento, e à abordagem da Igreja sobre questões contemporâneas como o divórcio e a homossexualidade.
Liturgia: o sacerdote defende uma liturgia mais tradicional e reverente, enquanto vê com reservas algumas mudanças litúrgicas que, em sua opinião, podem diluir a solenidade e o caráter sagrado das celebrações.
Abertura ao diálogo inter-religioso e pastoral: ele vê com desconfiança algumas das iniciativas de diálogo de Papa Francisco com outras religiões e grupos, temendo que isso possa comprometer a clareza e a firmeza da fé católica.

Críticas em relação à sinodalidade

O Padre Giorgio Maria Farè expressou críticas em relação à sinodalidade, uma das principais bandeiras do pontificado do Papa Francisco. A sinodalidade, como proposta pelo Papa, enfatiza uma maior participação de todos os membros da Igreja — clérigos e leigos — na tomada de decisões, promovendo um caminho de escuta, discernimento e corresponsabilidade.

Razões

Temor de diluição da autoridade: 
Padre Farè, assim como outros tradicionalistas, teme que a sinodalidade possa ser interpretada como uma tentativa de relativizar a autoridade hierárquica da Igreja, especialmente a do Papa e dos bispos, em favor de uma abordagem mais democrática e horizontal. Eles acreditam que isso poderia enfraquecer a clareza e a firmeza das decisões doutrinárias, com o risco de abrir espaço para ideias que contrariam a tradição.

Questões doutrinárias: 
Há preocupações de que a sinodalidade possa abrir portas para mudanças doutrinárias em áreas sensíveis, como o papel das mulheres na Igreja, a moral sexual e a abordagem pastoral em relação a pessoas divorciadas e casais do mesmo sexo. Padres como Farè temem que um processo de escuta mais aberto possa resultar em pressões para flexibilizar ensinamentos que, segundo eles, devem permanecer imutáveis.

Desconfiança sobre o processo de escuta: 
Alguns críticos questionam a eficácia real do processo sinodal, sugerindo que ele pode ser manipulado para promover uma agenda reformista dentro da Igreja. Padre Farè pode ver esse movimento como uma tentativa de legitimar mudanças que muitos conservadores consideram incompatíveis com a tradição católica.

Assim, ele se alinha a uma postura que enfatiza a necessidade de preservação da tradição e do papel central da hierarquia eclesiástica na condução da Igreja.

Uma revolução sujeita ao controle de assembleias - Igreja sinodal

Documento Síntese da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, publicado neste sábado, 28 destaca o papel de uma Igreja aberta que altera o Papado e a própria natureza da Igreja Católica. Pois vejamos:

Doutrina da Salvação: 
Antes do Vaticano II, a visão dominante era que a salvação residia exclusivamente na Igreja Católica, sendo a evangelização direta a única forma de alcançar aqueles fora da comunidade católica. O documento sinodal atual, no entanto, enfatiza o “ecumenismo de sangue” e a unidade entre cristãos de diferentes confissões, focando na “colaboração entre todos os cristãos” para curar divisões sociais e promover a paz​

Hierarquia e Autoridade: 
A estrutura hierárquica e a autoridade papal sempre foram pilares para a Igreja pré-Vaticano II, que via a autoridade centralizada como essencial para a unidade e coesão doutrinal. O documento sinodal, ao incentivar um papel mais colaborativo e descentralizado, onde leigos, mulheres e bispos locais têm voz ativa, desafia a ideia de uma hierarquia. Além disso, há a menção de uma “conversão estrutural” na Igreja, sugerindo mudanças significativas na forma como a autoridade é exercida, promovendo um enfraquecimento da liderança central da Igreja​. A própria decisão de não promulgar uma Exortação pós-sinodal e dar valor magisterial a um documento final redigido por leigos e não-católicos visa instaurar essa revolução, sujeita ao controle de assembleias.

Liturgia: 
A Igreja pré-Vaticano II tinha normas rígidas sobre a liturgia, incluindo o uso do latim e a preservação de ritos tradicionais que simbolizavam continuidade histórica e sacralidade. A sinodalidade, conforme discutida no documento, implica uma abordagem mais flexível e culturalmente sensível à prática litúrgica, o que para alguns críticos representa uma diluição das tradições litúrgicas e a perda de uma identidade litúrgica unificada.

Papel da Mulher e Famílias: 
A Igreja tradicionalmente defendia um papel específico para as mulheres e uma definição clara do que constitui uma família. No entanto, o documento do Sínodo menciona explicitamente a necessidade de garantir que as mulheres assumam papéis de responsabilidade e tenham voz nas decisões pastorais e ministeriais​ A possibilidade de um diaconato feminino e a ampliação do papel da mulher nos espaços litúrgicos está em aberto.
Ora, pouco tempo depois Cardeal Kasper diz que proibir as mulheres de receberem as Ordens Sagradas é "problemático."Ele acrescentou que há “boas razões” para o diaconato permanente feminino, após o Sínodo sobre a Sinodalidade afirmar que a questão das mulheres diaconisas “permanece em aberto.” (*)

Diálogo Inter-Religioso: 
A posição anterior ao Vaticano II era de evitar o envolvimento direto com outras religiões para preservar a pureza doutrinal. O documento sinodal promove o diálogo inter-religioso e uma visão de abertura e inclusão, algo que é chamado de “diálogo ecumênico” e “acolhimento cultural”​.

Esses pontos ilustram as tensões entre a tradição e as abordagens atuais discutidas no documento sinodal, refletindo uma possível ruptura com a postura histórica da Igreja em temas centrais. 

Fonte (1)


A “igreja sinodal” altera o Papado e a própria natureza da Igreja Católica - Arcebispo Viganò

A “igreja sinodal” altera o Papado e a própria natureza da Igreja Católica. Sob o pretexto de democratizá-la, usurpa o poder que pertence apenas a Cristo, para utilizá-lo com fins opostos aos que Ele estabeleceu. O Papado e a Igreja Católica Romana deixam de existir, sendo substituídos por um “papado ecumênico” e uma “nova igreja sinodal”. 

A decisão de não promulgar uma Exortação pós-sinodal e dar valor magisterial a um documento final redigido por leigos e não-católicos visa instaurar uma “revolução permanente”, onde fé, moral e sacramentos são adaptados aos tempos, sujeitos ao controle de assembleias. A “colegialidade” do Vaticano II, que já compartilhava prerrogativas papais com bispos e conferências episcopais, agora se expande para o corpo eclesial inteiro, incluindo até os não-católicos.

O “magistério” dessa igreja deixa de ser “ex cathedra” e passa a ser “contra a cátedra”.

Isso deveria provocar inquietação entre os que acreditam defender o Papado.

“Sociedade aberta” e “igreja aberta” são duas faces da ditadura globalista. A “luz” da “nova igreja sinodal” remete não a Cristo, mas à chama da rebelião de Lúcifer.

Arcebispo Carlo Maria Vigano (1)


Observação: o Fórum Econômico Mundial (WEF) é altamente relevante no contexto do globalismo. Fundado em 1971 por Klaus Schwab.

Os judeus não são mais o povo escolhido de Deus - Heresia

O Arcebispo de Sydney, Anthony Fisher, afirmou que é heresia dizer que os judeus não são mais o povo escolhido de Deus. Fisher fez essa declaração durante uma palestra na Grande Sinagoga de Sydney, em memória do rabino Raymond Apple. A posição de Fisher contradiz a doutrina católica tradicional, que ensina que o Novo Testamento substituiu o Antigo Testamento e que os cristãos são agora o povo escolhido de Deus. O texto também critica a abordagem ecumênica do Vaticano II e alega que o judaísmo atual é uma distorção da religião do Antigo Testamento.

O judaísmo atual é uma distorção do que foi a verdadeira religião do Antigo Testamento. O judaísmo moderno, influenciado pelo Talmude e pela Cabala, é uma forma apóstata do judaísmo original, que foi substituído pelo Novo Testamento com a vinda de Jesus Cristo.

O Arcebispo Anthony Fisher esteve envolvido em outras controvérsias. Recentemente, ele afirmou que o Sínodo sobre a Sinodalidade não pode "reinventar a fé católica" ou "ensinar um catolicismo diferente em diferentes países". Ele expressou preocupações sobre a possibilidade de que as conferências episcopais nacionais possam decidir sobre questões como a ordenação de mulheres ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo de maneira independente, o que ele considera inaceitável.

O Arcebispo Anthony Fisher não é considerado um tradicionalista no sentido estrito. Ele é conhecido por suas posições conservadoras em algumas questões, mas também apoia o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, como evidenciado por sua palestra na Grande Sinagoga de Sydney. Fisher tem uma abordagem equilibrada, buscando manter a tradição católica enquanto se engaja com o mundo moderno e outras religiões. O Arcebispo Anthony Fisher tem uma relação de respeito com o Papa Francisco, mas não é considerado um dos aliados mais próximos do Papa. 

Fonte (1)

Toda religião é uma maneira de chegar a Deus - Indiferentismo de Papa Francisco

O Papa Francisco, falando em setembro de 2024 a um grupo de jovens em Cingapura, fez esta declaração:

“Uma das coisas que me impressionou sobre todos vocês aqui é a sua capacidade de se engajar no diálogo inter-religioso, e isso é muito importante. Se você, no início de suas conversas e debates, começar a dizer coisas como: “Minha religião é mais importante do que a sua”, “Não, a minha é mais importante do que a sua”, esse tipo de coisa, para onde isso nos levará? Porque se começarmos a lutar entre nós e dissermos: “Minha religião é mais importante do que a sua”, “Minha religião é verdadeira, a sua não é?” para onde isso nos levará? Alguém responde. Para onde isso nos levaria? Tudo bem para discutir. Toda religião é uma maneira de chegar a Deus. Para fazer um exemplo ou uma comparação, eles são como línguas diferentes para chegar a Deus. Mas Deus é Deus para todos – e se Deus é Deus para todos, então somos todos filhos e filhas de Deus. Mas o meu Deus é mais importante do que o teu Deus.” - Isso é verdade? Há apenas um Deus, e cada um de nós é uma língua, por assim dizer, para chegar a Deus. Sikh, Muslim, Hindu, Christian – são caminhos diferentes.

Esta afirmação é uma heresia teológica – é chamada de indiferentismo. O indiferentismo faz a afirmação de que todas as religiões são de igual valor e todas levam à mesma verdade divina. Isso contradiz diretamente a doutrina da Igreja de que existe uma fé verdadeira e que a Igreja Católica é o único caminho para a salvação.

Assassinato no 33º Grau: A Investigação do Vaticano sobre a Maçonaria - Livro-Padre Charles Murr

Padre Charles Murr é um sacerdote católico, autor e linguista. Ele é conhecido por seu trabalho investigativo sobre a Maçonaria dentro da Igreja Católica, especialmente em seu livro "Assassinato no 33º Grau: A Investigação do Vaticano sobre a Maçonaria", publicado em 2022. Murr foi amigo íntimo da governanta do Papa Pio XII, Madre Pascalina, e esteve envolvido em investigações sobre a influência maçônica na hierarquia do Vaticano.

Padre Murr estabeleceu uma ligação entre o cardeal Sebastiano Baggio, acusado de ser maçom, e a formação do grupo de Saint Gallen. Ele afirmou que todos os bispos e cardeais que originalmente formaram o grupo de Saint Gallen foram nomeados por Baggio. Em seu livro, Murr descreve como, em 1974, dois cardeais – Dino Staffa e Silvio Oddi – apresentaram documentação ao Papa Paulo VI acusando Baggio e Annibale Bugnini de serem maçons ativos. O Cardeal Baggio foi Prefeito da Sagrada Congregação para os Bispos de 1973 a 1984, tendo grande influência sobre a escolha de bispos e cardeais.

Cardeal Edouard Gagnon
Murr também era amigo próximo do Cardeal Edouard Gagnon, que foi comissionado pelo Papa para investigar a Maçonaria dentro da hierarquia do Vaticano. Ele cita Gagnon dizendo que permitir que Sebastiano Baggio continuasse como prefeito da Sagrada Congregação para os Bispos era intolerável devido às suas ligações maçônicas.
O Cardeal Édouard Gagnon foi um cardeal canadense nascido em 15 de janeiro de 1918 e falecido em 25 de agosto de 2007. Ele foi presidente do Pontifício Conselho para a Família de 1974 a 1990 e foi criado cardeal pelo Papa João Paulo II em 1985. Gagnon também atuou como secretário do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e foi reitor do Colégio Canadense em Roma.

Cardeal Sebastiano Baggio 
O Cardeal Sebastiano Baggio foi um cardeal italiano nascido em 16 de maio de 1913 e falecido em 21 de março de 1993. Ele serviu em várias funções importantes dentro da Igreja Católica, incluindo Prefeito da Congregação para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano. Baggio foi ordenado sacerdote em 1935 e começou sua carreira diplomática na Santa Sé em 1938. Ele serviu como Núncio Apostólico em vários países, incluindo Chile, Canadá e Brasil.
Baggio foi elevado a cardeal em 1969 pelo Papa Paulo VI e teve uma influência significativa na escolha de bispos e cardeais durante seu mandato como Prefeito da Congregação para os Bispos

Cardeal Carlo Maria Martini 
Foi um cardeal italiano e arcebispo emérito de Milão, nascido em 15 de fevereiro de 1927 e falecido em 31 de agosto de 2012. Ele era membro da Companhia de Jesus (jesuítas) e foi considerado um dos cardeais mais progressistas da história da Igreja1. Martini foi reitor do Pontifício Instituto Bíblico e da Pontifícia Universidade Gregoriana antes de ser nomeado arcebispo de Milão em 1979.
Martini era conhecido por seu trabalho em promover o diálogo inter-religioso e por suas posições progressistas dentro da Igreja. Ele foi um dos membros influentes do grupo de St. Gallen, que discutia questões da Igreja e promovia uma agenda reformista2. Martini também foi elogiado pelo Papa Francisco, que o chamou de "profético" e "um pai para toda a Igreja".

Grupo de Saint Gallen
A Máfia de St. Gall é um termo usado para descrever um grupo informal de clérigos liberais/reformistas de alto escalão na Igreja Católica. Este grupo se reunia anualmente em St. Gallen, Suíça, para discutir questões da Igreja. O grupo incluía figuras como os cardeais Carlo Maria Martini, Godfried Danneels, Walter Kasper e Cormac Murphy-O'Connor. 

Fonte (1)

A morte e a restauração da cultura cristã - Livros-John Senior

"The Death of Christian Culture"

John Senior faz uma análise profunda das causas e consequências do declínio da cultura cristã no Ocidente. Publicado pela primeira vez em 1978, o livro investiga como a educação, a literatura, a história e a religião contribuíram para esse declínio. Senior argumenta que a educação moderna se afastou da busca pela verdade e se tornou um exercício burocrático, perdendo o foco nos tesouros culturais e artísticos das civilizações clássica e cristã.
Ele alerta que, se esses valores não forem preservados e vividos, corremos o risco de perdê-los para sempre. O livro é uma chamada à ação para restaurar a cultura cristã através da educação clássica, da prática da liturgia tradicional e da valorização da vida comunitária centrada na fé e na família.

"The Restoration of Christian Culture" 

John Senior explora a importância do conhecimento religioso e da fé para a saúde de uma cultura. O livro oferece um esboço histórico das mudanças nos padrões culturais e educacionais ao longo dos últimos dois séculos e ilustra como as artes literárias e visuais contribuem para uma cultura ou conspiram para destruí-la
John Senior propõe a restauração da cultura cristã através de um retorno às raízes clássicas e cristãs da educação e da vida comunitária. Ele enfatiza a importância de uma educação baseada nos Grandes Livros da civilização ocidental, a prática da liturgia tradicional e a vida em comunidade que valoriza a família e a fé. Senior acredita que a cultura cristã pode ser restaurada ao se reconectar com as tradições que formaram a base da civilização ocidental, promovendo uma vida de virtude e sabedoria.
Ele acreditava que a crise cultural e espiritual da sociedade moderna estava profundamente ligada à crise na Igreja. Senior argumentava que a perda das tradições clássicas e cristãs na educação e na vida comunitária contribuía para essa crise. Ele via a restauração da cultura cristã como uma solução para revitalizar tanto a sociedade quanto a Igreja, promovendo uma educação baseada nos Grandes Livros, a prática da liturgia tradicional e uma vida comunitária centrada na fé e na família. John Senior escreveu "The Restoration of Christian Culture" em 1983. 

Biografia

John Senior foi um educador e escritor americano, conhecido por seu trabalho na restauração da cultura cristã. Ele nasceu em 1923 e faleceu em 1999. Senior foi professor na Universidade do Kansas, onde co-fundou o Programa de Humanidades Integradas, um curso que combinava métodos socráticos e de "grandes livros" para ensinar os clássicos do pensamento, arte e literatura ocidentais. Seu trabalho resultou em numerosas conversões ao catolicismo e influenciou profundamente seus alunos.
Ele escreveu vários livros, incluindo "The Death of Christian Culture" e "The Restoration of Christian Culture", onde ele argumenta pela importância de uma educação clássica e da prática da liturgia tradicional para revitalizar a cultura cristã.

O Espírito Revolucionário Judaico e seu Impacto na História Mundial - Livro-E. Michael Jones

"The Jewish Revolutionary Spirit and Its Impact on World History" é um livro extenso (mais de 1000 páginas) publicado em 2008 onde Jones desenvolve sua tese central de que existe um padrão histórico de rejeição judaica na ordem social estabelecida. Jones argumenta que existe uma conexão entre rejeição religiosa e impulsos revolucionários ao longo da história. O livro gerou controvérsia considerável em círculos acadêmicos por suas interpretações históricas particulares. O autor utiliza extensa documentação histórica para desenvolver seus argumentos.

Biografia

E. Michael Jones nasceu em 1948, na Filadélfia, EUA. Possui PhD em Literatura Americana pela Temple University. Foi professor de literatura na Saint Mary's College em Indiana. Em 1984, fundou a revista Fidelity, que depois se tornou Culture Wars, da qual continua sendo editor. É autor de diversos livros sobre religião, cultura e história, incluindo "Libido Dominandi", "The Jewish Revolutionary Spirit", "Logos Rising", entre outros. Seus trabalhos frequentemente abordam temas relacionados ao catolicismo, modernidade, revolução cultural e análises históricas sob uma perspectiva católica tradicionalista.

Sumário do livro
  1. A Sinagoga de Satanás (p. 27)
  2. Juliano, o Apóstata e o Templo Condenado (p. 57)
  3. Roma Descobre o Talmude (p. 93)
  4. Falsa Conversão e a Inquisição (p. 133)
  1. A Revolução Chega à Europa (p. 149)
  2. O Problema do Converso (p. 203)
  3. Reuchlin vs. Pfefferkorn (p. 225)
  4. Thomas Muentzer e a Revolta Camponesa (p. 257)
  5. A Rebelião Anabatista (p. 293)
  6. John Dee e a Magia (p. 327)
  7. Menassah e o Messias Apóstata (p. 409)
  1. A Ascensão da Maçonaria (p. 473)
  2. A Revolução de 1848 (p. 563)
  3. Ottilie Assing e a Guerra Civil Americana (p. 601)
  4. Da Emancipação ao Assassinato (p. 645)
  1. A Redenção do Sul e a NAACP (p. 691)
  2. O Julgamento de Leo Frank (p. 707)
  3. A Propagação do Bolchevismo (p. 731)
  4. Marcus Garvey (p. 761)
  5. Os Scottsboro Boys (p. 785)
  6. Música Revolucionária na Década de 1930 (p. 817)
  7. Lorraine Hansberry (p. 849)
  8. O Nascimento do Conservadorismo (p. 863)
  1. O Segundo Concílio do Vaticano Começa (p. 883)
  2. A Música Folclórica Encontra o Movimento pelos Direitos Civis (p. 899)
  3. A Placa na Janela de Sidney Brustein (p. 905)
  4. A Terceira Sessão do Conselho (p. 917)
  5. Judeus e Aborto (p. 941)
  6. Os Panteras Negras (p. 949)
  7. O Messias Chega Novamente (p. 971)
  8. A Tomada Judaica da Cultura Americana (p. 1019)
  9. A Era Neoconservadora (p. 1079)
  • Epílogo: A Conversão do Judeu Revolucionário

 

Economia de Francisco - Puro comunismo

"... o capitalismo é um sistema econômico cujas leis próprias geram exclusão e desigualdade , pelo que se faz um sistema insuportável, e que precisa ser superado, juntamente do colonialismo e do patriarcado. Cremos que um suposto “capitalismo inclusivo” é contraditório com a opção pelo respeito à criação e por uma ecologia integral e não é a resposta para a crise que vivemos. Cremos, portanto, que o bem viver é a filosofia prática que nos faz caminhar na direção da nova economia construída sob o paradigma da igualdade, da sustentabilidade e da cidadania. " Princípio 3 dos 10 princípios da Economia de Francisco e Clara. (1)

Essa citação resume bem o que várias correntes dentro do neo-marxismo e de outras perspectivas críticas têm apontado sobre o capitalismo. Ela enfatiza a ideia de que o capitalismo é inerentemente excludente e insustentável, defendendo a superação não apenas do sistema econômico, mas também das estruturas coloniais e patriarcais que, juntas, sustentam desigualdades profundas. 

O texto tem uma base claramente comunista, especialmente no sentido de criticar o capitalismo enquanto sistema que gera e perpetua desigualdades. A ideia de “superar o capitalismo” e construir uma nova economia com base em igualdade, sustentabilidade e cidadania remete diretamente a um ideal de transformação radical que é típico de várias interpretações comunistas e socialistas.

Além disso, ao questionar a compatibilidade do capitalismo com uma "ecologia integral" e ao mencionar o “bem viver”, o texto alinha-se com correntes contemporâneas de pensamento comunista e socialista que integram questões ambientais e decoloniais. Essa é uma visão mais ampliada que não apenas busca mudanças na estrutura econômica, mas também na relação humana com o meio ambiente e com as estruturas sociais herdadas do colonialismo e patriarcado. É uma perspectiva de transformação total, defendendo um sistema alternativo que vá além da economia e toque em aspectos culturais, sociais e ambientais.

Enfim, a ideia é profundamente revolucionária! Ao propor uma ruptura com o capitalismo, colonialismo e patriarcado, o texto defende uma transformação completa das estruturas que moldam a sociedade. Isso envolve reimaginar o modo como nos relacionamos com a natureza, uns com os outros e com as instituições sociais e econômicas.

A proposta de substituir o sistema capitalista por um modelo econômico inspirado na pobreza franciscana, embora atraente em sua simplicidade e nobreza moral, esbarra em limitações estruturais fundamentais. As sociedades contemporâneas desenvolveram níveis de complexidade e interdependência que tornam impossível uma simplificação radical sem consequências devastadoras. A manutenção de serviços essenciais como saúde, educação, saneamento e infraestrutura requer recursos materiais e organização econômica considerável. 

Uma sociedade saudável se caracteriza pela multiplicidade de papéis e funções. Assim como um ecossistema natural depende da diversidade para seu equilíbrio, o tecido social se fortalece pela variedade de vocações e contribuições. A tentativa revolucionária de modificar toda a sociedade sob um novo e único modelo, por mais virtuoso que seja, representa um empobrecimento da experiência humana e uma ameaça à estabilidade social.

Intervenções em ordens religiosas e congregações - Ataque às práticas tradicionais

Algumas intervenções do Papa Francisco em ordens religiosas e congregações:

Franciscanos da Imaculada (2013):
A intervenção resultou no afastamento do fundador, Pe. Stefano Manelli
Restrições à celebração da Missa Tradicional, que era amplamente utilizada pela ordem
Do ponto de vista tradicionalista, foi vista como uma interferência severa em uma ordem florescente e ortodoxa
 
Ordem de Malta (2017):
Remoção do Grão-Mestre Fra Matthew Festing
Nomeação de um delegado papal especial
Tradicionalistas interpretaram como uma interferência na soberania da ordem milenar
 
Mosteiro de Mariawald (2018):
Último mosteiro trapista na Alemanha que celebrava exclusivamente a forma tradicional
Fechamento forçado apesar de ter vocações
Vista pelos tradicionalistas como parte de um padrão contra comunidades tradicionais
 
Instituto Cristo Rei Sumo Sacerdote (2021-2022):
Restrições à celebração da Missa Tradicional após o Traditionis Custodes
Necessidade de novas autorizações para celebrações
Considerado pelos tradicionalistas como uma limitação ao carisma original do instituto
 
Instituto do Bom Pastor (2022):
Restrições similares após Traditionis Custodes
Comunidade fundada com aprovação de Bento XVI especificamente para a forma tradicional
Tradicionalistas viram como contradição à própria razão de ser do instituto
 
Mosteiro de Silver Creek (2023):
Comunidade beneditina tradicional no Oregon
Intervenção na administração e governo
Tradicionalistas interpretaram como parte de um padrão mais amplo

Estas intervenções são vistas como parte de uma tendência mais ampla de:
Restrição às formas tradicionais de liturgia
Interferência em comunidades que mantêm práticas tradicionais
Centralização do controle sobre ordens religiosas
Desencorajamento de expressões mais tradicionais da vida religiosa

Intervenção na Ordem de Malta - Abuso de poder de Francisco


A intervenção do Papa Francisco na Ordem Soberana e Militar de Malta em 2017 representa um dos episódios mais extraordinários na história recente da Igreja Católica. Esta ordem cavaleiresca, fundada no século XI durante as Cruzadas, sempre manteve um status único, sendo simultaneamente uma ordem religiosa católica e um sujeito soberano de direito internacional, com relações diplomáticas com mais de 100 países e status de observador permanente na ONU.

A crise começou quando Fra' Matthew Festing, então Grão-Mestre da Ordem, demitiu o Grão-Chanceler Albrecht von Boeselager, alegadamente por questões relacionadas à distribuição de preservativos em projetos humanitários da ordem em países em desenvolvimento. Boeselager negou conhecimento do programa e contestou sua demissão, argumentando que não seguiu os procedimentos adequados previstos na constituição da Ordem.

O Papa Francisco decidiu então estabelecer uma comissão para investigar o caso, uma decisão que gerou controvérsia imediata. Fra' Festing e o Cardeal Raymond Burke, então patrono da Ordem, argumentaram que tal comissão violava a soberania da Ordem de Malta. Eles sustentavam que, sendo a Ordem um sujeito soberano de direito internacional, o Papa não teria autoridade para interferir em suas questões internas.

No entanto, o Papa Francisco, exercendo sua autoridade como líder supremo da Igreja Católica, solicitou a renúncia de Fra' Festing em janeiro de 2017. Esta foi uma medida sem precedentes na história moderna da Ordem, pois tradicionalmente o cargo de Grão-Mestre era vitalício. Fra' Festing acatou o pedido do Papa, renunciando em 24 de janeiro de 2017.

Em seguida, o Papa nomeou o Arcebispo Giovanni Angelo Becciu como seu Delegado Especial junto à Ordem, efetivamente marginalizando o papel do Cardeal Burke como Patrono. Boeselager foi reinstalado como Grão-Chanceler, e o Papa ordenou uma reforma da constituição da Ordem.

Para os tradicionalistas, esta intervenção representou uma quebra significativa na autonomia histórica da Ordem de Malta. Argumentavam que, ao intervir diretamente em uma instituição soberana, o Papa havia ultrapassado as fronteiras tradicionais entre autoridade espiritual e governança temporal. A situação foi vista como particularmente preocupante considerando o status único da Ordem como entidade soberana internacional.

A intervenção também gerou debates sobre a natureza da relação entre o papado e as ordens religiosas em geral. Tradicionalistas argumentavam que a ação estabelecia um precedente problemático de interferência papal direta na governança interna de ordens religiosas autônomas.

Intervenção nos Franciscanos da Imaculada - Truculência de Francisco

A intervenção nos Franciscanos da Imaculada em 2013 representou um dos primeiros e mais significativos atos do então recente pontificado do Papa Francisco em relação a ordens religiosas tradicionais. Fundada em 1970 pelo Padre Stefano Manelli e pelo Padre Gabriel Maria Pelettieri, a ordem havia se tornado um exemplo notável de crescimento vocacional em uma época de crise generalizada de vocações na Igreja.

Os Franciscanos da Imaculada, também conhecidos como FI, distinguiam-se por sua forte devoção mariana, vida austera e, principalmente, pela adoção generalizada da forma tradicional da Missa (Vetus Ordo) após o Motu Proprio Summorum Pontificum de Bento XVI. A congregação havia crescido significativamente, contando com cerca de 400 frades, 300 freiras, além de uma próspera ordem terceira secular. A intervenção começou em julho de 2013, quando o Vaticano nomeou o Capuchinho Fidenzio Volpi como Comissário Apostólico. 

As medidas implementadas foram abrangentes e severas:
 
Afastamento do fundador, Pe. Manelli, que foi colocado em isolamento em regime de residência vigiada
Proibição da celebração da Missa Tradicional sem autorização explícita
Fechamento do seminário da ordem
Suspensão das ordenações dos seminaristas em formação
Intervenção nos meios de comunicação da ordem, incluindo sua editora
Restrições à administração dos bens materiais da congregação

A justificativa oficial para a intervenção incluía alegações de:
 
Deriva tradicionalista
Gestão personalista
Problemas na formação dos novos membros
Imposição generalizada da forma tradicional da liturgia

Os defensores da ordem, por outro lado, argumentavam que:
 
A congregação estava em pleno crescimento
Mantinha uma vida religiosa exemplar
Suas práticas litúrgicas eram permitidas pelo direito da Igreja
Tinha finanças saudáveis e transparentes
Produzia abundantes vocações

O impacto da intervenção foi devastador para a ordem:
 
Dezenas de frades deixaram a congregação
Vários seminaristas foram dispersos
As publicações e apostolados foram severamente reduzidos
A ordem perdeu sua característica distintiva litúrgica

Um aspecto particularmente controverso foi a proibição da Missa Tradicional, que parecia contradizer o Summorum Pontificum de Bento XVI, ainda em vigor. Esta medida foi vista como especialmente severa, pois afetava não apenas os religiosos, mas também os fiéis leigos associados à ordem. O comissário Volpi faleceu em 2015, mas a intervenção continuou sob nova administração. Pe. Manelli, já em idade avançada, permaneceu em isolamento, com restrições até mesmo para contato com sua família. O caso dos Franciscanos da Imaculada é frequentemente citado como um precedente para intervenções posteriores em outras comunidades tradicionais. Para muitos observadores, especialmente nos círculos tradicionalistas, este caso sinalizou uma mudança significativa na política do Vaticano em relação às comunidades que mantêm práticas litúrgicas e disciplinares mais tradicionais.

As consequências desta intervenção continuam a ser debatidas na Igreja, mas certamente simboliza uma ruptura com o princípio de pluralidade litúrgica e carismática na Igreja.

Sobre os erros do vaticano II - Carta Apostólica Papa S. Pio X

O mesmo acontece com a noção da fraternidade, cuja base colocam no amor dos interesses comuns, ou, além de todas as filosofias e de todas as religiões, na simples noção de humanidade, englobando assim no mesmo amor e numa igual tolerância todos os homens com todas as suas misérias, tanto as intelectuais e morais como as físicas e temporais. Ora, a doutrina católica nos ensina que o primeiro dever da caridade não está na tolerância das convicções errôneas, por sinceras que sejam , nem da indiferença teórica e prática pelo erro ou o vício, em que vemos mergulhados nossos irmãos, mas no zelo pela sua restauração intelectual e moral, não menos que por seu bem-estar material. Esta mesma doutrina católica nos ensina também que a fonte do amor do próximo se acha no amor de Deus, Pai comum e fim comum de toda a família humana, no amor de Jesus Cristo, do qual somos membros a tal ponto que consolar um infeliz é fazer o bem ao próprio Jesus Cristo. Qualquer outro amor é ilusão ou sentimento estéril e passageiro.

NOTRE CHARGE APOSTOLIQUE, Sobre os erros do Sillon, Carta Apostólica do Papa S. Pio X, promulgada em 25 de Agosto de 1910. Acessar carta.

O Sillon foi um movimento católico francês, que teve uma transformação crucial em 1907, quando Marc Sangnier decidiu secularizá-lo, transformando-o de um movimento católico em um movimento democrático aberto a pessoas de todas as religiões. Esta data é particularmente importante pois marca o ponto em que o Sillon se afastou definitivamente de sua orientação católica original, levando à sua posterior condenação por São Pio X em 1910 na "Notre Charge Apostolique".

Esta secularização de 1907 exemplificou os principais problemas que a Igreja identificava no movimento: a subordinação da fé católica a ideais democráticos seculares e a diluição da doutrina católica em favor de um humanismo universal. É um momento histórico que serve como advertência contra tentativas similares de secularização de movimentos católicos.

"O Sillon coloca primitivamente a autoridade no povo, de quem ela depois se deriva para os governantes, de tal modo, porém, que continua a residir nele. Ora, Leão XIII condenou formalmente esta doutrina na sua Encíclica 'Diuturnum Illud' do principado político: 'Numerosos modernos, seguindo as pegadas daqueles que no século passado se atribuíram o nome de filósofos, declaram que toda autoridade vem do povo; que, por conseguinte, os que exercem o poder na sociedade civil, não o exercem como próprio, mas como delegado pelo povo, e sob a condição de que possa ser revogado pela vontade desse mesmo povo que lho delegou.'"

"O mesmo acontece com a noção da fraternidade, cuja base colocam no amor dos interesses comuns, ou, além de todas as filosofias e de todas as religiões, na simples noção de humanidade, englobando assim no mesmo amor e numa igual tolerância todos os homens com todas as suas misérias, tanto as intelectuais e morais como as físicas e temporais."

"O Sillon, que ensina tais doutrinas e as põe em prática na sua vida interior, semeia, portanto, entre vossa juventude católica noções errôneas e funestas sobre a autoridade, a liberdade e a obediência. Não é diferente no que diz respeito à justiça e à igualdade. Trabalha, diz ele, para realizar uma era de igualdade, que seria por isso mesmo uma era de melhor justiça. Assim, para ele, toda desigualdade de condição é uma injustiça ou, pelo menos, uma menor justiça!"


Os principais erros condenados foram:
 
A doutrina da soberania popular absoluta
O conceito naturalista de fraternidade desvinculado da caridade cristã
O igualitarismo radical que considera toda desigualdade como injustiça
O falso ecumenismo que coloca todas as religiões no mesmo plano
A subordinação da Igreja ao ideal democrático
A busca de uma nova Igreja mais democrática
A rejeição da autoridade hierárquica natural

Como vemos, muitas das críticas feitas ao Sillon são semelhantes às críticas feitas hoje ao progressismo católico pós-vaticano II, especialmente no que tange à noção de fraternidade universal desvinculada da verdade católica e à democratização excessiva das estruturas eclesiais.

O texto apresenta uma crítica contundente à visão moderna de fraternidade e tolerância religiosa que se desenvolveu após o Concílio Vaticano II. Ao rejeitar a "igual tolerância" e a "indiferença teórica e prática pelo erro", o texto se opõe diretamente às tendências ecumênicas e ao diálogo inter-religioso que caracterizaram as reformas conciliares, especialmente aquelas expressas em documentos como a Nostra Aetate.

Em contraposição à abertura pós-conciliar, o texto defende o dever católico de buscar ativamente a "restauração intelectual e moral" dos que estão no "erro". Esta posição reafirma uma compreensão mais exclusivista da verdade católica, onde o amor ao próximo deve necessariamente estar fundamentado no amor a Deus e a Jesus Cristo, rejeitando qualquer outro tipo de fraternidade como "ilusão" ou "sentimento estéril".

Ao insistir que a verdadeira caridade não está na tolerância de convicções errôneas, mas no zelo pela correção do próximo, o texto estabelece uma clara oposição entre a visão tradicionalista e as tendências mais ecumênicas do catolicismo contemporâneo.

Judeus convertidos atuaram no vaticano II - Declaração Nostra Aetate

Paul Démann, Geza Vermes e Kurt Hruby são figuras emblemáticas na história do diálogo judaico-cristão, especialmente no contexto das transformações do pensamento católico em relação ao judaísmo que culminaram no Nostra Aetate – o documento do Concílio Vaticano II, de 1965, que redefiniu a postura da Igreja Católica em relação ao judaísmo e outras religiões.

Paul Démann foi um sacerdote judeu de origem húngara que, como Vermes e Hruby, se converteu ao cristianismo e ingressou no sacerdócio. Ele se tornou um teólogo destacado no campo do diálogo inter-religioso e foi fundamental em debates sobre a relação entre cristianismo e judaísmo. 

Geza Vermes, conhecido principalmente por seu trabalho acadêmico sobre o Jesus histórico e os Manuscritos do Mar Morto, teve uma trajetória singular: depois de se converter ao catolicismo e se tornar padre, ele retornou ao judaísmo. Embora seu envolvimento com o Nostra Aetate não tenha sido direto, Vermes ajudou a difundir uma visão de Jesus que o situava mais no contexto do judaísmo do que em uma linha de ruptura com ele. Seu trabalho contribuiu para a base de uma perspectiva mais integrada entre as duas tradições.

Kurt Hruby, também convertido ao cristianismo e ordenado padre, teve uma influência notável nos estudos judaicos e no desenvolvimento do pensamento católico sobre o judaísmo. Com raízes austríacas e húngaras, Hruby fez parte do crescente movimento que promovia uma reavaliação teológica da relação entre as duas fés.

O Nostra Aetate representa uma mudança crucial, pois declara que os judeus não podem ser responsabilizados coletivamente pela morte de Jesus e reconhece as raízes judaicas do cristianismo. Este tipo de reconhecimento teológico e histórico foi, sem dúvida, influenciado pelo trabalho de Démann, Vermes e Hruby.

A Nostra Aetate é uma declaração do Concílio Vaticano II (1962-1965), publicada em 28 de outubro de 1965, e seu título completo é "Declaração sobre a Relação da Igreja com as Religiões Não-Cristãs". Através desse documento, a Igreja Católica fez uma abordagem inédita sobre o relacionamento com outras religiões, incluindo o judaísmo, o islamismo, o hinduísmo e o budismo, marcando um ponto de virada na visão oficial católica sobre outras tradições religiosas.

A Nostra Aetate tem uma importância histórica e teológica porque pediu aos católicos que reconheçam e respeitem os valores e crenças presentes em outras religiões, como o islamismo e o hinduísmo, iniciando um movimento de diálogo inter-religioso e estabelecendo as bases para o movimento ecumenista.

A Declaração Nostra Aetate foi promovida principalmente pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso instituído por Paulo VI em 1964 (originalmente criado como Secretaria para os Não-Cristãos, depois transformado em Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso). 

Também criado por Paulo VI em 1965 o Pontifício Conselho para o Diálogo com os Não-Crentes foi voltado a dialogar com aqueles que não professam nenhuma religião formal ou são agnósticos, explorando as questões existenciais e éticas que podem unir crentes e não crentes.

Note-se que já funcionava o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, criado pelo Papa João XXIII em 1960, sua missão é buscar e promover a unidade entre os cristãos, colaborando especialmente com igrejas ortodoxas e protestantes para curar as divisões históricas e atuais entre as denominações.


Carta aberta aos americanos - Arcebispo Carlo Maria Viganò

Na carta aberta, o arcebispo Carlo Maria Viganò alerta sobre a ameaça de uma “ditadura woke” e a importância das eleições de 2024 para preservar os valores cristãos. Ele aponta Donald Trump como "o único candidato que pode resistir ao deep state” e combater o globalismo. Segundo Viganò, os democratas, especialmente Kamala Harris, representam uma "agenda anti-cristã". Ele afirma ser “moralmente obrigatório” para os católicos votarem em Trump e orarem pela liberdade e pela fé nos EUA. 

Livro - O Óleo Não Secou: A História do Meu Caminho Teológico - Gregory Baum

"The Oil Has Not Run Dry: The Story of My Theological Pathway" (2016) é a controversa autobiografia de Gregory Baum, publicada pela McGill-Queen's University Press apenas um ano antes de sua morte. Nesta obra reveladora, Baum apresenta uma narrativa franca e, por vezes, perturbadora de sua jornada teológica e pessoal.

No livro, Baum faz confissões significativas que causaram grande impacto na comunidade católica. Ele revela que, enquanto ainda era padre católico e professor de teologia, secretamente discordava e se opunha a vários ensinamentos fundamentais da Igreja. Confessa: "Enquanto ainda era padre católico romano, eu já havia examinado e rejeitado a autoridade da Igreja para definir a verdade em questões de sexualidade humana."

Particularmente controversa é sua admissão de que, mesmo antes de deixar o sacerdócio em 1976, já mantinha relacionamentos que violavam seu voto de celibato: "Eu estava convencido de que, apesar de meus votos sacerdotais, tinha o direito de viver minha vida como eu achava apropriado." Esta revelação é especialmente problemática considerando sua posição como influente teólogo e consultor durante o Concílio Vaticano II.

Em suas memórias, Baum detalha como gradualmente se afastou das posições ortodoxas da Igreja: "Minha perspectiva teológica mudou dramaticamente... Comecei a ver a tradição da Igreja não como um conjunto de verdades imutáveis, mas como um diálogo contínuo que precisa ser constantemente reinterpretado."

O livro também aborda seu papel no desenvolvimento da teoria da "hierarquia das verdades", revelando como ele trabalhou para promover uma interpretação progressista do Concílio Vaticano II: "Víamos a necessidade de reinterpretar a tradição católica de uma maneira que permitisse maior flexibilidade no diálogo ecumênico... mesmo que isso significasse minimizar temporariamente certas verdades da fé."

Baum descreve sua transição do judaísmo para o catolicismo, sua ordenação como padre agostiniano e seu eventual abandono do sacerdócio. Ele relata: "Minha jornada espiritual me levou a questionar não apenas práticas específicas da Igreja, mas também a própria natureza da autoridade religiosa."

Um aspecto particularmente polêmico do livro é sua discussão sobre como ele e outros teólogos progressistas trabalharam nos bastidores durante o Concílio Vaticano II: "Desenvolvemos estratégias para introduzir mudanças graduais na compreensão da doutrina católica... Sabíamos que uma abordagem frontal encontraria resistência, então optamos por uma mudança mais sutil e gradual."

Suas memórias também revelam como ele influenciou gerações de estudantes em direção a uma interpretação mais liberal do catolicismo: "Como professor, senti que tinha a responsabilidade de apresentar aos alunos uma visão mais ampla e menos dogmática da fé católica, mesmo que isso às vezes divergisse do ensinamento oficial da Igreja."

O livro gerou significativa controvérsia na comunidade católica, com muitos questionando não apenas suas ações passadas, mas também a ética de ter mantido essas visões em segredo enquanto ocupava posições de influência na Igreja. Como ele próprio admite: "Agora percebo que minha decisão de permanecer silencioso sobre minhas verdadeiras convicções enquanto exercia influência pode ser questionada eticamente."

"The Oil Has Not Run Dry" serve como um documento histórico que ilumina os bastidores das mudanças teológicas no catolicismo pós-Vaticano II, mas também levanta sérias questões sobre integridade intelectual e responsabilidade moral na vida acadêmica e religiosa. Como Baum conclui: "Minha história é um testemunho das complexas tensões entre consciência pessoal e autoridade institucional na vida religiosa moderna."

Biografia

Gregory Baum faleceu em 18 de outubro de 2017, aos 94 anos, em Montreal, Canadá. Ele viveu de 1923 a 2017.

Ele teve uma história pessoal interessante: nasceu em Berlim em uma família de origem judaica, fugiu do nazismo para a Inglaterra em 1939, foi internado no Canadá como estrangeiro durante a Segunda Guerra Mundial. Converteu-se ao catolicismo em 1946 e se tornou padre agostiniano.

Baum foi um controverso teólogo progressista que atuou como perito (consultor teológico) durante o Concílio Vaticano II, especialmente na elaboração da declaração Nostra Aetate sobre as relações da Igreja com religiões não-cristãs.

Posteriormente, ele deixou o sacerdócio em 1976 e se casou. Continuou sua carreira acadêmica como professor de teologia e sociologia na Universidade McGill em Montreal. Suas posições teológicas frequentemente entraram em conflito com o magistério da Igreja, especialmente em questões de moral sexual e autoridade eclesiástica.

Teoria da hierarquia das verdades - Igreja Pós-Vaticano II

1964 é quando o conceito "hierarquia das verdades" apareceu oficialmente pela primeira vez no Decreto Unitatis Redintegratio (Decreto sobre o Ecumenismo) do Concílio Vaticano II, promulgado em 21 de novembro de 1964. Especificamente, aparece no parágrafo 11 do decreto:

"No diálogo ecumênico, os teólogos católicos, bem informados da doutrina da Igreja, ao investigarem com os irmãos separados os divinos mistérios devem proceder com amor à verdade, caridade e humildade. Ao comparar as doutrinas lembrem-se que existe uma ordem ou 'hierarquia' das verdades da doutrina católica, já que o nexo delas com o fundamento da fé cristã é diferente."

Este conceito, que originalmente visava facilitar o diálogo ecumênico mantendo a integridade da fé católica, foi posteriormente reinterpretado por teólogos progressistas nas décadas de 1960 e 1970 de uma maneira mais radical, levando a diferentes interpretações e controvérsias dentro da Igreja.

Outras datas relevantes incluem:
1965-1967: Período em que teólogos como Edward Schillebeeckx e Karl Rahner começaram a desenvolver interpretações mais expansivas do conceito
1973: Publicação da Declaração "Mysterium Ecclesiae" pela Congregação para a Doutrina da Fé, que buscou esclarecer e corrigir interpretações errôneas da teoria
1995: Encíclica "Ut Unum Sint" de João Paulo II, que reafirmou o conceito original enquanto alertava contra interpretações relativistas

A teoria da hierarquia das verdades ganhou força significativa no período pós-Concílio Vaticano II, encontrando defensores entre teólogos, cardeais e líderes eclesiásticos proeminentes. O Cardeal Suenens, uma das vozes mais influentes desta corrente, estabeleceu uma base fundamental ao declarar: "Devemos reconhecer que nem todas as verdades são igualmente centrais... Para o diálogo ecumênico, precisamos nos concentrar primeiro no que nos une, deixando para um segundo momento as questões que nos separam."

Esta linha de pensamento foi amplamente desenvolvida por Edward Schillebeeckx, que em sua obra "Igreja ou Igrejas?" (1968) afirmou: "O ecumenismo exige uma nova abordagem da verdade revelada. Certas doutrinas, embora parte de nossa tradição, podem ser temporariamente postas em segundo plano para facilitar o diálogo com nossos irmãos separados."

Hans Küng, em sua obra "A Igreja" (1967), reforçou esta perspectiva: "Uma verdadeira renovação ecumênica requer que repensemos como apresentamos nossas doutrinas. Dogmas como a infalibilidade papal e os dogmas marianos, embora importantes para os católicos, não deveriam ser obstáculos para o diálogo com outras denominações cristãs."

Karl Rahner, em seus "Escritos Teológicos", elaborou uma justificativa teológica sofisticada: "No contexto do ecumenismo moderno, devemos distinguir entre as verdades fundamentais compartilhadas por todos os cristãos e aquelas doutrinas que, embora verdadeiras, não são essenciais para a unidade básica da fé."

O Cardeal Kasper, em seu "Manual de Ecumenismo Espiritual" (2007), propôs uma abordagem prática: "O diálogo ecumênico progride quando nos concentramos primeiro nas verdades fundamentais sobre Cristo e a salvação, deixando para um momento posterior as questões que historicamente nos dividiram."

Gregory Baum, em "Progresso e Perspectivas no Diálogo Ecumênico", ofereceu uma visão mais prática: "A hierarquia das verdades nos permite reconhecer que certas doutrinas católicas, embora verdadeiras, não precisam ser enfatizadas no diálogo inicial com outras denominações cristãs. Isto inclui aspectos de nossa mariologia e eclesiologia."

Yves Congar, em "Diálogo Entre Cristãos", sintetizou o pensamento progressista: "O ecumenismo verdadeiro requer que saibamos distinguir entre o que é absolutamente essencial à fé cristã e o que, embora verdadeiro e valioso, pode ser deixado para discussão posterior no processo de unificação."

O Cardeal Godfried Danneels sintetizou a abordagem progressista em suas conferências: "Devemos apresentar nossa fé de forma gradual, começando pelo que nos une com outros cristãos, antes de abordar questões mais específicas da tradição católica."

Esta teoria encontrou respaldo institucional significativo, sendo desenvolvida em centros como o Instituto de Estudos Ecumênicos de Tübingen e o Centro Pro Unione em Roma, que produziram extensos estudos e documentos sobre sua aplicação prática no diálogo ecumênico. O "Malta Report" de 1972 e o documento "Growing Together in Unity and Mission" (2007) representam esforços concretos de implementação desta abordagem no diálogo interconfessional.

Obrigado a renunciar dos direitos ao cardinalato - Cardeal Angelo Becciu

Cardeal Angelo Becciu, que ocupou cargos de destaque no Vaticano, incluindo o de substituto da Secretaria de Estado, foi uma figura central na administração interna da Santa Sé. Em setembro de 2020, o Papa Francisco pediu sua renúncia dos direitos relacionados ao cardinalato, o que significou uma perda significativa de suas prerrogativas, embora ele tenha mantido o título de cardeal. 

A decisão foi tomada após surgirem acusações de envolvimento de Becciu em escândalos financeiros, incluindo a suspeita de má gestão de fundos do Vaticano, particularmente relacionados à compra de um edifício de luxo em Londres com recursos da Secretaria de Estado. Becciu sempre negou as acusações, defendendo sua inocência e afirmando que as transações foram feitas de forma transparente e para o bem da Igreja.

Em círculos conservadores, alguns chegaram a questionar se o Papa estaria usando a bandeira da transparência e da reforma para enfraquecer figuras tradicionais que representavam uma resistência às mudanças no modo de governança da Igreja e em questões doutrinárias. Becciu, ao ser forçado a renunciar, poderia simbolizar um sacrifício necessário para demonstrar a seriedade das reformas, embora suas conexões com o passado da administração vaticana tivessem gerado desconfiança entre os reformistas.

Embora não fosse uma figura de grande destaque em debates públicos sobre questões sociais e morais, Becciu manteve um alinhamento com as posições tradicionais da Igreja em temas centrais como o aborto, a eutanásia, o casamento e a família. A defesa da doutrina católica em relação ao casamento como uma união entre um homem e uma mulher, e sua oposição a mudanças na disciplina da comunhão para divorciados e recasados, eram posições amplamente compartilhadas pelos setores mais conservadores da Igreja, e Becciu estava alinhado com essas visões.

Becciu também manteve boas relações com movimentos eclesiais mais conservadores, como a Comunhão e Libertação e outras associações católicas que defendem uma visão mais tradicional da fé e da moral católica. Esses movimentos, em geral, apoiam a defesa da ortodoxia católica e resistem a mudanças progressistas na Igreja, especialmente no que diz respeito à liturgia, à moral sexual e à governança eclesial.

O Papa Francisco, ao assumir o pontificado em 2013, trouxe uma agenda de reformas. Becciu, em várias ocasiões, parecia representar uma linha mais resistente a essas reformas, defendendo a tradição e a estabilidade institucional da Cúria Romana.

Removido pelo Papa Francisco - Bispo Martin Holley

Martin Holley foi nomeado bispo de Memphis em 2016, mas seu breve período de liderança foi marcado por controvérsias significativas. Em outubro de 2018, após apenas dois anos no cargo, ele foi removido pelo Papa Francisco - uma ação relativamente rara na Igreja Católica, onde bispos normalmente permanecem em suas dioceses até a aposentadoria aos 75 anos.

O caso começou a se desenvolver quando Holley realizou uma série de mudanças controversas na diocese. A mais significativa foi a transferência repentina de cerca de 75% dos padres paroquiais para novas designações, uma decisão que causou grande perturbação na comunidade católica local.

Holley inicialmente resistiu à decisão e alegou que sua remoção estava relacionada a questões raciais (ele era um dos poucos bispos afro-americanos nos EUA) e à sua associação com o ex-Cardeal Theodore McCarrick, que havia sido seu mentor. No entanto, o Vaticano manteve que a decisão foi baseada estritamente em questões administrativas e de governança.

O fato é que existem elementos ideológicos e doutrinários que não foram evidenciados: Holley era conhecido por posições extremamente conservadoras; Exigia uma interpretação mais rigorosa das normas sacramentais; Tinha visão tradicionalista sobre o papel do sacerdote; Vários padres transferidos eram conhecidos por abordagens pastorais mais progressistas e que apoiavam reformas do Papa Francisco.

Assim, Holley se alinhava claramente com a ala conservadora, e suas ações em Memphis podem ser interpretadas como parte de um esforço mais amplo de resistência às mudanças promovidas por Francisco. Suas transferências de padres, embora oficialmente justificadas como reorganização administrativa, parecem ter sido parte de uma tentativa de reorientar a diocese em uma direção mais tradicionalista.

O cenário se complica ainda mais quando consideramos as tensões específicas da Igreja americana em relação a questões sociais e políticas. Os católicos nos EUA estão profundamente divididos sobre temas como imigração, justiça social, papel da Igreja na política e abordagem a questões morais contemporâneas. Holley, como outros bispos conservadores americanos, tendia a enfatizar questões morais tradicionais em detrimento da agenda social promovida por Francisco.

Sua ligação com Theodore McCarrick(1), antes do escândalo que levou à queda deste último, também o conectava a uma rede de poder dentro da Igreja americana que resistia às reformas de Francisco. Esta rede tradicionalmente exercia forte influência sobre nomeações episcopais e direcionamento pastoral das dioceses americanas.

Neste sentido, as ações de Holley em Memphis podem ser vistas como um microcosmo de uma luta maior dentro da Igreja Católica americana: o embate entre uma visão mais tradicionalista, focada na preservação de práticas e interpretações doutrinárias estabelecidas, e uma abordagem mais aberta às mudanças e ao diálogo com o mundo contemporâneo, como proposto por Francisco.

Sua eventual remoção, embora oficialmente baseada em questões administrativas, pode ser interpretada como parte de um esforço mais amplo de Francisco para realinhar a Igreja americana com sua visão pastoral. Este caso ilustra como as tensões entre tradicionalismo e reformismo na Igreja Católica frequentemente se manifestam em conflitos aparentemente administrativos ou procedimentais, mas que têm raízes mais profundas em divergências fundamentais sobre a natureza e missão da Igreja no mundo contemporâneo.

(1) Theodore McCarrick foi uma das figuras mais poderosas da Igreja Católica americana, servindo como Cardeal e Arcebispo de Washington D.C., até sua dramática queda em 2018-2019. Durante décadas, ele acumulou imenso poder e influência, sendo conselheiro de papas e presidentes, além de ter papel central nas nomeações de bispos americanos. Porém, em 2018, foi exposto como um predador sexual que por décadas abusou de seminaristas e menores, com suas ações sendo acobertadas por uma rede de proteção dentro da Igreja. O escândalo levou à sua inédita expulsão do Colégio de Cardeais e posterior redução ao estado laical pelo Papa Francisco, representando o primeiro cardeal na história moderna a ser laicizado. O caso McCarrick tornou-se símbolo da crise de abuso na Igreja Católica, expondo falhas sistêmicas e forçando mudanças significativas na forma como a Igreja lida com acusações contra membros da hierarquia, além de gerar um relatório detalhado do Vaticano em 2020 sobre como ele conseguiu ascender ao poder apesar das múltiplas acusações contra ele.

Ações disciplinadoras de Francisco - Cardeal Gerhard Müller

O caso do Cardeal Gerhard Müller representa outro momento crucial no pontificado de Francisco, destacando as tensões entre diferentes visões teológicas e pastorais na Igreja Católica. Müller, que serviu como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) de 2012 a 2017, teve seu mandato não renovado pelo Papa Francisco de uma maneira que surpreendeu muitos observadores da Igreja.

Müller foi inicialmente nomeado para liderar a CDF pelo Papa Bento XVI, com quem compartilhava uma visão teológica similar e uma abordagem mais tradicional da doutrina católica. Como Prefeito da CDF, ele ocupava uma das posições mais importantes da Igreja, sendo responsável por salvaguardar e promover a doutrina católica - um cargo anteriormente ocupado pelo próprio Bento XVI quando ainda era o Cardeal Ratzinger.

O conflito com Francisco começou a se desenvolver gradualmente, principalmente em torno de diferentes interpretações sobre questões pastorais e doutrinárias. Müller manifestou preocupações sobre algumas das abordagens de Francisco, particularmente em relação à interpretação da Amoris Laetitia e à questão da comunhão para divorciados recasados.

Um dos pontos de maior tensão foi a resistência de Müller às propostas de reforma da CDF sugeridas por Francisco. Em 2017, em um movimento que causou considerável surpresa nos círculos vaticanos, Francisco decidiu não renovar o mandato de Müller como Prefeito da CDF. A decisão foi particularmente notável porque era comum que os Prefeitos da CDF servissem até a idade de aposentadoria (75 anos), e Müller tinha apenas 69 anos na época.

A não renovação foi comunicada a Müller de maneira direta e sucinta, em uma audiência que durou apenas alguns minutos. Segundo relatos, Francisco simplesmente informou Müller que seu mandato não seria renovado, sem oferecer explicações detalhadas. Esta abordagem foi vista por muitos como um indicativo do estilo mais direto de Francisco em lidar com divergências na hierarquia.

Após sua saída, Müller tornou-se mais vocal em suas críticas ao pontificado de Francisco. Ele expressou preocupações sobre o que via como ambiguidades em alguns ensinamentos e decisões do Papa, e defendeu uma interpretação mais tradicional da doutrina católica. Suas declarações públicas frequentemente apontavam para o que ele considerava riscos de relativismo doutrinal e confusão entre os fiéis.

Müller também criticou o que chamou de "cultura do medo" no Vaticano sob Francisco, sugerindo que havia pouca tolerância para visões divergentes e que decisões importantes eram tomadas por um círculo restrito de pessoas próximas ao Papa.

Dubias dos cardeais - papa Francisco não responde

A carta de 10 de julho de 2023, contendo cinco dubia dirigidos ao Papa Francisco, foi submetida por um grupo de cardeais que buscavam esclarecimentos sobre temas controversos que vinham gerando debates dentro da Igreja Católica. 

Houve uma resposta considerada pouco clara pelos cardeais e foi enviada nova carta em 21 de Agosto de 2023, e apresentou-se os dubia reformulados. A nova formulação dos dubia buscava mais precisão e objetividade nas questões levantadas, com o intuito de obter respostas mais diretas e em conformidade com a tradição de respostas "sim" ou "não" da Igreja. Aqui estão algumas mudanças principais feitas nos dubia reformulados:

Bênção de uniões do mesmo sexo
Original: A dúvida girava em torno da possibilidade de a Igreja abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Reformulação: A pergunta foi ajustada para deixar claro que se buscava uma resposta inequívoca sobre se essas uniões poderiam ser abençoadas sem que isso fosse contrário ao ensinamento da Igreja sobre o matrimônio, que sempre foi entendido como uma união entre homem e mulher para a procriação e educação dos filhos.

Divórcio e recasamento
Original: Os cardeais questionavam se católicos divorciados e recasados poderiam receber a Eucaristia sem se absterem de relações sexuais.
Reformulação: A nova dubia reformulou essa questão para incluir uma referência mais explícita ao ensinamento de João Paulo II na exortação apostólica Familiaris Consortio, que estabelece que aqueles em situações irregulares devem viver "como irmão e irmã" se desejam ser admitidos à Eucaristia.

Sinodalidade e autoridade papal
Original: A dubia inicial questionava o papel da sinodalidade no governo da Igreja.
Reformulação: A pergunta foi reformulada para esclarecer a relação entre a autoridade do Papa e o processo sinodal, pedindo especificamente uma confirmação de que o Papa continua sendo a autoridade final em questões de doutrina e que os processos sinodais não podem alterar o ensinamento imutável da Igreja.

Pecado e consciência
Original: Os cardeais perguntaram sobre o papel da consciência pessoal em discernir o pecado.
Reformulação: A nova formulação pedia uma resposta clara sobre a doutrina tradicional de que a consciência pessoal deve estar sempre informada pela lei moral objetiva da Igreja, evitando interpretações que possam sugerir que a consciência individual poderia, de alguma forma, legitimar comportamentos que são tradicionalmente considerados pecaminosos.

Misericórdia e arrependimento
Original: A dubia questionava a relação entre a misericórdia de Deus e o arrependimento necessário para a salvação.
Reformulação: A questão foi ajustada para buscar uma confirmação de que, embora a misericórdia de Deus seja infinita, o arrependimento e a conversão são necessários para que a pessoa possa receber o perdão dos pecados, conforme o ensinamento tradicional da Igreja.

Assinam as cartas os cinco cardeais:

Cardeal Walter Brandmüller – Presidente emérito do Pontifício Comitê de Ciências Históricas.
Cardeal Raymond Leo Burke – Prefeito emérito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica.
Cardeal Juan Sandoval Íñiguez – Arcebispo emérito de Guadalajara, México.
Cardeal Robert Sarah – Prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun – Bispo emérito de Hong Kong.

Em 1 de out 2024 os cardeais afirmam que até esta data, não receberam resposta. E dizem: 

"Dada a gravidade da matéria dos dubia, especialmente tendo em vista a iminente sessão do Sínodo dos Bispos, julgamos ser nosso dever informar-vos, fiéis (Cân. 212 § 3), para que não sejais sujeitos à confusão, ao erro e ao desânimo, mas rezeis pela Igreja universal e, em particular, pelo Romano Pontífice, para que o Evangelho seja ensinado cada vez mais claramente e seguido cada vez mais fielmente. " 

Eles citaram o Cânon 212 § 3 do Código de Direito Canônico, que estabelece o direito e até o dever dos fiéis de expressarem suas preocupações sobre o bem da Igreja aos pastores, e até mesmo ao público, quando acharem necessário. Este cânon sustenta a ideia de que os fiéis, leigos ou clérigos, têm o direito de partilhar com os seus pastores e entre si questões que consideram fundamentais para a fé e a vida da Igreja.

Gravidade das questões levantadas nos dubia: As questões abordam temas doutrinários e pastorais importantes que têm gerado debates e divisões dentro da Igreja, como a bênção de uniões homossexuais, a recepção da Eucaristia por divorciados recasados e o papel da consciência pessoal na moralidade. Os cardeais acreditam que esses pontos são cruciais para o futuro da fé católica e precisam de esclarecimento urgente, especialmente diante do aumento de interpretações divergentes dentro da Igreja.

Proximidade do Sínodo dos Bispos: O comunicado dos cardeais mencionou o Sínodo dos Bispos, que estava prestes a acontecer. Este sínodo tinha como tema a sinodalidade, um conceito que busca tornar o governo da Igreja mais participativo e descentralizado. No entanto, alguns setores da Igreja temem que esse processo sinodal possa abrir a porta para mudanças doutrinais, ou pelo menos para ambiguidades pastorais, o que aumenta a urgência de respostas claras aos dubia.

Prevenção de confusão, erro e desânimo: Os cardeais enfatizam que sua intenção é proteger os fiéis da confusão e do erro. Eles estão preocupados que, sem esclarecimentos adequados, os católicos possam ser levados a entender mal a doutrina da Igreja ou a seguir práticas que não estejam em conformidade com os ensinamentos tradicionais. Também mencionam o risco de desânimo entre os fiéis, que podem sentir-se perdidos ou abandonados diante de controvérsias doutrinárias não resolvidas.

Fonte (1)

Resistindo ao liberalismo de Francisco - Cardeal Raymond Burke

O caso do Cardeal Raymond Burke é um dos exemplos mais emblemáticos do conflito entre o Papa Francisco e a ala conservadora da Igreja Católica. Burke, que ocupava uma das posições mais importantes da Cúria Romana como Prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica, foi removido deste cargo em 2014 e designado para uma função majoritariamente cerimonial como Patrono da Ordem de Malta.

Burke já era uma figura proeminente antes do papado de Francisco, conhecido por suas posições tradicionalistas e interpretação rigorosa do direito canônico. Durante o pontificado de Bento XVI, ele ganhou ainda mais destaque como uma das vozes mais conservadoras da hierarquia católica americana.

O conflito com Francisco começou logo no início do novo papado. Burke manifestou publicamente sua preocupação com a abordagem pastoral do Papa, especialmente em relação a temas como o acesso à comunhão para divorciados em segunda união e a abertura ao diálogo com pessoas LGBT+. Suas críticas se tornaram mais intensas durante e após o Sínodo da Família em 2014.

A remoção de Burke da Signatura Apostólica foi vista como uma clara mensagem de Francisco aos opositores de suas reformas. Embora oficialmente apresentada como uma reorganização administrativa normal, a transferência para um cargo honorário na Ordem de Malta foi amplamente interpretada como uma despromoção.

Mesmo após sua remoção, Burke continuou sendo uma das vozes mais críticas ao papado. Em 2016, ele foi um dos quatro cardeais que apresentaram as famosas "dubia" (dúvidas formais) ao Papa Francisco, questionando aspectos da exortação apostólica Amoris Laetitia, especialmente sobre a possibilidade de comunhão para divorciados em segunda união.

Em 2017, Burke enfrentou novo revés quando foi efetivamente afastado de seu papel na Ordem de Malta, após uma crise que envolveu o Papa Francisco diretamente na reorganização da ordem. Este segundo afastamento consolidou seu status como um dos principais opositores ao pontificado atual.

Burke continuou suas críticas nos anos seguintes, questionando desde as respostas do Papa à pandemia de COVID-19 até suas posições sobre questões doutrinárias e morais. Ele se tornou uma figura de referência para católicos tradicionalistas que se opõem às reformas de Francisco, especialmente nos Estados Unidos.

O caso Burke ilustra uma das características mais marcantes do pontificado de Francisco: sua disposição para tomar medidas administrativas contra aqueles que se opõem publicamente à sua visão para a Igreja, mesmo quando se trata de figuras de alto escalão. Isso representa uma mudança significativa em relação a papados anteriores, que tendiam a tolerar mais a dissidência interna.

O conflito entre Burke e Francisco também evidencia uma divisão mais profunda na Igreja Católica contemporânea: de um lado, aqueles que, como Burke, defendem uma interpretação mais estrita e tradicionalista da doutrina católica; de outro, aqueles que, como Francisco, advogam por uma abordagem mais pastoral e adaptável às realidades contemporâneas.

Burke continua sendo uma figura influente nos círculos católicos tradicionalistas, exemplificando como mesmo após perder posições formais de poder, um cardeal pode manter significativa influência ideológica e pastoral na Igreja. Seu caso tornou-se um símbolo da tensão entre tradicionalismo e reformismo no catolicismo contemporâneo.

Profecias - Nossa Senhora de La Salette

A aparição de Nossa Senhora em La Salette ocorreu em 19 de setembro de 1846, na França, onde a Virgem Maria apareceu a duas crianças pastoras, Mélanie Calvat e Maximin Giraud. Durante essa aparição, a Virgem estava visivelmente triste e transmitiu uma mensagem que continha advertências sobre os pecados da humanidade e as consequências que viriam se não houvesse conversão.

A mensagem central da aparição foi um chamado à conversão e à penitência. A Virgem Maria expressou sua dor pela falta de fé do povo e alertou sobre as calamidades que viriam como resultado do pecado. Ela mencionou especificamente:

Desobediência ao Sábado: A Virgem lamentou que muitos não respeitavam o dia do Senhor, o que tornava pesado o braço de seu Filho.

Blasfêmias: Ela destacou que as blasfêmias contra o nome de seu Filho eram uma das principais razões para os castigos iminentes.

Fome e Pestes: Nossa Senhora profetizou uma grande fome e doenças, afirmando que as colheitas seriam arruinadas devido à falta de respeito a Deus.

Perseguições à Igreja: A mensagem também incluía previsões sobre perseguições aos sacerdotes e uma crise na fé, onde muitos abandonariam a verdadeira religião.

Promessa de Esperança: Apesar das advertências severas, a Virgem também prometeu que se as pessoas se convertessem, haveria abundância novamente nas colheitas.

Corrupção na Igreja

Durante a aparição, cada criança recebeu segredos específicos da Virgem Maria. Mélanie recebeu um segredo mais longo que deveria ser revelado apenas em 1858, enquanto Maximin recebeu um segredo mais curto. Esses segredos abordavam temas como a corrupção na Igreja e os desafios futuros enfrentados pelos fiéis.

As profecias feitas por Nossa Senhora em La Salette foram posteriormente associadas a eventos históricos reais, como a Grande Fome na Europa no final dos anos 1840 e as dificuldades enfrentadas pela Igreja Católica durante períodos de crise religiosa e política.

A aprovação oficial da aparição veio em 1851 pelo bispo de Grenoble, Dom Philibert de Bruillard, após investigações detalhadas sobre o evento.

Citações

“Mélanie, o que vou dizer-vos agora não ficará sempre segredo, podereis publicá-lo em 1858.

“Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honrarias e dos prazeres, tornaram-se cloacas de impureza.

“Sim, os sacerdotes atraem a vingança e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida crucificam de novo meu Filho!

“Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança. E eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo. Não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a vítima imaculada ao [Pai] Eterno em favor do mundo”.

“A Itália será punida, pela ambição de querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores. Será também entregue à guerra, o sangue correrá por todo lado. As igrejas serão fechadas ou profanadas.

“Os sacerdotes e os religiosos serão expulsos. Serão entregues à morte, e morte cruel. Vários abandonarão a fé, e o número dos sacerdotes e religiosos que se afastarão da verdadeira Religião será grande. Entre essas pessoas encontrar-se-ão até bispos.

“Os maus livros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus.”

Nós não queremos converter os jovens - Cardeal Américo Aguiar

"Nós não queremos converter os jovens a Cristo nem à Igreja Católica"

Dom Américo Aguiar, o Bispo responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude 2023.


Biografia

Américo Manuel Alves Aguiar nasceu em 12 de dezembro de 1973, em Leça do Balio, Matosinhos, Portugal. 

Aguiar foi ordenado sacerdote em 8 de julho de 2001 pelo então bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho. Desde então, desempenhou várias funções dentro da Diocese do Porto, incluindo pároco de S. Pedro de Azevedo (2001-2002), notário da Cúria Diocesana (2001-2004), chefe do gabinete de informação da diocese (2002-2015) e vigário geral (2004-2015). Em março de 2019, foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa com o título de bispo de Dagno.

Em 2023, Aguiar foi nomeado bispo da Diocese de Setúbal e tomou posse a 26 de outubro desse ano. Além disso, ele presidiu a Fundação JMJ Lisboa 2023, que organizou a Jornada Mundial da Juventude realizada em Lisboa entre os dias 1 e 6 de agosto de 2023. 

No mesmo ano, foi elevado ao cardinalato pelo Papa Francisco durante um consistório realizado em 30 de setembro.

Em julho de 2023, suas declarações sobre a Jornada Mundial da Juventude geraram críticas quando afirmou que o evento não tinha como objetivo converter os jovens a Cristo ou à Igreja.

Ao longo de sua carreira, Aguiar recebeu diversas honrarias e distinções, incluindo o grau de Comendador da Ordem de São Gregório Magno pela Santa Sé e medalhas municipais das cidades do Porto, Matosinhos e Maia.