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Humanismo - Discurso na ONU - Papa Paulo VI

O discurso do Papa Paulo VI na ONU, proferido em 4 de outubro de 1965, foi o primeiro discurso de um pontífice na Assembleia Geral das Nações Unidas. O papa abordou temas como a paz mundial, o desarmamento, os direitos humanos e a justiça internacional. Embora tenha sido amplamente aclamado, houve críticas. As principais críticas desses grupos conservadores podem ser resumidas nos seguintes pontos:

Relação com as Nações Unidas: Muitos viam a ONU como uma organização laica e potencialmente hostil aos valores tradicionais cristãos. O fato de o Papa ter expressado apoio a uma instituição percebida por alguns como secular e pluralista foi visto como uma concessão ao liberalismo moderno e um afastamento de uma postura mais explícita de defesa do cristianismo.

Foco no humanismo universal: Paulo VI enfatizou a importância de um "humanismo integral", promovendo a ideia de que a paz e a justiça são alcançáveis através da colaboração entre todas as nações e religiões, independentemente da fé cristã. Criticaram essa visão como relativista, interpretando-a como um distanciamento da missão evangelizadora exclusiva da Igreja.

Desarmamento e pacifismo: O apelo de Paulo VI pelo desarmamento e pela paz foi visto com desconfiança. Muitos acreditavam que a Igreja deveria manter uma posição mais firme em relação à defesa contra o comunismo e outras ameaças percebidas. No contexto da Guerra Fria, o pacifismo do Papa era, para alguns, ingênuo ou até perigoso.

Menção sutil à liberdade religiosa: Paulo VI falou sobre a necessidade de respeito aos direitos humanos, o que foi interpretado por alguns como um endosso à liberdade religiosa no sentido moderno. Aqueles que defendiam uma visão mais tradicional de que o catolicismo deveria ter um papel privilegiado nas sociedades, viam isso como uma aceitação implícita do pluralismo religioso.

Abertura ao mundo secular: O fato de o Papa ter se engajado em um fórum internacional não religioso, discutindo temas amplos como paz, direitos humanos e desenvolvimento econômico, foi visto como um sinal de que a Igreja estava se inclinando demais em direção a uma "secularização" e um afastamento de sua missão espiritual central.

Essas críticas refletiam uma tensão maior dentro da Igreja na época, especialmente no contexto do Concílio Vaticano II, que estava em andamento. O concílio promovia uma abertura da Igreja ao mundo moderno, o que foi amplamente apoiado por alguns setores, mas fortemente resistido por outros mais tradicionalistas.

"O que vós proclamais, aqui, são os direitos e os deveres fundamentais do homem, a sua dignidade, a sua liberdade, e antes de tudo a liberdade religiosa. Sentimos que vós sois os intérpretes do que há de mais alto na sabedoria humana, diríamos quase: o seu carácter sagrado. Porque é, antes de tudo, da vida do homem que se trata, e a vida do homem é sagrada: ninguém pode ousar atentar contra ela. É na vossa Assembleia que o respeito da vida, mesmo no que se refere ao grande problema da natalidade, deve encontrar a sua mais alta profissão e a sua mais racional defesa. A vossa tarefa é agir de modo que o pão seja abundante à mesa da humanidade, e não favorecer um «controle» artificial dos nascimentos, que seria irracional, com a finalidade de diminuir o número dos convivas ao banquete da vida".

Esta citação de Paulo VI mostra sua ênfase na ONU como uma instituição quase "sagrada" em sua missão de proteger a dignidade e os direitos humanos. A seguir estão alguns pontos sobre como essa passagem poderia ter sido vista pelos críticos:

Excesso de elogios à ONU: A afirmação de que a ONU seria "intérprete do que há de mais alto na sabedoria humana" e que essa sabedoria teria um "caráter sagrado" poderia ter sido interpretada como uma desvalorização do papel da Igreja enquanto autoridade moral e espiritual. A Igreja Católica, e não uma organização secular, deveria ser a guardiã dos valores sagrados e da dignidade humana.

Desvio da centralidade da Igreja: O discurso parece reconhecer a ONU como a principal arena onde questões morais e éticas, como a defesa da vida e a dignidade humana, devem ser tratadas. Foi visto isso como uma concessão inapropriada de autoridade moral a uma entidade não religiosa, diluindo o papel exclusivo da Igreja nesse domínio.

Subestimação do papel da fé cristã: Ao afirmar que a ONU promove a "liberdade religiosa", o discurso parece enquadrar o papel da religião como um direito humano universal, sem dar primazia à fé cristã ou católica. Isso poderia ter sido interpretado como um sinal de que Paulo VI estava relativizando a verdade da fé católica em favor de uma perspectiva mais pluralista e secular.

A questão do controle de natalidade: Embora Paulo VI condene o controle artificial de nascimentos como "irracional", o discurso não foi suficientemente enfático na defesa da doutrina católica sobre o valor da vida e da procriação. A forma como o papa discutiu a questão da natalidade foi, para alguns, diplomática demais, especialmente no contexto do crescente movimento global pela legalização do aborto e o uso de contraceptivos.

A aparente aceitação da ONU como uma autoridade moral global, sem uma reafirmação mais vigorosa do papel central da Igreja, pode ter sido vista como uma cedência às pressões do mundo secular, enfraquecendo a posição da Igreja como a única defensora legítima da dignidade humana e da verdade revelada.

"É o que há de mais belo na Organização das Nações Unidas, é o seu rosto humano mais autêntico — é o ideal com que sonha a humanidade na sua peregrinação através do tempo — é a maior esperança do mundo — ousaremos dizer: é o reflexo do desígnio de Deus — desígnio transcendente e pleno de amor — para o progresso da sociedade humana sobre a terra, reflexo em que Nós vemos a mensagem evangélica, de celeste, fazer-se terrestre".

Discurso completo:
https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651004_united-nations.html

Indiferentismo Religioso, Liberalismo e Imutabilidade da Doutrina - Papa Gregório XVI

A encíclica Mirari Vos, publicada pelo Papa Gregório XVI em 1832, condena diversas ideias e tendências modernas da época, em especial o liberalismo e o indiferentismo religioso.

Indiferentismo Religioso

O indiferentismo religioso, a crença de que todas as religiões são igualmente válidas e levam à salvação, também é condenado. Gregório XVI afirma que essa ideia mina a fé católica, pois promove uma visão relativista da verdade, onde não haveria diferença essencial entre as religiões. Para o papa, apenas a Igreja Católica possui a plenitude da verdade e dos meios de salvação, sendo, portanto, perigoso para a salvação das almas adotar uma postura de indiferentismo:

Outra causa que tem acarretado muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria espalhada por toda parte, graças aos enganos dos ímpios, e que ensina poder-se conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que se amolde à norma do reto e honesto. Podeis, com facilidade, patentear à vossa grei esse erro tão execrável, dizendo o Apóstolo que há um só Deus, uma só fé e um só batismo (Ef 4, 5): entendam, portanto, os que pensam poder-se ir de todas as partes ao porto da Salvação que, segundo a sentença do Salvador, eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Lc 11,23), e os que não colhem com Cristo dispersam miseramente, pelo que perecerão infalivelmente os que não tiverem a fé católica e não a guardarem íntegra e sem mancha (Simbol. Sancti Athanasii); ouçam S. Jerônimo, do qual se diz que quanto alguém tentara atraí-lo para a sua causa, dizia sempre com firmeza: O que está unido à Cátedra de Pedro é o meu (S. Hier., ep. 57). E nem alimentem ilusões porque estão batizados; a isto calha a resposta de Santo Agostinho que diz não perder o sarmento sua forma quando está amputado da vide; porém, de que lhe serve, se não tira sua vida da raiz? (In Ps. contra part. Donat.).

Condenação do Liberalismo

Gregório XVI critica duramente o liberalismo, que ele associa a uma rejeição da autoridade da Igreja e à promoção de uma falsa liberdade. O papa argumenta que o liberalismo coloca o indivíduo acima das leis divinas e da ordem moral, permitindo que as pessoas busquem suas próprias vontades e paixões em detrimento da verdade revelada e da moralidade cristã. Ele adverte que essa liberdade desordenada leva à anarquia social e à subversão das instituições, especialmente as religiosas:

Dessa fonte lodosa do indiferentismo promana aquela sentença absurda e errônea, digo melhor disparate, que afirma e defende a liberdade de consciência. Este erro corrupto abre alas, escudado na imoderada liberdade de opiniões que, para confusão das coisas sagradas e civis, se estendo por toda parte, chegando a imprudência de alguém se asseverar que dela resulta grande proveito para a causa da religião. Que morte pior há para a alma, do que a liberdade do erro! dizia Santo Agostinho (Ep. 166). Certamente, roto o freio que mantém os homens nos caminhos da verdade, e inclinando-se precipitadamente ao mal pela natureza corrompida, consideramos já escancarado aquele abismo (Apoc 9,3) do qual, segundo foi dado ver a São João, subia fumaça que entenebrecia o sol e arrojava gafanhotos que devastavam a terra. Daqui provém a efervescência de ânimo, a corrupção da juventude, o desprezo das coisas sagradas e profanas no meio do povo; em uma palavra, a maior e mais poderosa peste da república, porque, segundo a experiência que remonta aos tempos primitivos, as cidade que mais floresceram por sua opulência, extensão e poderio sucumbiram, somente pelo mal da desbragada liberdade de opiniões, liberdade de ensino e ânsia de inovações.

Obs: O marco fundante do liberalismo, especialmente no campo da política e sua relação com o indivíduo, é o pensamento de John Locke, especialmente quando publicou o “Segundo Tratado sobre o Governo Civil” em 1690. 

Imutabilidade da Doutrina

Gregório XVI afirma que a verdade revelada por Cristo e transmitida pela Igreja é imutável e eterna. As mudanças no pensamento humano ou nas condições sociais não podem alterar o depósito da fé, e a Igreja tem a responsabilidade de preservá-lo intocado:

Constando, com efeito, como reza o testemunho dos Padres do Concílio de Trento (Sess. 13, dec. de Eucharistia in proœm.), que a Igreja recebeu sua doutrina de Jesus Cristo e dos seus Apóstolos, e que o Espírito Santo a está continuamente assistindo, ensinando-lhe toda a verdade, é por demais absurdo e altamente injurioso dizer que se faz necessária uma certa restauração ou regeneração, para fazê-la voltar à sua primitiva incolumidade, dando-lhe novo vigor, como se fosse de crer que a Igreja é passível de defeito, ignorância ou outra qualquer das imperfeições humanas; com tudo isto pretendem os ímpios que, constituída de novo a Igreja sobre fundamentos de instituição humana, venha a dar-se o que São Cipriano tanto detestou: que a Igreja, coisa divina, se torne coisa humana (Ep. 52, edit. Baluz.). Pensem, pois, os que tal supõem, que somente ao Romano Pontífice como atesta São Leão, tem sido confiada a constituição dos cânones; e que somente a ele, que não a outro, compete julgar dos antigos decretos dos cânones, medir os preceitos dos seus antecessores para moderar, após diligente consideração, aquelas coisas, cuja modificação é exigida pela necessidade dos tempos (Ep. ad. episc. Lucaniae).


Regalismo - Ataques à Igreja Católica

O regalismo é uma doutrina política que defende a primazia da autoridade do Estado sobre a Igreja, especialmente em questões administrativas, jurídicas e econômicas. No contexto do regalismo, os monarcas e governantes reivindicam o direito de regular e controlar aspectos da vida eclesiástica dentro de seus territórios, como a nomeação de bispos, a supervisão de ordens religiosas e a administração de bens eclesiásticos.

O regalismo, como uma doutrina e prática, teve suas raízes especialmente na Europa do período moderno, a partir do século XVI, em meio a uma série de conflitos entre o poder secular (os Estados) e o poder eclesiástico (a Igreja Católica). Vamos detalhar alguns dos atores-chave e datas importantes relacionadas ao regalismo:

Início do Regalismo e o Galicanismo na França:Rei Francisco I (1494-1547): Um dos primeiros monarcas a estabelecer o regalismo de forma significativa. Com o Concordato de Bolonha (1516), Francisco I conseguiu o direito de nomear bispos e abades na França, fortalecendo a influência do Estado sobre a Igreja.

Galicanismo: Este termo se refere à particular forma de regalismo que se desenvolveu na França, onde a Igreja Galicana (a Igreja Católica na França) mantinha certa independência em relação ao Papa. Foi formalizado no século XVII sob Luís XIV (1638-1715), especialmente com a Declaração dos Quatro Artigos de 1682, que afirmava a autoridade do rei sobre a Igreja na França e limitava a interferência papal.

Regalismo na Espanha:Reis Católicos, Isabel I e Fernando II (1474-1516): Iniciaram a prática do regalismo ao fortalecer o controle do Estado sobre a Igreja na Espanha, especialmente após a Reconquista. Eles negociaram com o Papado a nomeação de bispos e controlaram a Inquisição Espanhola.

Carlos III (1716-1788): Seu reinado é particularmente marcado pelo fortalecimento do regalismo. Em 1767, Carlos III expulsou os Jesuítas da Espanha e de seus territórios coloniais, alegando que eles eram uma ameaça ao poder real.

Regalismo na Áustria e no Sacro Império Romano-Germânico:José II da Áustria (1741-1790): Foi um dos maiores expoentes do regalismo na Europa central. Seu movimento, conhecido como Josefismo, tentou subordinar a Igreja ao Estado através de reformas religiosas, como a dissolução de mosteiros que considerava "inúteis" e a regulamentação do culto religioso.

Febronianismo: Outro movimento dentro do Sacro Império Romano-Germânico, associado ao bispo de Trier, Johann Nikolaus von Hontheim (1701-1790), que sob o pseudônimo de Febrônio, escreveu um tratado defendendo a independência dos bispos em relação ao Papa e promovendo a autoridade do Estado sobre questões eclesiásticas.

Oposição Papal ao Regalismo:Papa Pio VI (1717-1799): Ele é uma figura central na oposição ao regalismo. Sua bula Auctorem Fidei de 28 de agosto de 1794 condenou as ideias regalistas expressas no Sínodo de Pistóia (1786), que visava reformar a Igreja na Toscana sob a influência das ideias josefinistas e galicanistas. A bula reafirmou a autoridade do Papado sobre as questões eclesiásticas e criticou as tentativas de submeter a Igreja ao controle estatal.

Regalismo e a Revolução Francesa:Constituição Civil do Clero (1790): Durante a Revolução Francesa, a Assembleia Nacional Constituinte promulgou esta lei que subordinava a Igreja ao Estado, transformando o clero em funcionários públicos pagos pelo Estado. Isso foi uma expressão extrema do regalismo, levando a um rompimento significativo entre a França revolucionária e a Igreja Católica.
Impactos do Regalismo:

O regalismo teve impactos duradouros, como a secularização do poder, a redução da influência da Igreja na política e o surgimento de formas de governança em que o Estado assumia um controle maior sobre a religião. No entanto, também gerou conflitos intensos entre a Igreja e os Estados, resultando em excomunhões, revoltas e uma resistência contínua por parte do Papado contra as ingerências seculares nos assuntos eclesiásticos.

Concílio Vaticano II - Indiferentismo religioso - qual é a Igreja de Cristo

“Quando o Concílio discutiu o texto emendado, alguns bispos pediram pelo retorno do texto original, que dizia: 'A Igreja de Cristo é a Igreja Católica'. Uma razão que a Comissão Doutrina deu para rejeitar essa emenda foi que o retorno do est (é) daria ao texto um sentido restritivo. A recusa de retornar ao est sob a base de que este daria ao texto um sentido restritivo mostra que a intenção da Comissão Doutrinal ao usar o subsistit in em vez do est foi de dar ao texto um sentido menos restritivo do que ele tinha quando dizia 'A Igreja Católica é a Igreja de Cristo.' Em outras palavras, as discussões conciliares fornecem clara prova de que, indo de 'é' para 'subsiste em', a Comissão Doutrinal realmente pretendeu introduzir uma mudança de significado no texto... ” Francis A. Sullivan, Questio Disputata: The meaning of subsistit in as explained by the Congregation for the Doctrine of the Faith. In: Theological Studies, n. 69 (2008), p. 120, 122 e 124. citado em: Controvérsia Católica.

A transição do termo "é" para "subsiste em", ocorrida durante o Concílio Vaticano II, é um ponto central na crítica que muitos teólogos tradicionais e conservadores fazem à eclesiologia pós-conciliar. Essa mudança semântica, embora pareça sutil, carrega profundas implicações teológicas e eclesiológicas, especialmente no que tange à identidade da Igreja de Cristo e sua relação com a Igreja Católica Romana.

Historicamente, a Igreja Católica sempre ensinou que a Igreja de Cristo é a Igreja Católica, ou seja, que ambas são idênticas e inseparáveis. Esta visão foi claramente articulada em documentos papais anteriores ao Vaticano II, como a encíclica Mystici Corporis de Pio XII, que afirma a identidade entre o Corpo Místico de Cristo e a Igreja Católica Romana. Neste contexto, "é" (ou "est", em latim) indica uma identificação direta e exclusiva: a Igreja de Cristo não pode ser encontrada fora da Igreja Católica.

A mudança para "subsiste em" no documento Lumen Gentium do Vaticano II introduz uma nova compreensão. "Subsiste em" sugere que a Igreja de Cristo continua a existir plenamente na Igreja Católica, mas também reconhece que elementos de santificação e verdade podem estar presentes fora de seus limites visíveis, nas chamadas "Igrejas separadas" ou "comunidades eclesiais". Isso implica que a plenitude da Igreja de Cristo está na Igreja Católica, mas de alguma forma, a Igreja de Cristo pode estar presente, embora de maneira incompleta, em outras comunidades cristãs.

Essa mudança tem várias implicações teológicas

Diluição da Exclusividade: O uso de "subsiste em" é visto pelos críticos como uma diluição da exclusividade da Igreja Católica como única detentora da verdade e da salvação. Se a Igreja de Cristo pode "subsistir" de forma imperfeita fora da Igreja Católica, então a necessidade de pertencer exclusivamente à Igreja Católica para alcançar a salvação parece ser menos absoluta do que antes.Abertura ao Ecumenismo: A nova formulação é considerada por muitos como uma tentativa de abrir caminho para o ecumenismo, um dos objetivos centrais do Vaticano II. Ao reconhecer a presença de elementos de verdade e santificação em outras comunidades cristãs, o Concílio visava promover um diálogo mais inclusivo e fraterno entre as diversas denominações cristãs, o que, segundo os críticos, pode ter comprometido a clareza doutrinal sobre a unicidade e exclusividade da Igreja Católica.

Ruptura com a Tradição: Para os defensores da doutrina tradicional, a mudança representa uma ruptura com o ensinamento anterior, que afirmava de forma inequívoca que a Igreja de Cristo era exclusivamente a Igreja Católica. Eles veem isso como uma concessão perigosa ao relativismo teológico, que pode levar à confusão entre os fiéis sobre a verdadeira natureza da Igreja e o caminho para a salvação.

Monismo - Bases filosóficas do modernismo

O monismo 

É uma visão filosófica que sustenta que toda a realidade é composta por uma única substância ou princípio fundamental. Em oposição ao dualismo, que postula duas substâncias distintas (como corpo e alma, ou mente e matéria), o monismo afirma que não há separação essencial entre diferentes aspectos da existência. Tudo o que existe, segundo o monismo, deriva de uma única realidade subjacente.

Existem diferentes formas de monismo: Monismo Materialista: Acredita que toda a realidade é composta por matéria, incluindo fenômenos mentais e espirituais, que seriam manifestações ou efeitos da matéria. Monismo Idealista: Argumenta que tudo o que existe é de natureza mental ou espiritual, e que a matéria seria uma ilusão ou manifestação da mente. Monismo Neutro: Propõe que tanto a mente quanto a matéria são manifestações de uma substância mais fundamental, que não é nem puramente mental nem puramente material.

O monismo em Epicuro 

Está relacionado à sua visão materialista da realidade. Epicuro foi um filósofo grego que defendia que tudo no universo, incluindo a alma e a mente humana, é composto de átomos e vazio. Em vez de haver uma separação entre a mente (ou alma) e o corpo, como no dualismo platônico, Epicuro acreditava que ambos são feitos da mesma substância material, ou seja, átomos.

Aqui estão os principais pontos do monismo materialista de Epicuro:
Átomos e Vazio: Para Epicuro, o universo é composto exclusivamente de átomos (partículas indivisíveis) e de vazio (espaço no qual os átomos se movem). Não há outra substância ou realidade além disso. Assim, toda a existência, incluindo os fenômenos físicos e mentais, é explicada pelo comportamento dos átomos.

A Alma é Material: Epicuro rejeita a ideia de que a alma ou mente seja algo imaterial. Ele argumenta que a alma é composta de átomos muito finos e sutis, responsáveis pela vida e pela percepção. Quando o corpo morre, esses átomos se dispersam, e, consequentemente, a alma também desaparece. Isso implica que não há vida após a morte, uma crença fundamental do pensamento epicurista.

Sensações e Percepções: Para Epicuro, todas as nossas sensações e percepções são explicadas pela interação dos átomos que compõem nossos corpos com os átomos que constituem o mundo exterior. Assim, a mente não é uma entidade separada que percebe o mundo imaterialmente, mas um fenômeno material resultante da organização dos átomos no corpo.

Monismo Ético: O materialismo de Epicuro também tem implicações éticas. Ele defende que a felicidade (ou prazer, ataraxia) pode ser alcançada através do conhecimento correto da natureza e da realidade material. Ao entender que tudo é composto de átomos e que não há razão para temer a morte ou os deuses, as pessoas podem viver uma vida tranquila e livre de perturbações.

Spinoza, o epicurista

O livro Spinoza, the Epicurean: Authority and Utility in Materialism de Dimitris Vardoulakis explora a relação entre o pensamento de Baruch Spinoza e o epicurismo, focando em como ambos os sistemas filosóficos abordam as questões de autoridade e utilidade dentro do materialismo.

Vardoulakis argumenta que Spinoza, embora não seja explicitamente um epicurista, compartilha com o epicurismo certas preocupações centrais, especialmente em relação à liberdade e à superação de estruturas opressoras de poder. Ele destaca a maneira como Spinoza desafia noções tradicionais de autoridade, ao propor que a legitimidade de qualquer autoridade deve ser baseada na utilidade que ela oferece à comunidade, em vez de ser derivada de uma fonte transcendente ou divina.

Um ponto-chave da análise é a ênfase de Vardoulakis na rejeição do dualismo corpo-alma por Spinoza e sua defesa de um monismo materialista, semelhante ao de Epicuro, onde o corpo e a mente são vistos como aspectos interdependentes da existência. Essa visão tem implicações profundas para a compreensão da autonomia e da resistência às formas tradicionais de poder e controle.

Além disso, Vardoulakis investiga como o conceito de utilidade desempenha um papel central na ética política de Spinoza, enfatizando a ideia de que o bem comum e o autointeresse individual não são conflitantes, mas podem ser reconciliados em uma sociedade organizada de forma racional. Essa reconciliação é um tema que também ecoa o pensamento epicurista sobre a busca da felicidade coletiva por meio da paz e da ausência de perturbações.

O monismo em Spinoza

Baruch Spinoza, por exemplo, é famoso por seu monismo substancial. Ele acredita que há apenas uma substância, que ele chama de Deus ou Natureza (Deus sive Natura). Para Spinoza, essa substância única tem infinitos atributos, dos quais nós, humanos, conhecemos apenas dois: pensamento e extensão (ou seja, mente e corpo). Em vez de serem duas entidades separadas, mente e corpo são apenas modos diferentes da mesma substância. Isso implica que o corpo e a mente não são realidades independentes, mas expressões da mesma essência. O monismo de Spinoza tem implicações profundas para a ética e a política, pois sugere que a liberdade e a felicidade humana estão ligadas ao entendimento da nossa união com essa única substância.

Na modernidade, a data mais relevante para o monismo é 1677, com a publicação póstuma da obra Ética de Baruch Spinoza. Resumindo:
Revolução Filosófica: A obra de Spinoza introduziu um novo paradigma no pensamento ocidental, influenciando fortemente o Iluminismo e a filosofia subsequente. Seu monismo não apenas unificou mente e corpo, mas também ofereceu uma visão holística da realidade, inspirando pensadores como Leibniz, Hegel, e, mais tarde, Einstein, que admirava sua visão de Deus e da natureza.
Impacto na Filosofia da Religião: Spinoza apresentou uma visão de Deus que desafiava o teísmo tradicional, influenciando o debate sobre a natureza de Deus e a relação entre o divino e o mundo. Sua visão panteísta foi revolucionária, sugerindo que Deus não está separado da criação, mas é idêntico a ela.
Desafios ao Dualismo Cartesiano: O monismo de Spinoza foi uma crítica direta ao dualismo de René Descartes, que dominava o pensamento filosófico moderno. Spinoza argumentou que mente e corpo não são duas substâncias distintas, mas diferentes expressões de uma única realidade.

Argumentos de São Tomás de Aquino contra o monismo

Tomás de Aquino, influenciado pela filosofia aristotélica e pela teologia cristã, desenvolveu uma visão dualista da realidade que distingue claramente entre matéria e espírito, corpo e alma. Aqui estão alguns dos principais argumentos de Aquino contra o monismo, particularmente o materialista:
A Dualidade Corpo-Alma
Santo Tomás argumenta que o ser humano é composto de corpo e alma, sendo a alma imaterial e a forma substancial do corpo. Embora ambos estejam unidos para formar a pessoa humana, eles têm naturezas diferentes:Corpo: é material e sujeito à corrupção.
Alma: é imaterial, eterna e incorruptível, sendo responsável pela razão, vontade e conhecimento.
Ele rejeita a ideia monista de que a alma poderia ser composta de átomos, como propõe Epicuro, porque a alma, sendo imaterial, não está sujeita à decomposição física. Para Aquino, a alma humana não pode ser reduzida a um fenômeno material, pois realiza atividades imateriais, como o pensamento abstrato e a vontade livre.

 A Dependência do Ser Contingente em relação ao Ser Necessário
Outro argumento forte de Tomás de Aquino, apresentado em suas "Cinco Vias" (provas da existência de Deus), é a distinção entre seres contingentes e o ser necessário:Seres Contingentes: São os seres materiais que existem, mas não necessariamente, pois sua existência depende de causas externas (como os átomos em Epicuro).
Ser Necessário: É Deus, o único ser cuja existência é essencial e não depende de nada mais.
O monismo materialista de Epicuro nega a necessidade de um ser transcendente, pois tudo seria explicável por processos físicos. Aquino, por sua vez, argumenta que a existência de seres materiais depende de um ser necessário que é puro ato e não composto de partes materiais.

A finalidade e Propósito (Teleologia)
Santo Tomás também critica a visão atomista de Epicuro, que considera o universo como resultado de interações aleatórias de átomos. Para Aquino, inspirado por Aristóteles, o universo tem uma ordem e uma finalidade (teleologia) estabelecida por Deus. Cada ser tem um propósito final a que é dirigido, o que não pode ser explicado por um monismo materialista, que tende a negar a existência de um propósito intrínseco no universo.

A Ressurreição e a Vida Após a Morte
A negação de Epicuro sobre a vida após a morte, baseada no fato de que a alma seria material e perecível, é contrariada pela doutrina cristã da imortalidade da alma e da ressurreição dos corpos. Para Aquino, mesmo que o corpo físico pereça, a alma permanece, aguardando a ressurreição final. O monismo materialista é incapaz de dar conta dessa perspectiva de continuidade da vida após a morte.

A Causalidade Final e a Providência Divina
Ao contrário da visão epicurista, que vê o universo funcionando por acaso e sem propósito final, Aquino sustenta a existência de uma causalidade final em que tudo é dirigido a um fim maior. Essa ordem é fruto da providência divina, algo que o monismo materialista não reconhece, por ser limitado ao funcionamento mecânico da matéria.

Outros Filósofos Católicos
Agostinho de Hipona: Embora não seja tão sistemático quanto Aquino em suas refutações, Santo Agostinho também criticou o materialismo e defendeu a imortalidade da alma, o dualismo corpo-alma, e a dependência do ser humano em relação a Deus.
Jacques Maritain e Étienne Gilson: Filósofos neotomistas do século XX que continuaram a desenvolver argumentos contra o materialismo, o monismo e o cientificismo, defendendo uma visão cristã da pessoa humana como composta de alma e corpo.

Teologos católicos que assumem o monismo

No catolicismo tradicional, o monismo materialista é amplamente rejeitado, principalmente porque entra em conflito com doutrinas centrais da fé, como a crença na alma imortal e na vida após a morte. No entanto, alguns teólogos e pensadores católicos contemporâneos, embora não defendam um monismo materialista, exploraram ideias que podem parecer mais próximas de certos tipos de monismo não materialista, em busca de uma síntese entre ciência moderna, filosofia e teologia.

Aqui estão algumas abordagens que, embora não sejam estritamente monistas, se aproximam de uma visão unificada da realidade, preservando os princípios fundamentais da fé católica:

Teilhard de Chardin

Alguns teólogos católicos contemporâneos adotam uma visão do mundo onde tudo está profundamente conectado em Deus, sem necessariamente abandonar o dualismo alma-corpo. Essa visão pode ser descrita como uma forma de monismo teísta moderado. Eles enfatizam a ideia de que todas as coisas estão unidas em Deus como a fonte de todo ser, mas ainda mantêm a distinção entre criação e Criador.
Um exemplo pode ser encontrado em teólogos influenciados pela metafísica de Teilhard de Chardin, um padre jesuíta e paleontólogo do século XX. Ele não era exatamente monista no sentido clássico, mas sua visão de um universo em evolução contínua para uma "unificação" em Cristo pode ser lida como uma tentativa de integrar ciência e teologia em uma perspectiva mais holística e unificadora.

Teilhard de Chardin propôs a ideia de que o universo está evoluindo em direção a um ponto de convergência, o que ele chamou de Ponto Ômega, que é Cristo. Segundo ele, toda a criação está interligada e evolui progressivamente em uma direção espiritual. Embora Teilhard mantivesse a distinção entre alma e corpo, ele argumentava que o espírito está imbuído na matéria desde o início, o que poderia ser interpretado como uma visão próxima ao monismo, mas em uma estrutura cristã.

Teilhard defendia um monismo espiritual, no qual a realidade física e espiritual estão intrinsecamente conectadas e se movem juntas em direção a uma meta transcendente. Ele via Cristo como a unificação final de toda a criação. Isso difere do materialismo, pois ele enfatiza uma dimensão espiritual inerente ao processo cósmico.

Karl Rahner

O teólogo Karl Rahner, uma das figuras mais importantes da teologia católica no século XX, não defendeu um monismo, mas suas ideias sobre a graça e a presença de Deus no mundo podem ser vistas como uma tentativa de integrar a unidade de tudo sob uma perspectiva cristã. Ele argumentava que a graça divina está presente em toda a criação, o que sugere uma visão de unidade existencial, embora não dissolva as distinções entre alma e corpo ou entre Criador e criatura.

Rahner falava de uma realidade onde Deus é encontrado em toda a experiência humana, o que poderia ressoar com uma visão "monista existencial" no sentido de que tudo está relacionado com Deus. No entanto, Rahner ainda mantinha as doutrinas católicas tradicionais, como a imortalidade da alma e a ressurreição dos mortos, preservando uma distinção importante entre o espiritual e o material.

Alguns teólogos e filósofos católicos exploraram formas de panteísmo moderado ou panenteísmo, que se aproximam de uma forma de monismo, mas ainda preservam a transcendência de Deus. O panenteísmo, por exemplo, sugere que Deus está em todas as coisas (immanência), mas também as transcende. Teólogos influenciados por essa visão, como o próprio Teilhard de Chardin e alguns teólogos contemporâneos, afirmam que o mundo e Deus estão intimamente conectados sem reduzir Deus ao mundo, evitando, assim, o monismo materialista.

Datas Relevantes para o monismo

Cerca de 600 a.C.: Primeiros filósofos pré-socráticos (Tales, Anaximandro) iniciam o pensamento monista.
Cerca de 515 a.C.: Parmênides propõe sua doutrina do "Ser" como realidade única.
300 a.C.: Epicuro e Demócrito consolidam o monismo materialista atomista.
250 d.C.: Plotino formula o Neoplatonismo, propondo um monismo espiritual.
1677: Publicação da Ética de Spinoza, que propõe um monismo substancial (Deus ou Natureza).
1899: Ernst Haeckel populariza o monismo materialista na ciência com Die Welträtsel.
Década de 1920: Bertrand Russell começa a explorar o monismo neutro.

Lei divina - Invalidade da eleição de um Herege

FRANCIS XAVIER SCHMALZGRUEBER, S.I.: “Questão 9. Pode a eleição do Sumo Pontífice ser impugnada? É certo que uma eleição pode ser impugnada, mesmo que tenha sido dada a conhecer com o consentimento de todos, se o eleito incorre em um defeito, pelo qual se torna incapaz por lei natural ou divina, por exemplo, caso ele seja uma criança, um louco, uma mulher, um herege ou ainda não batizado. A razão é que, como dito no número anterior, a Igreja não pode através de seu consentimento tolerar tais impedimentos e nem suprir sua deficiência” (Ius ecclesiasticum universum, Rome 1843, t. I, pars II, p. 376, n. 99).

FELIX M. CAPPELLO, S.I.: “Retirada por Pio X a nulidade da eleição simoníaca instituída por Júlio II, dizemos em geral que se requer que o eleito não seja retido por nenhum impedimento de direito divino e natural. Em particular, para ser válido, é necessário ser eleito um a) homem, b) senhor de si, c) membro da Igreja. [...] Um membro da Igreja; pois o Pontífice, em virtude de seu ofício, é a cabeça e o centro eclesiástico de toda a Igreja, de cuja jurisdição só podem ser participantes os que já estão unidos ao corpo de Cristo. Portanto, os infiéis ou eleitos não batizados não são válidos em nenhuma circunstância” (De Curia Romana iuxta reformat, vol. II, 1912, p. 434).

CLAEYS BOUUAERT, J.C.M. & G. SIMENON: “Os que não são impedidos por lei divina ou eclesiástica anulante são validamente elegíveis. Mulheres, crianças, aqueles que sofrem de insanidade habitual, não batizados, hereges e cismáticos são com toda certeza excluídos” (Manuale Iuris Canonici, 1951, t. I, lib. I-II, n. 378).

ENCICLOPÉDIA CATÓLICA: “É claro que a eleição de um herege, cismático ou mulher seria nula e sem efeito”.

ARNALDO XAVIER DA SILVEIRA (Apologeta R&R): “É uma opinião comum que a eleição de uma mulher, de uma criança, de um demente ou de um que não é membro da Igreja (não batizado, herege, apóstata, cismático) seria nula por lei divina” (Considerações sobre o ‘Ordo Missae’ de Paulo VI).

MAROTO: “A Pessoa Eleita: ... A) A validade da eleição, no que concerne à pessoa eleita, depende unicamente da lei divina — em outras palavras, nenhum outro impedimento, exceto aqueles assentados pela lei divina, torna a eleição de um Pontífice Romano inválida... Portanto, para a eleição válida de um Pontífice Romano, é agora requerido e suficiente que a pessoa eleita seja: ... c) Um membro da Igreja, pois aquele que não pertence à Igreja é considerado incapaz de possuir jurisdição, especialmente jurisdição ordinária, e não pode efetivamente ser a cabeça desta Igreja. Por esta razão, infiéis e não-batizados não podem de forma alguma ser eleitos validamente. Da mesma forma, a própria lei divina barra hereges e cismáticos do Supremo Pontificado. Pois embora a lei divina não os considere incapazes de um tipo de participação na jurisdição da Igreja (# 576, A [sobre a jurisdição por suplência]), eles devem certamente ser considerados como excluídos de ocupar o trono da Sé Apostólica, que é a mestra infalível da verdade da fé e o centro da unidade eclesiástica.” (Institutiones I.C., 2:784).

WERNZ-VIDAL: “Aqueles capazes de ser eleitos validamente são todos os que não são proibidos por lei divina ou por uma lei eclesiástica invalidante... Aqueles barrados como incapazes de ser eleitos validamente são todas as mulheres, crianças que não atingiram a idade da razão; também, aqueles afligidos por insanidade habitual, os não-batizados, hereges, cismáticos...” (Jus Canonicum, 1:415).

CORONATA: “III. Designação ao ofício do Primado. 1. O que é requerido pela lei divina para esta designação: ... Igualmente exigido para a validade é que a designação seja de um membro da Igreja. Hereges e apóstatas (ao menos os públicos) estão, portanto, excluídos” (Institutiones, 1:312).

BADIUS: “c) A lei ora em vigor para a eleição do Romano Pontífice é reduzida a estes pontos... Barrados como incapazes de ser eleitos validamente são todas as mulheres, crianças que não atingiram a idade da razão: ademais, aqueles afligidos por insanidade habitual, os não-batizados, hereges e cismáticos...” (Institutiones, 160).

COCCHI: “Para a validade da eleição, no que diz respeito à pessoa eleita, basta que ela não esteja barrada do ofício por lei divina — isto é, qualquer homem Cristão, até mesmo um leigo. Os seguintes estão, portanto, excluídos: mulheres, aqueles que carecem do uso da razão, infiéis, e aqueles que são ao menos acatólicos públicos” (Commentarium in C.J.C., 2:151)

SIPOS: “Qualquer pessoa do sexo masculino que goze do uso da razão e que seja um membro da Igreja pode ser eleita. Os seguintes, portanto, são eleitos invalidamente: mulheres, crianças, aqueles que sofrem de insanidade, os não- batizados, hereges, cismáticos” (Enchiridion I.C., 153).

FERRERES: “Qualquer um que não tenha um impedimento de lei divina pode ser eleito validamente... Por esta razão, somente mulheres, crianças que carecem do uso da razão, os insanos, os não-batizados, hereges e cismáticos estão excluídos” (*Institutiones Canonici, 1:407).

NAZ: “Qualquer um pode ser eleito, desde que não esteja barrado do ofício por lei divina ou lei eclesiástica. Mulheres, crianças, os insanos, os não- batizados, hereges e cismáticos estão barrados” (Traité de Droit Canonique, 1:365).
  
Fontes: 
https://www.seminariosaojose.org/artigos/bergoglio-nao-tem-nada-a-perder
https://youtu.be/WQx13MxIAqQ?feature=shared

Gnosticismo - padrão recorrente no modernismo

Eric Voegelin (1901-1985) foi um dos pensadores mais importantes a analisar a modernidade sob a categoria de heresia, e a heresia específica que ele considerava fundamental para esta análise era o Gnosticismo. A heresia gnóstica é uma que se repetiu muitas vezes na longa história da Igreja, sob várias formas - Marcionismo, Maniqueísmo, Paulicianismo, Albigensianismo, Catarismo, entre outras.

Marcionismo: Doutrina do século II que rejeitava o Deus do Antigo Testamento, considerando-o diferente do Deus do Novo Testamento.

Maniqueísmo: Religião fundada por Mani no século III, baseada no dualismo entre bem e mal como princípios cósmicos em constante conflito.

Paulicianismo: Movimento cristão surgido na Armênia no século VII, que rejeitava a hierarquia eclesiástica e alguns sacramentos.

Albigensianismo/Catarismo: Movimento religioso medieval do sul da França, que pregava um dualismo radical e rejeitava muitas práticas católicas.

Assim como Hilaire Belloc, Voegelin considerava o Puritanismo como uma versão mais recente da mesma mentalidade básica. Além disso, ele argumentava que as ideologias modernas como o comunismo, o Nacional-Socialismo, o progressismo e o cientificismo são essencialmente versões secularizadas do Gnosticismo.

Puritanismo: Movimento protestante do século XVI que buscava "purificar" a Igreja da Inglaterra de elementos católicos.

Comunismo: Ideologia política e econômica que defende a propriedade coletiva dos meios de produção.

Nacional-Socialismo: Ideologia fascista associada ao regime nazista na Alemanha.

Progressismo: Filosofia política que defende mudanças sociais e reformas para melhorar a sociedade.

Cientificismo: Crença excessiva no poder e na aplicabilidade do método científico para resolver todos os problemas.

Enfim, o Gnosticismo seria como uma espécie de padrão recorrente no pensamento ocidental, que se manifesta de formas diferentes ao longo do tempo, mas mantém certas características fundamentais.

Base do pensamento materialista-moderno

"A especulação gnóstica venceu a incerteza da fé recuando da transcendência e dotando o homem e seu raio de ação intramundano com o significado da realização escatológica. Na medida em que essa imanentização avançou sobre o terreno da experiência, a atividade civilizadora transformou-se num trabalho místico de auto-salvação. A força espiritual da alma, que no Cristianismo se devotava à santificação da vida, podia agora ser desviada rumo à criação do paraíso terrestre, tarefa esta mais atraente, mais tangível e, acima de tudo, muito mais fácil". (Eric Voegelin. A Nova Ciência da Política, 1952)

Em sua análise, Voegelin argumenta que o gnosticismo, com sua rejeição da transcendência e sua tentativa de "imanentizar o eschaton" (ou seja, trazer o fim dos tempos para dentro da realidade histórica e material), moldou profundamente o pensamento moderno.

Voegelin sugere que a especulação gnóstica, ao afastar-se da transcendência, permite ao homem dar sentido escatológico às suas próprias ações no mundo. O que era uma busca pela salvação espiritual no Cristianismo – ligada à transcendência divina e à vida após a morte – foi transformada, no gnosticismo, em um projeto de auto-salvação imanente. O homem, ao invés de buscar a santidade e a elevação espiritual, passa a focar na construção de um "paraíso terrestre", isto é, um ideal de perfeição a ser alcançado dentro da história e da sociedade.

Essa mudança, para Voegelin, tem implicações profundas. A energia espiritual que antes era dedicada à vida interior e à relação com o divino é desviada para a criação de uma utopia terrestre, um processo que ele vê como essencialmente gnóstico. Essa utopia, por ser mais tangível e aparentemente mais fácil de ser realizada do que a santificação da vida, atrai muitos. Contudo, Voegelin sugere que essa "imanentização" leva a desastres, pois tenta forçar a realização de algo que pertence ao domínio do transcendente dentro da esfera mundana e política, frequentemente à custa da liberdade e da dignidade humana.

Para Voegelin, movimentos políticos e ideológicos modernos, como o marxismo, o positivismo e até certas formas de cientificismo, podem ser vistos como expressões dessa tendência gnóstica de buscar a salvação dentro da história, em vez de além dela. Ao fazer isso, esses sistemas de pensamento ignoram a complexidade da condição humana e as limitações inerentes ao mundo material, resultando em visões distorcidas e potencialmente destrutivas de sociedade e progresso.

Arianismo - Jesus não era Deus - Papa Francisco

No jornal La Repubblica, em 9 out 2019, o jornalista Eugenio Scalfari escreveu: “Aqueles que tiveram a chance, como eu tive em vários momentos, de encontrá-lo [o Papa Francisco] e falar com ele com a maior confiança cultural, sabem que o Papa Francisco compreende Cristo como Jesus de Nazaré, um homem, não Deus encarnado. Uma vez encarnado, Jesus deixa de ser Deus e se torna homem até a sua morte na cruz.” ... “Quando eu discuti essas frases, o Papa Francisco me disse: “Elas são a prova definitiva de que Jesus de Nazaré, assim que se tornou homem, mesmo se tratando de um homem de virtude excepcional, não era Deus.”… 

A afirmação atribuída ao Papa Francisco por Scalfari se enquadra na heresia conhecida como arianismo. O arianismo foi uma doutrina cristológica que surgiu no século IV, defendida por Ário, que negava a divindade plena de Jesus Cristo, afirmando que Ele era um ser criado por Deus e, portanto, não consubstancial (da mesma substância) com o Pai.

De acordo com a teologia cristã ortodoxa, conforme definido no Concílio de Niceia em 325 d.C., a crença central do cristianismo é que Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, uma doutrina conhecida como a união hipostática. Isto significa que, em Jesus, as naturezas divina e humana coexistem sem separação, confusão ou mudança. 

Portanto, qualquer interpretação que negue a divindade de Jesus, como a que teria sido apresentada por Scalfari, seria considerada uma grave heresia segundo a tradição católica.

fonte: https://www.igrejacatolica.org/scalfari-alega-francisco-nega-divindade-de-cristo/

Maçonaria - movimentos contra a Igreja Católica

A relação entre a maçonaria e a Igreja Católica foi marcada por desconfianças e conflitos ao longo dos séculos. Embora a maçonaria afirme pregar a tolerância e o respeito pelas diferentes crenças, há eventos históricos que indicam atritos entre os dois grupos, alguns dos quais podem ser interpretados como tentativas da maçonaria de agir contra a influência da Igreja, embora de maneira discreta.
Aqui estão alguns eventos históricos que ilustram esse conflito:

A Revolução Francesa (1789)

A Revolução Francesa é um dos momentos mais citados no contexto da tensão entre a maçonaria e a Igreja. Muitos dos revolucionários franceses eram maçons, e o movimento revolucionário foi responsável por uma reviravolta completa nas instituições religiosas e políticas da França, incluindo a Igreja Católica.
Abolição dos privilégios do clero: Durante a revolução, a Igreja foi alvo de ataques severos. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que era influenciada por ideais iluministas e liberais, defendia a separação entre Igreja e Estado. A maçonaria, que na época promovia esses valores de liberdade e igualdade, foi vista como uma força por trás da disseminação dessas ideias, o que enfraqueceu o poder da Igreja.
Confisco de propriedades da Igreja: Em 1790, a Assembleia Nacional Constituinte confiscou as propriedades da Igreja, e o clero teve que jurar fidelidade ao Estado, separando-o ainda mais de sua lealdade ao Papa.

Unificação Italiana (Risorgimento)

A maçonaria desempenhou um papel importante no movimento pela unificação italiana, que culminou na criação do Reino da Itália em 1861 e na diminuição do poder temporal do Papa.
Giuseppe Garibaldi, uma figura chave no Risorgimento, era maçom e anticlerical. Ele ajudou a liderar movimentos para unificar os estados italianos, enfraquecendo o poder político do Papado e promovendo uma Itália laica.
Em 1870, com a captura de Roma pelas tropas italianas, o poder temporal do Papa foi efetivamente destruído, e o Papa ficou confinado ao Vaticano, o que simbolizava uma grande perda de influência política da Igreja.

Criação de Estados Laicos no Século XIX

Muitas constituições liberais do século XIX, inspiradas por ideais maçônicos e iluministas, foram implementadas em diferentes países da Europa e da América Latina, separando a Igreja do Estado e restringindo o poder da Igreja sobre a sociedade civil.
México: Durante o século XIX, a maçonaria teve uma influência considerável nos círculos liberais do México. A Reforma Liberal de Benito Juárez, um maçom, levou a uma série de leis que restringiram a Igreja Católica, incluindo a nacionalização de suas propriedades e a separação total entre Igreja e Estado.
Portugal: A Primeira República Portuguesa, instaurada em 1910, foi profundamente anticlerical e laicizou muitas das instituições do país. A maçonaria desempenhou um papel importante no movimento republicano que destronou a monarquia e implementou reformas anticlericais, como a proibição do ensino religioso nas escolas públicas e a dissolução de ordens religiosas.

A Revolução Liberal de 1820 em Portugal

A Revolução Liberal em Portugal, liderada por maçons, resultou em uma constituição que limitou significativamente o poder da Igreja e promoveu a secularização das instituições. A influência maçônica foi evidente nas reformas políticas e sociais que reduziram o poder do clero, alinhando-se com as tendências liberais da época.

Leis Anticlericais na Terceira República Francesa

A Terceira República Francesa (1870-1940) foi marcada por uma série de reformas anticlericais. Embora nem todos os políticos envolvidos fossem maçons, muitos eram, e os valores maçônicos de laicismo foram profundamente incorporados nas políticas da República. Em 1905, a França promulgou a Lei da Separação das Igrejas e do Estado, que consolidou o caráter laico da República e limitou significativamente o poder da Igreja Católica.

Relativismo do primado de Pedro - João Paulo II

A encíclica Ut Unum Sint (1995), de João Paulo II, enfrentou críticas, principalmente por sua abordagem ao ecumenismo e ao papel do primado de Pedro.

Criticou-se a abertura de João Paulo II à reconsideração de como o primado de Pedro poderia ser exercido, temendo que isso enfraquecesse a autoridade absoluta e universal do Papa, conforme definida pelo Concílio Vaticano I (1869-1870). A proposta de buscar um modelo de primado que fosse mais "aceitável" para outras denominações cristãs gerava receios de comprometer a posição singular do Papa como líder supremo da Igreja Católica​.

O ecumenismo promovido pela encíclica poderia ser visto como uma forma de relativismo, diluindo a verdade revelada pela Igreja Católica. Temia-se que o diálogo com outras tradições cristãs, sem a reafirmação clara da superioridade da fé católica, colocasse todas as igrejas cristãs em igualdade teológica, contrariando a doutrina de que a Igreja Católica era "a única verdadeira"​.

Ambiguidade no Papel do Papa. Outra crítica era a ambiguidade no convite de João Paulo II para que outras comunidades cristãs dialogassem sobre o papel do primado papal. Isso abria a possibilidade de compromissos que enfraquecessem a autoridade do Papa. Qualquer movimento em direção a um primado "menos centralizado" poderia minar a doutrina que estabelecia o poder pleno e imediato do Papa sobre toda a Igreja​. Essa busca por novas formas de exercer o primado comprometesse o magistério tradicional da Igreja, que deveria permanecer inquestionável. A encíclica questionava a autoridade do Papa ao abrir espaço para reinterpretações para acomodar perspectivas externas​.

Influência do Concílio Vaticano II. A Ut Unum Sint representava a continuação das reformas do Concílio Vaticano II, que já havia gerado polêmica por sua abordagem mais aberta ao diálogo (não a conversão) inter-religioso e ao ecumenismo. 

Ameaça espiritual à Igreja Católica - Papa Leão XIII

No final do século XIX, o Papa Leão XIII teve uma visão que o alertou sobre uma ameaça espiritual iminente à Igreja Católica. Segundo relatos, essa visão ocorreu em 13 de outubro de 1884, após o Papa celebrar uma missa. Ele teria visto uma conversa entre Jesus e Satanás, na qual Satanás desafiava Jesus, afirmando que poderia destruir a Igreja se tivesse mais poder e tempo. Jesus teria permitido a Satanás um período de 100 anos para tentar realizar seu intento.

Essa visão levou o Papa Leão XIII a compor a oração de São Miguel Arcanjo, pedindo proteção contra as forças do mal. A oração foi recomendada para ser recitada ao final de cada missa, prática que se manteve até o Concílio Vaticano II (1965).

Kabbalah, modernismo, Ecumenismo em Benjamin Benamozegh

A Kabbalah é uma tradição mística dentro do Judaísmo que busca entender a natureza de Deus, a criação e o propósito da vida. É um sistema complexo que envolve simbolismo, numerologia e interpretações esotéricas das escrituras judaicas. Benjamin Benamozegh (1823-1900), também conhecido como Elijah Benamozegh, foi um rabino e pensador que se destacou por suas tentativas de reinterpretar a Kabbalah à luz do pensamento moderno. Ele buscou integrar elementos da Kabbalah com filosofias contemporâneas, especialmente em relação ao monoteísmo.

Integração com o Pensamento Moderno

Uma das principais críticas dirigidas a Benamozegh é sua abordagem de tentar modernizar a Kabbalah. Ele acreditava que os conceitos kabbalísticos poderiam ser reconciliados com as ideias modernas sobre espiritualidade e ciência. Essa tentativa de integração levou muitos críticos a argumentar que ele relativizava o monoteísmo tradicional judaico, diluindo suas características exclusivas em favor de um ecumenismo mais amplo.

Ecumenismo e Aproximação com o Cristianismo

Benamozegh também procurou estabelecer um diálogo entre o Judaísmo e outras tradições religiosas, especialmente o Cristianismo. Ele via essa aproximação como uma forma de promover a paz inter-religiosa e uma compreensão mais profunda entre as diferentes fés. No entanto, essa perspectiva foi recebida com ceticismo por muitos dentro da comunidade judaica, que viam isso como uma ameaça à identidade judaica e aos princípios fundamentais do monoteísmo.

Relativização do Monoteísmo

A crítica mais contundente contra Benamozegh reside na percepção de que sua interpretação da Kabbalah poderia levar a uma relativização do monoteísmo. Ao buscar pontos em comum entre as tradições religiosas, alguns críticos argumentam que ele comprometeu a singularidade do Judaísmo em favor de um ideal ecumênico. Essa visão é vista como problemática porque pode obscurecer as diferenças teológicas fundamentais entre as religiões.

Influência da Kabbalah Luriânica

A Kabbalah luriânica, desenvolvida por Isaac Luria no século XVI, introduziu conceitos profundos sobre a natureza de Deus, a criação do mundo e a redenção espiritual. Os ensinamentos de Luria enfatizavam a ideia de Tzimtzum (a contração divina), que explica como Deus criou espaço para o mundo existir sem Sua presença direta. Benamozegh foi influenciado por esses conceitos e incorporou-os em sua própria filosofia.
Ele acreditava que os ensinamentos luriânicos poderiam oferecer respostas às questões existenciais enfrentadas pelos judeus na modernidade. Em suas obras, ele explorou temas como a relação entre Deus e o homem, a importância da espiritualidade na vida cotidiana e o papel do povo judeu na história da humanidade.

Conexão com o Judaísmo Hassídico

O judaísmo hassídico surgiu no século XVIII como uma resposta ao racionalismo crescente dentro do judaísmo ortodoxo. Os fundadores do hassidismo enfatizavam a experiência mística pessoal e a conexão emocional com Deus. Embora Benamozegh não fosse um hassídico no sentido estrito, ele compartilhou muitos dos valores fundamentais dessa tradição.
Ele reconheceu a importância da experiência mística individual e defendeu uma abordagem mais acessível à espiritualidade judaica. Através de seus escritos, ele buscou unir os ensinamentos da Kabbalah luriânica com as práticas espirituais do hassidismo, promovendo uma visão holística da fé judaica que incluía tanto aspectos intelectuais quanto emocionais.

Livros de Benjamin Benamozegh

“A Kabbalah” - Esta obra é uma introdução ao pensamento kabbalístico, onde Benamozegh explora os conceitos fundamentais da tradição mística judaica. Ele busca conectar a Kabbalah com questões contemporâneas e filosóficas.
“A Filosofia da Kabbalah” - Neste livro, Benamozegh discute as implicações filosóficas da Kabbalah e como ela pode ser integrada ao pensamento moderno. Ele aborda temas como a natureza de Deus e a criação.
“O Judaísmo e o Cristianismo” - Embora não seja exclusivamente sobre Kabbalah, esta obra reflete sobre as relações entre o Judaísmo e o Cristianismo, um tema central na obra de Benamozegh. Ele analisa as semelhanças e diferenças entre as duas tradições religiosas.
“A Unidade do Ser” - Neste livro, Benamozegh discute a ideia de unidade no contexto da Kabbalah e sua relevância para o monoteísmo. Ele argumenta sobre a importância da unidade divina em relação à diversidade das experiências religiosas.
"Israel e a Humanidade" - é uma síntese abrangente do pensamento religioso de Benamozegh, combinando ideias das Escrituras, Talmude, Midrash e Cabala. O livro aborda a relação entre o Judaísmo e outras religiões, explorando como a tradição judaica pode harmonizar a ciência e a fé religiosa.

Datas importantes

Século XII - XIII: Este período é considerado o início da Kabbalah como uma tradição formal. A Kabbalah começou a se desenvolver na Espanha e no sul da França, com influências de misticismo judaico anterior.
1270: O Zohar, um dos textos fundamentais da Kabbalah, foi escrito por Moisés de Leon durante este período. O Zohar é uma obra central que explora os mistérios da Torá e apresenta a filosofia cabalística.
Século XVI: Isaac Luria (1534-1572), também conhecido como Arizal, é considerado o fundador da Kabbalah contemporânea. Suas ideias revolucionaram a prática e o entendimento da Kabbalah, especialmente através do conceito de Tzimtzum (a contração divina).
1730: A popularização da Kabbalah luriânica ocorreu com o surgimento do judaísmo hassídico. Os ensinamentos de Luria foram integrados nas práticas hassídicas, tornando-se uma parte essencial do misticismo judaico.

Apocalipse e o Anticristo - Bispo Fulton Sheen

“Nós estamos vivendo nos dias do Apocalipse – os últimos dias da nossa era… as duas grandes forças do Corpo Místico de Cristo e do Corpo Místico do Anticristo estão começando a desenhar as linhas de batalha para o embate final.

O Falso Profeta terá uma religião sem a cruz. Uma religião sem um mundo vindouro. Uma religião para destruir as religiões. Haverá uma falsa igreja. A Igreja de Cristo [a Igreja Católica] será uma delas. E o falso profeta vai criar uma outra. A falsa igreja é mundana, ecumênica e global. Vai ser uma federação de igrejas. E as religiões irão formar um tipo de associação global. Um Parlamento Mundial das Igrejas. Será esvaziada de todo conteúdo divino e será o corpo místico do Anticristo. O corpo místico hoje na Terra terá o seu Judas Iscariotes e será o falso profeta. Satanás o recrutará dentre os nossos bispos.

O Anticristo não será chamado assim porque não teria seguidores. Ele não usará roupas vermelhas, nem vomitará enxofre ou usará um tridente ou uma cauda como Mefistófeles em Fausto. Tais coisas mascararam e ajudaram o diabo a convencer os homens de que ele não existe. Quanto mais não o reconhecem, mas poderoso ele se torna. Deus se definiu como ‘Eu sou quem eu sou’ e o diabo como ‘Eu sou quem eu não sou’.

Em nenhuma passagem das Escrituras, encontramos defesa para a descrição popular do diabo como um palhaço vestido de vermelho. Pelo contrário, ele é descrito como um anjo caído do céu, como ‘o príncipe deste mundo’, cujo legado é nos convencer que não existe outro mundo.

Sua lógica é simples: se não há o céu, também não há inferno; se não há inferno, então não há pecado; se não há pecado, então não há juiz, e se não há nenhum julgamento, então o mal é o bem e o bem é o mal.

Mas, acima de todas essas descrições, Nosso Senhor nos diz que ele será tão parecido com Ele mesmo que seria capaz de enganar até os escolhidos e certamente nenhum diabo descrito pelas imagens humanas seria capaz de enganar até os escolhidos. Então, como ele vai vir nesta nova era para ganhar seguidores para a sua religião?

A crença da Rússia pré-comunista é que ele virá disfarçado como um grande humanista; vai falar de paz, prosperidade e abundância, não como meios para levar-nos a Deus, mas como fins em si mesmo … A terceira tentação com que satanás pediu a Cristo para adorá-lo em troca de todos os reinos do mundo irá tornar-se a tentação de se ter uma nova religião sem a cruz e sem liturgia, sem um mundo futuro, uma religião para destruir uma religião, ou uma política que é uma religião – que também dá a César até mesmo as coisas que são de Deus.

No meio de todo o seu amor aparente pela humanidade e do seu discurso simplista de liberdade e de igualdade, ele ocultará um grande segredo que não será revelado a ninguém: ele não acredita em Deus porque a sua religião será uma fraternidade sem paternidade de Deus e ele vai querer enganar até os escolhidos. Ele vai estabelecer no mundo uma contra-igreja como falsa cópia da Santa Igreja, porque ele, o diabo, é o macaqueador de Deus. Ela terá todos os aspectos e as características da Igreja, mas em sentido inverso e esvaziada do seu conteúdo divino. Terá um corpo místico de Anticristo que exteriormente vai imitar o corpo místico de Cristo… mas o século XX vai se juntar a esta contra-igreja com a alegação de que ela será infalível quando sua cabeça visível falar ex cathedra de Moscou sobre temas como economia e política e como pastor-chefe do comunismo mundial.” 

Fulton Sheen. “Communism and the Conscience of the West” tradução Pe. Cléber Eduardo dos Santos Dias. Fonte: http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/22235/Arcebispo-Fulton-Sheen-sobre-o-Apocalipse-e-o-Anticristo

Sobre o autor

Fulton John Sheen, nascido Peter John Sheen (1895 – 1979), foi ordenado sacerdote em 1919 e rapidamente se destacou como teólogo e pregador, tornando-se um dos primeiros televangelistas conhecidos por seu trabalho na televisão e no rádio.

Sheen serviu como auxiliar da Arquidiocese de Nova York de 1951 a 1966 e depois como bispo da Diocese de Rochester até sua renúncia em 1969. Após sua renúncia, ele foi nomeado arcebispo da sé titular de Newport, País de Gales. Embora tenha sido uma figura proeminente na Igreja Católica e tenha recebido muitos reconhecimentos, incluindo dois prêmios Emmy por suas contribuições à televisão religiosa, ele nunca recebeu a promoção ao cardinalato.

A causa para a canonização de Fulton J. Sheen foi oficialmente aberta em 2002, e ele foi declarado “Venerável” em 2012 pelo Papa Bento XVI após ser reconhecido por viver uma vida de “virtudes heroicas”. Em julho de 2019, um milagre atribuído à sua intercessão foi aprovado pelo Papa Francisco, abrindo caminho para sua beatificação.

Fátima - Reconhecimento da irmã impostora

O Centro de Fátima reconheceu oficialmente que a mulher apresentada como Irmã Lúcia em fotos públicas a partir de 1967 não era a verdadeira Lúcia dos Santos.

Este anúncio foi feito em um comentário fixado no canal do YouTube do Centro de Fátima, em um vídeo de David Rodríguez.

A organização Sister Lucy Truth, fundada por Dr. Peter Chojnowski, investigou a autenticidade da Irmã Lúcia após o Vaticano II. O Centro de Fátima está prestando um grande serviço à causa da verdade ao reconhecer esta questão publicamente.

Na entrevista com Peter Chojnowski, a página sugere que a verdadeira Irmã Lúcia foi silenciada para promover o controle e a manipulação da divulgação do Terceiro Segredo de Fátima. O segredo, que foi revelado pela Igreja Católica em 2000, é visto por alguns como uma versão "incompleta" ou "editada" daquilo que foi originalmente dado à Irmã Lúcia pela Virgem Maria.

A substituição de Irmã Lúcia teria ocorrido em 1967, com o objetivo de neutralizar qualquer possível resistência dela à forma como o segredo seria apresentado ou interpretado. A Irmã Lúcia original possivelmente teria insistido em uma revelação mais contundente ou em uma interpretação mais literal das profecias, o que poderia ter colocado em risco a legitimidade das reformas do Concílio Vaticano II e as posições de liderança no Vaticano.

Maçonaria - Albert Pike e lúcifer

Albert Pike foi uma figura proeminente no movimento maçônico do século XIX, conhecido por sua profunda influência na filosofia e na prática da maçonaria. Nascido em 29 de dezembro de 1809, em Boston, Massachusetts, Pike se destacou não apenas como maçom, mas também como advogado, poeta e soldado. Ele é mais conhecido por sua obra “Moral e Dogma”, publicada pela primeira vez em 1871, que se tornou um texto fundamental para muitos maçons.

Em “Moral e Dogma”, Pike explora temas relacionados à moralidade, ética e o papel do conhecimento na vida humana. Um dos pontos mais controversos de sua obra é a menção a Lúcifer como o “Portador da Luz”. Pike utiliza a figura de Lúcifer para simbolizar a busca pelo conhecimento e pela iluminação espiritual. 

Embora muitos estudiosos e maçons defendam a interpretação de Albert Pike em “Moral e Dogma” como uma exploração filosófica do conhecimento e da luz, existem autores e críticos que discordam dessa visão. Eles argumentam que a menção de Lúcifer por Pike pode ser vista como uma promoção de ideias que vão além da mera busca pelo conhecimento. Abaixo estão alguns autores notáveis que apresentam perspectivas divergentes:

Manly P. Hall, um renomado ocultista e autor, é conhecido por suas obras sobre esoterismo e filosofia oculta. Em seu livro “The Secret Teachings of All Ages”, Hall discute a figura de Lúcifer em várias tradições esotéricas, sugerindo que ele representa não apenas luz e conhecimento, mas também uma rebelião contra a autoridade divina. Para Hall, a interpretação de Pike pode ser vista como uma aceitação das ideias ocultas que envolvem Lúcifer em um contexto mais amplo do esoterismo.

David IckeDavid Icke é um autor controverso conhecido por suas teorias sobre conspirações e sociedades secretas. Ele critica a maçonaria e as figuras associadas a ela, incluindo Pike, argumentando que sua referência a Lúcifer indica uma conexão com práticas ocultas e uma agenda secreta para controlar a humanidade. Icke vê essa menção como um sinal de adoração ao oculto, desafiando assim a interpretação mais benigna proposta por defensores da maçonaria.

Michael A. Hoffman II é um escritor e pesquisador que se concentra em temas relacionados à história oculta e à crítica cultural. Em seu trabalho “Secret Societies and Psychological Warfare”, Hoffman discute o simbolismo associado à figura de Lúcifer na maçonaria, argumentando que o uso desse símbolo por Pike pode ser interpretado como uma forma de promover ideais antagônicos à moralidade tradicional cristã. Ele sugere que essa abordagem reflete uma influência mais sombria dentro da maçonaria.

Notícias - Cardeal Christoph Schönborn


"Cardeal" Schönborn convida Sodoma e Gomorra de volta à Catedral de Santo Estêvão, condena Viganò

1 de dezembro de 2019
É aquela época do ano novamente: o "cardeal" Christoph Schönborn, o pretenso arcebispo de Viena, na Áustria, mais uma vez convidou representantes do lobby sodomita e seus cúmplices para profanar a Catedral de Santo Estêvão (Stephansdom) com "apresentações artísticas" sob o pretexto de arrecadar dinheiro para pessoas que sofrem de AIDS ou estão infectadas com HIV. Ele organizou este evento de "caridade" junto com seu ajudante, o reitor da catedral

O "cardeal" Schönborn de Viena diz que está "tocado" pelos sodomitas que querem se casar
2 de fevereiro de 2019
O "cardeal" de Viena, Christoph Schönborn, abriu sua boca ímpia, blasfema e herética novamente. A edição de 31 de janeiro de 2019 do semanário secular alemão Stern ("Star") inclui uma conversa com o "arcebispo" austríaco, que também é membro da Congregação para a Destruição da Fé do Vaticano e foi um dos principais editores do chamado Catecismo da Igreja Católica, que foi publicado pela primeira vez em 1992.
Stern é uma publicação conhecida por incluir nudez em suas páginas, e o próprio fato de Schonborn conceder uma entrevista a um periódico obsceno como esse equivale a um escândalo por si só..

"Cardinal" Schönborn apresenta Flamboyant Rock Play no Cathedral Sanctuary
2 de dezembro de 2018
No ano passado, o "cardeal-arcebispo" da capital austríaca, Christoph Schönborn, usou a bela e histórica catedral como local para um serviço de oração interconfessional que ele co-organizou com um travesti blasfemo. O que foi oficialmente rotulado de Mozart Requiem era de fato uma enorme promoção do "orgulho gay" celebrando Sodoma e Gomorra.
Este ano, Schönborn encontrou outra maneira de profanar a Catedral de Santo Estêvão: ele convidou um conjunto de rock para apresentar uma peça extravagante chamada Jedermann (recarregada) - "Everyman (recarregada)"....

O "cardeal" Schönborn de Viena teria conferido bênção a um casal homossexual
19 de setembro de 2018
Há muito tempo dizemos que o arquileigo de Viena, "cardeal" Christoph Schönborn, é um dos demônios mais perversos que a seita do Vaticano II desencadeou sobre seu povo desavisado. Agora está sendo relatado que em agosto passado, ele conferiu uma bênção a um casal sodomita em uma reunião privada.
Esta revelação foi feita pelo Sr. Gery Keszler, um notório sodomita austríaco e amigo pessoal de Schönborn, em 4 de setembro de 2018...

"Cardeal" Schönborn: Amoris Laetitia acrescenta o que falta na Veritatis Splendor unilateral
11 de janeiro de 2018
A edição de 11 de janeiro de 2018 do semanário alemão Christ & Welt ("O Cristão e o Mundo") apresenta uma entrevista com o notório Arquipóstata de Viena, "Cardeal" Christoph Schönborn, conduzida por Julius Müller-Meiningen. Christ & Welt é publicado como um suplemento do jornal nacional semanal Die Zeit.
"Quem está usando o chapéu em Roma?", pergunta a publicação em sua página de rosto. A sinopse abaixo descreve a ocasião da entrevista: "Os conservadores estão criticando severamente o Papa Francisco por sua encíclica [sic] 'Amoris laetitia'..

"Cardeal" Schönborn celebra Culto de Oração Homossexual com Travesti blasfemo
3 de dezembro de 2017
Em 1º de dezembro de 2017, o "Cardeal" Christoph Schönborn presidiu um serviço de oração interconfessional intitulado Mozart Requiem em sua igreja catedral para o "Dia Mundial da AIDS". O evento foi co-organizado por um certo Gery Keszler, organizador da gala anual de arrecadação de fundos Life Ball na capital austríaca para apoiar pessoas infectadas com HIV (AIDS). Na realidade, é claro, é uma enorme promoção LGBT / "orgulho gay" celebrando Sodoma e Gomorra.
O site de notícias semi-tradicional Gloria TV postou a seguinte reportagem sobre o espetáculo infernal em St....

Mulher tem célula de cachorro implantada em seu óvulo - "Cardeal" Schönborn "não julgará" seu "valor artístico"!
11 de agosto de 2017
A "artista" eslovena Maja Smrekar ganhou o primeiro prêmio de "arte hyrbid" na competição Prix Ars Electronica 2017. A parte mais controversa de seu "projeto de arte" consistia em ter uma célula não reprodutiva de seu cachorro implantada em seu óvulo.
O projeto em geral é chamado de K-9_topology, e o subprojeto específico da fusão de células humano-animal é chamado de ARTE_mis, presumivelmente uma alusão à divindade grega Ártemis, a "deusa da caça, animais selvagens, deserto, parto, virgindade e protetora das meninas", que às vezes é retratada com um cão de caça ao seu lado 

Rumores do Vaticano: Schönborn vai chefiar a CDF, Müller para Mainz?
18 de julho de 2016
O jornal malaio Novus Ordo Herald publicou um artigo interessante sobre as mudanças de pessoal esperadas no Vaticano. Citando "fontes bem colocadas" na Cidade do Vaticano, o artigo de 15 de julho afirma que Francisco originalmente pretendia fazer algumas mudanças importantes na Cúria Romana em meados de maio, que agora devem ocorrer em setembro, após o longo hiato de verão. Aqui está um link para o artigo completo:Mudanças na Cúria Vaticana (15 de julho de 2016)
O Herald faz uma série de previsões interessantes. O mais explosivo deles é o seguinte: Francisco pode transferir o "cardeal" Gerhard Ludwig Müller, atualmente chefe da chamada Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), para a sede vacante em Mainz, na Alemanha – e transferir o "cardeal" Christoph Schönborn, atualmente "arcebispo" de Viena, da capital austríaca para Roma para se tornar o sucessor de Muller na CDF. 

O "cardeal" Schönborn de Viena elogia os homo-casais
15 de outubro de 2014
É a última coisa de que precisávamos: o-endossante-chefe de Viena, Sr. Christoph Schönborn, abriu a boca novamente em favor dos casais sodomitas. Na edição de 14 de outubro do Corriere della Sera, o "cardeal-arcebispo" de Viena elogiou os "valores humanos" supostamente encontrados nas uniões homossexuais que são "baseadas na fidelidade ao longo da vida e no cuidado mútuo". Ele afirmou que nosso Senhor Jesus Cristo abriu o céu até mesmo para cobradores de impostos e prostitutas, sem, no entanto, mencionar o menor detalhe de que Cristo estava se referindo aos pecadores arrependidos, e não àqueles que persistem no pecado mortal ("Vai, e agora não peques mais" – Jo 8:11).... 

"Cardeal" Schönborn encantado com o sucesso do travesti blasfemador
16 de maio de 2014
Todos os anos, o esgoto moral conhecido como continente europeu realiza uma competição de canto entre suas várias nações, conhecida como Festival Eurovisão da Canção. Era apenas uma questão de tempo, é claro, até que o movimento neopagão, politicamente correto e sexualmente aberrante Gaystapo encontrasse uma maneira de forçar sua ideologia no programa, e isso aconteceu de forma inédita na edição de 2014 do concurso, onde o austríaco Thomas Neuwirth realizou um espetáculo não visto no "mundo mainstream" desde a Roma pagã: Sob seu nome artístico "Conchita Wurst", vestido como uma mulher completa com maquiagem, brincos e usando um vestido longo, mas mantendo uma barba cheia para o máximo valor de choque, ele apresentou a música "Rise Like a Phoenix" - e ganhou.... 

Abominação da Desolação: "Missa da Juventude" do Cardeal Schönborn 2008
20 de fevereiro de 2013
Sim, este é um clipe de uma das notórias "Missas" de Jovens "Encontre-Lute-Siga" na "Arquidiocese" de Viena, Áustria. Pela graça de Deus, essa abominável profanação das igrejas da Áustria terminou depois de oito anos, em 2011, supostamente devido à falta de fundos. Durante esse tempo, essas "missas juvenis" oficialmente aprovadas apresentaram de tudo, desde um "cardeal" enviando mensagens de texto durante a "missa" até vestimentas psicodélicas, dramatizações, mergulho no palco, "bonecas de cuidado" supersticiosas, jogando aviões de papel, pornografia exibida durante um sermão, música rock, luzes de discoteca, fumaça artificial, lança-chamas, balões e títulos de temas de eventos excepcionalmente provocativos, ambíguos e blasfemos (como "Topless, " "O espírito é sexy" e "Take It All Off")....

Teologia da Libertação - Cardeal Cláudio Hummes

Dom Cláudio Hummes foi uma figura influente e controversa na Igreja Católica e na política brasileira. Nascido em 8 de agosto de 1934, em Montenegro, Rio Grande do Sul, ele ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1952 e foi ordenado sacerdote em 19581. Ao longo de sua carreira, Hummes ocupou vários cargos importantes, incluindo o de arcebispo de São Paulo e prefeito da Congregação para o Clero no Vaticano.

Ele era conhecido por seu apoio à Teologia da Libertação e por sua “opção preferencial pelos pobres”, que se manifestava em seu apoio às greves dos metalúrgicos e sua amizade com líderes sindicais como Luiz Inácio Lula da Silva2. Sua atuação durante as greves dos metalúrgicos e seu envolvimento com figuras como Frei Betto destacaram seu compromisso com as causas sociais e os direitos dos trabalhadores.

Nos últimos anos, Dom Cláudio Hummes se dedicou à defesa da Amazônia e das questões ecológicas, sendo um dos principais defensores da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).

Foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II em 2001 e serviu como prefeito da Congregação para o Clero no Vaticano.

Ele faleceu em 4 de julho de 2022, aos 87 anos, em São Paulo.

Arianismo - Uma das heresias mais antigas

 

O arianismo é uma das heresias mais antigas e significativas na história do cristianismo. Surgiu no século IV e foi promovida por Ário, um presbítero de Alexandria. Aqui estão alguns pontos-chave sobre o arianismo:

Natureza de Cristo: Ário argumentava que Jesus Cristo não era coeterno com Deus Pai. Ele acreditava que Cristo foi criado por Deus e, portanto, tinha um começo no tempo. Isso significava que Cristo não era da mesma substância que o Pai, mas uma criatura exaltada.

Monoteísmo Estrito: Ário defendia um monoteísmo estrito, onde apenas Deus Pai era verdadeiramente eterno e onipotente. Ele via a divindade de Cristo como subordinada à do Pai.

Concílio de Niceia (325 d.C.): O arianismo foi condenado no Primeiro Concílio de Niceia, onde foi afirmado que Cristo é “consubstancial” (da mesma substância) com o Pai. O Credo Niceno foi formulado para refutar as ideias arianas.

Divisões na Igreja: Apesar da condenação oficial, o arianismo continuou a ter seguidores e causou divisões significativas dentro da Igreja. Vários imperadores romanos, incluindo Constâncio II, apoiaram o arianismo em diferentes momentos. Embora o arianismo tenha sido amplamente suprimido, ele teve um impacto duradouro na teologia cristã e nas discussões sobre a natureza de Cristo. A controvérsia ajudou a moldar a doutrina ortodoxa da Trindade, que é central para a maioria das denominações cristãs hoje.

Declínio: Eventualmente, o arianismo perdeu influência, especialmente após o Concílio de Constantinopla em 381 d.C., que reafirmou a condenação do arianismo e solidificou a doutrina da Trindade.

O arianismo foi combatido por várias figuras importantes da Igreja Primitiva, mas o principal opositor foi Santo Atanásio de Alexandria. 

Do ponto de vista do movimento ariano, uma data marcante é 319 d.C., quando Ário começou a propagar suas ideias em Alexandria. Este período marcou o início da disseminação do arianismo e a formação de um grupo significativo de seguidores.

Livro - As Grandes Heresias - Hilaire Belloc

Belloc explora diversas heresias, desde as mais antigas até as mais modernas, e discute seu impacto na Igreja e na sociedade. Alguns dos temas abordados incluem:

Arianismo: Uma das primeiras grandes heresias que questionava a divindade de Cristo.

Protestantismo: Ele trata as várias igrejas protestantes como heresias, com críticas especialmente duras ao calvinismo.

Modernismo: Belloc também discute o que ele chama de “ataque moderno”, referindo-se à secularização e ao relativismo religioso e cultural.

Islamismo: Belloc controversamente classifica o islamismo como uma heresia cristã, argumentando que ele representa uma ameaça contínua ao Ocidente. Belloc via o islamismo como uma simplificação dos ensinamentos cristãos que se desenvolveu fora do domínio da Igreja Católica e acabou se tornando uma religião separada. A principal data do islamismo é a Hégira, que marca a fuga do profeta Maomé (Muhammad) de Meca para Medina em 622 d.C. Este evento é tão significativo que marca o início do calendário islâmico. A Hégira simboliza a formação da primeira comunidade muçulmana e a consolidação do islamismo como uma religião organizada.

Belloc foi uma figura proeminente no início do século XX, conhecido por sua vasta produção literária que incluía poesia, ensaios, biografias e obras de história. Ele também foi um político ativo, servindo como membro do Parlamento Britânico pelo Partido Liberal de 1906 a 1910. Sua fé católica teve uma influência significativa em seu trabalho, e ele era conhecido por suas opiniões fortes e, às vezes, controversas. Belloc foi amigo próximo e colaborador de G.K. Chesterton, e juntos foram apelidados de “Chesterbelloc” por George Bernard Shaw. Belloc faleceu em 16 de julho de 1953, em Guildford, Surrey, Inglaterra.

Carta - Padre Leonardo Holtz - Arcebispo Orani João Tempesta

Na carta escrita pelo Padre Leonardo Holtz ao Arcebispo Orani João Tempesta, publicada em 18 de abril de 2011, ele expressa várias preocupações sobre o estado atual da Igreja Católica. Padre Leonardo menciona a diminuição significativa no número de vocações religiosas, o que ele vê como um sinal alarmante da crise na Igreja. Ele critica a falta de disciplina dentro da Igreja, apontando que muitos clérigos não seguem mais as tradições e regras estabelecidas. O padre também expressa sua preocupação com a influência do modernismo na Igreja, que ele acredita estar desviando a instituição de seus ensinamentos tradicionais. Ele conclui a carta pedindo aos fiéis que rezem pela Igreja e tomem medidas para restaurar a disciplina e a tradição.

Livro - Prometeu, a Religião do Homem - Padre Álvaro Calderón

Este livro aborda temas como o humanismo e o Concílio Vaticano II, oferecendo uma crítica detalhada e profunda.

Calderón argumenta que o Concílio Vaticano II tentou promover um humanismo católico, que ele vê como uma tentativa de conciliar a fé cristã com os valores humanistas modernos. Ele utiliza a figura de Prometeu, um personagem da mitologia grega que desafiou os deuses para trazer o fogo à humanidade, como uma metáfora para descrever o que ele considera ser a tentativa do Concílio de elevar o homem ao nível de Deus.

Segundo Calderón, o humanismo, desde seu surgimento no século XIV, sempre esteve em contraste com o cristianismo. Ele vê o Concílio Vaticano II como o ápice desse esforço, uma manobra de prudência humana realizada por uma hierarquia de origem divina, que desviou para os homens o incenso antes reservado somente a Deus.

O livro é uma crítica ao que Calderón considera ser uma mudança fundamental na direção da Igreja Católica, afastando-se da tradição cristã em favor de um humanismo que ele vê como incompatível com a verdadeira fé cristã.

Sobre o autor

Padre Álvaro Martín Calderón nasceu em 22 de outubro de 1956, em Mendoza, Argentina. Ele ingressou no Seminário de La Reja e foi ordenado sacerdote em 1986.

Após sua ordenação, ele serviu como vigário no Priorado de Zapotiltic, México, e depois no Priorado da Cidade do México, permanecendo um ano em cada cargo12. Posteriormente, foi nomeado professor no seminário, onde leciona há mais de 25 anos.

Padre Calderón é autor de vários livros, incluindo “A Candeia Debaixo do Alqueire” (2009), “Prometeu” (2010) e “Umbrais da Filosofia” (2011). Ele também exerce as funções de subdiretor e prefeito de saúde no seminário, além de ministrar aulas de Teologia Dogmática, Metafísica, Filosofia da Natureza, Lógica e Teologia da Natureza.

Sobre o humanismo

Século XIV: Início do movimento humanista na Itália, com figuras como Dante Alighieri (1265-1321), Francesco Petrarca (1304-1374) e Giovanni Boccaccio (1313-1375).

Século XV: Expansão do humanismo pela Europa, influenciando a educação, a arte e a filosofia. Lorenzo Valla (1407-1457) e Marsilio Ficino (1433-1499) são exemplos de humanistas deste período.

Século XVI: Desenvolvimento do humanismo cristão com Erasmo de Roterdã (1466-1536) e Tomás Morus (1478-1535). Este século também viu a disseminação das ideias humanistas através da imprensa, inventada por Johannes Gutenberg em 1440.

Século XVII: O humanismo continua a influenciar o pensamento europeu, embora comece a ser desafiado pelo surgimento do racionalismo e do empirismo, com figuras como René Descartes (1596-1650) e Francis Bacon (1561-1626).

Um dos nomes mais importantes do humanismo é Francesco Petrarca (1304-1374). Ele é frequentemente considerado o “pai do humanismo” devido à sua influência na redescoberta e valorização da literatura e filosofia clássicas. Petrarca foi um poeta e estudioso italiano cujas obras, como o “Cancioneiro” e “Triunfo”, ajudaram a moldar o pensamento humanista e a promover a ideia de que o estudo das humanidades poderia enriquecer a vida humana.

O humanismo é um movimento cultural e intelectual que surgiu no Renascimento, enfatizando a importância do ser humano, da razão e da busca pelo conhecimento. Ele valoriza a dignidade humana, a liberdade individual e a capacidade de autodesenvolvimento. O humanismo renascentista, por exemplo, promoveu a redescoberta dos textos clássicos e a valorização das artes e ciências.

O imanentismo, por outro lado, é uma corrente filosófica que busca compreender a realidade a partir de uma perspectiva imanente, ou seja, sem recorrer a entidades transcendentes ou divinas. Ele se opõe ao transcendentalismo, que defende a existência de uma realidade além do mundo físico e acessível apenas por meio da fé ou da intuição.

Conexões entre Humanismo e Imanentismo
Valorização do Mundo Natural: Ambos os conceitos compartilham uma valorização do mundo natural e da experiência humana. O humanismo renascentista, por exemplo, promoveu a ideia de que o conhecimento e a verdade podem ser encontrados na natureza e na experiência humana, em vez de apenas em textos religiosos ou revelações divinas.
Racionalismo e Empirismo: Tanto o humanismo quanto o imanentismo enfatizam a importância da razão e da observação empírica como meios de compreender o mundo. Essa abordagem racionalista e empirista foi fundamental para o desenvolvimento da ciência moderna3.
Autonomia Humana: O humanismo celebra a autonomia e a dignidade do ser humano, enquanto o imanentismo rejeita a necessidade de entidades transcendentes para explicar a realidade, focando na capacidade humana de entender e moldar o mundo ao seu redor.

Hermenêutica da misericórdia - Aparições de Jesus da Misericórdia

Hermenêutica da Misericórdia

A hermenêutica da misericórdia é um conceito que se refere à interpretação e aplicação do ensinamento cristão sobre a misericórdia, especialmente no contexto das relações humanas e da prática pastoral. Este conceito ganhou destaque significativo durante o Concílio Vaticano II, que ocorreu entre 1962 e 1965. O Concílio buscou atualizar a Igreja Católica em resposta às mudanças sociais e culturais do século XX, promovendo uma abordagem mais inclusiva e compreensiva em relação aos ensinamentos de Cristo.

Concílio Vaticano II (1962-1965)
O Concílio Vaticano II foi um marco na história da Igreja Católica, onde se discutiram temas fundamentais sobre a natureza da Igreja, sua missão no mundo moderno e a importância da misericórdia. Documentos como “Lumen Gentium” e “Gaudium et Spes” enfatizam a necessidade de uma Igreja que não apenas proclama a verdade, mas também vive essa verdade através da prática da misericórdia. A hermenêutica da misericórdia emerge como uma resposta à necessidade de acolhimento e compreensão nas interações humanas.

Encíclica “Dives in Misericordia” (1980)
Escrita pelo Papa João Paulo II, esta encíclica é um aprofundamento teológico sobre o tema da misericórdia divina. O Papa destaca que a misericórdia não é apenas uma qualidade de Deus, mas deve ser um princípio orientador na vida dos cristãos. Esta encíclica reforça a ideia de que a hermenêutica da misericórdia deve guiar as ações dos fiéis em suas vidas cotidianas, promovendo um entendimento mais profundo do amor de Deus pela humanidade.

Mensagens de Santa Faustina e Jesus da Misericórdia
Foram oficialmente reconhecidas pela Igreja Católica com sua beatificação em 1993 e canonização em 2000 pelo Papa João Paulo II, que também promoveu ativamente essa devoção ao longo do seu papado.

Exortação Apostólica “Misericordiae Vultus” (2013)
Publicada pelo Papa Francisco, esta exortação apostólica convoca os católicos a viverem o Jubileu Extraordinário da Misericórdia. O documento enfatiza que a misericórdia deve ser o centro do ministério pastoral e das relações interpessoais dentro da comunidade cristã. A hermenêutica da misericórdia é apresentada como essencial para entender o papel transformador do amor divino nas vidas dos indivíduos e na sociedade.

Críticas às Aparições de Jesus da Misericórdia

As aparições de Jesus da Misericórdia, especialmente aquelas associadas à Santa Faustina Kowalska, têm gerado tanto fervor devocional quanto críticas. A seguir, são apresentadas algumas das principais críticas que surgiram em relação a essas aparições:

Autenticidade das Aparições
Uma das críticas mais comuns diz respeito à autenticidade das aparições. Alguns teólogos e críticos questionam se as visões e revelações recebidas por Santa Faustina realmente têm origem divina ou se podem ser explicadas por fatores psicológicos ou emocionais. A falta de evidências concretas que comprovem a natureza sobrenatural dessas experiências gera ceticismo entre alguns membros da Igreja.

Interpretação Teológica 
Outro ponto de crítica é a interpretação teológica que se faz a partir das mensagens atribuídas a Jesus da Misericórdia. Críticos argumentam que algumas interpretações podem desviar-se dos ensinamentos tradicionais da Igreja Católica sobre a salvação e o pecado, enfatizando excessivamente a misericórdia em detrimento da justiça divina. Essa ênfase pode levar a uma compreensão distorcida do equilíbrio necessário entre misericórdia e justiça.

Condenação por Pio XII
O Papa Pio XII, que governou de 1939 a 1958, expressou preocupações sobre a devoção à Divina Misericórdia. Ele temia que algumas das práticas associadas à devoção pudessem levar a mal-entendidos teológicos ou práticas não ortodoxas. Em particular, havia receios sobre as revelações privadas e como elas poderiam ser interpretadas ou aplicadas pelos fiéis. Assim, durante o seu papado, o diário foi posto no índice de livros proibidos.

João XXIII e a Nota de 1959
Quando João XXIII assumiu o papado em 1958, ele estava ciente das controvérsias em torno da devoção à Divina Misericórdia. Em março de 1959, sob a liderança do cardeal Alfredo Ottaviani na Congregação do Santo Ofício (atualmente conhecida como Congregação para a Doutrina da Fé), foi publicada uma nota que proibia “o culto e a difusão da Divina Misericórdia nas formas fornecidas pela Irmã Faustina”. Essa decisão foi baseada em preocupações teológicas e pastorais.
A nota resultou na proibição da publicação do Diário da Irmã Faustina e sua inclusão no Índice dos Livros Proibidos. Além disso, os bispos foram instruídos a retirar as imagens associadas à devoção do culto público. Essa ação refletiu uma continuidade das preocupações levantadas anteriormente por Pio XII sobre as implicações doutrinárias e práticas dessa devoção.

Práticas Devocionais
As práticas devocionais associadas à Divina Misericórdia, como a recitação da Coroa da Misericórdia, também enfrentam críticas. Alguns católicos acreditam que essas práticas podem ser vistas como uma forma de “mágica” religiosa, onde os fiéis buscam benefícios espirituais sem um verdadeiro arrependimento ou mudança de vida. Essa crítica sugere que as práticas devocionais podem ser mal interpretadas como garantias automáticas de misericórdia.

Aprovação Eclesiástica
Críticos questionam se essa aprovação foi suficientemente rigorosa ou se houve pressa em aceitar as aparições sem uma análise mais profunda. Até 1959 o Vaticano não havia tomado posição alguma, mas neste ano o Papa João XXIII autorizou a abertura do processo de beatificação de Faustina Kowalska.